Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Centro Universitário Cesuca Estudo de caso Fibrose Cística Lohana Murussi Castilhos 2 Na Europa existia um folclore de que o beijo salgado era um mau presságio. Ao beijar uma criança fibrocística, o gosto salgado de seu suor ficava nos lábios. Imediatamente, era feita a associação ao pouco tempo de vida que ela teria. DOENÇA DO BEIJO SALGADO 1938 Segunda Guerra 1943 Nomeada Fibrose Cística do pâncreas, depois que a patologista Dorothy Hansine Andersen identificou cistos e tecido fibroso no pâncreas de alguns pacientes. Durante a Segunda Guerra Mundial, reconheceu-se que a Fibrose Cística repetia-se em famílias, e se propôs tratar-se de herança recessiva. (Paschoal, 2010) Descrita como Mucoviscidose pelo pediatra Sidney Farber, que concluiu que o dano causado ao tecido pulmonar dependia da obstrução provocada por um muco viscoso (Muco + víscido (pegajoso, viscoso) + ose (doença). 3 LINHA DO TEMPO 1948 1959 1989 Após a famosa onda de calor em Nova Iorque no ano de 1948, o médico Paul Di Sant’ Agnese registrou que o suor produzido pelas crianças com Fibrose Cística era anormalmente salgado. Gibson e Cook propuseram a técnica de estimulação colinérgica para obtenção de suor de pequena área da pele, com o uso de policarpina por iontoforese, até hoje utilizada no teste do suor, padrão áureo para o diagnóstico da Fibrose Cística. Riordan et al clonaram o gene e utilizaram a sequência obtida do DNA para propor a estrutura da proteína codi cada, denominada Cystic Fibrosis Transmembrane conductance regulator (CFTR). Deste modo, dia 08 de Setembro, data da publicação desta pesquisa em 1989, é assinalado como Dia Mundial da Fibrose Cística. 4 LINHA DO TEMPO A fibrose cística, é um problema hereditário que causa o acúmulo de muco (secreções) denso ou viscoso nos pulmões, no aparelho digestivo e em outras áreas do corpo. Para que uma criança nasça com fibrose cística, é preciso que seu pai e sua mãe sejam portadores de um gene CFTR defeituoso. A fibrose cística (FC) é a doença genética mais frequente em populações de origem Caucasiana (europeus). Afeta cerca de 70.000 pessoas em todo o mundo. No Brasil, a doença afeta aproximadamente 5 mil brasileiros, Raskin estimou que a incidência de FC seja de 1 em cada 7.358 nascidos. 5 INTRODUÇÃO 6 DISTRIBUIÇÃO DOS PACIENTES SEGUNDO ESTADO DE ORIGEM Dados de 2011. 7 RESPIRATÓRIA GASTROINTESTINAL O pâncreas, os intestinos e o sistema hepatobiliar são frequentemente afetados. 8 Infecção bacteriana persistente. FISIOPATOLOGIA A fibrose cística resulta na produção exagerada de muco, além de ser mais espesso do que o normal e não ser devidamente eliminado pelo corpo. A alta concentração de muco nos órgãos causa diversas consequências nos pulmões, pâncreas, fígado e intestino, interferindo nas suas funcionalidades. O muco bloqueia as vias aéreas e causa tosse persistente, catarro, chiado no peito e falta de ar. As complicações são bronquite crônica e pneumonia de repetição. PULMÕES O bloqueio dos dutos pelo excesso de muco pode levar à formação de fibrose no fígado, icterícia (pele amarelada) e pedras na vesícula. INTESTINO As secreções podem entupir os dutos pancreáticos e impedir o envio de enzimas digestivas para o intestino, levando a uma baixa absorção de nutrientes e a prejuízos no crescimento. O déficit de enzimas pancreáticas prejudica a digestão das gorduras, causando sintomas como fezes volumosas e gordurosas, dificuldade para evacuar e dor abdominal. O bloqueio do intestino pelo muco é frequente nos recém-nascidos e pode necessitar de cirurgia. SINAIS E SINTOMAS ORGÃOS REPRODUTORES FÍGADO E VESÍCULA BILIAR PANCREAS PELE Como o suor tem mais sal do que o normal, aumenta o risco de desidratação. As mulheres com fibrose cística podem apresentar dificuldade para engravidar porque o muco cervical fica muito espesso, e os homens são inférteis em 98% dos casos. 10 • Infecções respiratórias frequentes • Baixo crescimento e baixo ganho de peso • Gordura nas fezes • Obstrução intestinal grave • Icterícia neonatal • Infecções respiratórias frequentes • Sinusite crônica • Gordura nas fezes • Deformidades nos dedos e unhas das mãos • Obstrução intestinal crônica • Sinusite crônica • Pancreatite • Problemas no fígado • Esterilidade • Doença pulmonar crônica MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS POR FAIXA ETÁRIA ATÉ 2 ANOS 3 A 16 ANOS ADULTOS DIAGNÓSTICO O teste do pezinho é uma triagem que permite identificar a fibrose cística. Ele costuma utilizar algumas gotinhas de sangue obtidas pelo calcanhar e deve ser feito preferencialmente entre o terceiro e o quinto dia de vida. O teste do suor é o principal exame para fazer o diagnóstico da fibrose cística. Ele deve ser feito sempre que o teste do pezinho for positivo. A FC causa uma alteração no transporte de íons de cloreto e sódio nas glândulas sudoríparas, o que aumenta a concentração de sal no suor. O caminho para o diagnóstico da fibrose cística depende da idade da pessoa. Enquanto a doença costuma ser detectada por exames de rotina nos recém- nascido, o diagnóstico em crianças mais velhas e adultos geralmente acontece apenas depois que se procura o médico com sintomas característicos e ele solicita testes específicos. O teste genético faz a pesquisa de mutações no gene CFTR, que são as responsáveis pelo desenvolvimento da fibrose cística. 12 Mãe nega alergias da criança, relata que a filha está diarreia e procurou atendimento quando ouviu um chiado no peito ao ouvi-la respirar. Relata também o baixo ganho de peso da filha mas achava ser “normal”. 24/08/2021- 09:30h - S.F.N., 5 meses, feminino, acompanhada da mãe e em uso de pulseira de identificação. Principal queixa: diarreia, chiado no peito e baixo ganho de peso. Bom estado geral, desnutrida, anictérica, acianótica, paciente sondada (nasogátrica). Fontanelas normotensas, MUC, tórax simétrico, ausculta pulmonar evidenciando ruídos adventícios do tipo estertores grossos disseminados nos dois hemitórax. S= O= EXAME FÍSICO SV: Tax: 37 °C - FR = 55 mrpm FC = 152 bpm S= 98% Ausculta cardíaca com batimentos normofonéticos em 2T, abdômen distendido, sem dor a palpação e com RH presentes, períneo sem presença de dermatite e fraldas com presença de diurese. O= 13 EXAMES ALTERADOS Teste de dosagem de cloreto no suor: Braço direito 100,24 mEq/L, Braço Esquerdo 101,11 mEq/L. Valores de referência 0,00 - 40,00. Tomografia computadorizada do tórax demonstrando espessamento das paredes brônquicas e sinais de impactação mucoide. Radiografia do tórax evidenciando sinais precoces de alterações brônquicas, caracterizadas pelo espessamento das paredes na base pulmonar direita. 14 - Fornecer oxigenio suplementar se necessário. - Verificar sinais vitais. - Atentar para mudança na coloração da pele. - Avaliar nível de ansiedade, proporcionar conforto. Trocas gasosas prejudicadas relacionado a inquietação evidenciado por padrão respiratório anormal. Trocas gasosas adequadas. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 15 - Hidratação oral/venosa de acordo com quadro clínico. - Identificação e manejo da desidratação. - Monitorar sinais e sintomas de diarreia. Diarreia relacionado a inflamação gastrintestinal evidenciado pelas evacuações de fezes líquidas, < 3 em 24 horas. - Continência intestinal - Equilíbrio Hídrico - Hidratação - Função Gastrointestinal RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 16 - Controle hídrico - Controle de eletrólitos Risco de desequilíbrio eletrolítico evidenciado pela diarreia. - Equilíbrio eletrolítico RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 17 - Pesar o paciente a intervalos específicos. - Monitorar tendência de perda de peso. - Monitorar o turgor da pele. - Monitorar crescimento e desenvolvimento. - Monitorar ocorrência de mudançasimportantes no estado nutricional e iniciar tratamentos, conforme apropriado. Nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais relacionado a incapacidade de absorver nutrientes evidenciado pela perda de peso com ingestão adequada de alimentos. - Comportamento de ganho de peso. - Estado nutricional: medidas bioquímicas. - Comportamento de manutenção do peso. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 18 - Orientar paciente/família quanto aos riscos e prevenção de quedas. Risco de queda evidenciado por idade < 2 anos. - Comportamento de prevenção de quedas. - Deslocamento seguro. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 19 - Facilitar a oportunidade para o paciente desempenhar novos comportamentos. - Transmitir confiança na capacidade do paciente de lidar com situações. Risco de paternidade ou maternidade prejudicada evidenciado por conhecimento insuficiente sobre o desenvolvimento da criança. - Enfrentamento familiar. - Desempenho do papel. - Ambiente domiciliar seguro. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 2 0 - Propiciar um ambiente livre de ameaças. - Determinar as metas do paciente e da família relativas ao controle do ambiente e otimização do conforto. - Criar ambiente calmo e de apoio. Conforto prejudicado relacionado a sintomas da doença evidenciado por choro. - Restabelecer condição de conforto. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 21 - Orientar aos pais a estimularem as crianças de acordo com a faixa etária. - Estimular o convívio da criança com outras crianças da mesma faixa - etária. - Supervisão da segurança e proporcionar ambiente seguro para a criança. - Proporcionar integração da criança ao meio social e ambiente. - Monitorar resposta ao tratamento. Risco de desenvolvimento atrasado evidenciado por doença crônica. - Cuidados com o bebe - Controle de riscos RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 22 - Avaliar distensão abdominal. - Monitorar movimentos intestinais, frequência, consistência, volume, cor. - Monitorar ocorrência de sinais e sintomas de diarreia. Motilidade gastrintestinal disfuncional relacionado a desnutrição evidenciado pela diarreia. - Continência intestinal. RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 23 - Determinar o padrão nutricional do paciente e a capacidade de atender as necessidades nutricionais. Risco de infecção evidenciado pela desnutrição. - Controle de riscos - Estado nutricional RESULTADOS ESPERADOS INTERVENÇÕESDIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM • Ingestão de enzimas digestivas para a alimentação; • Suporte nutricional; • Medicamentos broncodilatadores, antibióticos, anti-inflamatórios; • Fisioterapia respiratória; • Atividade física; • Acompanhamento multidisciplinar frequente. Todo o tratamento deverá ter acompanhamento médico e especializado e varia de acordo com a gravidade da doença e com a forma como ela se manifesta. 2 4 TRATAMENTO ● REIS, Francisco J. C. ; DAMACENO, Neiva. Fibrose Cística. Jornal de Pediatria. Disponível em: http://www.jped.com.br/conteudo/98-74-s76/port.pdf. Acesso em: 24 ago. 2021. ● FIBROSE cística. Biblioteca Virtual em Saúde. 2018. Disponível em: . Acesso em: 24 ago. 2021. ● FIBROSE cística. Manual MSD. 2020. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt- br/profissional/pediatria/fibrose-c%C3%ADstica-fc/fibrose-c%C3%ADstica. Acesso em: 26 ago. 2021. ● SILVA, Andrea et al. HISTÓRICO, AVANÇOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA FIBROSE CÍSTICA. 2015. Disponível em: http://www.saocamilo-sp.br/novo/eventos- noticias/saf/2015/SAF024_15.pdf. Acesso em: 26 ago. 2021. ● São Paulo: ARTMED , 2010. North American Nursing Diagnosis Association International. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009 - 2011. Porto Alegre (RS): Artmed; 2010. 25 REFERENCIAS ● Docheterman, J. M. & Bulechek, G. M. (2010). Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC). (5ª ed.). Porto Alegre: Artmed. ● Johnson, M., Mass, M. & Moorhead, S. (org.) (2010). Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC). (4ª ed.). Porto Alegre: Artmed.
Compartilhar