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CÁLCULO I - Parte III Integrais Indefinidas Lı́via Moreira Couto Viçosa - MG Fevereiro/2021 1 Integrais e Aplicações (I) 1.1 Integral Indefinida Dizemos que uma função F é uma primitiva (ou antiderivada) de uma função f , num intervalo aberto I se, e somente se, F ′(x) = f (x) para todo x em I. Exemplo: Se f (x) = 2x então uma primitiva de f é dada por F(x) = x2, já que F ′(x) = f (x) , ∀x∈R. Uma outra primitiva de f é dada por G(x) = x2 +1, uma vez que G′(x) = f (x) , ∀x ∈ R. Se F é uma função primitiva de f em um intervalo I, então y = F(x)+ c é a famı́lia das primitivas de f em I, também chamada de integral indefinida de f , denotada por: ∫ f (x) ·dx = F(x)+ c, onde c é chamada constante de integração. Exemplo: ∫ 2xdx = x2 + c, pois ( x2 + c )′ = 2x, onde c é uma constante qualquer. 1.2 Propriedades da Integral Indefinida Sejam f , g : I ⊂ R→ R funções e k uma constante, então: 1. ∫ [ f (x)±g(x)] dx = ∫ f (x)dx± ∫ g(x)dx 2. ∫ [k · f (x)]dx = k · ∫ f (x)dx 3. d dx (∫ f (x)dx ) = f (x) 4. ∫ f ′(x)dx = f (x)+ k As seguintes integrais são chamadas de integrais imediatas e são usadas com muita frequência: • ∫ adx = ax+ c • ∫ xn dx = xn+1 n+1 + c • ∫ ax dx = ax lna + c • ∫ 1 x dx = ln |x|+ c • ∫ cosxdx = senx+ c • ∫ senxdx =−cosx+ c • ∫ sec2 xdx = tgx+ c • ∫ secx · tgxdx = secx+ c 2 • ∫ cossec2 xdx =−cotgx+ c • ∫ cossecx · cotgxdx =−cossecx+ c • ∫ 1 1+ x2 dx = arctgx+ c • ∫ 1√ 1− x2 dx = arcsenx+ c Vejamos um exemplo da aplicação de algumas das propriedades citadas: Exemplo: ∫ ( 5x2 + senx ) dx [P1]= ∫ 5x2 dx + ∫ senxdx [P2]= 5 · ∫ x2 dx + ∫ senxdx = 5x3 3 −cosx+c. 1.3 Métodos de Integração Existem quatro métodos de integração que são considerados os principais. São eles: 1. Substituição ou Mudança de Variáveis: Sejam f e F funções tais que F ′ = f . Seja g uma função derivável tal que podemos considerar a função composta F ◦g. Suponhamos que queremos calcular ∫ f (g(x)) ·g′(x)dx. Pela regra da cadeia, sabemos que (F ◦ g)′(x) = [F (g(x))]′ = F ′ (g(x)) · g′(x). Como F é uma primitiva de f , então (F ◦ g)′(x) = F ′ (g(x)) · g′(x) = f (g(x)) · g′(x), ou seja, (F ◦ g)(x) é uma primitiva de f (g(x)) ·g′(x). Logo, ∫ f (g(x))·g′(x)dx=F (g(x))+c. Fazendo u= g(x) e du= g′(x)dx e fazendo a substituição, temos: ∫ f (g(x)) ·g′(x)dx = ∫ f (u)du = F(u)+ c. Exemplo: ∫ 2xex 2 dx. Utilizando a mudança de variável u = x2 e du = 2xdx:∫ 2xex 2 dx = ∫ eu du = eu + c = ex 2 + c. 2. Integração por partes: De forma prática, utilizamos a fórmula de integração por partes, dada por∫ udv = uv− ∫ vdu, onde u = f (x) ⇒ du = f ′(x)dx e v = g(x) ⇒ dv = g′(x)dx. Exemplo: ∫ xex dx. Escolhemos u = x⇒ du = dx e dv = ex dx⇒ v = ex. Logo: ∫ xex dx = xex− ∫ ex dx = xex− ex + c. 3. Fração Parcial: Utilizamos este método quando f (x) = p(x) q(x) é uma função racional com grau de p(x) menor que o grau de q(x) e com q(x) com coeficiente dominante igual a 1. Dividimos este método em quatro casos: 3 (a) q(x) é um produto de fatores lineares distintos: Logo, q(x) pode ser escrito como q(x) = (x−a1) · (x−a2) · . . . · (x−an). Então, escrevemos f (x) = A1 x−a1 + A2 x−a2 + . . .+ An x−an , onde A1,A2, . . . ,An são constantes que devem ser determinadas. Exemplo: ∫ f (x) = ∫ x−1 x3− x2−2x dx. Notemos que q(x) = x3− x2−2x = x(x2− x−2) = x(x+1)(x−2). Decompondo a função f (x) em frações parciais, obtemos: x−1 x3− x2−2x = A x + B x+1 + C x−2 = A(x+1)(x−2)+Bx(x−2)+Cx(x+1) x(x+1)(x−2) x−1 x3− x2−2x = (A+B+C)x2 +(−A−2B+C)x−2A x3− x2−2x x−1 = (A+B+C)x2 +(−A−2B+C)x−2A Por igualdade de polinômios: A+B+C = 0 −A−2B+C = 1 −2A =−1 ⇒ A = 1 2 B =−2 3 C = 1 6 Assim, x−1 x3− x2−2x = 1 2 x + −2 3 x+1 + 1 6 x−2 . Portanto, ∫ x−1 x3− x2−2x dx = 1 2 ∫ 1 x dx− 2 3 ∫ 1 x+1 dx+ 1 6 ∫ 1 x−2 dx⇒∫ x−1 x3− x2−2x dx = 1 2 ln |x|− 2 3 ln |x+1|+ 1 6 ln |x−2|+ c. (b) q(x) é um produto de fatores lineares e alguns deles se repetem: Se q(x) tem um fator x−ai de multiplicidade m, esse fator corresponde a uma soma de frações parciais da forma B1 x−ai + B2 (x−ai)2 + . . .+ Bm (x−ai)m , onde B1,B2, . . . ,Bm são constantes que devem ser determinadas. Em relação aos outros fatores e a resolução da integral como um todo, procedemos como no primeiro caso. (c) q(x) é um produto de fatores lineares e quadráticos, e os fatores quadráticos não se repetem: Cada fator quadrático x2 + bx+ c corresponde a uma fração parcial da forma Cx+D x2 +bx+ c , onde C e D são constantes que devem ser determinadas. Em relação aos outros fatores e a resolução da integral como um todo, procedemos como nos casos anteriores. (d) q(x) é um produto de fatores lineares e quadráticos, e alguns fatores quadráticos se repetem: Se q(x) tem um fator x2 +bx+ c de multiplicidade m, esse fator corresponde a uma soma de frações parciais da forma E1x+F1 x2 +bx+ c + E2x+F2 (x2 +bx+ c)2 + . . .+ Emx+Fm (x2 +bx+ c)m , onde E1,E2, . . . ,Em,F1,F2, . . . ,Fm são constantes que devem ser determinadas. 4 Em relação aos outros fatores e a resolução da integral como um todo, procedemos como nos casos anteriores. 4. Substituição Trigonométrica: Este método é utilizado para resolver integrais em que seu integrando contém as expressões√ a2− x2 , √ a2 + x2 ou √ x2−a2, com a > 0. Tem-se como base a substituição destas expressões algébricas pelas identidades trigonométricas sen2 x+ cos2 x = 1 ou 1+ tg2 x = sec2 x. Vamos dividir em três casos: (a) O integrando contém a expressão √ a2− x2: Neste caso, escolhemos x = asenθ⇒ dx = acosθdθ. Então √ a2− x2 = √ a2−a2 sen2 θ = √ a2(1− sen2 θ) = √ a2 cos2 θ = acosθ. Como senθ = x a , θ = arcsen ( x a ) . Exemplo: Queremos calcular a integral ∫ √4− x2 x2 dx. Escolhemos x = 2senθ⇒ dx = 2cosθdθ, com θ = arcsen ( x 2 ) . Então, ∫ √4− x2 x2 dx = ∫ √4− (2senθ)2 (2senθ)2 2cosθdθ = ∫ √4(1− sen2 θ) 4sen2 θ 2cosθdθ = ∫ √4cos2 θ 4sen2 θ 2cosθdθ = ∫ 2cosθ 4sen2 θ 2cosθdθ = ∫ 4cos2 θ 4sen2 θ dθ = ∫ (cosθ senθ )2 dθ = ∫ cotg2 θdθ = ∫ ( cossec2 θ−1 ) dθ = ∫ cossec2 θdθ− ∫ dθ =−cotgθ−θ+ c =− √ 4− x2 x − arcsen ( x 2 ) + c. Observação: Para retornar a variável inicial, podemos fazer uso de um triângulo retângulo: (b) O integrando contém a expressão √ a2 + x2: Escolhemos x = a tgθ⇒ dx = asec2 θdθ. Então √ a2 + x2 = √ a2 +a2 tg2 θ = √ a2(1+ tg2 θ) = √ a2 sec2 θ = asecθ. Como tgθ = x a , θ = arctg ( x a ) . Procedemos como no primeiro caso para resolver a integral que nos for dada. (c) O integrando contém a expressão √ x2−a2: Escolhemos x = asecθ⇒ dx = asecθ tgθdθ. Então √ x2−a2 = √ a2 sec2 θ−a2 = √ a2(sec2 θ−1) = √ a2 tg2 θ = a tgθ. Como secθ = x a , θ = arcsec ( x a ) . Procedemos como nos casos anteriores para resolver a integral que nos for apresentada. 5 2 Referências Bibliográficas 1. VIANA, Rosane; CARVALHO, Laerte e LOPES, Jaques - Cálculo Diferencial e Integral I - Viçosa, 2012. 2. CABRAL, Marco A. P. - Curso de Cálculo de Uma Variável - Rio de Janeiro: Instituto de Matemática, 2010. 6
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