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SÍNDROME DO IMPACTO SUBACROMIAL (SIS) É uma condição recorrente e preocupante relacionada com a lesão do manguito rotador. Está relacionada com a lesão de um ou mais dos conteúdos do espaço subacromial. Sua etiologia ainda não é compreendida e várias hipóteses são sugeridas. PATOMECÂNICA A Síndrome do Impacto foi primeiramente identificada pelo Doutor Charles Neer, que observou o impacto envolvendo a compressão mecânica do tendão supraespinhal, da Bursa subacromial e tendão da cabeça longa do bíceps sob o arco coracoacromial, formado pela porção anteroinferior do acrômio, ligamento coracoacromial e articulação acromioclavicular. Esta síndrome é descrita como uma condição, na qual a compressão repetitiva acaba por provocar irritação e inflamação, que progridem para fibrose e, eventualmente, para ruptura do manguito rotador. A Síndrome do Impacto caracteriza-se por um processo inflamatório e degenerativo das estruturas que fazem parte do arco coracoacromial. A área do impacto está centrada na “área crítica” do supraespinhal e na cabeça longa do bíceps, além da bursa subacromial. Conjunto de alterações biomecânicas: excesso de movimentação acima da cabeça + pinçamento de estruturas. Achado importante: Dor na elevação do braço – arco doloroso – potencializado pela rotação interna da glenoumeral. Impacto Primário: Processo de generativo das estruturas que ocupam o espaço subacromial. Ocorre quando a região superior do manguito é comprimida e danificada pelos tecidos ósseos e moles circundantes, devido a redução do espaço subacromial. Tipicamente ocorre em pacientes com mais de 40 anos. Impacto Secundário: Decorre da instabilidade glenoumeral e/ou sobrecarga de tensão do manguito rotador. Resultando em controle deficiente da cabeça do úmero durante as atividades de com movimentos acima da cabeça. Encontrado em indivíduos mais jovens, mais comum e há discordância quanto aos mecanismos específicos que causam a Síndrome do Impacto do ombro. Tem sido proposto que o impacto mecânico pode ser resultante de Causas Estruturais e Causas Funcionais. Assim, a fisiopatologia da SIS e das disfunções do manguito rotador pode envolver Fatores intrínsecos e extrínsecos – Multifatorial. Fisiopatologia da SIS e das disfunções do manguito rotador pode envolver: 1. Formato do acrômio – Tipo I (RETO); Tipo II (CURVO); Tipo III (GANCHOSO); O acrômio ganchoso aumenta a possibilidade de impacto e de ocorrer lesão no manguito rotador. 2. A quantidade de vascularização do manguito – a elevação do braço acima de 30º, aumentam a pressão intramuscular no supraespinhal de modo que pode impedir a perfusão sanguínea normal. Aumentos da pressão subacromial podem reduzir a microcirculação. “Área crítica de Codman”-Zona crítica de insuficiência vascular no tendão do supraespinhal, que está localizada 1 cm próximo a sua inserção distal do úmero. A “área crítica de Codman” é o local onde a patogênese degenerativa do manguito se inicia. É uma área hipovascularizada, pois se encontra continuamente comprimida entre o acrômio e o tubérculo maior. 3. O funcionamento correto dos estabilizadores dinâmicos – se estão fracos ou lesionados, ocorre aumento da translação da cabeça do úmero, o que pode causar desgaste no lábio, dependência dos limitadores estáticos e sobrecarga excêntrica nos limitadores dinâmicos. Pode resultar em instabilidade e/ou impacto; 4. Condição da articulação AC – mudanças degenerativas, como formação de osteófitos, podem acompanhar a síndrome do impacto; 5. Idade – importante fator etiológico no desenvolvimento do impacto subacromial associado como movimento repetitivo; na ausência de movimento repetitivo, a SIS é mais comum após os 30 anos de idade; 6. Posição do braço durante as atividades – por causa do vetor da contração do deltoide, a tendência para translação superior da cabeça do úmero é maior entre 60° e 90° de elevação. Assim, atividades repetitivas nesse alcance colocam alta demanda sobre o manguito rotador. Além disso, a posição traz o tubérculo maior, inserção do supraespinhal, mais próximo do arco coracoacromial; 7. Atividades repetitivas – atividades que envolvem as elevações repetitivas do úmero além de 90° têm o potencial de provocar distúrbios do manguito rotador; indivíduos envolvidos em atividades de elevação repetitiva costumam exibir hipermobilidade e significativa lassidão capsular (relacionadas à instabilidade quando os músculos do manguito não conseguem manter a posição da cabeça do úmero em relação à glenoide – translação excessiva); 8. Resistência insuficiente dos pivôs escapulares – os pivôs escapulares precisam manter a rotação superior apropriada durante os movimentos de elevação acima da cabeça, a sua fraqueza pode resultar ou contribuir para o impacto devido a rotação assimétrica fraca. O atraso escapular não deixa o acrômio rodar o suficiente com o úmero, promovendo uma redução do espaço acromioumeral; 9. Assimetria estrutural – estudo de Waner e colaboradores (1992) observaram que a assimetria escapular postural estática estava presente em 57% de seus pacientes com síndrome do impacto e todos apresentaram fraqueza dos rotadores escapulares (romboides, trapézio inferior, serrátil anterior; além do manguito rotador); 10. Rigidez capsular – os indivíduos evitam atividade dolorosa acima da cabeça, o que pode levar a rigidez capsular, o que pode acarretar o início ou maior grau de compressão subacromial, principalmente em planos elevados de movimento. Uma contratura capsular posterior pode levar a um aumento da translação anterossuperior durante a elevação ativa; e a rigidez capsular anteroinferior impede o tubérculo maior de se movimentar na rotação externa suficiente para “limpar” o arco coracoacromial; 11. Desequilíbrio Postural – a postura da cabeça anteriorizada pode causar mudanças nos padrões de ativação comprimento-dependente das forças acopladas; um ombro protruso também contribui para o posicionamento da escápula que leva a uma diminuição do espaço subacromial durante os movimentos de elevação do braço; Sujeitos que realizaram a elevação do membro superior na postura desleixada apresentaram menor rotação superior e maior inclinação anterior da escápula CAUSAS ESTRUTURAIS 1. Protrusão da cabeça 2. Ombros rodados internamente 3. Aumento da curva cifótica Estágios da Síndrome do Impacto: ESTÁGIO OU FASE I - EDEMA E HEMORRAGIA REVERSÍVEIS Idade típica: < 25 anos – paciente preferencialmente jovem Arco doloroso: entre 60°e 120°, aumento com resistência em 90° Testes musculares: enfraquecimento por causa da dor Teste de Neer positivo Diagnóstico diferencial: Subluxação, Artrite acromioclavicular Evolução clínica: reversível Radiografia: tipicamente normal Tratamento: Conservador (Por exemplo: Medicamento + Fisioterapia + Acupuntura) ESTÁGIO OU FASE II - FIBROSE E TENDINITE Idade Típica: 25-40 anos Dor crônica e intermitente (Nesse grupo encontram-se os pacientes com lesões parciais) Diagnóstico diferencial: Capsulite adesiva (Ombro congelado) Evolução clínica: recidiva da dor com a atividade e dor noturna Radiografia: alterações degenerativas da articulação acromioclavicular, possíveis osteófitos sob o acrômio. Tratamento: Conservador (Medicamento + Fisioterapia + Acupuntura ) Cirúrgico (Acromioplastia – aliviar sintomas dolorosos e prevenir ruptura do manguito. Reparo artroscópico – em casos de lesões parciais que não responderam ao tratamento conservador após três meses em geral de tratamento e em casos de praticantes de esporte de arremesso) ESTÁGIO III - ESPORÕES ÓSSEOS E RUPTURA TENDINOSA Idade típica:>40anos Diagnóstico diferencial: Radiculitecervical, Neoplasia Evolução clínica: incapacidade progressiva Tratamento: Cirúrgico (Acromioplastia e Reparo artroscópico do manguito rotador) – especialmente em indivíduos com menos de 70 anos e ativos. Tratamento: Cirúrgico – o procedimento de escolha é o artroscópico e visa fundamentalmente três objetivos: Alívio da dor (geralmente obtido) Recuperação da força (geralmente parcial, depende da extensão da lesão, idade do paciente, condições clínicas, técnica cirúrgica e reabilitação adequada) Melhora da função (dependente do alívio da dor e do ganho de força; pode ser obtida) Quadro Clínico 1. Dor •Proporcional ao grau de inflamação •Piora à noite pelo estiramento das estruturas com o braço estendido ao longo do corpo •Espontânea e pode aumentar com os movimentos •Presente em todas as fases da lesão – mais intensa enquanto o músculo está íntegro ou com ruptura parcial •Localizada ou referida até a escápula e cotovelo 2. Crepitação •Ruptura da Bursa subacromial acompanhada ou não da ruptura parcial do supraespinhal •Pode estar presente nas Fases II ou III de Neer 3. Força Muscular •Diminuição da força de abdução e rotação externa significativas – atrofia de supraespinhal e infraespinhal 4. Sinal do “braço caído” (ou “queda do braço”) •Ocorre quando o membro superior é elevado passivamente até 120°a 150°(pode ser a 90°como descrito no teste) e o paciente não consegue mantê- lo. Haverá queda pela força da gravidade. É uma característica das lesões maciças. 5. Contratura (Capsulite Adesiva) •Devido a imobilidade do membro causada pela dor 6. Tendinite ou ruptura da Cabeça longa do Bíceps •Na presença de tendinite ou ruptura do Bíceps pode haver processo de impacto O exame físico é essencial para a identificação dos principais fatores relacionados ao impacto subacromial. Na avaliação serão realizadas todas as etapas buscando pistas que levam às possíveis causas do quadro clínico. ETAPAS DA AVALIAÇÃO: Anamnese Inspeção (estática) Testes: movimento ativo livre (inspeção dinâmica), movimento passivo (osteocinemática, sensação final de movimento, artrocinemática), teste resistido (dinâmico e/ou isométrico) Palpação Goniometria Perimetria Testes Funcionais Testes Específicos Palpação: do relevo osteoarticular, dos ventres musculares, dos tendões e suas inserções. - Articulação EC – verificar se tem dor, edema, crepitação e/ou sinais de traumatismo recente - Articulação AC - verificar se tem dor, edema, crepitação e/ou mobilidade anormal (em casos de Luxação acrômioclavicular – Sinal da Tecla – instabilidade e flutuação da clavícula – elevação da extremidade lateral da clavícula) -Região muscular – verificar consistência elástica do tecido muscular -Bursa, tubérculo maior e menor–verificar se tem dor Crepitação – palpação associada ao movimento passivo ou ativo – indicativo de processo crônico na Bursa e/ou tendões. E no caso da escápula–indicativo de processos patológicos musculares, bursais, fasciais e ósseos, escapulares ou costais. Testes específicos: que simularão o impacto e testarão a integridade do manguito rotador e demais estruturas. 1. Teste do Arco Doloroso 2. Teste de Jobe 3. Teste de impacto de Neer 4. Teste de impacto de Hawkins-Kennedy 5. Teste de impacto de Yokum 6. Teste de Gerber 7. Teste de Speed 8. Teste do Infraespinhal
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