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Dados para Modelagem de Crescimento e Produção Uma vez compreendida a importância dos modelos de crescimento e produção para planejamento e manejo florestal, bem como a diversidade de tipos e vantagens destes, é preciso entender melhor a natureza dos dados necessários para sua construção e das várias fontes desses dados. Tão importante quanto definir o modelo adequado para uma situação particular é conhecer as características dos dados imprescindíveis para sua construção, além do modo de realizar a amostragem e suas consequências na eficiência do modelo. Exemplo 12.1 - Tipos de modelo Como classificar os modelos de produção para efeito de coleta de dados para o seu ajustamento? Considerações A fim de garantir maior eficiência na coleta de dados para o ajustamento de modelos, é importante definir claramente o tipo de modelo mais apropriado para uma situação particular. Entretanto, a escolha do modelo para atendimento dos objetivos do manejo depende dos dados, disponíveis. Antes de apresentar os tipos de modelo, é preciso estabelecer a diferença entre os modelos empírico e mecanístico. O modelo empírico Dados para modelagem de crescimento e produção 357 consiste em polinômios ou outros tipos de relações funcionais estabelecidas de maneira empírica. Já o modelo mecanístico é cons truído com base em pressuposições e, ou, conhecimentos biológicos (CLUTTER et al., 1983) ou com base em processos de crescimento (VANCLAY, 1994). Alguns modelos exprimem condições correntes, enquanto outros mostram condições correntes e futuras (modelos de crescimento e produção). Os primeiros, denominados modelos de produção, resultam em tabelas do tipo normal ou empíricas. Os modelos de crescimento e produção, de acordo com o nível de detalhe desejado, podem ser classificados como os do tipo povoamento total, de árvores individuais e de distribuição de diâmetros. Esses modelos não respondem muito bem a detalhes do processo de crescimento da floresta (causas), mas são empregados com sucesso para predizer a produção de madeira, que é um dos elementos essenciais do manejo propriamente dito. Modelos de processos ajudam no entendimento da dinâmica do crescimento, mas não- são empregados com sucesso para predizer a produção de madeira (efeitos), que é o campo do manejo florestal. Utilizam como inputs dados de luminosidade, temperatura e níveis de nutrientes, entre outros. Embora sejam classificados como modelos processuais, alguns, como o modelo 3PG (LANDSBERG; WARING, 1997), são parcialmente empíricos, uma vez que uma regressão é utilizada para estimação do diâmetro médio, sendo este utilizado para obter a biomassa da parte lenhosa. Geralmente essa biomassa (Y), é estimada utilizando o modelo K = ad^ + £. A grande diversidade de alternativas para a modelagem da dinâmica dos povoamentos florestais explica as diferentes classificações dos modelos de crescimento. Uma classificação com enfoque em planejamento e alternativas de manejo de floresta equiânea foi organizada na Figura 12.1. Devido à difícil modelagem de povoamentos inequiâneos, seu manejo baseia-se usualmente em dados de parcelas permanentes. 358 Campos e Leite Figura 12.1 - Tipos de modelos quanto à sua estrutura e aplicação. Exemplo 12.2 - Fontes de dados para modelagem de crescimento e produção Quais são as fontes de dados para construir modelos de crescimento e da produção florestal (MCP)? Considerações Enquanto em inventários florestais o primeiro objetivo é estimar a média, em estudos de crescimento e produção o objetivo é estimar coeficientes de regressão. Em consequência, há diferenciação na coleta de dados. São quatro as fontes de dados, conforme a seguir especificadas: a) Parcelas permanentes (PPs) As parcelas permanentes constituem a fonte de dados mais eficiente para a construção de modelos de crescimento e produção, não requerendo frequência muito grande. A eficiência estatística deve-se à Dados para modelagem de crescimento e produção 359 propriedade de detectar mudanças ocorridas de maneira exata. No entanto, se as parcelas permanentes não forem representativas da população em foco, a estimativa do crescimento pode ser tendenciosa, embora com alta precisão. Daí a importância de se efetuarem testes de aplicação ou validação dos modelos. As PPs podem ser de duas naturezas: - oriundas de inventário florestal contínuo (IFC); e - estabelecidas unicamente na obtenção de dados para monitorar mudanças na população-objeto. Em IFC, o crescimento é monitorado pela remedição de uma rede de parcelas permanentes estabelecidas aleatoriamente em diferentes tipos de povoamento florestais. Essa rede tem a vantagem estatística de reduzir a variância, de uma mesma parcela, em sucessivas medições. Esse tipo de amostragem permite captar mudanças naturais havidas nos povoamentos. No segundo caso, a amostragem é constituída de parcelas permanentes que receberam ou que irão receber algum tratamento silvicultural. Essas parcelas podem ser estabelecidas aleatoriamente no povoamento, ou, então, agrupadas em parcelas experimentais (research installations). Podem consistir também em parcelas estabelecidas de modo seletivo com finalidade específica de gerar dados para modelagem, independentemente da aplicação de tratamentos. Dados de parcelas que receberam algum tratamento silvicultural, como desbaste ou adubação, permitem avaliar mudanças artificiais impostas. Ainda, no segundo caso, se não existir aplicação de tratamentos, as parcelas, em número menor em relação ao IFC, são instaladas após uma classificação detalhada da capacidade produtiva e mapeamento incluindo características edáficas, climáticas e fisiográficas (estratificação). Essas parcelas têm, também, áreas maiores em relação às do IFC. Duas desvantagens do uso de dados de inventário florestal para modelagem do crescimento são: amostragem inadequada, por representar a condição mais frequente (capacidade produtiva interme diária); e possibilidade de ausência ou frequência inadequada de parcelas em condições extremas (capacidades produtivas alta e baixa). As parcelas permanentes nunca serão substituídas por outras fontes de dados, uma vez que permitem fazer comparações estatisticamente satisfatórias da produção entre as parcelas e dentro 360 Campos e Leite delas, o que é importante na verificação da adequacidade de modelos. Elas também proporcionam dados consistentes e adequados, concernente às variáveis mortalidade, dinâmica de copa e dinâmica de povoamento (VANCLAY, 1994). O período de remedições deve abranger um tempo suficiente para captar efeitos anômalos de mudanças climáticas. A garantia de dados que cubram os extremos da variação é importante, mesmo que não venham a ser utilizados na prática, uma vez que são essenciais para definir a superfície resposta para modelos de crescimento. b) Parcelas temporárias (PTs) Parcelas dessa ordem são estatisticamente pouco eficientes para fins de estudos de modelagem, por não detectarem exatamente as diferenças de crescimento, uma vez que as mesmas parcelas não são medidas em cada ocasião. Não servem, consequentemente, para avaliar o efeito de tratamentos específicos. Elas se referem às parcelas medidas em inventários florestais convencionais, ou então são medidas unicamente para o conhecimento de volumes presentes. Conceitualmente, são usadas em estimações não dependentes do tempo. Um conjunto de parcelas temporárias medidas em diferentes idades pode ser utilizado apenas para ajuste de uma curva de crescimento empírica e aproximada. Nesse caso é assumido um mesmo padrão de crescimento independente do local. c) Delineamentos experimentais (DE) Ocasionalmente, dados de DE podem vir a ser utilizados em estudos de crescimento e produção. São dados de propriedades limita das para esse fim, pois, geralmente, um DE é estabelecido com finalidade puramente silvicultural, não atendendo a propósitos da mensuração propriamente dita. As limitaçõesocorrem, quase sempre, pelas seguintes razões: a área das parcelas é pequena; algumas variáveis importantes na modelagem por vezes não são medidas, como a altura dominante; o efeito da variação do índice de local geralmente é excluído, uma vez que o experimento é estabelecido em áreas homogêneas; e a frequência, isto é, o número de casos, geralmente é menor que o desejado na análise de regressão, pois, conceitualmente, experimentos em DE são submetidos a Dados para modelagem de crescimento e produção 361 análises de variância. Além disso, no caso de eucalipto, os experimentos geralmente não cobrem a diversidade de materiais genéticos encontrada comercialmente em diferentes condições de ambiente. Dentre os DE, os modelos de blocos ao acaso, no esquema de parcelas subdivididas no tempo, são os mais empregados para fins silviculturais. Compreende-se, portanto, que essa fonte de dados permite encontrar diferenças significativas entre tratamentos, o que não coincide com os objetivos dos estudos de crescimento e produção, embora em alguns casos seja possível construir curvas de crescimento. d) Análise parcial do tronco (APT) Constitui uma alternativa quando não há dados de PP, sendo caracterizada por limitações, como: a informação é limitada, por não garantir a medição da mortalidade; não contabiliza o efeito de alguns tratamentos silviculturais, como a desrama artificial; e praticamente só se aplica em coníferas, uma vez que, na maioria das espécies de folhosas, são encontradas anormalidades na formação dos anéis de crescimento. Uma das exceções entre as folhosas é a espécie Tectona grandis, que tem a vantagem de propiciar dados num curtíssimo espaço de tempo. Quando a medição dos anéis é feita no dap, o procedimento é denominado análise parcial do tronco (APT), e é chamado análise completa do tronco (ACT), quando a medição é realizada em diferentes alturas ao longo deste (CARRON, 1968). Enquanto a APT é utilizada no estudo do crescimento em volume, área basal ou diâmetro, a ACT é empregada no estudo do crescimento em altura, ou, mais precisamente, no estabelecimento de curvas para classificação da capacidade produtiva de locais. No primeiro procedimento, emprega-se um trado para extração das amostras e, no segundo, são retiradas seções a intervalos definidos ao longo do tronco, visando a definição dos anéis. Meyer (1952) consi derou que a frequência de árvores-amostra podería ser estabelecida arbitrariamente, sem considerar a precisão preestabelecida. Considerou ainda que as principais fontes de erros na APT são: o grau de variação dos diâmetros, o número de árvores tradadas por parcela e o erro de amostragem decorrente da distribuição das parcelas na população. Ele demonstrou que, havendo grande erro de amostragem, o aumento do 362 Campos e Leite número de árvores para APT pouco significa em ganho de precisão na determinação do crescimento. Exemplo 12.3 - Amostragem para estudos de crescimento e produção Conhecidas as fontes de dados para estudos de crescimento e produção, como proceder à amostragem? Considerações A qualidade da prognose da produção é função das propriedades da amostra e das propriedades das equações de predição ou de projeção. A amostragem deve estar condicionada ao tipo de modelo a ser ajustado e ao objetivo pretendido. Como usualmente é empregada a análise de regressão, cabe destacar os tópicos a seguir: a) Frequência Deve ser adequada à análise de regressão; estimativas mais confiáveis são obtidas com maior intensidade de amostragem. No entanto, não é usual definir o número de parcelas no ajuste de regressão a partir de critérios estatísticos. A eficiência do modelo ajustado vai depender, principalmente, da localização das parcelas e do número de períodos de medição, no caso de PP. b) Heterogeneidade das características medidas Devem ser priorizados, com maior intensidade de amostragem, os dados de características mais heterogêneas. c) Casualização, sistematização ou seletividade O emprego de um ou mais desses critérios na alocação de parcelas no campo, ou para obter dados de um cadastro de inventário florestal contínuo (IFC), por exemplo, vai depender do tipo de modelo definido no Exemplo 12.1 (MP e MCP). Cabe reportar que uma amos tragem inteiramente casualizada, sem prévia estratificação, é ineficiente para construir modelos do tipo MCP, porque, assim, valores médios serão amostrados mais intensivamente. Essa amostragem deve resultar em eficiência quando se pretende obter uma simples curva ou função Dados para modelagem de crescimento e produção 363 de produção representativa da população (modelos do tipo MP). Neste caso, amostragem sistemática também resultará em dados adequados quanto maior for a homogeneidade da população, pois a situação média é a procurada. Uma alternativa de amostragem para modelagem do crescimento e da produção é delimitar partes da população-objeto e alocar as parcelas de modo casual ou sistemático sobre essas partes. Essa escolha de partes da população a amostrar para, assim, garantir repre- sentatividade da “situação-objeto” proporcionará melhor estimativa dos coeficientes de regressão e predição próximo aos dados extremos. Outra alternativa mais eficiente de amostragem para modelos do tipo MCP é a seleção deliberada de parcelas em um banco de dados de IFC ou a localização, também deliberada, das parcelas no campo. Este procedimento é mais eficiente por garantir representatividade não somente das condições médias, mas também das extremas. A amostragem seletiva contraria os princípios estatísticos quando é destinada a inventários florestais, pois os limites de confiança são tendenciosos, além da média. Esse inconveniente estatístico não invalida o emprego do princípio de seletividade na amostragem para construção de modelos de crescimento e produção. É desejável garantir uma frequência equivalente para cada condição de sítio. Pode ser considerada também a alternativa de empregar procedimentos de busca inteligentes para definir qual o subconjunto de parcelas de um banco de dados de IFC resultará em maior exatidão e eficiência estatística ao ajustar modelos de crescimento e produção. Um exemplo desse tipo de aplicação é o sistema Select, idealizado por Binoti (2012). Esse sistema foi desenvolvido empregando-se a linguagem de programação Java, e o ambiente de desenvolvimento foi a IDE (Integrated Development Environment) Netbeans 7.1, e a JDK 7.3 (Java Development Kit ). O sistema utiliza a biblioteca Michael Thomas Flanagan's Java Scientific Library para a obtenção dos parâmetros (disponível em http://www.ee.ucl.ac.uk/~mflanaga/java/ acesso 27/03/2012). Técnicas de pesquisa operacional são utilizadas na escolha de parcelas para o ajuste de modelos de predição, ou de projeção, que gerem o melhor resultado e ajuste aos dados. O software pode ser baixado gratuitamente em http://neuroforest.ucoz.com. http://www.ee.ucl.ac.uk/%7Emflanaga/java/ http://neuroforest.ucoz.com 364 Campos e Leite Exemplo 12.4 - Parcelas experimentais ou instalações Como realizar um exemplo de delineamento de amostragem com parcelas experimentais (ou instalações) tendo como objetivo um estudo do efeito de desbastes? Considerações Conforme definido no Exemplo 12.2, as parcelas experimentais constituem fonte de dados quando o objetivo for analisar o efeito de diferentes tratamentos silviculturais e depois interpretá-los utilizando algum modelo de crescimento e produção. Para melhor compreender essa conceituação de delineamento de amostragem e evitar confundi-lo com delineamentos experimentais dos livros de estatística experimental, é apresentado um exemplo a seguir. O objetivo proposto é analisar o efeito de diferentes intensidades de desbaste. Na Figura 12.2 é mostrada uma instalação composta de dois blocos com 10 parcelas. Foram quatro os tratamentos, representados por diferentes intensidades de desbaste, mais a testemunha, sendo duas as repetições.2 1 5 3 4 5 3 2 4 1 Bloco 2 1 4 2 3 5 4 3 5 1 2 Figura 12.2 - Exemplo de uma instalação ou de um conjunto de parcelas experimentais com os números dos tratamentos definidos por sorteio. Dados para modelagem de crescimento e produção 365 Um mínimo de três locais, nas condições de produtividade boa, média e ruim, para os padrões da população em foco, deve ser amostrado, com as parcelas dispostas em blocos, conforme Figura 12.2. A repetição dos blocos e dos tratamentos dentro destes é necessária para garantir representatividade da condição do lugar e aumentar o número de casos, o que é positivo na análise de regressão. Para compreensão dos procedimentos e garantia de continuidade dos tratamentos e medições, é necessário redigir um manual com a descrição minuciosa de todas as tarefas, como: número, intensidade e época de aplicar cada tratamento; procedimentos de marcação e de manutenção das parcelas permanentes nas instalações; área útil das parcelas; número de fileiras nas bordaduras; e características a serem medidas anualmente, entre outras. No caso de experimentos de desbaste, é mais indicada a descrição do procedimento a ser seguido para decidir quando aplicar os cortes parciais e não a definição empírica de épocas de aplicação desses. Cabe ressaltar que, em estudos de desbastes, a área útil de cada parcela deve ser suficientemente grande para garantir representatividade, por exemplo, em tomo de 2.500 m2 para eucalipto, pinus ou teca. Para justificar essa afirmação observe que no exemplo de simulação de desbastes (Exemplo 17.10), resultaram 727 árvores remanescentes, por hectare, aos 15 anos de idade (180 meses, Tabela 17.4), o que equivale a 182 árvores numa parcela de 2.500 m2. Exemplo 12.5 - Tamanho, forma e demarcação de parcelas Qual é a forma e o tamanho mais usual de parcelas para estudos de crescimento e produção? Como demarcar a parcela? Considerações A forma retangular de parcelas é a mais indicada, principalmente quando ocorre sub-bosque, pois favorece o controle de seus limites e das árvores a serem medidas, além de ser mais fácil de demarcar. Todavia, forma circular e forma quadrada de parcelas eventualmente são também empregadas. Pode-se dizer que, enquanto a forma pode influenciar o custo de instalação, o tamanho da parcela, além do custo, influencia a precisão. Embora esses aspectos tenham mais importância em trabalhos de inventário florestal, por exigir grande frequência, isso 366 Campos e Leite não ocorre plenamente quando o objetivo é estabelecer parcelas permanentes para a condução de estudos de crescimento e produção. Existe um consenso de que a finalidade do estudo tem influência no tamanho da parcela. Parcelas com finalidade de prognose exigem área maior que parcelas de inventários florestais. Para exemplificar, em estudos do efeito dos desbastes, a área e a forma da parcela estão relacionadas diretamente com a intensidade dos desbastes periódicos programados e, também, com a rotação a ser adotada. No caso de povoamentos equiâneos submetidos a desbaste, dependendo do tipo de desbaste, parcelas circulares podem ser extremamente tendenciosas, por não representarem fielmente as práticas silviculturais aplicadas ao restante da área. Por exemplo, o desbaste sistemático a cada cinco fileiras e desbaste seletivo nas demais fileiras, dependendo do tamanho da parcela circular, resulta em manejos diferentes nas parcelas em relação ao restante do povoamento. Além da finalidade, também a condição da população exerce influência na área da parcela, e, assim, populações heterogêneas exigem parcelas maiores que as homogêneas. Isso leva à conceituação geral de que povoamentos abertos e com grandes árvores exigem parcelas maiores, ao contrário de povoamentos densos e com árvores menores. Áreas de parcelas entre 500 e 1.000 m2 são frequentes em estudos de crescimento e produção conduzidos em povoamentos equiâneos; contudo, dependendo dos tratamentos a serem aplicados, podem chegar a mais de 2.000 m2. Em povoamentos inequiâneos, a área das parcelas geralmente é maior que em povoamentos equiâneos, podendo atingir até 1 ha. Em povoamentos equiâneos submetidos a desbaste, as parcelas permanentes devem ter pelo menos cerca de 1.000 m2, para que seja possível caracterizar corretamente a distribuição de diâmetros do povoamento. Em parcelas menores, após aplicação de desbastes, o número de árvores remanescentes pode se tomar pequeno demais para caracterizar algum tipo de distribuição de diâmetros, o que é condição, por exemplo, para modelagem por classe de diâmetro. Em alguns casos pode ser necessário aumentar a área da parcela gradativamente, após a aplicação do desbaste, mantendo-se o mesmo centro. Dados para modelagem de crescimento e produção 367 Em análise parcial do tronco, a área das parcelas contendo as árvores-amostra para tradagem pode variar de 300 a 500 m2 usualmente, dependendo de maior ou menor densidade do talhão, de modo a garantir número mínimo de árvores por parcela. Em cada parcela, um mínimo de oito árvores são tradadas a 1,30 m, sempre a partir de uma mesma direção e perpendicular ao eixo do tronco. Na demarcação de parcelas em povoamentos com espaçamentos definidos devem-se tomar certos cuidados para não incorrer em erros de tendência, superestimando ou subestimando o número correto de árvores na sua área. Para melhor entendimento, considere uma parcela retangular, em terreno plano, com 15 m na sua menor dimensão e com 630 m2 de área. O espaçamento entre árvores é de 3 x 3 m. Então, a dimensão maior da parcela terá 42 m, sendo garantida uma área de 9 m2 por planta, dentro da parcela, com 70 árvores no total, se não houver mortalidade ou falhas de plantio. Situação ideal assim não é frequente, não sendo possível garantir uma mesma área para a totalidade das árvores da parcela, principalmente por irregularidade no espaçamento, ou por haver inclinação no terreno. Para minimizar esse inconveniente, as linhas divisórias, na maior dimensão, devem ser demarcadas no ponto médio entre linhas (ou fileiras). Na menor dimensão, pelo menos uma das linhas divisórias deve ser marcada no ponto médio entre fileiras (ou linhas), já que a quarta linha-limite será marcada em função da área preestabelecida para a parcela. Exemplo 12.6 - Correção do efeito da inclinação do terreno Como e por que corrigir o efeito da inclinação do terreno durante a locação das parcelas? Considerações Áreas de parcelas de inventários florestais ou para estudos de dinâmica do crescimento são sempre referidas num plano horizontal. Isso implica que, quando estabelecidas em área com terreno inclinado, é necessário efetuar a correção da área, o que é feito ao ampliar as dimensões da parcela. 368 Campos e Leite Parcelas de qualquer forma, quando estabelecidas em terreno inclinado, resultam em área menor que a área original, quando projetadas para o plano horizontal. Uma parcela de forma circular, quando estabelecida nesse terreno, resulta em forma elíptica com área subestimada, quando projetada para a horizontal. Essa redução de área, ou distância, ao rebater à inclinação para plano, é proporcional ao fator cos (ct), em que tzé o declive, em graus. Mais especificamente, a área que uma parcela deve ter num terreno inclinado é igual à razão entre sua área no plano e o cosseno do ângulo de inclinação do terreno, ou seja: , ... Área no plano nn Area no declive =----------- ------- » cos (<z) Área no plano = Área no terreno inclinado x cos (a) Ou, ainda, Distância no terreno inclinado = Distância no plano cos (a) ou Distância no plano = distância no terreno inclinado x cos (cr) Dessa forma, uma parcela circular ou retangular de 600 m2 em um terreno com inclinação de 20° terá, no plano, uma área de 563,81 m2, ou seja: Área plano = 600 Cos(20°) = 563,81 m2 Ao computar o volume de uma parcela em área inclinada, a transformação para hectare deve ser feita com referência a um terreno plano.No exemplo, se fosse observado um volume de 8 m3 na parcela, o volume por hectare seria 8(10.000)/563,51 = 141,89 m3/ha. Em um inventário florestal é mais prático fixar as mesmas dimensões para todas as parcelas (exemplo: 20 m x 30 m). Essas parcelas são demarcadas no campo e o volume por hectare (E7ha), para cada parcela, é obtido por: E/ha = Volume na parcela x 10000/Área no plano, sendo Área no plano = Área no terreno inclinado x cos(or) Dados para modelagem de crescimento e produção 369 Referências BINOTI, D. H. B. Sistemas computacionais aplicados ao manejo florestal. 2012. 113 f. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2012. CARRON, L.T. An outline of forest mensuration with special reference to Australia. Camberra: Australia National University, 1968. 222 p. CLUTTER, J. L. Timber management: a quantitative approach. New York: John Willey & Sons, 1983.333 p. LANDSBERG, J.J.; WARING, R. H. A generalized model of forest productivity using simplified concepts of radiation-use efficiency, carbon balance and partitioning. Forest Ecology and Management, v. 95, p. 209-228,1997. MEYER, H. A. Accuracy of forest growth determination based on the measurement of increment cores. Pensylvania: Agric. Exp. Stn., 1952.27 p. (Bulletin, 547). VANCLAY, J. K. Modelling forest growth and yield. Applications to mixed tropical forests. Wallingford, UK: CAB International, 1994. 312 p. Capítulo Modelos de Crescimento e Produção em Nível de Povoamento Modelos de crescimento e produção em nível povoamento, às vezes denominados modelos do tipo povoamento total, não explicam diretamente a variação do tamanho das árvores dentro do povoamento. Eles estimam o crescimento e, ou, a produção a partir de atributos em nível de povoamento, como idade, área basal e índice de local. Têm como melhor representantes os modelos de densidade variável, além dos modelos (ou tabelas de produção) dos tipos empírico e normal. Modelos do tipo normal são os mais antigos e se aplicavam a povoamentos completamente estocados (ou normais), sendo V = /(7). Modelos do tipo empírico são estáticos, não envolvendo projeção da densidade, sendo obtidos a partir de relações do tipo V =f(I,S,B); eles dão informação de um povoamento em condições específicas de manejo, não permitindo qualquer variação no tratamento, exceto aquele já contido nos dados do ajuste do modelo. Por último, modelos do tipo densidade variável incluem a variável densidade como uma parte dinâmica do sistema de equações, sendo úteis quando o output pretendido é o volume, ou massa, por unidade de área, em especial para povoamentos submetidos a desbaste. Sua construção envolve relações do tipo V2 h, S (ou Hd), B\, B2) ou V2 h, S (ou Hd), kesya Destacar Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 371 N\, M), estimando a produção para diferentes níveis de área basal ou frequência remanescente. Eles têm como características: estimação da taxa de crescimento dentro do sistema de equações; capacidade de representar melhor as relações causa-efeito entre a densidade e a produção; e emprego de conceitos de derivação e integração. A escolha do tipo de modelo depende do objetivo e dos dados disponíveis, estando relacionada, também, com a abordagem de modelagem escolhida. São duas abordagens alternativas: estratificação máxima da floresta e emprego de relações simples, do tipo V=flJ) e estratificação mínima e emprego de modelos com maior número de variáveis, como V=fiI,S) e V=fiI,S,B). Independente da abordagem escolhida, a projeção deve ser preferida em relação à predição. Neste capítulo são apresentados exemplos de uso de modelos em nível de povoamento, nos quais foram utilizadas as notações da Tabela 13.1. Devido às suas particularidades, os modelos de distribuição diamétrica serão tratados no Capítulo 14 e os modelos de árvores individuais, no Capítulo 15. Tabela 13.1 - Notações utilizadas para exprimir as variáveis usuais em modelos de crescimento e produção dap = diâmetro a 1,3 m de altura H = altura total de uma árvore l'an = volume de árvore individual di = diâmetro na classe i I = idade I\ = idade atual ou corrente h = idade futura B = área basal Bi = área basal inicial 5i = área basal atual ou corrente Ki = volume atual ou corrente Vi - volume futuro N = número de árvores por hectare Ai = número de árvores/ha atual ou corrente N2 = número de árvores/ha futuro Adi = número de árvores na classe de dap i W\ = produção em massa/ha na idade i ICA W = incremento corrente anual em massa/ha IMA W = incremento médio anual em massa IMA V = incremento médio anual em volume Continua... 372 Campos e Leite Tabela 13.1 - Cont. Bi= área basal futura ICAB = incremento corrente anual em área basal Y = produção em uma idade qual- Yi e Y2 = produção nas idades h e I2, em m3 ou quer, em m3 ou toneladas por hectare toneladas por hectare Hd = altura dominante q = diâmetro médio S = índice de local Dd = taxa de incremento em diâmetro Vi = volume na idade i F(di) = distribuição acumulada fldi) = função densidade de probabilidade (fdp) Exemplo 13.1 - Relações funcionais utilizadas em modelos em nível de povoamento Quais são as principais relações funcionais utilizadas em estudos de crescimento e produção em nível de povoamento? Considerações Modelos em nível de povoamento diferem-se em relação às variáveis independentes. Sendo Ya variável dependente, eles podem ser assim subdivididos: a) K = /(/); b) Y = f(I,S);e c) Y = f(I,SouHd,B,N<Mq). As principais relações funcionais utilizadas em estudos de crescimento e produção referem-se, principalmente, aos modelos de Schumacher (1939) Buckman (1962), Clutter (1963) (Tabela 13.2), e as funções: Logística, Gompertz e Richards (modelos 4, 5 e 9 da Tabela 13.3). Também foi relacionado aqui um modelo contendo as variáveis idade e índice de local. Outras relações funcionais que, a critério dos autores, merecem menção foram também mencionadas na Tabela 13.3. A equação de produção em volume do modelo de Clutter apresentado na Tabela 13.2 é uma simplificação obtida por Clutter (1963), conforme Exemplo 13.7, a partir de: Ln Y= /3Q + LnBY&r' + ^SLnBY&Sr' + p^LnBYs. Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 373 ea. =parâmetrosaseremestimadosg=erroaleatório Tabela 13.2 - Principais modelos utilizados em nível de povoamento Relação Funcional Modelo Modelo de Schumacher Y = e J + e Y = + f l+Ae * Modelo Logístico Y = Poee +E Modelo Gompertz Y =--------- +/ n n r \ 1/ Modelo Richards Lnl^=^ +/^ /12 +f^LnE^ +Ln£ Modelo de Clutter Lnfy y-l + í%l 1-y-1 + aJ 1-y-15+Iwí- Y=^+j3l(BHd)+£ Modelo de Buckman LnICAB= fa+faS + foy + faBi+e Modelo em função y=:g / s £ de /e S 374 C am pos e Leite Tabela 13.3 - Alguns modelos e correspondentes expressões de taxa de crescimento, produtividade média e idade técnica de colheita + ST o § © 7 < 1 <N1 o tu ty + + k, ***■( _l + o <uII II CO <y + + »«N 1 o « 5 . II + tx 1 Continua... ll ll II ll c4 M odelos de crescim ento g produção em povoam ento 375 L. tu + i i ’7coi***» +7•"-h 376 C am pos e Leite «j ‘o<u73 I tf tf «5.+ Qcú -O2On Tx = 0 para volume total e Tx = 1 para volume comercial; ,, a , f i e / = parâmetros. CO + + cy £; Cq "5 <N + + CQ, + es EQ se + + °=£ II >-q '4? 1 «s£II + <z> CN se (N + + >T síII ii(N Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 377 Exemplo 13.2 - Escolha do modelo Como escolher um modelo de crescimento e produção em nível de povoamento? Resposta A escolha de uma das relações funcionais contidas no Exemplo 13.1 depende do tipo de informação pretendida, do nível de detalhamento necessário, das características do povoamento e do tipo de dados disponíveis. Relações funcionais do tipo devem ser evitadas em áreas extensas e heterogêneas, devido à possibilidade de ocorrerem diferentes tendências de crescimento. Esse tipode modelo pode ser usado em compartimentos homogêneos, com tendência de crescimento bem definida, onde não houver variações significativas de densidade e capacidade produtiva. Além disso, a produção futura (r2) deve ser obtida por meio de projeção, empregando índice de consistência (IcV), que consiste na razão entre produções estimada e observada (e V[) numa idade atual ). Ao empregar o índice de consistência, a produção futura é estimada considerando-se a produção atual observada. Assim, ao empregar os modelos de Schumacher, Logístico e Gompertz, têm-se os seguintes índices: Â> IcV = -Y = ------------ , IcV = Ei Ei e IcV=^----------- Ei 9 sendo a produção futura obtida respectivamente por: Â> 1 + /?, IcV A aplicação dessas relações funcionais resulta em consistência nas projeções, de modo que a produção estimada para uma idade atual é igual à produção observada nessa idade, ou seja, os modelos passam a ser de projeção em lugar de predição. Assim, ao invés de uma única curva média de crescimento obtém-se um feixe de curvas de crescimento. 378 Campos e Leite Relações funcionais do tipo Y = f(I,S) podem resultar em esti mativas consistentes, permitindo avaliar o efeito da capacidade produtiva, desde que existam curvas de índices de local também consistentes. Nesse caso, idades técnicas de colheita diferentes são obtidas para cada índice ou classe de local. Contudo, a simples consi deração dessas duas variáveis independentes não garante consistência na definição da idade de colheita, conforme Exemplo 13.6. Aplicações eficientes de modelos V=f(I,S) também devem ser feitas empregando- se índices de consistência. Por exemplo, para o modelo v 's ', a produção futura é assim obtida: IcV = ^----------- Embora importantes, em alguns casos, dependendo do input utilizado, o emprego dos índices de consistência podem resultar em bias ou inexatidão na prognose. Se um volume atual estiver viesado, o emprego do índice de consistência pode resultar em maior erro na prognose quando comparado à predição ou projeção feita pela curva média de crescimento, o que exige atenção do usuário do modelo. É importante validar o modelo pelas duas alternativas para decidir sobre o emprego do índice. Outro fato é que mesmo para os modelos mais simples, do tipo V = fiF), quanto maior o número de medições das parcelas, maior a consistência na modelagem do crescimento. O índice de local pode ser incluído por meio de modificadores dos parâmetros do modelo V =f(I). No modelo logístico, por exemplo, Po pode ser substituído por an + (XiS. Esta ou outra relação funcional pode ser empregada em substituição aos parâmetros Po, pi e P2 desse modelo, resultando em curvas polimórficas de crescimento. O emprego desta abordagem requer estudo prévio das relações entre os parâmetros do modelo escolhido, V =f(I), e o índice de local. É um procedimento semelhante àquele do Exemplo 10.10. Por último, relações funcionais do tipo Y =f(I, S ou Hd, q, B ou N), com a densidade expressa pela área basal, ou pelo diâmetro médio, ou pela frequência podem ser aplicadas em áreas relativamente mais heterogêneas. Nesse caso, o crescimento, a produção e a idade técnica de colheita são diferenciados por índice de local e densidade inicial. Essas relações funcionais permitem modelar 0 crescimento e a Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 379 produção em plantações submetidas a desbaste, ou seja, permitem simular o efeito de diferentes regimes de desbaste. Mais uma vez, a simples consideração dessas três variáveis não garante consistência quanto aos seus efeitos. É necessário que o conjunto de relações funcionais seja compatível e consistente e que os dados sejam apropriados para ajuste do modelo. Deve ser evitado, por exemplo, o uso do procedimento de seleção de equações passo a passo (stepwisé) para gerar equações de produção, havendo risco de resultar equações sem nenhum significado biológico. Numa empresa florestal, muitas vezes a definição do modelo é consequência do tipo de dados disponíveis. Situação comum é: existência de dados que permitem o ajuste de modelos Y =f(I, S ou Hd, q.BouN) apenas para uma parte da floresta (alguns estratos); existência de dados que permitem o ajuste de modelos do tipo Y=f(I,S) para alguns outros estratos; e, para os demais estratos, a existência de dados que limitam o ajuste a modelos simplificados, Y=f(I). Ainda, para alguns estratos não é possível ajustar nenhum tipo de modelo. Este fato resulta na necessidade de se usarem diferentes modelos e abordagens de prognose para uma mesma floresta ou empresa. Ao escolher o modelo de Clutter, o usuário deve avaliar o ganho ou perda de exatidão ao empregar uma área basal inicial consistente com o volume atual, conforme Exemplo 13.8. Exemplo 13.3 - Modelo mais difundido no Brasil Qual modelo de crescimento e produção do tipo povoamento total foi o mais difundido nas empresas florestais brasileiras? Quais as suas características? Resposta Foi o modelo de Clutter, na forma citada no Exemplo 13.1, isto é: Ln (Y2) = A [y j + A A + P^nB2 + Lne Ln (B2) = LnB} j + a0 ^1 -j + at ^1 --^5,4- Lne 380 Campos e Leite Neste modelo, a produção é expressa em função das idades atual e futura (7) e I2), do índice de local na idade atual (S,) e das densidades atual e futura (5i e Bi). Substituindo B2 na primeira relação funcional, obtém-se: Ln (V2) = p0+A + P2A + AA"A + +A [1 - 5, em que: =(Z0A e A = «1à Este é um modelo do tipo povoamento total, de densidade variável, compatível, explícito e consistente. E do tipo povoamento total, porque a variável estimada é o volume por unidade de área, independentemente da classe de tamanho da árvore. É do tipo densidade variável porque permite estimar a produção para diferentes níveis de área basal inicial (Bi ou B,). Tem característica compatível, pois a equação de crescimento quando integrada fornece a equação de produção, e a derivada desta resulta na equação de crescimento. Trata- se de um modelo explícito, porque a produção em volume é calculada diretamente. E consistente, pois as estimativas podem ser obtidas projetando-se a área basal ano a ano, ou diretamente de um para qualquer outro ano, com intervalos irregulares e, ainda, porque, ao estimar a produção em área basal para uma mesma idade, resulta em valores idênticos àqueles observados. A consistência em relação ao volume é conseguida se o modelo for aplicado usando como input uma área basal compatível com V\ (Bic) ao invés de Bt, conforme Exemplo 13.8. Dependendo dos dados utilizados, o termo (1 - h / Iz)S] pode ser modificado ou mesmo eliminado. Isto ocorrerá quando 0 efeito da capacidade produtiva sobre a área basal for não significativo ou inconsistente (íZ, negativo). Nesse caso, Sj, neste termo, poderá ser substituído por LnBi, (LnBi)1 ou Hdi, desde que haja contribuição estatística. Outra particularidade é que 0 coeficiente fh, em fli/h, deverá ser negativo, para que haja consistência nas estimativas. Nesse caso, um valor positivo de fii pode ser indicativo de que a relação funcional utilizada não é adequada para os dados utilizados. Por último, se I2-I1 kesya Destacar kesya Destacar Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 381 for constante em todo o banco de dados, o ajuste do modelo toma-se impossível pelo método de mínimos quadrados em dois ou três estágios. Nesse caso, a recomendação é modificar um único número, h ou h, de uma parcela qualquer; por exemplo, alterando um número 36 para 36,1 meses. Outros detalhes sobre 0 ajuste e uso do modelo de Clutter constam em exemplos subsequentes. O emprego desse modelo requer dados de parcelas permanentes com um mínimo de duas medições, e, quanto maior o número de medições, maior será a exatidão na prognose. Porém, muitas vezes existem nos bancos de dados de modelagem parcelas com apenas uma medição, uma vez que a cada ano novos povoamentos são inventariados numa primeira ocasião.Para ajuste de modelos de densidade variável, como 0 de Clutter e Buckman, todas as parcelas com apenas uma medição são excluídas da modelagem. No caso de clones de eucalipto, parcelas com uma única medição podem ser aquelas de maior interesse, por serem geralmente provenientes de plantios mais recentes, com clones melhores. Uma alternativa que pode resultar em consistência e exatidão é a seguinte: • Estimar uma equação para predição da área basal e outra para volume. Por exemplo: B =  (i+Â^7) (a)e S + 03LnB(b) • Aplicar a equação b com os inputs atuais, idade, índice de local e volume, e obter uma área basal (Bc) compatível com esses inputs. • Aplicar a equação de predição da área basal (a) para a idade atual e calcular o índice de consistência dado por: equação (a). é a área basal estimada na idade atual (z) com a 382 Campos e Leite • Estimar a área basal para a idade futura empregando: À Substituir a idade futura (Z?), o índice de local e a área basal 52 na equação de produção (equação b) e obter o volume (r2): fí I 1 I z? c à ____ Diferentes modelos podem ser empregados ao utilizar esta alternativa. Cabe ao modelador encontrar as melhores relações funcionais e validar o modelo ajustado. No caso de povoamentos submetidos a desbaste, se for desejado simular um desbaste em uma idade Id, a área basal pós-desbaste (ft) pode ser estimada empregando um índice de consistência definido por: Br Exemplo 13.4 - Idade técnica de colheita Como determinar a idade técnica de colheita a partir de uma equação de produção? Considerações A idade técnica de colheita é aquela em que o incremento médio é máximo, e, nesta idade, este incremento é igual ao incremento corrente, ou seja, IM = IC. Dada uma equação de produção, três alternativas podem ser utilizadas para determinar a idade técnica de colheita. Uma primeira consiste em deduzir a expressão do incremento médio, dividindo a Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 383 produção pela idade, e derivar essa expressão em relação à idade. Ao igualar essa derivada a zero e isolar a idade, obtém-se a idade técnica de colheita. Uma segunda alternativa consiste em igualar as expressões do incremento médio e do incremento corrente (primeira derivada da equação de produção) e isolar a idade, que corresponde à idade técnica de colheita. Uma terceira alternativa é pelo método de substituição, que consiste em estimar a produção em idades sequenciais, por exemplo, mês a mês, obter os respectivos incrementos médios e identificar a idade em que ocorre a inversão de sinal na relação IM} i = idade. Nessa situação, quando houver inversão, é identificada a idade técnica de colheita. Para entendimento, esses três casos são exemplificados a seguir. Solução T — \ Considere inicialmente o modelo V = fi(í . e, que também pode ser assim escrito: V = ea(> £ , sendo tz0 = Ln(3f} e ax =Ln(3x. Considerando a primeira alternativa, tem-se: IM - VI~* l = /“'e"»*'1' . Assim, a primeira derivada do IM em relação à idade / é dl ~ I2 dI^L = I-2eaQ+axri dl Fazendo dIM/dl = 0 tem-se - CC}I~l -1 = 0 e I = -ax=-Ln/3x , que é a idade técnica de colheita (ITC). Para ter certeza de que existe um ponto de máximo de IM em I = -Ln(3x , é necessário provar que d2IM / dl2 < 0. Ao derivar, obtêm-se Ot0CXlIx3ea'>+a'1 + aQI~2ea°+a 1 . Sendo /3t) > 0, fd\ > 0 e I > 0, conclui-se que cPlM / dl2 < 0, comprovando a existência de um ponto (idade) de máximo de IM em I = -Ln(3x . dIM _ Ilea°+a'r'(-ax)r2 _e^+a'riIo 384 Campos e Leite TT4.-1- j 1 TZ 6,02255-62,7189/_lUtilizando, por exemplo, a equaçao v = e e a segunda alternativa de determinação da ITC, obtém-se dV/dl = V/I, ou ea°+“i/ (—O!})I~2 = ea“+a,! Z_1. Simplificando, — (XxI 2 =I~X e, portanto, I - ITC - -ax = 62,7 meses ou ainda ITC = -Ln(3\, conforme obtido pela primeira alternativa. A terceira alternativa é aplicar a equação de produção para diferentes idades sequenciais. Por exemplo, para 60 meses, jz _ g6,02255-62,7189(60) = 145,07 m3ha-i Aplicando esta equação para idades de 60 a 65 meses e computando as diferenças IM\ - IM\.\, tem-se: I V IM IMí-IMm 60 145,07 2,4179 - 61 147,58 2,4193 +0,0015 62 150,05 2,4201 +0,0008 63 152,48 2,4203 +0,0001 64 154,90 2,4200 -0,0005 65 157,20 2,4190 -0,0010 Observe que IMí - IMi-\ > 0 para I <= 63 meses e IMi - IM\.\ < 0 para I > 63. Portanto, pela terceira alternativa, ITC = 63 meses, sendo este um valor aproximado. Ao incluir o índice de local no modelo anterior, tem-se: T = e 1 £q, pela segunda alternativa de determinação da idade técnica de colheita, obtém-se: Fazendo IC = IM, tem-se: =/o+A®z-‘ de colheita. => I = ITC ~ ~^-= idade técnica Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 385 Exemplo 13.5 - Outros modelos de produção considerando-se só a idade Quais são as principais relações funcionais utilizadas para estimar a produção levando-se em conta apenas a idade do povoamento? Considerações Um primeiro exemplo é o modelo denominado Chapman- Richards, empregado inicialmente para modelar o crescimento florestal, em estudos reportados por Tumbull (1963) e Pienaar e Tumbull (1973). O modelo estatístico foi derivado de considerações biológicas e tem se mostrado muito flexível para propósitos florestais. Este é um modelo mecanístico, ou seja, resultante de pressuposições sobre o crescimento, em geral. No modelo de Chapman-Richards, supõe-se que a velocidade de crescimento anabólico, representada pela expressão dY — - o.Yfi -yY proporcional ao tamanho do organismo, sendo Y o dl tamanho do organismo, I a idade ou tempo e a, f},y os parâmetros do modelo, com as condições a > 0, y > o e o < p < 1. Resolvendo este modelo de incremento com a condição inicial Y = 0 quando I = Io, obtém-se função de produção também denominada Chapman-Richards (C-R), assim escrita: em que 0 = e (p = y(\-p) O modelo de C-R, muito utilizado para prognosticar crescimento de povoamentos florestais, também é empregado com frequência no desenvolvimento de curvas de índices de local e estimar o crescimento de árvores individuais, em diâmetro (dap) e em altura (H). Outro exemplo de relação funcional para estimar a produção considerando-se apenas em função da idade é a função monomolecular. Conforme Drapper e Smith (1981), admitindo que a taxa de crescimento 386 Campos e Leite em um tempo Zé diretamente proporcional à quantidade de crescimento, sendo a a produção máxima e Y a produção acumulada no tempo I, tem- se: (13.1) Ao integrar a expressão 13.1, obtém-se a função de crescimento monomolecular. Considerando i = 1, 2 n, tem-se o modelo: Yt = a (1 —fi e ~kI‘ )+£, , com E (é J = 0 e V (e .) = of Conforme Drapper e Smith (1981), ao considerar a taxa de crescimento como proporcional ao produto do tamanho presente e à quantidade de crescimento futuro, ou seja: dY _kY(a-Y) dl a com k > 0, e integrando dY/dl, obtém-se a função denominada logística ou autocatalítica, kY(a-Y)_ a a ~l+/3e-tí Considerando z = 1,2...,», tem-se o modelo: = 1—~kI + £' ’ também denominado modelo logístico (modelo mecanístico). Nesse modelo, para I = 0, Y = e quando I tende para infinito, Ytende para a, que é o valor assintótico. Tem-se, ainda, que d2Y k( x i/ 1Z —p = ff0C~2Y) é positiva para Y < y^a e negativa para Y> yya, sendo o ponto de inflexão em Z = (Lnj3)i k. Uma vez que a taxa de crescimento é expressa por: f = 03.2) a integral de (13.2) fornece a função denominadafunção Gompertz, sendo: Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 387 Y = ae Pe , com ponto de inflexão em / - Ln@ . Se a idade I é zero, k Y = ae ^ . Do mesmo modo, fazendo i = 1,2,..., n , obtém-se o modelo de regressão não linear, usado para estimar o crescimento e a produção. Essas funções podem ser ajustadas por procedimentos de regressão não linear, via processos iterativos. Entretanto, como alternativa, o valor assintótico pode ser prefixado por proj eção gráfica, o que permite converter algumas funçõesem equações lineares (modelos aproximados). Por exemplo, as seguintes aproximações podem ser utilizadas: Ln = P + al, para a função Gompertz = p + yj, para a função logística Além das funções descritas, outras também podem ser utilizadas com o objetivo de estimar crescimento e produção, como as de Weibull, Korf, Hossfeld, Exponencial e MMF (Tabela 13.4). Tabela 13.4 - Outros exemplos de relações funcionais Relação Funcional -í-f Y = ^e~p^ + £ y = /A(A+/A &-’)+£  +ifl Modelo Weibull Korf Hossfeld Exponencial MMF As funções Weibull e MMF, juntamente com as funções Logística, Gompertz e Richards, são do tipo sigmoide. 388 Campos e Leite Embora pouco difundida em mensuração florestal, a função MMF (MORGAN et al., 1975) tem propriedades desejáveis em estudos de crescimento e produção e parâmetros biologicamente interpretáveis. Com esta função, ao fazer dY I dl = Y /1, sendo dY/ dl a taxa de crescimento e Y /1 a produtividade média, tem-se: ITC=2"^ {-p2 (px + px p3 +p0- PM ± ± ^P\P2 Pq + P2 (P\ + P\Pi + Po~ PiPo)1 que é a idade em que o IM é máximo, ou seja, a idade técnica de corte. Esta mesma idade é encontrada ao isolar I em d(Y / /) / dl, conforme visto no Exemplo 13.4. Comprova-se, ainda, que a segunda derivada da função MMF é negativa. Assim, as relações entre crescimento e produção descritas na Figura 11.2 do Exemplo 11.5 podem ser comprovadas com a função MMF. A produção futura pode ser expressa também em função de idades atual e futura (h e I2), conforme Exemplo 13.3. Exemplo 13.6 - Modelos que resultam em inconsistência na idade técnica de colheita Qual dos modelos a seguir resulta em inconsistência na expressão da idade técnica de colheita? Ml 7 -s 1) Y = e Po+Pi 2) Y = e +£ ( sy 73) Y = e Solução O incremento corrente anual é obtido ao derivar os modelos em relação à idade. Então, para cada um dos modelos, tem-se: Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 389 Modelo 1: dY A>+A íyVft s dl Modelo 2: Modelo 3: dY /VAÍy] — = e v 7 dl Igualando os incrementos correntes (/C) aos incrementos médios (IM), tem-se: Modelo 1: ITC = -px Modelo 2: Modelo 3: ITC = -p{S Os três modelos estimam a produção para diferentes índices de local, porém apenas os modelos 2 e 3 resultam em rotações diferentes para cada S. Ao empregar o modelo 2, quanto maior a capacidade produtiva, menor a rotação. Por outro lado, no modelo 3, maior capacidade produtiva resulta em maior rotação. A expressão ITC = -/JjS-1 (modelo 2) é biologicamente mais consistente, pois, para um mesmo número inicial de árvores e arranjo espacial, maior capacidade produtiva resulta em menor idade de corte. 390 Campos e Leite Exemplo 13.7 - Origem do modelo de Clutter Qual é a fundamentação teórica em que se baseia o modelo de crescimento e produção proposto por Clutter? Resposta De acordo com Clutter et al. (1983), os primeiros trabalhos envolvendo logaritmo da produção em função do inverso da idade foram originalmente sugeridos por McKiney et al. (1937) e Schumacher (1939). Ainda de acordo com estes autores, o primeiro modelo de densidade variável foi estabelecido por McKiney e Chaiken (1939). Esses trabalhos foram baseados em dados de parcelas temporárias. Com o passar dos anos, o uso de parcelas permanentes passou a ser frequente. Citando trabalho inicial de McKiney e Chaiken de 1939 e empregando dados de Pinus taeda, Clutter (1963) propôs o seguinte modelo para estimar produção em volume: LnY = + p}S + p2 LnB+03I~} + PpSLnB+/35Sr' + fi^LnB+e em que: I = idade; B = área basal por ha; e S = índice de local. O ajuste desse modelo aos dados de Pinus taeda resultou na função básica de produção: LnY = + pxS + p2 I~x + P-iLnB + e (13.3) A derivada dessa função informa sobre a taxa relativa de crescimento volumétrico, ou: dY/dl Y Esta forma da função mostra que a taxa relativa de crescimento volumétrico depende da idade do povoamento e da taxa relativa de crescimento em área basal; daí a necessidade de predição do crescimento em área basal. Em trabalho desenvolvido por Schumacher e Coile (1960), citados por CLUTTER (1963), sugeriu-se a função: Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 391 LnB =a0 +a}S + a2I 1 +a-iLn(Bi)I l+a4I 's em que 5, é a área basal numa idade inicial, definida pelos autores como 20 anos, para estimar as área basal da espécie enfocada. Diferenciando a função anterior em relação à idade, tem-se: JD - = Z_1 B (ot0 + axS -LnB} (13.4) dl Ao integrar esta expressão entre as idades A e h quaisquer, obtém-se: LnB2 = ~LnBx +a0^l-^-^ + a1^l-y-js1 (13.5) As expressões 13.3 e 13.5 constituem um sistema de equações consistente para prognosticar: - volume corrente; - volume futuro; - taxa de crescimento volumétrico; - área basal futura; e - taxa de crescimento em área basal. Utilizando um modelo de área basal diferente, ter-se-ão como resultado relações funcionais diferentes de 13.5. A função de produção 13.3 foi obtida para dados de Pinuspatula, em 1963, e por muitos anos foi usada em conjunto com a expressão 13.5, sendo o sistema de equações denominado modelo de Clutter. Entretanto, é importante lembrar que muitas vezes o modelo completo LnY=po+ [3}S + LnB + ^3/~' + fi4SLnB + [LSr[ + (d^r'LnB + e pode ser mais eficiente. Da mesma forma, em alguns casos outros modelos para estimar área basal podem ser necessários, em substituição ao modelo sugerido por Schumacher e Coile (1960), que é Ln (B) = a0 + cqS + a2I_1 + a3Ln(Bi)l~1 + a4I'{S . Exemplos de relações funcionais que podem ser avaliadas ao empregar o modelo de Clutter, para Y = Vz (ALCÂNTARA, 2012): LnV2 =Pq + + AA + + P^S\LnB2 +£ LnV2 = Pq + 21 "f 4" LnB2 + £ 392 Campos e Leite Ln V2 — 0q + P]12^ + 02 ^*1 ■*" 02 LnB 2 + 00S0nB 2 + £ LnV2 = 0o + 002 1 + ^3ëfi2 + A4/2 + £ •Í<W^2 = 00 + 002 1 "*■ 002 '^*1 "*■ 002 1LT1B2 + £ LnV2 = 0q+ 002 1 + 002 *^1 + 00>0hB2 + £ LnV 2 = 0 o + 0\12^ + 02 LnB 2 + 0(, S ] LnB 2 + £ LnV2 = 0q+ 1 + 05^2 iLnB2 + 06SxLnB2 + £ LnV2 — 0q + 002 1 + 0(>S\LnB 2 + £ LnV2 — 0q + 02$\ + 0^LnB2 + 002 ^1 + £ Ln V2 = 0q + 02 + 002}0 + 00 2^ LnB 2 + £ LnV2 = 0o + 02$\ + 002 I'S'l + 002 1 LnB2 + £ Ln V2 = 0O+ 00021 + 0sS0nB2 + 00\ + £ LnV2 = 0Ü+ 002lSx + 05S0nB2 + 00nB20l + £ LnV2 = 0o + 002^1 + 05S0nB2 + £ Ln V2= 0o + 03LnB2 + 002 + £ Ln V2= 0o + 002 St + 002LnBi + £ LnV2 = 0o + 02SX + 00nB2 + 002\LnB2 + £ Ln V2= 0o + 02S\ + 05S0nB2 + 000LnB2 + £ Ln V2= 0o + 02Sl + 000LnB2 + £ Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 393 LnV2 — /3q + P2LnB2 + PP2+ PP2 LnB2 + £ LnV2 = Po + P^S^LnB2 + PP2 '^í + PP2 ^LnB2 + £ LnV2 = Po+ P2LnB2 + pfI2'LnB2 + p5S{LnB2 + £ LnV2= Pq + Pp2 lLnB2 + P^S^LnB2 + £ Ln V2 = Po + Pp21 + PoPi + P3LnB2 + £ Conforme Alcântara (2012), alternativas que podem ser empregadas para estimar a área basal (B2) são: 1) LnB2 = Z,zíZ?1(Z1Z24) + a0(l-Z1Z2“1)+aJl-Z1Z“1)s'1 +£ 2) LnB2 = LnBx (IXI2X) + cr0 (1 - IJ2l)+ a} (1 - I{I21 )fídl + £ 3) LnHd, = LnHdy)+ a2(1 -I{I2)+£ LnB2 = LnBt (IJ2') + a0 (1 - IxI2r)+ tz, (1 - Z/”1 )ZZ<Z2 + £ 4) LnBt = Yq + //“' + y2S + £ A A A512 = Bi2 — Bix, obtida a partir da equação do item 4 A A B. = B, + A5, 2, Bi = área basal estimada na idade i. 5) LnB = cr0 + cr/-1 + cr2S + £ Esta quinta alternativa permite a inclusão de dados de parcelas com apenas uma medição. Isto é interessante em certos casos, uma vez que, no caso de plantios de eucalipto, ás vezes o percentual de parcelas com uma medição é relativamente alto, podendo chegar a 40% ou mais. O procedimento requerido nesta quinta alternativa é: a) Ajuste do modelo LnBt = /0 + YP~' + X2S + £ b) Ajuste do modelo LnV\ = Y3 + Yp^ + Ys$ + Y^LnB + E , sendo Vt a produção (m3ha ') na idade i. 394 Campos e Leite c) Estimar uma área basal compatível (5/c) com o volume (E/) numa idade atual (I): A A A A 51C = exp (Ln Vx - y3 - /41~l -y5S)/ yb d) Estimar um índice de consistência para a área basal por: ICB = exp(/0+ Zf1 + y2 S)/Bic e) Aplicar a equação da áreabasal para a idade de interesse, h, e obter a produção futura em área basal por: B2 = exp(y0 + /Z2 + y2S)/IcB f) Aplicar a equação obtida em b para a idade de interesse (I2) e obter a produção futura: A A A A v2 = exp(r3+ y4 iz + r5 +/6 ^2) O modelo do item a desta quinta alternativa pode ser substituído por outro, se houver maior exatidão. É sempre oportuno lembrar que 0 dado adequado para modelagem é aquele obtido de parcelas permanentes. Exemplo 13.8 - Como aplicar um modelo Como aplicar modelos de crescimento e produção? Considerações Os modelos podem ser aplicados diretamente a partir de sua forma tabular ou de gráficos. Com a maior flexibilização dos modelos e com as facilidades computacionais, surgiram duas formas de aplicação mais atuais por simulação e por otimização. A primeira emprega um software que gera tabelas ou gráficos para cada povoamento em particular, pois, considerando a diversidade de situações, pode se tomar inviável gerar tabelas para cada uma delas. Na segunda, é empregado um programa específico para 0 planejamento florestal, o qual, ao incorporar as estimativas oriundas do modelo, proporciona resultados para Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 395 diferentes restrições de ordem silvicultural, de colheita e econômica. A otimização busca maximizar (ou minimizar) uma função por meio de uma combinação de níveis de atividades. O emprego de um modelo sob qualquer dessas formas requer dados da população em foco. Para isso, com frequência são utilizados dados disponíveis de inventários florestais, sendo as estimativas do modelo por hectare expandidas para todo o povoamento. Na seleção das parcelas a serem utilizadas na aplicação de um modelo, uma boa alternativa é estratificar a população segundo algum critério de ordem silvicultural, por exemplo, espaçamento, capacidade produtiva, material genético, região e regime de corte. Com a estratificação, além de obter estimativas para cada estrato, é possível determinar a prognose ponderada para a população, o que resulta em um número mais confiável. Em situações reais, nem sempre existem parcelas em todos os talhões. Ainda, para idades muito jovens, muitas vezes não há informações disponíveis de inventário. Ao gerar um modelo de crescimento e produção, está implícito que, para propósito de manejo, esse modelo será aplicado a toda a floresta, implicando a necessidade de estimar a produção para toda a área reflorestada. Por vezes, é preciso também obter as expectativas para áreas disponíveis e ainda não reflorestadas. Essas situações resultam em algumas dúvidas sobre o efetivo uso de modelos de crescimento e produção. Quando existem dados de inventário numa idade qualquer, as projeções podem ser feitas diretamente aplicando o modelo e gerando prognoses ponderadas para áreas dos estratos ou, de modo mais eficiente, para áreas dos talhões onde existem parcelas de inventário. Contudo, quando não há parcelas permanentes, a prognose exige algumas premissas. Assim, é possível utilizar o centro da classe de local do talhão como o índice de local médio deste obtendo-se a área basal, numa idade corrente, usando uma regressão Si = flS), ajustada previamente com dados de parcelas existentes. Está implícito que algumas medições de altura de árvores dominantes seriam feitas no talhão onde não existe parcela permanente, para estimar o índice de local. O feixe de curvas de índices de local a ser utilizado seria aquele disponível para a área onde se encontra o referido talhão. 396 Campos e Leite Outra situação é quando uma área está disponível para plantio e se deseja prever os estoques de crescimento e de colheita. Uma possibilidade é admitir a semelhança dessa área a uma outra, na qual havería dados suficientes para se fazer uma prognose. Em algumas empresas, as expectativas de produtividade para essa área em diferentes idades são geradas por equipes multidisciplinares, considerando-se o material genético a ser plantado, o tipo de solo, o clima e as práticas silviculturais a serem empregadas. Noutros, são empregadas técnicas de inteligência artificial, como redes neurais artificiais, conforme Exemplo 13.22. Aplicação Um resumo dos resultados obtidos de um inventário realizado em um povoamento de eucalipto em 2004 é relacionado na Tabela 13.5. 0 objetivo é estimar a produção por ha de cada estrato e do povoamento em 2005, utilizando o modelo de Clutter, cujo sistema de equações é: g - + gl,608335-0,043987 <72; j-(l,128026 )_1 + gl,608335 -0,043987 (I) ^1.128026)'‘ y _ el.270448-38,54366/;'+0,0301865,+l,223803£»S2 Tabela 13.5 - Dados obtidos de um inventário realizado em um povoamento de eucalipto em 2004 Continua... Estrato Talhão Área (ha) Parcela Hd (m) Área Basal (m2ha 1) Idade (Meses) 1 1 45,60 1 26,1 36,20 62 2 30,4 32,02 62 3 26,5 35,30 62 2 65,00 4 30,3 33,33 73 5 30,1 34,23 73 6 26,3 36,87 73 Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 397 Tabela 13.5 - Cont. Estrato Talhão Área (ha) Parcela Hd (m) Área Basal (m2ha 1) Idade (Meses) 2 3 84,00 - - - - 4 68,00 7 26,9 36,18 88 8 30,6 34,02 88 9 29,3 26,25 88 5 75,00 10 24,3 35,11 64 11 32,6 30,20 64 12 28,8 30,37 64 13 25,6 39,43 64 14 33,3 34,14 64 As áreas basais médias de cada talhão em 2004 foram: Staihão í = (36,20 + 32,02 + 35,3O)/3 = 34,51 mW1 Btaihao 2 = (33,33 + 34,23 + 36,84)/3 = 34,80 m2ha4 Btaihão4 = (36,18 + 34,02 + 26,25)/3 = 32,15 mW Btaihão 5 = (35,11 + 30,20 + 30,37 + 39,43 + 34,14)/5 = 33,85 mW As alturas dominantes médias de cada talhão em 2004 foram: ^taihão i = (26,1 + 30,0 + 26,5)/3 = 27,7 m 7/í/talhão 2 = (30,3 + 30,1 + 26,3 )/3 = 28,9 m 7Wtaihão4 = (26,9 + 30,6 + 29,3)/3 = 28,9 m Hd taihão 5 = (24,3 + 32,6 + 28,8 + 25,6 + 33,3)/5 = 28,9 m Com as estimativas de altura dominante média de cada talhão e correspondentes idades, utilizando a expressão do índice de local, obtém- se. ótaihão i 30,0 m, íStaihão 2 28,7 m, «Staihão 4 26,7 m, e iStaihão 5 30,8 m. A área basal e o volume projetados para 2005, para o talhão 1, são: Zn(34,50)( — |+3,842906| 1-—| B2=e l74j 1 74J =36,24 m2ha4 1,270448-38,54366—+0,030186(30,0)+l,223803Z»(36,24) ^2005 = e 14 = 423,70 m3ha’ 398 Campos e Leite As áreas basais e os volumes esperados por ha em 2005, para todos os talhões, estão relacionados na Tabela 13.6. Tabela 13.6 - Estimativas observadas em 2004 e projetadas para 2005 Talhão Área (ha) B B (m2ha‘I) em 2005 V (rrPha1) em 2005 Hd em 2004 (m2ha_1) em 2004 S em 2004 Idade em 2005 1 45,60 27.7 34.51 30,0 74 36.24 423.70 2 65,00 28.9 34.81 28.7 85 36.28 436.41 3 84,00 4 68,00 28.9 32.15 26.7 100 33.62 400.15 5 75,00 28.9 33.85 30.8 76 35.61 430.51 As estimativas de produção para os estratos 1 e 2, em 2005, são: VZM5(estrato 1) ~ (423,70)(45,60) + (436,41)(65,00) 45,60 + 65,00 =431,17 m3ha_1. ^2005(estrato 2) - (400,15)(68,00) + (430,51)(75,00) 68,00 + 75,00 = 416,07 m3ha_1. A estimativa de produção, em 2005, ponderada para a população, é: V2005=^20X110’60) + <423-16X143-00)=422,66 mW. 110,60 + 143,00 Observe que as estimativas de produção por estrato e para o povoamento são ponderadas para as respectivas áreas dos talhões e estratos. O talhão 3 do estrato 2 não foi projetado, por não existirem dados de parcelas de inventário no mesmo, podendo a expectativa produção ser obtida conforme considerações neste exemplo. Quando o volume atual for conhecido, a área basal futura (ft) pode ser projetada a partir de uma área basal compatível com esse volume. Esta área é obtida empregando-se a equação de produção em volume, utilizando os inputs h, Vie Si. Assim: Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 399 Ln K2 = 1,270448- 38,54366— + 0,030186 ) +1,223 803£.mS2 ^2 LnV2 -1,270448+38,54366—-0,030186(5]) = 1,223803ã«S2 ^2 Para a idade atual, InK]-1,270448+38,54366—-0,030186(5]) = l,223803ÄBc A ( i ) Ln K] -1,270448+38,54366---- 0,030186( 5',) I\ 1,223803 B —ec B2 Zn(Bc)(yL^+3,842906^1-y- Quandoo objetivo for aplicar modelos de crescimento e produção visando determinar a produtividade média em uma idade definida, em anos, Ix, o seguinte procedimento deve ser seguido: a) projetar, para a idade x, a produção de todos os talhões com idade atual menor que Ix -0,25 (3 meses); b) para o intervalo /x-0,25 <= idade atual <= Ix +0,25 considerar a produção atual como produção na idade Ix; c) para idade atual maior que Ix +0,25 buscar a produção observada quando a idade se encontrava entre Ix -0,25 e Ix +0,25. A produtividade média para a idade Ix será igual à média ponderada dessas produções dividida pela idade Ix. Outra opção é atualizar (projetar) a produção independente do número de meses. Quando o usuário quer projetar a produção de um conjunto de talhões para anos subsequentes, pode ser necessário fixar uma data para projeção anual (por exemplo, 31 de dezembro), porque as parcelas permanentes são mensuradas ao longo de alguns meses do ano. Dependendo da abordagem utilizada no planejamento florestal hierárquico, de longo prazo, isso pode ser necessário. O emprego da área basal compatível com Vi garante consistência em relação ao volume, porém qualquer viés nos inputs pode resultar em inexatidão. Por isso, além de consistir os dados antes de fazer a projeção, o usuário deve avaliar o benefício do emprego do índice e, se 400 Campos e Leite for o caso, para alguns compartimentos, usar o próprio B\ observado como input para obter Bi e V2. Exemplo 13.9 - Aplicando 0 modelo de Clutter As estimativas de parâmetros contidas na Tabela 13.7 foram obtidas do ajustamento do modelo a seguir, empregando a idade em meses. Considerando que a área basal numa idade inicial de 24 meses (B24) pode ser expressa pela equação apresentada a seguir, exemplificar, por meio de gráficos e tabela, algumas aplicações do modelo em povoamento não desbastado, para índices de local 20,26 e 32 m. B24 =-l 1,21003+1,12133355-0,0096669S2 Modelo: Ln (V2) = /3q+ PxI2l + Pi *^1 + Pj,LnB2 + Lnc Ln (B2) = LnB\ + «o 1-4- l ^27 + íXj ( 1—L S}+Lne'1V2 J em que: /] e /2 = idade atual e futura, respectivamente; Kj e V2 — volumes nas idades I\ e I2 , respectivamente; = índice de local na idade atual I{; e Bx = área basal atual. Tabela 13.7 - Coeficientes do modelo de crescimento e produção e respectivas estatísticas Variáveis    ou a0 ou Of] R2 CV LnVi 1,58290 -16,2640 0,016538 1,2065000 0,97 1,24 LnBi 0 1 3,539000’ -0,0093756" 0,99 5,48 * Estimativa de 00; ** estimativa de ou. Solução A Figura 13.1 e a Tabela 13.9, tabela de produção, obtidas a partir das equações fornecidas, permitem interpretações importantes para efeito de manejo florestal, sobressaindo 0 efeito do melhor índice de Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 401 local na antecipação da idade técnica de colheita. Interpretações complementares podem ser entendidas na Tabela 13.8, mostrando diferentes idades de corte, de acordo com a capacidade produtiva. Observar que a produção de 146,06 m3ha_l na classe II não pode ser comparada diretamente à produção de 143,34 m3ha’ da classe III, uma vez que as idades de corte são diferentes. Idade (meses) Figura 13.1 - Curvas de produção e de incremento para três índices de local. 402 Campos e Leite As idades de colheita indicadas na Tabela 13.8 foram obtidas observando a coluna do IMMna Tabela 13.9. As idades em meses, em que os IMMs são exatamente iguais aos ICMs, são 32, 41 e 56 para as classes I, II e III, respectivamente. Além da indicação da idade de colheita, o emprego deste modelo também permite avaliar fatores de produção na condução de um plano de manejo. São exemplos: efeito de tratamentos silviculturais; definição da época de proceder a cortes para um contínuo abastecimento e garantia de produção sustentável; decisão sobre reforma ou condução de brotação; e efeitos da adubação pós-desbaste. Tabela 13.8 - Idade técnica de colheita e produção por hectare para diferentes índices de local Classe de Produtividade B\ aos 24 Meses (m2ha'') I TC (Meses) Produção (m3ha 1) I (S = 32) 14,77 32 151,00 II (S = 26) 11,41 41 146,06 III (S= 20) 7,35 56 143,34 Modelos de crescimento e produção em nivel de povoamento 403 SO s© tF SO tF 00 o- © tFos 00 s© rj r- SO UT Os tF TF cr tF tF tF tF cr cr cr ri ri ri ri ri o 00 O 00 cr O' o- cr SO © tFTF SO 00 O- 00 cr os TF tF ur cr rq© 1—« — oo 00 SO Os o- tFIT) O; r O- sq sq ur K) cr 1—4 TF TF Tf TF tF tF tF TF Ti tf tF TF O o O so O cr 00 04 er SO S© Ol o sq 00 ur 1—1 O; © sq © tF 00 s© — <ri 00 tF 00 r-i © os ri Tj-o TF MT so 00 00 Os n cr crr—< T—1 n n n n r- cr tF Ol 00 cr O' © 00 r-r- O; Os o- er SO. tf 1—< n tf S© só O o 00 00 00 os © © ©r—< 1 1 -H n n n 00 00 00 Os n TF S© © tF 00l/T tF er © r^- SO ir © sq i/s Tf tt Ti tF tF cr cr cr cr ri ri ri cr UT os OO Os tf oo © tF sr nO r~ o OS 00 O n cr © cr r-00 o tF S© Ol SO sc SO n n ©© TF tF tF ur in i/s TF tF er oi CT er er er cr er cr cr cr cr cr cr Os tF tF SO Os © n s© tf o- sq tF O tF O in sq 1—4 sq irí © tF r^ oi s© Os Os 00 cr l>. O 1—< Ol tF tF tF SO 00 © © 1 »—i »—4 T—4 s© cr o O © © un cr S© 00 tF 00 tF ri cr ur ir sq r; 1—4* cr tF tF i/S só SO s© o^ oo 00 00»—i 1—4 T-4 cr 00 SO O' OI O- SO l s© no- O- sq ur cr cr rq Os sq ir wr er er cr cr cr cr cr ri ri ri ri (T r- o o- 00 Os © cr r~ r- ©1— r- 00 »zs tF Os n n 1—4 © © ©© o- Ol o- OS © cr ur cr ur in irur © Ol TF tF tF ur in wr T—1 oi oi ri oi ri oi ri ri ri ri ri © TF Ol O 00 SO Os cr n o- ©- © © »rs oo r- TF cr S© 00 oo CT TF SO 00 s© IO oi 00 s© Os © Os ri © n © TF cr tF uS TF or © <r 00 © sO n sq os tF r- © ri ri cr tF wS só 16 .5 9 15 3. 14 2. 55 24 2. 38 19 .1 2 20 0. 76 3. 34 61 2. 32 20 .5 0 24 1. 10 4. 01 83 2. 18 18 .1 6 17 8. 70 2. 48 19 1. 93 20 .2 5 22 5. 10 3. 12 64 1. 81 21 .2 6 26 3. 57 3. 66 07 1. 65 19 .3 7 19 9. 52 2. 37 52 1. 58 21 .1 0 24 4. 27 2. 90 79 1. 44 21 .8 2 28 0. 90 3. 34 40 1. 29 20 .3 3 21 6. 71 2, 25 74 1. 32 21 .7 6 25 9. 71 2. 70 53 1. 17 22 .2 5 29 4. 63 3. 06 91 1. 03 404 Campos e Leite Exemplo 13.10 - Modelo de Clutter com desbastes Exemplificar, por meio de gráficos e tabela, aplicações do modelo de Clutter para simular crescimento de uma plantação não desbastada, com as seguintes condições: a) Empregar o modelo do Exemplo 13.9. b) Considerar um índice de local de 20 m. c) Considerar a área basal inicial aos 24 meses de 7,35 m2, calculada no Exemplo 13.9. d) Considerar um desbaste de 50% da área basal na idade de máximo IMA em m3ha_1. Considerações A tendência das curvas de crescimento de uma plantação, após a realização de desbaste, pode variar com determinadas características do povoamento original e com a intensidade de desbaste realizado. Para simular desbaste numa plantação não desbastada, admitem-se as mesmas tendências de crescimento antes do desbaste e após. Nesse caso, as relações funcionais apresentadas no Exemplo 13.9 podem ser utilizadas. Para simular desbaste em plantações originalmente desbastadas, recomenda-se inserir uma expressão de desbaste no modelo original (Exemplo 13.12). Solução Resolvendo as equações com os inputs estabelecidos, obtêm-se os resultados indicados na Tabela 13.10 e Figura 13.2. A idade técnica do primeiro desbaste ocorreu aos 56 meses. Um desbaste nesta idade, com redução de 50% da área basal, resultou em uma idade técnica para o segundo desbaste (ou corte final) de 102 meses (Figura 13.2). Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 405 Tabela 13.10 - Tabela de produção de densidade variável para índice de local 20, área basal inicial aos 24 meses de 7,35 m2 e desbaste de 50% da área basal na idade de máximo IMM Valores entre parênteses indicam as quantidades desbastadas. Idade Área Basal Volume IMM IMM (meses) (m2ha 1) (mW) Remanescente 24 7,35 38,191,59 1,59 34 10,95 75,44 2,22 2,22 36 11,55 82,61 2,29 2,29 41 12,90 99,71 2,43 2,43 48 14,48 121,50 2,53 2,53 56 15,96 (7,98) 143,34 (81,24) 2,56 1,11 60 8,69 70,17 1,17 72 10,59 93,25 1,30 84 12,20 114,26 1,36 96 13,57 133,06 1,39 102 14,18 141,67 1,39 406 Campos e Leite Idade (meses) Figura 13.2 - Curvas de produção e de incrementos anuais (ICMqIMM) para índice de local 20, área basal inicial aos 24 meses de 7,35 m2 e desbaste de 50% da área basal na idade de máximo IMM. Exemplo 13.11 - Intensidade ótima de desbaste Admitindo-se a idade definida para o primeiro desbaste, para um índice de local 20, conforme Exemplo 13.10, como determinar a intensidade ótima de desbaste, do ponto de vista econômico, e a idade do segundo desbaste? Considerações Estudos de custo em práticas de manejo florestal são conduzidos com frequência, independentemente de estudos de crescimento e produção; porém, uma combinação entre informações de custo e do crescimento florestal constitui boa opção para análise financeira em decisões de manejo. Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 407 No Exemplo 13.10, para um índice de local 20, a idade definida para o primeiro desbaste foi de 56 meses, com base na maximização do incremento médio mensal. Ainda nesse Exemplo foi simulada uma redução de 50% da área basal aos 56 meses, resultando em uma idade de 102 meses para o próximo desbaste, ou corte final (Figura 13.2). A Adoção de outras intensidades de desbaste aos 56 meses resultará em idades distintas para o segundo desbaste. Assim, com propósito de ilustração, aqui é apresentada uma solução com a adoção de uma intensidade ótima de desbaste, admitindo-se que: custo de plantio = R$2.500,00/ha; custo de condução = R$12,00/ha; custo da colheita no primeiro desbaste = R$15,00/m3; custo da colheita no segundo desbaste = R$12,00/m3; custo da colheita no corte final = R$10,00/m3; preço da madeira do primeiro desbaste = R$40,00/m3; preço da madeira do segundo desbaste = R$70,00/m3; preço da madeira da colheita final = R$200,00/m3; e taxa de juros = 12% a.a. e taxa de inflação é igual a zero. Uma alternativa para encontrar a intensidade ótima de desbaste na idade definida consiste em calcular o Benefício Periódico Equivalente (BPE) para diferentes intensidades, adotando-se a que resultar em maior BPE.. Efetuando os cálculos para desbastes entre 20% e 80% da área basal remanescente na idade de máxima produtividade (IMA), encontram-se os resultados da Figura 13.3. Os resultados dessa figura foram obtidos por meio de um simulador de desbastes, Thinning 3.1 (sistema freeware que pode ser solicitado diretamente aos autores). Com os inputs fornecidos, definiu-se um peso de desbaste de 20% na primeira e na segunda ocasião (56 e 71 meses), com o corte final aos 90 meses. Neste exemplo, o desbaste é economicamente inviável, uma vez que o manejo sem desbaste, com o corte na idade de máximo IMA (56 meses), resulta em BPE de R$305,03 ha, que é superior ao BPE máximo encontrado na simulação (R$171,58/ha). Considerando o desbaste indicado na Figura 13.2, de 50% da área basal aos 56 meses, obtém-se o resultado da Figura 13.4, com um BPE de R$134,63/ha. Como ilustração, foram mantidos no exemplo de saída do sistema Thinning o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retomo (TIR) e a Razão Receita/Custo (R/C). 408 Campos e Leite Figura 13.3 - Regime ótimo de desbaste obtido com o simulador de desbastes Thinning 3.1. Figura 13.4 - Resultado da avaliação econômica de um desbaste de 50% da área basal remanescente aos 56 meses e corte raso aos 90 meses, obtido com o simulador Thinning 3.1. Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 409 Exemplo 13.12 - Projeção de crescimento em plantação desbastada Como expressar tendências de crescimento de povoamentos desbastados e não desbastados utilizando-se um mesmo modelo? Considerações De acordo com o Exemplo 13.10, a diferença de taxa de crescimento em área basal entre povoamento desbastado e não desbastado, para uma mesma capacidade produtiva e número de árvores inicial, depende da idade de realização do desbaste e de sua intensidade. Uma alternativa para predição da área basal, que contempla tendências de crescimento de plantações desbastadas e não desbastadas, conforme Pienaar e Shiver (1986), é o emprego do seguinte modelo geral: LnB = PO + PJ-1 + P2LnN + faLnHd + p^LnN + fi^LnHd + + £ em que: NdeNr = número de árvores desbastadas e remanescentes após o último desbaste; e Id = idade de realização do último desbaste e as demais variáveis conforme definido em outros exemplos. O termo A*7* modifica a área basal de uma plantação não NrI desbastada, de determinada idade, número de árvores por hectare e altura dominante média, de forma a predizer a área basal para uma compatível plantação desbastada. Fazendo I = Iiq simplificando, o modelo anterior pode ser assim escrito: sÁ Nd'd\ = e^+P^ N^^riHd^rle J + e Para h > h, B ( N“'d NdC\ B2 = 51eA('/2’1_'Hd;h~p>1''e N'1' ' + e 410 Campos e Leite O sistema de equações que compõe o modelo de Pienaar e Shiver (1986) é, portanto: . , , , , , «.( NdId NdId\B2 = N-h- Ĵ + e LnV2 = /3q + /3\ / /2 + B2B\ "*■ P^LnB 2 + £ Como as variáveis Hch. e N2 são também estimadas, as seguintes funções são acrescentadas no sistema anterior: Hd2 = f(Il,I2,Hdl) N2=f(I1,I2,Nl) Exemplos de modelos são: K-q Hd2 = /Wie-/(/2-7i) e N2= Nxe 11' Quando os desbastes são realizados antes do início da competição, admite-se a não ocorrência de mortalidade, e a função N2 = f{Ix,I2,Nx) é desnecessária, implicando simplificação do sistema: „ ( Nrllj )B2 = 51/1(í2^Hd^p^Hd^^e ' + £ LnV2 = /I2 + @2SX + PyLtiB2 + e Hd2= f (I\,I2, Hd}) Para controlar a intensidade do desbaste pela área basal, utilizando-se o sistema de equações de Pienaar e Shiver (1986), pode z ,/3 ser empregada a função de Field et al. (1978), 2L = ML , que permite transformar a relação entre áreas basais desbastada e remanescente, em frequências desbastada e remanescente, , ou transformar a Br' ' Nr relação entre L em L, sendo Nt = Nr + Nd e Bt = Br + Bd (Figura Nt Bt b 13.5), e r, d e r indicam, respectivamente, total, desbastado e Modelos de crescimento e produção em nível de povoamento 411 remanescente. A expressão de Field et al. (1978) se aplica no caso de desbastes seletivos. Quando o desbaste é sistemático, com eliminação de fileiras inteiras ou de árvores em distâncias fixas uma das outras, é esperada uma equivalência entre Bd e Nd. Outra alternativa para predição e projeção de crescimento de plantação submetida a desbaste é acrescentar o termo N-dId - Nd—d ou ArZ2 NrI\ BI BI -4-4-—4_d_ na equação de área basal do modelo de Clutter (1963), BrZ2 S,./, resultando no seguinte sistema: Lw (y2 ) = fio + fidl^ + Z^2 *^1 + fi^,ljnB2 + Lne L.M.U3. [l-Ajs, em que S] = índice de local na idade A. Aplicação Para demonstrar possíveis vantagens da inclusão de termos que expressem mudanças mais fidedignas na tendência da curva de crescimento em plantação desbastada, foram empregados dados oriundos do experimento de desbaste estabelecido pelos autores, em 1992, em plantações do híbrido Eucalyptus urophylla vs. Eucalyptus grandis, em áreas da companhia Copener Florestal Ltda., atualmente Bahia Pulp, na região nordeste da Bahia, com as seguintes características geográficas e climáticas: Município LatitudeMédia (°) Longitude Média (°) Altitude Média (m) Precipitação Média Anual (mm) Entre Rios 11° 52' 38° 32' 285 900 Inhambupe 12° 03' 38° 28' 290 1.100 Esplanada 11° 47' 37° 55' 150 1.200 412 Campos e Leite O experimento foi constituído de três instalações (installations), abrangendo locais de capacidades produtivas extremas e intermediárias, composto de quatro tratamentos distribuídos em seis blocos, sendo dois em cada instalação. Cada bloco continha duas repetições, totalizando 48 parcelas, com área útil de 2.600 m2 cada uma. O espaçamento inicial
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