Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica ECG 6: Doença isquêmica do coração II O ECG é o exame complementar essencial e indispensável para o diagnóstico, a definição e do prognóstico da doença isquêmica do coração. Permite definir a região do coração comprometida. Isquemia é a diminuição do suprimento de sangue oxigenado para uma parte do corpo ou órgão. Isquemia do miocárdio é o sofrimento do miocárdio pela falta de oxigenação, referida como dor torácica característica. Diagnóstico topográfico: - Antero-septal (1/3 médio do septo): V1 – V2 – V3 -> ACDA (Ramo diagonal/ramo septal) - Antero-apical (1/3 inferior do septo ou anterior): V3 – V4 -> ADCA (ramo diagonal) - Antero-lateral: D1 – aVL – V4 a V6 -> ACDA (ramo diagonal) ou ACCX - Anterior extenso: D1 – aVL – V1 a V6 -> ACDA - Lateral-alto: D1 – aVL -> ADA (ramo diagonal) ou ACCX - Inferior ou diafragmático: D2 – D3 – aVF -> ACD ou ACCX - Posterior ou dorsal: V7 a V8 (imagem em espelho em V1 – V2) -> ACD ou ACCX - Ventrículo direito: V3R – V4R – V5R – V6R -> ACD Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica - Onda de isquemia - Onda de Lesão ou infarto agudo (injúria) - ONDA DE NECROSE Quando uma grande área do coração está necrosada em toda espessura do ventrículo o ECG se traduz numa onda QS, chamada de necrose transmural. Quando uma grande região está necrosada mais ainda há tecido viável, a região necrosada vai produzir uma onda Q patológica (Onda Larga >/= 40ms e profunda 25%QRS). E o tecido viável vai produzir uma onda R (pequena). A doença isquêmica de traduz no ECG, de acordo com a gravidade por: 1) Onda isquêmica: Alteração da onda T. 2) Onda de injúria ou lesão: Alteração do segmento ST. 3) Onda de necrose: Alteração do QRS. Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Quando o infarto é exclusivamente endocárdico ocorre infradesnível de ST, mas no ECGs posteriores não produz onda Q patológica. Quando o infarto é epicárdico mas bem pequeno também pode não produzir a onda Q patológica. (Sem cicatriz, não é o comum). Nesse ECG, em D2 há uma onda Q diferente do normal. Em D3 não há duvidas, onda Q anormal, larga e com tamanho de quase 50% do QRS. AVF mostra que indivíduo tem uma necrose da parede inferior. O infarto não agudo pois não há desnivelamento do segmento ST, então é um infarto antigo, uma cicatriz. Em D1 e AVL há uma Q patológica. D1 e AVL correspondem a parede lateral alta. Segmento ST praticamente nivelado e onda Q patológica indica infarto antigo, com presença da cicatriz. Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Diagnóstico evolutivo do infarto do miocárdio Esse ECG, não se enxerga a onda R em V1, V2 e V3. Padrão QS em V1 a V3, onda de necrose, cicatricial, que permaneceu nesse individuo indicando que ele teve um infarto antigo na parede antero-septal. Onda Q patológica em D2, onda QS patológica em D3 e onda que patológica em AVF. Indicando que há um infarto antigo cicatrizado da parede inferior. V4 e V5 totalmente negativos e onda R muito pequena em V6. Indica infarto antigo, cicatrizado, da parede antero- lateral. Não é agudo pois não há desnivelamento do segmento ST. V1, V2, V3 totalmente negativos, com ondas QS. Indica infarto cicatrizado da parede antero-septal. Fase aguda ou superaguda (+/- 6 horas iniciais): - Onda T positiva, acuminando (Padrão monofásico); - Segmento ST desnivelados (supra ou infra); Região com supra é o momento mais perigoso, pois o indivíduo está propenso a ter arritmias cardíacas ventriculares, que podem levar ao óbito. - Onda R preservada (QRS não se altera). Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Essa é a evolução natural do infarto do miocárdio. Mas, nos últimos 30 anos vieram os procedimentos de reperfusão, trombólise ou por intervenção coronária percutânea, o que muda os padrões no ECG. Critérios para reperfusão ou não de trombólise Trombólise com sucesso (houve reperfusão) - Alivio dos sintomas - Manutenção ou restauração do equilíbrio elétrico e hemodinâmico - Redução de > 50% da elevação de segmento ST no ECG após 60-90 M - Arritmias de reperfusão Trombólise sem sucesso (não houve reperfusão) - Persistência dos sintomas - Não houve redução de > 50% da elevação de segmento ST no ECG após 60 – 90 M Fase subaguda ou evolutiva (até 3ª/4ª semena de evolução) - Onda T: Reduz amplitude, tornando-se negativa/simétrica/pontiaguda. - Segmento ST: Os desníveis tendem a desaparecer gradativamente em dias. (supranivelados/convexo ou infradesnivelado/ côncavo). - QR: Onda Q de necrose (tipo QS ou com onda Q patológica) Fase crônica ou infarto antigo (> 3 ou 4 semanas) - Segmento ST: Tende a linha de base - Onda T: Tende a normalidade ou permanece negativa - QRS: permanece QS ou Q patológica Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Em relação a resolução da elevação do segmento ST, SCHRODER e COLS mostram sobrevidas: resolução completa (70%), parcial (31 a 69%) ou ausente (<30%) em pacientes submetidos a regimes fibrinolíticos. Dentre as inúmeras modalidades diagnósticas disponíveis, A avaliação angiográfica do fluxo é atualmente considerada o padrão-ouro da reperfusão. A avaliação angiográfica do fluxo na ARI é realizada segundo a escala qualitativa introduzida pelo Thrombolysis in Myocardial Infarction Study Group (TIMI): Grau 0 indica obstrução completa da ARI; Grau 1 indica que o contraste penetra além do ponto de obstrução, não opacificando completamente o vaso; Grau 2 indica opacificação em todo o vaso, porém com fluxo retardado; Grau 3, há reperfusão plena na ARI, com fluxo normal. Cenários de uma trombólise com e sem sucesso. Na primeira, em até 90 min da administração do fibrinolítico há o nivelamento do segmento ST. No segundo, mesmo após 90 min da administração do fibrinolítico o segmento ST continua desnivelado, então o paciente precisa realizar uma angioplastia de resgate (urgente). Evolução do infarto da parede inferior sem tratamento. Nas primeiras 6 horas um grande supra de ST. A medida que o tempo vai passando o segmento ST volta a linha de base, e tem-se a onda Q doente a onda T invertida, e em alguns doentes pode haver normalização da onda T. Evolução do infarto da parede antero-lateral sem tratamento. Se nesse caso o indivíduo tivesse recebido tratamento de reperfusão, o intervalo do ECG 1 para o 2 seria de até 90 minutos. Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Ondas T negativas, pontiagudas e simétricas de V1 a V6. Indica isquemia miocárdica da parede anterior extensa. Supradenivelamento de ST em D2-D3-AVF: Infarto agudo do miocárdio com supra de ST da parede inferior do VE (ou síndrome coronariana com supra de ST). Sempre é grave pois essa região é propícia a arritmias cardíacas. Supradesnivelamento de ST de V1 a V6, D1 + AVL: Infarto agudo do miocárdio com supra de ST da parede anterior extensa de VE. Infarto antigo antero-septal. Onda QS de V1 a V3. Ana Julia Rocha 131 Curso de eletrocardiografia Básica Infarto antigo antero-lateral. Onda Q patológica em V5 e V6. Mudança na evolução desses pacientes. Intervenção coronária percutânea - colocação de um cateter na artéria ocluída, há uma dilatação, e posteriormente coloca-se um STENT. A região volta a ficar irrigada, o que devolve a capacidade de contração cardíaca.
Compartilhar