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GESTAÇÃO ECTÓPICA INTRODUÇÃO ▪ Entra como abortamento na paridade da paciente ▪ Definição: é a implantação do ovo fora da cavidade uterina ▪ Incidência: 0,6 a 3% (não é baixa! É comum em PS) ▪ Prevalência: − Maior nas multíparas − Após 30 anos o Raça negra − Baixo nível socioeconômico − Antecedentes de infecção pélvica − Anticoncepcionais (DIU, minipílula, laqueadura) − Pós curetagem por abortamento (esperar pelo menos 6 meses para engravidar) − Cirurgias tubárias − Reprodução assistida *Pílula do dia seguinte: descama o endométrio para evitar a nidação *Minipílula: só pode ser usada em pacientes que estão amamentando, exclusivamente no puerpério. Paciente não pode ter sangramento e se o bebê não estiver em AME, deve ser trocada. Período finito em curto espaço de tempo. Funciona junto com a ação da prolactina LOCALIZAÇÕES ▪ Tubária: mais frequente (98%) − Intersticial (corno uterino) − Ístmica (região mais fina da tuba) − Ampolar (região mais larga onde mais comumente acontece a fecundação) − Infundibular ▪ Ovariana ▪ Cervical (colo do útero) ▪ Abdominal: mais rara GESTAÇÃO ECTÓPICA TUBÁRIA ETIOLOGIA CAUSAS OVULARES ▪ 4-7 dias após a fecundação → ovo atinge a fase de blastocisto → nidação em porção superior do útero (normal) ▪ Fase de blastocisto precocemente → nidação na tuba ▪ Fase de blastocisto tardiamente → nidação em porção inferior do útero (colo) CAUSAS NÃO OVULARES ▪ Processos inflamatórios (apendicite pode levar a aderência) ▪ Alterações anatômicas ▪ Endometriose ▪ Tumores justa-tubários ▪ Antecedentes de cirurgia pélvica anterior ▪ Alterações da motilidade dos cílios dentro da tuba: − DIU: altera em 4,1% − Minipílula: altera em 5-6% FISIOPATOLOGIA ▪ Tuba é muito fina e delicada, normalmente não é vista em ultrassom (só consegue se estiver aumentada) − Não tem musculatura suficiente para aguentar a gestação ▪ A implantação ocorre no ápice ou entre as dobras da mucosa, invade o tecido conjuntivo e muscular ▪ Normalmente falta o embrião ou é pouco desenvolvido e excepcionalmente chega ao termo ▪ As modificações uterinas são semelhantes, com amolecimento cervical e do istmo e ligeiro aumento do volume ▪ A deciduação é variável e apresenta reação de Arias-Stella (presença de decídua no útero sem a presença de trofoblasto na cavidade uterina) − Patognomônico EVOLUÇÃO ▪ Morte ovular com reabsorção ▪ Abortamento tubário, completo ou incompleto: 6ª a 12ª semana ▪ Rotura da parede tubária: entre 12-16ª semana ▪ Mumificação, petrificação e infecção (muito difícil) ▪ Evolução ao termo: rara com frequente mal formação ou óbito fetal GESTAÇÃO ECTÓPICA INTERSTICIAL ▪ Implantação na porção tubária que atravessa a parede uterina ▪ Sangra muito, dá trabalho, pode ter rompimento do corno uterino ▪ Intersticial pura: saco rodeado por miométrio ▪ Ístmica: invade porção da tuba ▪ Intersticial-ístmica: desenvolve para a cavidade endometrial GESTAÇÃO ECTÓPICA OVARIANA ▪ Implantação superficial (epiovariana ou periovariana) ou profunda (parenquimatosa ou intra-folicular) ▪ Fecundação em pleno folículo − Primária: fecundação e desenvolvimento no ovo dentro do ovário − Secundária: provem de aborto tubário ▪ Evolução: rotura precoce, ovo descolado envolvido por coágulo, reabsorção total, chegar ao termo (raro – ovário não consegue suprir vascularmente a gestação) GESTAÇÃO ECTÓPICA CERVICAL ▪ Implantação do ovo no canal cervical − Colo do útero precisa estar fechado para manter a gestação – o crescimento dentro do canal cervical faz abrir (não sustenta) − Não tem boa perfusão ▪ Placenta em íntimo contato com as glândulas cervicais, implantação total ou parcial abaixo da croça dos vasos uterinos ou da reflexão peritoneal anterior ou do orifício cervical ▪ Raramente ultrapassa 20 semanas GESTAÇÃO ECTÓPICA ABDOMINAL ▪ Primária: implantação desde o início na serosa ▪ Secundária: após expulsão do útero ou abortamento tubário ou após gravidez ovariana ▪ Trofoblasto vai atrás de sangue/perfusão (sempre) ▪ Fígado, baço, omento ▪ Difícil diagnóstico e raramente chega a termo (mas pode chegar) MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ▪ Atraso menstrual OU NÃO!!! − Se tiver menstruação, perguntar se é igual as outras ▪ Íntegra: desconforto abdominal ou sangramento vaginal irregular ▪ Rota: − Aguda (rotura tubária): Hemorragia intraperitoneal, dor aguda e intensa em fossa ilíaca (95-100%) ou hipogástrio e alterações hemodinâmicas Dor escapular por irritação do nervo frênico (sinal de Laffont) Sangramento vaginal (50-80%) Hematocele em fundo de saco de Douglas − Subaguda (abortamento tubário): hemorragia intraperitoneal persistente (náuseas, vômitos, distensão abdominal, abdome doloroso, leucocitose, estado subfebril) DIAGNÓSTICO ▪ Anamnese ▪ Exame físico ▪ Exame especular ▪ Sinal de Cullen ▪ Toque vaginal doloroso em fundo de saco de Douglas (sinal de Proust – Grito de Douglas): indica que está em abdome agudo ▪ BetaHCG quantitativo (nem sempre espera sair o resultado para levar a paciente para a cirurgia) ▪ RX simples de abdome: opacidade difusa (sangue na cavidade) ▪ USG transvaginal com Doppler: ausência de saco gestacional intrauterino, massa anexial com ou sem BCF, endométrio espessado, sangue organizado em fundo de saco ▪ Culdocentese (sangue incoagulável, escuro, bolhoso e com microcoágulos): em realidade em que não se tem USG. Coloca espéculo e aspira o fundo de saco – se tiver sangue vai para cirurgia ▪ Laparoscopia: diagnóstica e/ou curativa − Em pacientes estáveis hemodinamicamente DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ▪ Na gestação tópica: tumor ovariano, mioma subseroso, hidrossalpinge ▪ Rota: apendicite, torção de cisto de ovário, cisto hemorrágico roto, DIPA, endometriose CONDUTA EXPECTANTE: CONSERVADOR ▪ Para íntegra, não para rota que está em abdome agudo CRITÉRIOS 1. Pouca dor ou sangramento 2. Confiabilidade na paciente para seguimento 3. Nenhuma evidência de rotura tubária 4. BetaHCG <5.000mUI/ml e em queda (controle semanal; queda superior a 15%) 5. Massa anexial < 3cm e sem BCF 6. Estabilidade hemodinâmica INTERVENCIONISTA, PORÉM CONSERVADORA – METOTREXATE CRITÉRIOS 1. Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia 2. Ausência de contraindicação para o uso de metotrexate (enzimas hepáticas, HMG, plaquetas e creatinina normais) 3. Gestação ectópica íntegra 4. BCF ausente 5. Massa anexial de até 4cm 6. BetaHCG sérico <5.000mUI/ml METOTREXATE (MTX) ▪ Tratamento conservador não cirúrgico ▪ Antagonista do ácido folínico ▪ Interfere na síntese de DNA e multiplicação celular ▪ 50mg/m² via IM (dose única) ▪ Exames obrigatórios normais: hemograma, ALT/AST, creatinina ▪ Contraindicação: anemia, leucopenia, plaquetopenia, úlcera péptica, retocolite ulcerativa, amamentação, recidiva de gestação ectópica na mesma tuba ▪ Controle com BHCG: início, 4º e 7º dia após MTX; queda superior a 15% − Seguimento semanal até negativação − Se não negativar, repetir a dose ou indicar tratamento cirúrgico ÍNDICE DE ELITO-CAMANO ▪ Orientador do tratamento sistêmico com dose única de MTX (50ng/m² IM) TRATAMENTO INTERVENCIONISTA – CIRÚRGICO CRITÉRIOS 1. Sinais vitais instáveis ou sinais de hemoperitônio 2. Diagnóstico inconclusivo 3. Gestação ectópica avançada: BHCG>5.000Mui/ML; massa anexial > 4cm, BCF+ 4. Seguimento difícil 5. Contraindicação ao tratamento clínico TÉCNICAS ▪ Salpingectomia ▪ Salpingostomia: predispõe a fibrose intracanalicular → pensar bem antes de fazer ▪ Ressecção segmentar: tira pedaço acometido e religa a tuba (tuba fica mais curta e predispõe a fibrose intracanalicular – aumenta chance de gestação ectópica novamente) → pensar bem antes de fazer ▪ Ordenha: somente em gestações distais (maisperto da saída das fímbrias) VIAS ▪ Laparoscopia: primeira escolha, desde que paciente hemodinamicamente estável ▪ Laparotomia Não esquecer: ABO Rh
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