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LEONARDO PEREIRA –MEDICINA HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA – CLÍNICA MÉDICA HAS até 32,5% da população adulta; chega a 60% na população idosa; A prevalência da HAS em mulheres diminui após a menopausa efeitos protetores do estrogênio; Aumenta em crianças e adolescentes obesidade, sedentarismo, alimentação; Mais comum e mais grave em negros; Geralmente assintomático; Definição níveis médios de pressão arterial que conferem um significativo aumento do risco de eventos cardiovasculares, em curto ou longo prazo, justificando a programação terapêutica; MRPA indicado para todos que tenham condição de fazer; 3 medidas matinais antes do café da manhã, 3 medidas à noite antes do jantar por 5 dias ou 2 antes do café e 2 antes do jantar por 7 dias; Se a PA não estiver em um valor consideravelmente alto (>180 x 110), é necessário no mínimo duas consultas para confirmar o diagnóstico, devido à variabilidade fisiológica da PA; Outra possibilidade de diagnóstico apenas 1 consulta com PA ≥ 140 x 90 mmHg + risco cardiovascular alto; Hipertensão do jaleco branco pressão ≥ 140 x 90 mmHg apenas quando o médico ou profissional de saúde afere a pressão. Em casa (pelo MAPA) quase todas as vezes estão abaixo desses valores; LEONARDO PEREIRA –MEDICINA Efeito do jaleco branco aumento transitório da PA (20 mmHg na sistólica e 10 mmHg na diastólica) quando medida pelo profissional de saúde; pode acontecer em pacientes normotensos (que acabam sendo classificados como hipertensos) como em hipertensos (classificação errônea do estágio da HAS) supertratamento aumento o risco de efeitos colaterais; Hipertensão mascarada valores normais (< 140 x 90 mmHg) no consultório, porém elevada no MAPA investigar em paciente com PA normal ou limítrofe e em pacientes hipertensos controlados com sinal de lesão em órgão alvo; Hipertensão sistólica isolada cerca de 70% dos acima de 65 anos. PA sistólica ≥ 140 com PA diastólica < 90 mmHg. Aumenta o risco de eventos cardiovasculares (a PA sistólica está mais relacionada do que a diastólica aos eventos cerebrovasculares); Pré-hipertensão pressão sistólica entre 121-139 e pressão diastólica entre 81-89 mmHg; paciente com PA maior ou igual a 130 x 85 mmHg chance de até 60% em se tornar hipertenso nos próximos anos; Hipertensão episódica indivíduos com PA ≥ 140 x 90 mmHg em algumas aferições fora do consultório. Há também critérios sugestivos no teste ergométrico aumento da PA diastólica > 10 mmHg em qualquer momento do teste e/ou sistólica > 60 mmHg com 6 METs; Obs: Antes de medir a pressão não pode fumar, tomar café, consumir substâncias pressóricas (descongestionantes nasais por exemplo) nos 30 min prévios; Na 1ª consulta deve avaliar nos dois braços (considerar sempre a maior); Se for idoso, diabético ou tomando droga anti-hipertensiva deve fazer após 3 minutos na posição ortostática pode haver hipotensão postural (redução maior que 20 mmHg na sistólica e/ou maior que 10 na diastólica); PA em membro inferior deve ser determinada em hipertensos com menos de 30 anos para valiar possibilidade de coartação da aorta; Pseudo-hipertensão acontece em idosos devido o endurecimento da artéria por calcificação (cerca de 5% dos idosos); a manobra de Osler pode ajudar artéria continua sendo palpada sem pulso quando o manguito é insuflado em níveis superiores à PA sistólica aferida. Confirmação diagnóstica aferição da PA por cateterismo; Adultos normotensos tem que aferir pressão a cada 2 anos, se pré-hipertenso deve ser pelo menos anualmente; Estadiamento da pressão arterial LEONARDO PEREIRA –MEDICINA Avaliação Clínica e Laboratorial História clínica completa, tempo desde o diagnóstico, tratamentos prévios, fatores de risco cardiovasculares, indícios de hipertensão secundária, lesão de órgão-alvo, aspectos socioeconômicos, estilo de vida, medicamentos que faz uso e podem interferir no tratamento (anti- inflamatório, anorexígenos, descongestionantes); Exame físico buscar lesão de órgão alvo fazer exame de fundo de olho, ITB (normal > 0,9, abaixo disso indica DAOP); Fisiologia e patogênese 95% dos casos hipertensão primária ou essencial causa desconhecida; 5% hipertensão secundária causa conhecida; As duas causas mais comum de hipertensão secundária doença parenquimatosa renal e estenose de artéria renal (hipertensão renovascular); Fisiopatologia da Hipertensão Primária PA = DC x RVP (um dos dois componentes devem estar aumentados, ou os dois juntos); Existem mecanismos autorregulatórios que elevam a RVP em resposta a um DC aumentado ou a uma PA elevada: LEONARDO PEREIRA –MEDICINA Retenção de sódio e água pelos rins aumenta a volemia aumenta o DC; indivíduos normotensos quando aumenta a PA aumenta a natriurese (natriurese pressórica), nos hipertensos a natriurese só aumenta em níveis proporcionalmente maiores de PA; Papel do sistema renina-angiotensina angiotensina II faz vasoconstrição arterial e venosa e retenção de sódio e água, além do efeito trófico vascular, contribuindo para o processo de remodelamento; Maioria dos hipertensos tem renina normal ou baixa (o que é de se esperar, porque ela é regulada pela volemia e pela PA, Encontrar ela normal indica que ela está sendo produzida em quantidades acima do esperado); Aspecto genético 30-60% de predisposição genética na primária; gene APOL1 (selecionado naturalmente me negros, pois gerava proteção contra infecções tripanossômicas e maior predisposição à HAS); Baixo peso ao nascer baixo número de néfrons, hipertrofia de glomérulos (extrauterina quando prematuro) com aumento da secreção basal de renina; As principais teorias patogênicas da HAS primária explicam o aumento inicial da PA através do aumento do DC, geralmente por retenção de Na e H2O; Queda do DC estimula a vasodilatação, aumento do DC estimula a vasoconstrição (aumento da RVP); Aumento crônico da PA “remodelamento vascular” por proliferação e desarranjo celular da parede dos vasos aumento da camada muscular, alterações proliferativas com redução de lúmem RVP vai aumentando, esse é o fator de manutenção da PA “hipertensão arterial gera mais hipertensão arterial”; Além do já mencionado, existem outras 5 teorias sobre a patogênese da hipertensão primária: 1- Heterogeneidade dos néfrons alguns néfrons possuem uma arteríola aferente de calibre reduzido estimulação de produção excessiva de renina aumento da retenção de Na e H2O; 2- Redução do número de néfrons tais pessoas nascem com um número reduzido de néfrons (já mencionada); 3- Não modulação da angiotensina II intrarrenal presença de níveis não suprimíveis de angiotensina II no parênquima renal, propiciando uma hipersensibilidade ao Na; 4- Hiperativação do SNS estresse crônico e alterações primárias dos centros barorreguladores hiperatividade adrenérgica vasoconstrição periférica + remodelamento vascular + aumento de renina-angiotensina intrarrenal + aumento do DC; até 40% dos hipertensos jovens alto DC às custas de um hiperadrenergismo hipertensos hipercinéticos; 5- Resistência à insulina e hiperinsulinemia 100% dos hipertensos obesos e 40% dos não obesos tem resistência periférica à insulina e hiperinsulinemia. Aumento da insulina leva à HAS por: (1) aumento da reabsorção renal de sódio, (2) aumento da atividade simpática, (3) hipertrofia da musculatura lisa vascular – efeito mitogênico, (4) aumento do cálcio citossólico no tecido vascular; LESÕES DE ÓRGÃOS-ALVO Lesão vascular HAS afeta basicamente os vasos sanguíneos (principalmente artérias e arteríolas) e o coração; Lesão endotelial é o evento inicial do processo; Remodelamento vascular aumento da RVP (já mencionado anteriormente); As consequências finais desse remodelamento são 4: 1- Arteriosclerosehialina espessamento hialino homogêneo com redução do lúmen leva ao comprometimento orgânico lento e progressivo (nefroesclerose hipertensiva); LEONARDO PEREIRA –MEDICINA 2- Arteriosclerose hiperplásica níveis de PA maiores que 200x120, espessamento laminado concêntrico das arteríolas, aspecto em “bulbo de cebola”, grave estreitamento do lúmen por proliferação de células musculares lisas e à reduplicação da membrana basal; pode encontrar áreas de necrose fibrinoide entremeadas = “arteriolite necrosante hipertensiva”; 3- Microaneurismas de Charcot-Bouchard pequenas dilatações pós-estenóticas em artérias cerebrais penetrantes consequentes ao processo de arteriosclerose hialina faz AVE hemorrágico; 4- Aterosclerose – “o grande vilão” Atinge geralmente artérias de grande (aorta) e médio calibre (coronárias, caróticas, mesentéricas, renais, femorais); Formação na camada íntima de placas contendo lipídeos envoltos por capa fibrosa = “placas de ateroma”; Dentro dessas placas estão macrófagos e linfócitos e células musculares lisas produtoras de colágeno; Obstrução isquemia induzida por maior demanda metabólica do órgãos (angina estável, mesentérica, claudicação intermitente) ou evoluir para formação de trombo levando às síndromes isquêmicas agudas (IAM, AVE, isquemia mesentérica aguda, gangrena de MMII); Fatores de risco para aterosclerose ao lado; Patogênese da aterosclerose: Lesão inicial estria gordurosa (se mantém estável); Essa estria evolui para placa de ateroma que se estabelecem preferencialmente nas bifurcações arteriais turbilhonamento de sangue é maior; Acúmulo de LDL na camada íntima se liga a proteoglicanos da MEC; Sofre oxidação LDL oxidado expressa molécula de adesão leucocitária + propriedades quimiotáticas estimula a secreção do endotélio de IL-1 e TNF-α Resumo acúmulo lipídico + leucócitos; Fluxo turbulento também permite a adesão de leucócitos; Quais são os leucócitos envolvidos? Monócitos e linfócitos T; ao adentrarem na placa os monócitos ficam macrógafos, que endocitam as partículas de LDL e transformam-se nas células espumosas isso é um processo de tentativa de “limpar” a camada íntima dos lipídeos umas conseguem “escapar para o sangue” e realmente limpam, outras sofrem apoptose forma o cerne necrótico – região extremamente rica em lipídeos. Só o cerne lipídico são as estrias gordurosas; Quando tem cerne lipídico + tecido fibroso envolvendo chama de placa de ateroma (é a evolução); Os miócitos modificados do tecido muscular liso são os responsáveis pela fibrose essas células migram da camada média para a camada íntima As plaquetas podem aderir estimula a trombogênese e secreta fatores de crescimento que contribuem para o processo fibrótico; LEONARDO PEREIRA –MEDICINA À medida que a placa vai aumentando, vai sendo formado microvasos em seu interior contribui para o afluxo de leucócitos e é responsável pelas hemorragias intraplaca; A hipertensão através do seu efeito lesivo no endotélio e por estimular o remodelamento vascular aumenta a formação de fatores de crescimento e citocinas; A instabilidade da placa leva a: (1) obstrução gradual do lúmen arterial, (2) fraqueza na parede arterial – formação de aneurismas, (3) trombose da placa (IAM, AVE) ocorre a rotura da placa, expondo seu conteúdo lipídico altamente trombogênico às plaquetas e fatores de coagulação; Cardiopatia Hipertensiva 1- Hipertrofia ventricular Esquerda Aumento crônico da pós-carga sobrecarga sistólica hipertrofia; Pode ser excêntrica ou concêntrica; Também ocorre ação da angiotensina II; 2- Disfunção Diastólica Ocorre devido a hipertrofia; Sintomas de congestão pulmonar; 3- Cardiopatia dilatada Pode causar ICC com disfunção sistólica; Evolui para IC biventricular Baixa FE e NYHA alto; 4- Doença coronariana HAS principal fator de risco; Doença Cerebrovascular Risco 5x maior na HAS grave; Pode manifestar-se em AIT, AVE isquêmico, AVE hemorrágico intraparenquimatoso, hemorragia subaracnóide, demência multivascular, atrofia cerebral devido aterosclerose difusa todas relacionadas à HAS; Mais comum AVE isquêmico – 80% efeito tromboembólico relacionado à aterosclerose carotídea; pode ser também trombose in situ (placa de ateroma localizada na artéria cerebral); AIT reversibilidade completa do déficit em menos de 24 horas; Nefropatia Hipertensiva Primeiro sinal de comprometimento renal presença de microalbuminúria (excreção de albumina em 24h entre 30-300 mg); Nefroesclerose benigna maligna arteríolas renais sofrem um processo de arteriosclerose hiperplásica e necrose fibrinoide arteriolar; quadro clínico insuficiência renal + proteinúria + hematúria; Retinopatia Hipertensiva Avalia pela fundoscopia; Existe correlação entre retinopatia hipertensina e presença de nefropatia hipertensina; Graus: 1- Estreitamento arteriolar 2- Cruzamento arteriovenoso patológico 3- Hemorragias e/ou exsudato retinianos 4- Papiledema 1 e 2 consequências do remodelamento vascular; 3 e 4 marcos da hipertensão acelerada maligna; LEONARDO PEREIRA –MEDICINA Outras lesões de órgãos alvo Aortopatia e arteriopatia de MMII; Aneurismas de aorta abdominal; Aterosclerose de artéria femoral hipertensos, diabéticos, fumantes claudicação intermitente; HIPERTENSÃO SECUNDÁRIA Reversível com o tratamento específico; Em ordem de frequência: Condições de estresse agudo que cursam com HAS dor, hipoglicemia, abstinência alcóolica, pós-operatório, queimadura, pancreatite, hiperventilação psicogênica. Quando suspeitar? Atentar para quadros clínicos sugestivos; Como investigar e tratar Doenças parenquimatosas renais Causa mais comum de HAS secundária; Em especial a glomerulopatia diabética e a glomeruloesclerose focal e segmentar idiopática; Sobrecarga de volume e maior ativação do SRAA; Pode ser consequência de pielonefrice crônica unilateral; Diagnóstico US abdominal, urinálise e medida do clearence de creatinina e proteinúria de 24h (proteinúria acima de 2g/24h) Tratamento IECA + antagonista de angiotensina II; Só faz a nefrectomia quando a hipertensão arterial for grave, o rim pequeno for disfuncionante e o rim contralateral tiver função normal; LEONARDO PEREIRA –MEDICINA Estenose de artéria renal Hipertensão renovascular; Segunda causa mais comum; Pacientes hipertensos com menos de 30 anos ou mais de 55 anos, hipertensos graves refratários e em hipertensos cuja função renal piora com o uso de IECA ou antagonistas da angio II (estenose bilateral da artéria renal, ou unilateral e rim único); Jovens a lesão é fibrodisplasia e em idosos aterosclerose renal; Exames (1) eco-doppler de artérias renais, (2) cintilografia renal com e sem captopril, (3) angiorressonância renal; exame confirmatório é a angiografia renal; Três opções terapêuticas (1) terapia medicamentosa, (2) angioplastia percutânea, (3) cirurgia de by-pass; Tenta-se prova terapêutica com IECA, diurético, antagonista de cálcio; Reserva revascularização renal para casos de EAP de repetição, estenose arterial bilateral com disfunção renal; Método de primeira escolha em caso de fibrodisplasia angioplastia percutânea com balão – sem stent; IECA é contra indicado em casos de nefropatia isquêmica; Apneia obstrutiva do sono Episódios repetitivos de obstrução das vias aéreas superiores durante o sono, promovendo hipóxia noturna e hiperativação simpática reflexa resulta em aumento da PA; Fatores de risco idade avançada, sexo masculino, obesidade, síndrome metabólica; Suspeita quando não tem o descenso fisiológico noturno da PA na MAPA; Paciente com história de roncoe sonolência diurna; Diagnóstico polissonografia; Tratamento correção de fatores mecânicos (cirurgia para defeitos anatômicos das vias aéreas superiores), perda ponderal e uso de CPAP norturno (tipo de ventilação não invasiva); Hiperaldosteronismo primário Aumento da aldosterona; Pacientes com hipocalemia significativa espontânea ou induzida por uso de diurético; Diagnóstico TC abdominal (confirmar se há tumor), relação aldosterona/atividade de renina plasmática (ARP) maior que 30, com níveis séricos de aldosterona acima de 15 ng/dl; Tratamento espironolactona, tiazídicos contra indicados (porque aumentam a perda de potássio); Feocromocitoma Tumor hipersecretante de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) medula da suprarrenal; Pacientes com hipertensão “lábil”, ou seja, picos significativos esporádicos de PA + palpitação, angina, sudorese e fadiga generalizada; Triagem dosagem de catecolaminas no sangue ou na urina em 24h (urina é mais indicado); Se tiver aumento indica TC abdominal para procurar tumor de suprarrenal; Tratamento é a ressecção do tumor; Coarctação da Aorta Obstrução congênita da porção da aorta adjacente ao ligamento arterial; Exame físico sopro sistólico ejetivo no precordio e dorso, diferença de pulso e pressão arterial entre os membros superiores e inferiores; Diagnóstico ecocardiograma; tratamento intervencionista; LEONARDO PEREIRA –MEDICINA
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