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Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 1 Síndromes Motoras Faremos um apanhado das circunstâncias neurológicas de avaliação básica, de sindrômica. Seguindo sempre o raciocínio de diagnóstico sindrômico, topográfico e etiológico. Depois, chegaremos nas doenças propriamente ditas. Introdução: Do ponto de vista de raciocínio, pensamos na motricidade enquanto um evento que nos faz deslocar no ambiente. Esse raciocínio não está incorreto, mas ele não é completo do ponto de vista de análise do fenômeno motor. A motricidade é um fenômeno que depende fundamentalmente da apreensão da realidade, do meio, onde aquele organismo (micro ou macro) quer se movimentar. Então, basicamente, o sistema motor, apesar de ter os efetores (parte importante da obtenção do movimento), ele não é único. Eles são a via final de estabelecimento da movimentação. E, para compreendermos adequadamente o fenômeno motor, ele precisa ser entendido em todas as suas grandes divisões. Além dos efetores, temos os ordenadores, controladores, receptores e planejadores do movimento. 60% dos neurônios que compõem a área motora primária (área de onde sai o trato corticoespinhal), é sensorial/sensitivo. Então, basicamente, para nos movimentarmos, o tempo todo precisamos obter informações do meio para termos um movimento o mais eficiente possível. Já que se tiver chovendo, o movimento será de um tipo, se tiver ensolarado, com geadas, tudo isso vai influenciar no movimento. E para nos movimentarmos, precisamos entender a circunstância do meio para executarmos o movimento com a máxima eficácia possível. O 1º passo para entender o movimento voluntário humano é entender a circunstância que cerca esse organismo e isso se dá através da apreensão da realidade, através da via visual, tátil, auditiva. Toda essa compreensão da realidade vai ser obtida antes de iniciar o movimento. Toda essa informação é aprendida e processada nas áreas pré-motoras e motoras suplementar (que são os planejadores do movimento). Então, todo movimento voluntário antes de ser executado, é planejado em acordo com o tempo, situação (o que precisamos fazer para nos movimentar? Qual o meio que favorece o meu movimento?). Então, planejamos isso através da apreensão da realidade do meio através das áreas pré-motoras e motoras suplementar. Elas estabelecem o esboço daquele movimento e se comunicam com o cerebelo (ordenadores) e com os núcleos da base (controladores do movimento). O cerebelo participa do equilíbrio necessário para gestação daquele movimento planejado e os núcleos da base determinam a quantidade de movimento que será necessária para aquele movimento necessário. Queremos chegar rápido, alcançar rápido um ônibus, por exemplo. Então tudo isso é planejado, ordenado, controlado e volta para a área motora, pré- motora e motora suplementar, para aí sim, ser executado. As áreas motoras, pré-motoras e motora suplementar informam a área motora primária onde está localizado o trato corticoespinhal e desse trato corticoespinhal sai o trato cortico-espinhal e corticonuclear, que vai efetuar o movimento a partir da sua chegada em um dado ponto da medula e a Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 2 informação desse neurônio com o neurônio de segunda ordem (neurônio periférico) que vai contrair um musculo esquelético responsável por aquele movimento planejado. Para movermos um dedo em relação ao celular, tudo isso já aconteceu em questões de milissegundos para que haja a máxima adequação de tocar simplesmente com o dedo no celular, até a saída do efetor – trato cortico-espinhal até a região da medula cervical que vai lincar com o neurônio motor de segunda ordem e que vai efetuar contração dos músculos da mão e do braço, responsáveis pelo movimento de tocar no celular. Então, toda essa sequência é necessária para que possamos nos movimentar e é disso que iremos tratar em parte, pois cada uma dessas áreas, estando prejudicadas/disfuncionais, vão gerar uma síndrome motora específica. Quando o problema for o controle do movimento, teremos as ataxias (problema no cerebelo). Quando temos problemas na quantidade de movimento para mais ou para menos (teremos a síndrome dos movimentos hipercinéticos ou hipocinéticos – problemas nos núcleos da base). Quando não conseguimos planejar adequadamente o movimento, temos as apraxias (que são fenômenos de natureza cognitiva). Hoje, especificamente, trataremos dos problemas nos efetores do movimento (trato cortico-espinhal prejudicado – qual consequência clínica? E no neurônio motor de segunda ordem, no neurônio motor inferior, quando eles estão presentes, qual a consequência clínica?). O quadro clínico representado por problemas/lesões nos efetores do movimento, gerarão a fraqueza muscular. Então, a clínica do paciente envolverá queixa de fraqueza muscular, que representará um fenômeno de lesão (tanto no neurônio motor de 1ª ordem – efetor, quanto nesse neurônio motor de segunda ordem). Há uma possibilidade muito grande dos fenômenos motores serem adequadamente diagnosticados pois fundamentalmente a diferenciação entre central e periférico se dar particularmente quando a queixa do paciente for de fraqueza muscular, então algum problema nos efetores do movimento, e essa diferenciação de central e periférico será fundamental para topografar a lesão e posteriormente pensar no diagnóstico etiológico. Junção mioneural: Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 3 Vamos tentar entender parte a parte do sistema motor, para facilitar o raciocínio diagnóstico do ponto de vista fisiopatológico. A unidade mínima necessária para contração de um musculo voluntário é a ligação de um neurônio motor a este músculo esquelético. Essa ligação é direta, esse neurônio é mielinizado e participa da contração de uma fibra muscular esquelética voluntária. Essa ligação tem uma junção neuromuscular, em que a liberação de acetilcolina na fenda neuromuscular, fará com que haja a contração desse músculo voluntário esquelético. Fundamentalmente esse neurônio é trófico para essa musculatura e ele participa da manutenção da trofia do músculo desse individuo, que tem essa ligação estabelecida e essas fibras nervosas trafegam com velocidade máxima dentro do sistema nervoso, pois elas são altamente mielinizadas. Impulsos extremamente rápidos, alcançam a musculatura, que se quer voluntariamente contrair. Então, essa informação sai da medula a partir da chegada do efetor primário (trato cortico-espinhal), sai o neurônio de 2ª ordem que leva essa informação até o músculo. Como esse neurônio é trófico para esse músculo, então, a consequência de lesão desse nervo periférico vai gerar atrofia muscular (que é uma das consequências de lesão do neurônio motor de segunda ordem) e entende-se que a atrofia é consequência do trofismo que o nervo exerce na musculatura. Então, quando não temos a influência desse neurônio mais, por lesão, a musculatura acaba desenvolvendo atrofia (consequência direta de lesão do neurônio motor inferior). Outra situação que pode ocorrer no neurônio motor inferior é a possibilidade de fasciculações da musculatura. As fasciculações ocorrem, pois quando ocorrem uma lesão de um determinado nervo periférico, ele não se dá por completo. Então a tentativa de recrutamento da musculatura em algum momento e o que aparece clinicamente, é uma fasciculação, é uma contração das miofibrilas saudáveis daquela musculatura, na tentativa de recrutamento do músculo. Como nem todas as miofibrilas são saudáveis para recrutar, então o que ocorre é uma contração dessas miofibrilas, que observamos clinicamente como movimento vermicular no musculo do paciente, e descrevemos esse fenômeno como fasciculação que é uma consequência direta de lesão, também, do neurônio motor inferior. Então, atrofia,fasciculação e fraqueza muscular são consequências de lesão do neurônio motor inferior ou do neurônio de 2ª ordem. Nível medular: Partindo um pouco mais para nível medular, passamos a entender algumas consequências de lesão no neurônio motor superior, a partir de então. O nível medular é assimétrico, em relação a topografia vértebro-medular, ou seja, a medula acaba muito antes da coluna vertebral por conta de uma circunstância de bipedismo e de desenvolvimento do ser humano, diferente de outros animais, menos evoluídos do ponto de vista de análise exclusivamente filogenética, então essa medula é menor, termina antes da coluna vertebral terminar. Isso não tem nenhum tipo de problema significativo, pois os segmentos medulares mantem a correspondência do período neonatal. Os vários múltiplos segmentos desde C1 até S5, possuem correspondência direta com os múltiplos segmentos da medula também. Daí cada área inerva a sua região correspondente do ponto de vista motor. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 4 Mas o que acontece de verdade no nível medular para começarmos a entender a importância do neurônio motor superior no movimento: Tudo é ensinado como se só houvesse neurônio motor superior (trato cortico-espinhal) e neurônio motor inferior (nervo periférico). Isso tudo do ponto de vista prático, pode até fazer sentido. Mas do ponto de vista teórico, ela é uma meia verdade. Pois não existe só o trato cortico-espinhal que desce do cérebro em direção a medula. Existe também o trato cortico-medular, trato vestíbulo-espinhal, reticulo-espinhal, rubro-espinhal, existem vários tratos e fascículos que descem junto com o cortico-espinhal até a região da medula. Todos esses tratos e fascículos que atuam no neurônio periférico, na medula, eles atrasam o movimento. Obviamente esse atraso é relativo. O que acontece é que quando colocamos muitos caminhos/passos ao longo de uma via, acaba que modulamos e atrasamos o movimento. Ex: se ao invés de 1 pedágio de FSA para SSA tivessem 5 ou 6, estaríamos criando modulações do trajeto, atrasando a viagem. Isso que ocorre mais ou menos no neurônio motor. São múltiplos passos, antes da chegada da informação motora do cérebro até o nervo periférico. Não é uma ligação direta 1,2. Existem múltiplos neurônios que modulam esse movimento. Isso faz com que o movimento seja atrasado. E o que acontece quando ocorre a lesão do neurônio motor superior, por consequência? Esse movimento é liberado, só existe agora a função do nervo periférico, para movimentar esse músculo. Então quando ocorre a famosa liberação piramidal, isso significa que tiramos os moduladores do movimento, para a ligação ser mais direta, entre músculo nervo (ou vice-versa). E por isso que a consequência de lesão do neurônio motor superior é hiperreflexia (liberamos todos esses moduladores, é como se houvesse uma destruição de todos os pedágios, e há uma ligação direta). Obviamente essa ligação é incorreta, mas é direta. Por isso que na lesão do neurônio motor superior, temos hiperreflexia. E o contrário é verdadeiro. Quando lesionamos o nervo periférico, impedimos a via final comum do movimento do ato motor. E só ficamos com os moduladores. Com isso, atrasamos o movimento. E por isso a consequência de lesão do neurônio inferior é a hiporreflexia e não há liberação piramidal. Com isso entendemos que apesar da lesão do neurônio superior e inferior, ambos gerarem fraqueza muscular, no neurônio motor inferior existe atrofia, fasciculação e hiporreflexia, e no neurônio motor superior, existe hiperreflexia, fraqueza muscular e hipertonia. Tudo é por uma questão modulatória. E o sistema nervoso se desenvolve de maneira modular, tudo é passo a passo. A criança não pode correr se ela não engatinhou ou andou. Tem que ser modular, pois assim que há desenvolvimento. E com essa natureza modular, que foi importante ao longo da evolução para aquisição de uma série de habilidades, ela cumpre esse propósito também no sistema motor. A lesão do neurônio Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 5 motor dito superior, gera liberação do movimento e em consequência uma hiperreflexia. Enquanto que o contrário é verdadeiro. O nível medular é o 1º nível em que o sistema nervoso adquire a possibilidade de lesão no neurônio motor superior e a lesão medular normalmente é completa, haverá a fraqueza muscular, a partir daquele nível em que a medula foi lesionada. Nível Piramidal: Ele tem relação com o trato corticoespinal. Esse trato é originário da área motora primária, depois de toda aquela consideração feita em relação aos ordenadores, controladores, planejadores e a informação motora é direcionada na área a qual se quer movimentar. E por isso, existe o homúnculo motor, ele é funcional e a área que se quer movimentar é estimulada a se movimentar e há contralateralidade de movimento. Ou seja, o homúnculo motor esquerdo, por exemplo, movimenta o corpo do lado direito. É uma representação eminentemente funcional e as áreas tem representação de acordo com o seu tamanho funcional e por isso as mãos tem uma representação tão significativa. No nível piramidal, ocorre também a questão da lesão do neurônio motor superior, pois é um trato corticoespinhal (em outro nível) e é importante se perceber o trajeto desse trato corticoespinhal, pois isso facilita o raciocínio em relação ao nível de lesão. Exemplo: se a lesão for na medula haverá uma paraparesia, monoparesia ou uma tetraparesia. Se a lesão for no nível supra- medular (em qualquer ponto do cérebro), haverá uma hemiparesia. Dependendo do nível do cérebro, haverá hemiparesia em associação com outras alterações. Ex: se temos no tronco encefálico, teremos uma hemiparesia com alguma lesão de nervo craniano. Se for na cápsula interna, haverá uma hemiparesia pura, pois, a cápsula é bem concentrada nesse sentido. Se for em uma região específica do trato corticoespinhal a mais, superior, haverá uma hemiparesia dita proporcionada. Com predomínio da incapacidade em alguma região específica do corpo. Nível Extrapiramidal: Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 6 Nesse nível, temos os núcleos da base em toda sua circuitaria interna que faz parte do controle da quantidade de movimento. Então, é a partir desses núcleos da base que conseguimos determinar para mais ou para menos o movimento. Então a coreia, atetose, balismo, Parkinson, são todas as questões consequentes da lesão dessa região. Também são questões de movimento, mas não tem fraqueza muscular. Percebam que a síndrome motora pode envolver vários domínios. O domínio de fraqueza é o mais comum e o mais complexo de se avaliar. Os outros domínios, são relativamente simples, um desses domínios é a síndrome do movimento hipo ou hipercinético, que é consequência de lesão dos controladores, da quantidade de movimento que são os núcleos da base. Tudo que não é piramidal, ou seja, tudo que não gera fraqueza muscular como consequência do distúrbio do movimento, é chamado de extrapiramidal. Foi chamado no passado, hoje em dia ninguém tem essa denominação tão ampla, assim como extrapiramidal. Tenta se colocar as coisas nos seus devidos lugares. Quando é ataxia, é ataxia. Quando é distúrbio do movimento, é distúrbio do movimento. Quando é apraxia é apraxia. Quando é fraqueza muscular, é fraqueza muscular. Mas hoje essa convenção de chamar tudo de extrapiramidal não obedece mais a lógica atual, mas podemos encontrar em algum livro sobre essa questão. Exame da função motora: Antes disso, é necessário entender algumas circunstâncias, para ver se fixamos a informação. Alguém que tenha dificuldade de movimentação no pé direito a lesão do ponto de vista motor será: Iremos analisar a topografia da lesão (parte importante do histórico neurológico).Ele pode ter lesão do neurônio motor inferior (algum dos músculos tibial ou fibular, principalmente). Os comemorativos de hiporreflexia, hipotonia, atrofia estarão presentes para favorecer ou não essa consideração. O paciente que tem uma fraqueza do pé direito, pode ter uma lesão medular? A princípio, é improvável, já que a lesão medular é segmentar, estabelece um nível lesional. É improvável que alguém tenha fraqueza exclusivamente no pé, se a lesão for medular. Ele pode ter uma fraqueza na perna, se a lesão for de um lado apenas da medula, mas não no pé. Essa lesão pode ser supra medular? Se a lesão é no tronco encefálico esquerdo, pode envolver fraqueza do pé direito? É improvável, pois as fibras mandam informação para todo um lado do corpo. Esse paciente deveria ter uma hemiparesia direita e não uma monoparesia de membro inferior direito. Do mesmo modo, tálamo, capsula interna, são topografias improváveis de representarem a fraqueza do pé direito desse hipotético paciente. Esse paciente pode ter lesionado a área motora do pé direito pontualmente? Pode. Então um paciente com dificuldade de movimentação do pé direito, pode ter uma lesão do neurônio motor inferior, de uma localização periférica (nervo periférico) ou pode ter uma lesão do neurônio motor superior, de representação do homúnculo na região do pé. O que vai diferenciar se a lesão é periférica ou central alta? Os outros comemorativos – hipotonia, hiporreflexia, hipertonia, hiperreflexia, atrofia e fasciculação. É aí que o exame da função motora faz diferença na consideração de um caso simples, que pode representar uma lesão central de natureza de alta gravidade ou uma lesão do trauma dele que é responsável pela fraqueza no pé desse paciente. É aí que o exame faz diferença em adequadamente ao Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 7 topografar a lesão. No primeiro momento, é a consideração da síndrome. Então existe uma monoparesia de membro inferior direito e depois na topografia dessa lesão, seguindo passo a passo e tentando entender onde está o problema. É aí que o exame completo da função motora, vai trazer arcabouço para pensarmos que é mais periférico ou mais central. Tônus Muscular: O tônus muscular é um estado de semi-contração da musculatura em repouso. Ele é produto da necessidade de localizarmos cada parte do corpo no espaço. Como é que o cérebro sabe onde se encontra o meu hálux direito? Pois o cérebro só percebe o que envolve gasto energético. A única maneira do cérebro perceber algo no espaço é porque houve gasto de energia e essa energia foi capaz de estimular o cérebro e faze-lo perceber o espaço. Não existe alternativa. Então o estado de propriocepção das minhas partes do corpo no espaço (chamado de propriocepção consciente no caso do paciente acordado), ele se dá a partir desse estado de semi-contração do hálux, que ele se encontra semi-contraído, pois para perceber no espaço, é preciso gastar energia. Então a contração das fibras gama, gera um estado de semi-contração que é apropriado do ponto de vista de avaliação clínica, como tônus muscular. Para gerar propriocepção, precisamos gastar energia. Como gastamos energia? No estado de semi-contração, que não envolve movimentação. Contração não é necessariamente um movimento. Por isso que a contração se dá através das fibras intrafusais. Só há movimento quando a contração das fibras extrafusais. A contração das fibras intrafusais, através do neurônio gama-motor, permite uma semi-contração das regiões, que fazem com que o cérebro perceba essas regiões semicontraidas e localiza-as no espaço. Isso, clinicamente chamamos de tônus muscular. Esse tônus pode estar aumentado, diminuído ou normal e tem alguma relação com as lesões. Inspeção e Pesquisa de Tônus: Ao lado temos um exemplo de um homem que claramente possui problema no tônus muscular essa musculatura não está em repouso e semi-contraida adequadamente (ele possui um tônus muscular aumentado). Ela é tão contraída no repouso que gera até deformidades postural. Esse tônus pode ser pesquisado através da: Inspeção da musculatura e da movimentação passiva do membro. Toda vez que houver hipertonia, o movimento passivo estará dificultado e quando há hipotonia, o movimento passivo estará patologicamente facilitado. A palpação e inspeção informam/oferecem arcabouços maiores para se pensar em alterações do tônus muscular. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 8 Teste de Força Muscular: Outro teste importante na graduação da força muscular é justamente quantificar o grau de perda/força muscular. Então o indivíduo que não consegue vencer a gravidade, ele tem o nível de perda de força muscular, que é diferente do indivíduo que não consegue levantar da cama por conta da fraqueza muscular. Por isso, precisamos graduar adequadamente essa perda de força até para entender a intensidade do problema desse paciente. A grande dificuldade é diferenciar a força de grau IV. As outras são mais fáceis. Se desenvolveram provas de força muscular que visam a detectar os sinais de fraqueza muscular. São as provas de Barré e Mingazzini. Ao lado temos a prova dos braços estendidos e cuja fraqueza muscular discreta vai levar pronação do membro enfracido. Nesse caso ao lado, temos a prova de Barré. Vamos observar queda de um membro anteriormente ao outro. Logo, será visto uma fraqueza discreta de um lado do corpo do próprio paciente com o lado contralateral normal. Isso que permite identificar uma força de grau IV quando ela é dificilmente percebida ou muito discreta. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 9 Membros superiores: No caso da avaliação da força muscular, é importante identificar, no contexto de diferenciação de lesão de um neurônio motor superior e inferior, que existem especializações de movimento que foram desenvolvidas no ser humano. Essas especializações, são os plexos lombo-sacro e o braquial, são plexões de raízes motoras ao longo do embricamento funcional que isso ocasionou e o desenvolvimento de nervos que executam movimentos musculares específicos. O nervo é algo funcional, ele executa o movimento específico. Então, dentro de um contexto de uma monoparesia, é importante perceber se a fraqueza não é exclusivamente de um nervo ou de um agrupamento muscular para entender que existe uma fraqueza de um determinado nervo. E conseguisse clinicamente topografar inclusive o nervo que se encontra fraco, é só entender qual o movimento relacionado a cada um dos nervos dos membros superiores. E com isso, temos: • Bíceps: flexão do antebraço (C5-C6) → nervo musculocutâneo. • Tríceps: extensão do antebraço (C6-C7-C8) → Nervos mediano e ulnar (principal). • Extensores do punho e dedos: flexão do antebraço (C6-C7-C8) → nervo radial. • Adução e abdução dos dedos: adução e abdução dos dedos (C8-T1) → nervos interósseos. É possível, dentro de um contexto de fraqueza de um membro, tentar determinar, qual porção desse membro não executa adequadamente o movimento. É o membro todo que está fraco? Se sim, provavelmente ou é uma lesão sinal desse membro ou central. Se não consegue fletir o antebraço, possivelmente estamos diante uma lesão do nervo radial. Decomposição do movimento, também facilita a topografia. Membros inferiores: Do mesmo modo que nos membros superiores, existe essa diferenciação, nos membros inferiores existe essa diferenciação do movimento através do plexo lombo-sacro e de interesse fundamental, está a flexão dorsal do pé que é função do fibular e a flexão plantar do pé que é uma função do nervo tibial. • Quadríceps: extensão da perna (L2-L3-L4) → nervo femoral; • Flexão Dorsal do pé: tibial anterior (L5) → nervo fibular; • Flexão plantar do pé: músculos da panturrilha(S1) → nervo tibial; Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 10 • Glúteo máximo: extensão dorsal do MI (L4-L5-S1) → nervo ciático; Se alguém chega com uma monoparesia no membro inferior direito, nos testes, nós vamos observar: tem flexão plantar normal e uma dorsiflexão anormal. Movimenta perna normalmente. Então provavelmente não será uma lesão central e sim, do nervo fibular. Tudo isso compõe para facilitar a topografia da lesão. Se fosse uma dificuldade de flexão dorsal, seria uma lesão do fibular. Equilibrio estático: • Teste de Romberg: proprioceptivo; vestibular. Mostrado na figura; se o paciente positiva (passo lateral, abertura dos olhos e desequilíbrio significativo) temos um alteração no equilíbrio estático e que representa, particularmente, lesões na propriocepção ou de natureza vestibular. Existe também o teste de Fukuda que pode ajudar também na consideração de desequilíbrio de origem vestibular. Equilibrio Dinâmico: Dentro do equilíbrio dinâmico, essas são provas cerebelares. • Prova do Índex-Nariz o paciente pode ter dismetria (dificuldade de alcançar o alvo); • Prova da Eudiadodococinesia: relacionada com os movimentos rápidos e alternados (bater a palma e o dorso das mãos rapidamente e se alguém tiver algo no cerebelo, terá dificuldade de executar essa prova); • Calcanhar joelho: tentativa de reproduzir o teste índex-nariz dos membros inferiores; Reflexos Superficiais e Tendinosos: Dentro do contexto da avaliação da função motora, existe a avaliação dos reflexos, que podem estar aumentados, diminuídos ou normais. Eles são reflexos osteotendíneos ou superficiais e o arco reflexo apesar de não existir na vida, o arco reflexo de livro, em que o neurônio sensitivo está ligado ao neurônio motor diretamente, pois na medula, temos um monte de modulador que atrapalha esse arco-reflexo diretamente e é por isso que a perda do modulador facilita esse movimento, é nesse sentido, você deixa de ter um monte de intermediário nesse contexto de arco reflexo e por isso que temos o arco reflexo liberado nesse sentido. Daí que no ser humano, apesar disso ser só uma representação, o arco reflexo representa a estimulação de uma dada região capaz de provocar uma resposta motora em consequência da estimulação dessa região. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 11 OSTEOTENDÍNEOS: Terceiro – bicipital Quarto – tricipital SUPERFICIAIS: Esses reflexos superficiais representam evolução do ser humano. O ser humano precisou fortalecer o reto- abdominal segurar as vísceras dentro do abdome. Estimulando esse músculo, teremos uma contração da pele em resposta a esse estímulo. Quando não existe esse estimulo, temos perda do reflexo cutâneo- abdominal que infere uma lesão do neurônio motor superior, e isso indica que ele está perdendo a sua maturação. Do mesmo modo, o reflexo cutâneo-plantar é obtido conforme a figura, temos uma resposta considerada normal a flexão a esse estímulo. A resposta anormal é a extensão. O ser bípede, precisa ao andar sob dois pés, não cair. O reflexo cutâneo-plantar é extensor. A partir dessa idade ele passa a ser flexora, pois começa a andar. Precisamos fixar o pé no solo para não cair. Por isso perdemos esse reflexo extensor e pode ser obtido depois em lesões do neurônio motor superior. Por isso, no paciente que tem uma fraqueza no pé inteiro (dorsiflexão ou flexão plantar) e ao fazer o cutâneo-plantar desse pé e ele está extensor vamos considerar que esse paciente possui uma lesão é de neurônio motor superior. O exame bem feito é fundamental. Ele é topográfico. O exame que vai determinar se é central ou periférico. A partir de pequenas provas, faz-se toda a diferença. Exame da Marcha: • Síntese; • Sensibilização da marcha. É a síntese do exame neurológico. Existem vários padrões de marcha. Marcha cerebelar, steppage (bate a Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 12 ponta do pé primeiro no solo), sensitiva (bate fortemente o calcanhar no solo – problema na propriocepção); Cada marcha terá um padrão e altamente específico para o andar da situação. Síndromes Motoras: Dentro do contexto das síndromes motoras, o paciente terá: • Síndrome do Neurônio Motor Superior; • Síndrome do Neurônio Motor Inferior; • Doenças de junção; • Miopatias; • Síndrome do Movimento Hipercinético; • Síndrome do Movimento Hipocinético; • Ataxias Todas essas podem ser queixas dos pacientes que possuem dificuldade de execução do movimento. Vamos considerar se é fraqueza muscular, fraqueza flutuante, com dor, movimento para +, coreia para mais, atetose, balismo, tremor, enfim, várias considerações dentro do contexto das síndromes motoras. Apesar, do que o que importa mesmo, é saber se é do neurônio motor superior ou se é do neurônio motor inferior quando existe fraqueza muscular associada a essa lesão. Fraqueza: • Diferencial; • Paresia X plegia; • Mono X Para (¨para¨ é ao lado – usado geralmente para MMII, mas pode caracterizar MMSS) X Tetra X Hemi; • Padrões. Quando há descrição de fraqueza do paciente, é preciso diferenciar: paciente tem paresia ou plegia? Ele tem uma monoparesia? Paraparesia? Tetraparesia? Hemiparesia? É a descrição do padrão que vai facilitar o raciocínio. Quando estamos falando da hemiparesia, estamos falando no mínimo medula cervical para cima de lesão (mais provável que não seja nem medular a lesão e sim cerebral); Paraparesia estamos falando praticamente de lesão medular que é raro existir de origem não medular; A descrição do padrão já diz um pouco de onde é que está a topografia da lesão. O objetivo é sempre descrever sindromicamente um problema para que haja topografia e etiologia daquele fenômeno. Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 13 Sindrome do Neurônio motor superior: • Redução da ativação; • Distais (axial); • Espasticidade*/Hiperreflexia; • Atenção à fraqueza da face. Nela, teremos a hiperreflexia em consequência da lesão, juntamente com a fraqueza muscular e esse paciente pode ter nas primeiras 4 semanas de lesão do neurônio motor superior, uma hipertonia e hiporreflexia. É possível que a hiperreflexia só se estabeleça depois de 4 semanas. Então, devemos ter atenção as primeiras 4 semanas de uma lesão pois pode ser neurônio superior a despeito do paciente ter hipotonia e hiporreflexia. Teremos que lançar mão de reflexos superficiais, para tentar identificar se é neurônio motor superior ou inferior, como o cutâneo-plantar (chamado de babinske). Sindrome do Neurônio motor inferior: • Menor recrutamento; • Fasciculação; • Proximal; • Reflexos diminuídos. O que existe é: - Hipotonia, hiporreflexia, fraqueza muscular, fasciculação associado ao fenômeno. Doenças de junção: • Redução da força; • Repetição; • Proximal; • Reflexos diminuídos; O paciente com miastenia graves, por exemplo, ele tem uma fraqueza flutuante – doença em que ocorre a ocupação (no caso da miastenia) de natureza imunológica da junção neuromuscular e uma dificuldade da ligação de acetilcolina com o receptor neuromuscular e por isso o paciente tem uma fraqueza dita decremental. Quanto mais repetimos o movimento, mais ele fica fraco pois os receptores são ocupados pela acetilcolina e demora para ver o reestabelecimento desses receptores. Miopatias: • Fibras; Mariana Felipe de Almeida - Medicina – Neurologia – 7º semestre 14 • Dor muscular; • Proximal; • Reflexos diminuídos; São fraquezas musculares em que ocorre dor muscular, dor a palpação muscular associada ao fenômeno. Não existe alteração de reflexo nenhuma. Síndrome do Movimento hipercinético: • Tremor; • Coréia é movimento de exaustão bilateral; • Hemibalismo distúrbio do movimento hipercinético em que há movimentaçãode um lado do corpo, é uma coreia que leva uma completa exaustão do paciente. É muito associado a lesão do núcleo específico do cérebro (subtalâmico). É um movimento que leva à exaustão do paciente, o paciente fica movimentando o braço de natureza agressiva, abrupta, abrindo o braço o tempo inteiro e aquilo leva a exaustão. É basicamente um fenômeno de lesão desse núcleo. • Mioclonia; • Atetose; Sindrome do Movimento hipocinético: Ele tem o parkinsonismo; • Rigidez; • Bradicinesia; • Tremor; • Distúrbio postural; Ataxias: • Incoordenação do movimento; • Aguda, subaguda e crônica; • Investigação leva a identificação das causas; • Tratamento conforme etiologia; O que interessa saber da aula de hoje: - Arcabouço para o exame neurológico adequado; - Raciocínio com relação a síndromes; - Diferencialmente ser capaz de pensar na síndrome do neurônio motor superior ( hiperreflexia, hipertonia e fraqueza) e síndrome do neurônio motor inferior (hipotonia, hiporreflexia, fasciculação e fraqueza muscular);
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