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ALIENAÇÃO PARENTAL- PARECER

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1
PARECER JURÍDICO SOBRE ALIENAÇÃO PARENTAL
FABIANE NICÁCIO DE MOURA
DIREITO- 7º SEMESTRE
1) RELATÓRIO
Trata-se de Parecer sobre a Alienação Parental, visando delimitar como a
mesma se dá nas relações parentais, sua abordagem legal, as sanções cominadas a
essa prática e como a jurisprudência tem compreendido e aplicado tais sanções ao
caso concreto.
É o relatório.
2) DO MÉRITO
A alienação parental é compreendida como a “campanha”, de um dos
genitores, da família deste ou de quem tenha a criança ou adolescente sob sua guarda,
autoridade ou vigilância, contra o outro genitor ou, ainda contra outros parentes, como
por exemplo, os avós, objetivando, sem motivo justificável, o impedimento ou
destruição dos laços afetivos existentes entre o filho (a) e seu pai, mãe, avós e etc. Em
citação a Jorge Trindade, PEREIRA (2014) diz que a alienação “consiste num processo
de programar uma criança para que odeie um dos seus genitores sem justificativa, de
modo que a própria criança ingressa na trajetória de desmoralização desse mesmo
genitor”.
Tal campanha pode ser realizada de forma a dificultar as visitas e a
convivência do menor com seu genitor (a), para isso são usados argumentos como
doença, viagem inesperada e desnecessária no período em que a criança estaria com
o outro cônjuge, omissão de informações sobre nova moradia ou escola, etc. Pode ser
ainda algo mais extremo, como o falseamento de informações sobre a conduta moral
do genitor, tentando desaboná-lo perante a sociedade e principalmente diante da
2
criança ou adolescente.
Na legislação brasileira o assunto é tratado pela lei 12.318/2010, que em seu
artigo 2º define tais atos, trazendo, ainda, exemplos dessa prática, vejamos:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente
sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com
este.
Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além
dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia,
praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: (Grifo nosso)
I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no
exercício da paternidade ou maternidade;
II - dificultar o exercício da autoridade parental;
III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar;
V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes
sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações
de endereço;
VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou
contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança
ou adolescente;
VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor,
com familiares deste ou com avós.
Na verdade, como já afirmado anteriormente, o constante desses incisos são
apenas exemplos, outras condutas poderão ser entendidas pelo juiz, no caso concreto,
como prática de alienação parental. A lei supracitada ainda prevê sanções aos
praticantes de tal conduta, por entender que essas ações ferem direito fundamental da
3
criança ou adolescente à um ambiente familiar saudável:
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer
conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com
genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente
ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da
ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar
seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador;
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado;
III - estipular multa ao alienador;
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial;
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua
inversão;
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente;
VII - declarar a suspensão da autoridade parental.
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço,
inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá
inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da
residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de
convivência familiar.
O rol previsto no artigo 6° é entendido como gradativo, ou seja, as sanções
são determinadas nos incisos de acordo com a gravidade de sua conduta, passando da
menos à mais gravosa. A jurisprudência tem reconhecido tal gradação admitindo que a
sanção de inversão da guarda (inc.v), como se vê no julgamento do Agravo de
Instrumento abaixo exposto, só deve ser aplicada em casos extremos, onde outras
sanções já tenham sido impostas ou quando essa seja, mediante larga instrução
probatória, a medida inevitável a ser aplicada, senão vejamos:
TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00596003020128190000 RJ
005960030.2012.8.19.0000 (TJ-RJ) Data de publicação: 16/04/2013 Ementa:
sobre a alienação parental, dispõe em seu art. 6o , que [...] () 4. Como se
4
extrai da própria enumeração do dispositivo, a inversão da guarda
afigura-se em nosso sistema medida extrema, só devendo, por isso, ser
deferida em hipóteses excepcionais, em que devidamente comprovada a
sua existência, através de larga instrução probatória, tudo em prol dos
interesses versados na presente lide. 5. Por isso mesmo, prevê o art. 5o
da Lei12.318 /10 que, havendo indício da prática de ato de alienação
parental, em ação autônoma ou incidental, o juiz, se necessário,
determinará perícia psicológica ou biopsicossocial. [...] 8. Retira-se do
louvável parecer do i. Procurador de Justiça, José Antônio Leal Pereira, a
seguinte passagem, in verbis: "(.) A inversão de guarda no curso do
processo é medida extrema, que não se justifica, por ora, nos presentes
autos, pois apesar do laudo psicológico indicar a existência de um quadro
de alienação parental, a menina deixou claro seu amor pela mãe e que se
sente amada por ela, constando, ainda, na resposta aos quesitos, que
ambos genitores são atenciosos com a menor". NEGA-SE PROVIMENTO
AO AGRAVO INTERNO.... (Grifo nosso)
Ainda nesse sentido, cabe citar outro caso onde foi desprovido recurso de
decisão que havia invertido a guarda do menor em favor do genitor por acusação, sem
provas cabais, de abuso sexual contra a criança:
TJ-RJ - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00362841720148190000 RJ
003628417.2014.8.19.0000 (TJ-RJ) Data de publicação: 13/03/2015 Ementa:
Agravo de instrumento. Ação de destituição do poder familiar.
Sustentação da autora de que seu filho foi vítima de abuso sexual por
parte do pai. Laudos técnicos elaborados por profissionais indicados pelo
Juízo que, ao contrário do alegado, afirmam que não ocorreu o alegado
abuso sexual. Agravante que, em descumprimento a decisão judicial, vem
impedindo a visitação do menor por parte do genitor. Postura que fere o
direito fundamental do menor de convívio com o seu genitor. Decisão ora
agravada que, por considerar a prática de atos gravíssimos de alienação
parental pela agravante, inverteu a guarda provisória em favor do genitor.
Decisão que encontra respaldo legal nos artigos 2o, parágrafo único,
incisos II, III, IV e VI, 4° e 6o, inciso V, da Lei 12.318 /2010. Decisão que não
se evidencia teratológica, contrária à Lei ou à evidente prova dos autos.
Aplicação do entendimento consolidado no Enunciado no 58 da Súmula
5
da Jurisprudência desta Corte. Desprovimento do recurso. (Grifo nosso)
Com a efetiva alienação pode ser desenvolvido um distúrbio emocional
chamado por Richard Gardner, professor de psiquiatria da Faculdade de Columbia-
EUA, de Síndrome da Alienação Parental (SAP), que é “um distúrbio da infância que
aparece quase exclusivamente no contato direto de disputas de custódia de crianças”
(Gagliano e Filho, 2014), dizendo respeito, segundo Priscila Fonseca, citada pelos
mesmos autores, “às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a
criança vítima daquele alijamento”.
3) CONCLUSÃO
Diante de todo o exposto conclui-se que a alienação parental é muito mais
comum do que pensamos e está implícita em conversas do dia-a-dia e em atitudes que
parecem ser causadas simplesmente por um aborrecimento de quem, por exemplo,
não teve seu filho(a) devolvido no horário combinado, mas na verdade trata-se de um
verdadeiro crime, principalmente contra a estabilidade emocional da criança ou
adolescente, já que afeta o seu vínculo familiar em vários níveis. É tão prejudicial que
já existe a caracterização de uma síndrome específica para esses casos, onde o nível
de prejuízo à criança/adolescente está tão alto que lhe causa enfermidades físicas em
decorrência da pressão psicológica sofrida, gerando danos que podem se tornar
irreversíveis.
Na maioria das vezes essas atitudes são fundadas no rancor por um
relacionamento fracassado ou por separação dolorosa para o cônjuge alienante, que
não aceitando o fim da relação, tenta denegrir a imagem do outro fazendo com que ele
também sofra com aquilo que mais lhe afeta, ou seja, a falta ou hostilidade do filho (a).
As sanções previstas na legislação são importantes para tentar inibir e
reparar tais ações, já que sempre existirão pessoas praticando tais condutas, porém
cabe observar que não é o suficiente para combatê-las, exige-se efetiva
conscientização e participação da própria família e de pessoas próximas para orientar e
6
coibir o cônjuge alienador na prática do delito. Devem essas penalidades continuar
sendo aplicadas gradativamente conforme o roí do artigo que as prescreve, não
podendo no primeiro momento, sem provas concretas, serem aplicadas aquelas mais
graves, tendo em vista o melhor interesse do filho (a).
É o Parecer.
7
BIBLIOGRAFIA
DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. RT. 9ª Ed. 2013
GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de Direito Civil.
Vol. VI: Direito de Família- As famílias em perspectiva constitucional. Saraiva, 2014.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro - vol. VI - Direito de Família.
Saraiva. 12ª Ed. 2014.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol. I. Rio de Janeiro:
Forense, 28ª 2014.
LÔBO, Paulo. Direito Civil- Famílias. Saraiva, 5ª Ed. 2009, 2012.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil. Vol. VI. Direito de Família. São Paulo: Atlas, 15ª
Ed. 2004.
www.jusbrasil.com.br
www.stf.jus.br
www.stj.jus.br

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