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ATLS – CHOQUE CIRCULATÓRIO - Choque Circulatório: - Anormalidade do sistema circulatório - Perfusão orgânica e oxigenação tecidual inadequadas - Passo inicial: Reconhecer a presença do choque - Nenhum sinal vital ou teste de laboratório pode diagnosticar o choque - Diagnóstico Clínico: Avaliação clínica da presença de perfusão e oxigenação tecidual inadequadas - Segundo passo: Identificar sua provável causa - Mecanismo de trauma - Choque Hipovolêmico (hemorragia) - Causa mais comum de choque no doente traumatizado - Choque Cardiogênico (trauma contuso do coração) - Choque Obstrutivo (tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, etc) - Redução do retorno venoso – pneumotórax - Redução da contratilidade miocárdica – tamponamento cardíaco - Choque Distributivo (choque anafilático, choque séptico) - Choque Neurogênico (lesão extensa de medula espinal, no nível da coluna cervical ou torácica) - Não resulta de trauma de crânio isolado, geralmente - Vasodilatação e hipovolemia relativa 1) Fisiologia Cardíaca Básica: - Débito Cardíaco: - Volume de sangue bombeado pelo coração a cada minuto e é determinado pelo produto da FC e do VS - VS (volume sistólico) – quantidade de sangue bombeado a cada contração cardíaca - Determinado pela pré-carga, contratilidade miocárdica e pós-carga - Pré-Carga: - Volume Diastólico Final (VDF) – retorno venoso - Capacitância Venosa – volume de sangue no sistema venoso - Sistema Venoso pode ser considerado um reservatório de sangue - 70% do volume sanguíneo total pode estar contido no sistema venoso - Relações entre volume de retorno venoso e pressão venosa descrevem a complacência do sistema - Gradiente de pressão movimento o fluxo venoso e determina o volume de retorno venoso ao coração - Estado da Volemia – volume de sangue total - Diferença entre a pressão venosa sistêmica e a pressão do átrio direito - Contratilidade Miocárdica: - Volume sanguíneo que volta para o coração – VDF – determina o comprimento das fibras musculares miocárdicas - Lei de Frank-Starling - Maior retorno venoso – maior VDF - Maior distensão – maior contratilidade - Maior VS – maior DC - Reflexo de Bain-Bridge - Maior retorno venoso – maior VDF - Maior distensão no nó SA – maior FC – maior DC - Pós-Carga: - Resistência Vascular Sistêmica – Resistência Periférica Total (RPT) - Resistência ao fluxo sanguíneo (arterial) OBS: Pressão Arterial Média (PAm): PAm = DC x RPT - Fisiopatologia da Perda Sanguínea: - Mecanismos de Compensação: (respostas circulatórias precoces à perda sanguínea) - Vasoconstrição progressiva da circulação cutânea, muscular e visceral - Preservar o fluxo sanguíneo aos rins, coração e cérebro - Aumento da FC – tentativa de preservar o débito cardíaco - Taquicardia representa o sinal circulatório mensurável mais precoce do choque - Aumento da RPT - Catecolaminas endógenas - Aumento da pressão diastólica - Redução da pressão de pulso (PP) – pressão diferencial - PP = PS – PD - Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular - Liberação de substâncias vasoativas (histamina, bradicinina, etc) – mediadores inflamatórios - O retorno venoso na fase inicial do choque hemorrágico é preservado em algum grau pelo mecanismo de compensação pela redistribuição do volume sanguíneo no sistema venoso - Efeito limitado - Maneira mais efetiva de restaurar o DC e a perfusão: - Restabelecimento do retorno venoso ao normal - Localização e interrupção do foco de sangramento - Reposição volêmica apropriada - Células perfundidas e oxigenadas inadequadamente ficam privadas de substratos essenciais para o metabolismo aeróbio e produção de energia - Fermentação Láctica – formação de ácido láctico – acidose metabólica - Membrana celular perde a capacidade de manter sua integridade e o gradiente elétrico desaparece - Liberação de mediadores inflamatórios – óxido nítrico, TNF e outras citocinas - Dano orgânico progressivo - O choque se sustenta – choque progressivo - O choque gera mais choque - Alterações na permeabilidade endotelial, edema tecidual e morte celular - Tratamento Inicial do Choque: - Restabelecer a perfusão celular e orgânica com sangue adequadamente oxigenado - Controle da hemorragia - Restabelecimento do volume circulante adequado - Vasopressores são contraindicados – pioram a perfusão tecidual - Monitoração dos índices de perfusão - Identificar os doentes em choque compensado ou aqueles que são incapazes de montar uma resposta compensatória antes do colapso cardiovascular - Doentes traumatizados em choque hipovolêmico exige uma intervenção cirúrgica precoce ou uma angioembolização 2) Avaliação Inicial: - Reconhecimento do Choque: - Choque circulatório profundo – colapso hemodinâmico com perfusão inadequada da pele, dos rins e do SNC – facilmente reconhecido - Após assegurar a via aérea e a ventilação adequada - Avaliação cuidadosa das condições circulatórias do doente para identificar precocemente as manifestações do choque - Taquicardia - Vasoconstrição cutânea - Confiar exclusivamente na pressão sistólica resulta em reconhecimento tardio do estado de choque - Mecanismos de compensação podem evitar uma queda mensurável na OS até uma perda de 30% da volemia - Monitoração dos Sinais Vitais: - Frequência Cardíaca - Frequência Respiratória - Perfusão Cutânea - Pressão de Pulso - Os sinais mais precoces de perda de volume sanguíneo são taquicardia e vasoconstrição cutânea - Todo doente traumatizado que está frio e taquicárdico (FC > 100 bpm, em adultos) está em choque, até que se prove o contrário - Perda aguda de volume sanguíneo pode estar associada a uma FC normal ou mesmo bradicardia - Monitorar outros índices de perfusão - Doentes idosos podem não apresentar taquicardia devido a limitação da resposta cardíaca ao estímulo das catecolaminas ou ao uso de betabloqueadores - Redução da pressão de pulso sugere perda sanguínea significativa e ativação dos mecanismos de compensação - Níveis de hematócrito ou concentração de hemoglobina não são métodos confiáveis para estimar a perda sanguínea aguda - Perdas sanguíneas maciças podem produzir decréscimo mínimo do hematócrito ou da concentração de hemoglobina - Causas do Choque: - No doente traumatizado, o choque pode ser classificado como hemorrágico ou não hemorrágico Choque Hemorrágico (Hipovolêmico): - Hemorragia – causa mais comum de choque após trauma - Todo doente com traumatismos múltiplos tem um componente de hipovolemia - Aplicar reposição volêmica a todos os pacientes em choque - A maioria dos estados de choque não hemorrágico responde à reposição volêmica, ainda que parcial ou transitoriamente - Após iniciar o tratamento de reposição, é importante identificar o pequeno número de doentes nos quais o choque é causado por outra etiologia - Controle da hemorragia – cirurgia ou angioembolização (Prioridade) Choque Não-Hemorrágico: o Choque Cardiogênico: - Disfunção miocárdica: - Traumatismo fechado do coração - Tamponamento Cardíaco - Embolia Gasosa - IAM associado ao trauma - Suspeitar de traumatismo fechado do coração sempre que a desaceleração rápida for o mecanismo da lesão torácica - Trauma fechado do tórax: - Monitoração com ECG contínua - Determinar a presença de arritmias ou de traçados sugestivos de lesão - Níveis sanguíneos da isoenzima CK - Ecocardiograma pode ser útil, mas na prática, toma muito tempo - FAST pode identificar a presença de líquido no pericárdio - Monitoração precoce da Pressão Venosa Central (PVC) - Orientar a reposição volêmica o Tamponamento Cardíaco: - Maiscomum em ferimento penetrante do tórax - Pode ocorrer como resultado de contusões torácicas - Tríade de Beck: - Hipotensão, com taquicardia - Não responsiva à reposição volêmica - Bulhas abafadas - Turgência Jugular - A ausência desses sinais não exclui o tamponamento cardíaco - Pneumotórax Hipertensivo pode simular o tamponamento cardíaco - Pericardiocentese – manobra paliativa temporária - Toracotomia – tratamento definitivo o Pneumotórax Hipertensivo: - Ausência de murmúrio vesicular - Timpanismo à percussão do hemitórax afetado - Mecanismo valvular que permite a entrada de ar no espaço pleural, mas não a sua saída - Pressão intrapleural aumenta progressivamente - Colapso total do pulmão - Desvio do mediastino para o lado oposto - Insuficiência respiratória aguda - Diminuição do retorno venoso e do DC - Punção por agulha calibrosa na linha hemiclavicular e no segundo espaço intercostal - Permite a saída do ar e a redução da pressão - Toracocentese o Choque Neurogênico: - Lesões intracranianas isoladas não causam choque - Presença de choque em um doente com trauma isolado de crânio indica a necessidade de investigar outras causas de choque - Lesão medular cervical ou torácica alta - Hipotensão por perda do tônus simpático - Hipovolemia acentua a denervação simpática – progressão - Hipotensão sem taquicardia e sem vasoconstrição cutânea - Devem ser tratados inicialmente como se estivessem hipovolêmicos - Monitoração da PVC pode auxiliar no tratamento o Choque Séptico: - Choque por infecção - Raro, imediatamente após o trauma - Pode ocorrer se o paciente demorar chegar ao PS - Ferimentos penetrantes do abdômen com contaminação peritoneal por conteúdo intestinal - Pode apresentar febre – septicemia - Doentes hipotensos e afebris são de difícil diferenciação daqueles em choque hipovolêmico - Taquicardia - Vasoconstrição Cutânea - Diminuição do débito urinário - Diminuição da Pressão Sistólica - Pulso fino 3) Choque Hemorrágico: - Hemorragia: - Perda aguda de volume sanguíneo - Causa mais comum de choque no doente traumatizado - Volume sanguíneo normal de um adulto: 7% do seu peso corporal - Aproximadamente 5L de sangue circulante - Graus (Classes) de Hemorragia: Hemorragia de Grau I (Classe I): - Condição do doador de uma unidade de sangue (500ml) - Perda de até 15% do volume sanguíneo – perda mínima - Taquicardia leve - Não ocorrem alterações mensuráveis na pressão arterial, na pressão de pulso ou na frequência respiratória - Não exige reposição volêmica - Mecanismos de compensação são suficientes Hemorragia de Grau II (Classe II): - Hemorragia não complicada - Perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (750-1500 ml) - Taquicardia - Taquipneia - Diminuição da pressão de pulso - Elevação da pressão diastólica em resposta aos altos níveis de catecolaminas - Pressão sistólica muda muito pouco no início do choque hemorrágico - Débito urinário de 20-30 ml/h - Reposição de cristaloides (Ringer Lactato) – pode ser necessária transfusão de sangue Hemorragia de Grau III (Classe III): - Estado hemorrágico mais complicado - Perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (1500-2000 ml) - Taquicardia acentuada - Taquipneia - Alterações significativas do estado mental - Queda mensurável da pressão sistólica - Reposição, no mínimo, de cristaloides e, geralmente, transfusão de sangue e concentrado de hemácias - Necessidade imediata de interromper a hemorragia - Cirurgia de emergência - Embolização Hemorragia de Grau IV (Classe IV): - Evento pré-terminal – ameaça imediata à vida - Medidas terapêuticas agressivas devem ser adotadas - Perda de mais de 40% do volume sanguíneo (mais de 2000 ml) - Taquicardia acentuada - Diminuição significativa da pressão sistólica - Pressão de pulso pinçada - Pressão diastólica não mensurável - Débito urinário desprezível - Rebaixamento do nível de consciência - Pele fria e pálida - Transfusão rápida e intervenção cirúrgica imediata - Perdas volêmicas superiores a 50% determinam inconsciência, diminuição da pressão de pulso e da pressão sanguínea - Vários fatores podem confundir a resposta hemodinâmica clássica à perda de sangue: - Idade - Gravidade do trauma – tipo e localização - Intervalo de tempo entre o trauma e o início do tratamento - Reposição volêmica pré-hospitalar - Medicamentos OBS: É perigoso aguardar que o doente traumatizado se enquadre numa classificação fisiológica antes de iniciar a restauração agressiva de volume - Controle da hemorragia e reposição com solução balanceada devem ser iniciados precocemente - Doente sangrando precisa de sangue e precisa parar de sangrar! 4) Abordagem Inicial do Choque Hemorrágico: - Exame Físico: - Diagnóstico e tratamento do choque devem ocorrer quase simultaneamente - O tratamento é instituído presumindo choque hipovolêmico – reposição de volume - O princípio básico do tratamento é: interromper o sangramento e repor as perdas! - Avaliação do ABCDE - Via Aérea e Ventilação (A e B): - Estabelecimento de uma via aérea permeável e oxigenação adequada - Prioridade - Manter a saturação de hemoglobina em níveis maiores que 95% - Circulação – controle da hemorragia (C): - Controle da hemorragia externa - Pressão direta sobre o local - Torniquete - Controle cirúrgico ou angiográfico de hemorragias internas - Obtenção de acesso venoso adequado - Avaliação da perfusão tecidual - Lençol ou cinta pélvica – fraturas pélvicas - O restabelecimento da perfusão tecidual dita o volume de líquidos a ser infundido - Distúrbio Neurológico (D): - Exame neurológico rápido - Nível de consciência – GCS - Movimentação ocular - Resposta da pupila – reflexo fotomotor - Função motora - Nível de sensibilidade - Avaliação da perfusão cerebral - Modificações na função do SNC podem refletir perfusão e oxigenação inadequada - Investigar isso, antes de atribuir os achados a TCE - Acompanhamento da evolução de distúrbios neurológicos - Valor prognóstico - Exposição – exame completo (E): - Após realização das manobras prioritárias de reanimação - Doente deve ser despido e examinado “da cabeça aos pés” - Pesquisa de lesões associadas - Prevenção da hipotermia - Líquidos aquecidos - Técnicas de reaquecimento externo passivo e ativo OBS: Dilatação Gástrica – Descompressão: - Dilatação gástrica é frequente no trauma (especialmente em crianças) - Causa de hipotensão inexplicada ou de arritmias cardíacas - Aumenta o risco de aspiração de conteúdo gástrico - Complicação potencialmente fatal - Descompressão: - Introdução de um tubo naso ou orogástrico conectado a um equipamento de aspiração - Remover o conteúdo gástrico - Não previne totalmente o risco de aspiração OBS: Sondagem Vesical: - Permite a avaliação da presença de hematúria - Retroperitônio pode ser o foco significativo da perda sanguínea - Monitoração constante da perfusão renal – debito urinário - Sangue no meato uretral ou próstata deslocada cranialmente é contraindicação absoluta à inserção de um cateter transuretral - Necessária a confirmação radiográfica da integridade da uretra - Acesso Vascular: - Deve ser obtido rapidamente - Inserção de dois cateteres intravenosos periféricos (calibre mínimo 16G no adulto) - Antes de considerar qualquer Acesso Venoso Central (AVC) - Lei de Pouiseuille: - A velocidade do fluxo é proporcional à quarta potência do raio e inversamente proporcional ao comprimento - Maior raio – maior fluxo / Menor comprimento – maior fluxo - Para infusão rápida de grandes volumes de líquidos utilizar cateteres curtos ecalibrosos - Utilizar líquidos aquecidos e bombas de infusão rápida quando houver hemorragia maciça ou hipotensão grave - Locais mais adequados para Acesso Venoso Periférico: - Veias Antecubitais (antebraço) - Se as circunstâncias não permitirem o uso das veias periféricas, de grosso calibre, é indicado a dissecção cirúrgica da veia safena ou o AVC (veia femoral, jugular ou subclávia) - Técnica de Seldinger - Frequentemente o AVC não pode ser praticado em condições estritamente controladas e estéreis – devem ser trocados tão logo as condições do doente e do ambiente permitam - Possibilidade de ocorrer complicações graves (pneumotórax ou hemotórax) no AVC - Em crianças, antes de se proceder ao AVC, deve-se tentar o acesso intraósseo com uma agulha intraóssea - Após punção na jugular interna ou na subclávia deve ser solicitada uma radiografia de tórax para avaliar a posição do cateter e a presença de pneumotórax ou hemotórax - Reposição Volêmica Inicial: - Soluções eletrolíticas isotônicas – Ringer Lactato e Soro Fisiológico - Expansão intravascular transitória - Estabilização do volume vascular por meio da reposição das perdas - Um volume de líquido aquecido inicial é administrado - 2L no adulto - 20ml/kg na criança - A quantidade inicial de fluidos inclui qualquer fluido administrado no pré-hospitalar - Observa-se a resposta do doente – decisões diagnósticas e terapêuticas - O volume total de líquidos e de sangue necessário para a reanimação é difícil de ser previsto no exame inicial – realiza-se uma estimativa - É fundamental avaliar a resposta do paciente à reposição volêmica - Identificar a evidência de adequada perfusão e oxigenação orgânica final - Débito Urinário - Nível de Consciência - Perfusão Periférica - Se a quantidade de líquido necessária para restaurar ou manter a perfusão adequada for muito maior do que o estimado, é necessário reavaliar a situação, procurar lesões não diagnosticadas (possíveis focos de hemorragia contínua) e considerar outras possíveis causas para o choque - O objetivo da reposição volêmica é a restauração da perfusão dos órgãos - Utilização de fluidos para a reanimação – reposição do volume intravascular perdido OBS: Reanimação Balanceada (Reanimação Controlada, Reanimação Hipotensiva ou Hipotensão Permissiva): - Se a pressão arterial subir rapidamente antes que a hemorragia tenha sido controlada definitivamente, pode haver aumento do sangramento - A infusão contínua de fluidos e sangue não substitui o controle definitivo da hemorragia! - Excesso de fluidos pode exacerbar a tríade letal de coagulopatia, acidose e hipotermia - Ativação da cascata de inflamação - O retardo da reposição volêmica agressiva, até que o controle da hemorragia seja obtido pode prevenir hemorragia maior - Equilíbrio OBS: Causas de Hemorragia Oculta: - Sangue no chão e em mais quatro lugares: o Tórax o Pelve (retroperitônio) o Abdômen o Coxa 5) Avaliação da Reposição Volêmica e da Perfusão dos Órgãos: - Sinais e sintomas de perfusão inadequada são úteis para avaliar a resposta do doente - Normalização da PA, da pressão de pulso e da FC são indicadores favoráveis de que a perfusão está retornando ao normal - Não fornecem informações a respeito da perfusão orgânica - Débito Urinário é um indicador sensível da perfusão renal - Diurese normal, desde que não associada a diuréticos, implica fluxo sanguíneo renal adequado - Monitorar a reanimação e a resposta do paciente - Débito Urinário: - Monitor do fluxo sanguíneo renal - Reposição adequada de volume deve restabelecer o débito urinário a aproximadamente 0,5ml/kg/h (no adulto) - 1 ml/kg/h (na criança > 1 ano) - 2 ml/kg/h (na criança < 1 ano) - Incapacidade de manter o débito urinário ou decréscimo do débito com aumento da densidade sugerem reanimação inadequada - Aumentar a reposição - Novas medidas diagnósticas - Equilíbrio Ácido-Básico: - Doentes com choque hipovolêmico precoce tem alcalose respiratória – taquipneia - Seguida por acidose metabólica leve nas fases iniciais do choque - Acidose metabólica grave pode surgir quando o choque é prolongado ou grave - Metabolismo anaeróbio – produção de ácido láctico - Perfusão tecidual inadequada - Persistência reflete uma reanimação inadequada ou perdas sanguíneas continuadas - Infusão de líquidos e de sangue - Controle cirúrgico da hemorragia, se necessário - Déficit de bases e a presença de lactato podem ser úteis para determinar a presença e a gravidade do choque - Bicarbonato de sódio não deve ser usado rotineiramente para o tratamento da acidose metabólica secundária ao choque hipovolêmico 6) Decisões Terapêuticas: - A resposta do doente à reposição volêmica inicial é o principal aspecto para determinar a terapêutica subsequente - Observando a resposta à reposição volêmica inicial, é possível identificar pacientes cuja perda de sangue foi maior que a estimada ou que possuem sangramento persistente e necessitam de um controle cirúrgico - Reanimação na sala de operação tem por objetivo obter simultaneamente o controle direto do sangramento pelo cirurgião e a restauração do volume sanguíneo - Limita a possibilidade de transfusão excessiva ou desnecessária OBS: Hemodinamicamente Estável x Hemodinamicamente Normal: - Doente Hemodinamicamente Estável – pode apresentar taquicardia, taquipneia e oligúria - Não foi reanimado adequadamente e continua em choque - Doente Hemodinamicamente Normal – não exibe qualquer sinal de perfusão inadequada - Padrões de Resposta à Administração de Fluidos: Respostas Rápida: - Paciente responde rapidamente à reposição volêmica inicial - Permanece hemodinamicamente normal após o término da reposição inicial - Velocidade de infusão é reduzida para níveis de manutenção - Perda volêmica pequena (menos de 20%) - Não é indicada a administração adicional de soro ou a infusão imediata de sangue - Sangue tipado e com prova cruzada deve ser mantido disponível - Avaliação cirúrgica e intervenção operatória, se necessário Resposta Transitória: - Respondem à reposição inicial rápida - À medida que se reduz a velocidade de infusão, percebe-se deterioração da perfusão periférica - Indica sangramento persistente ou reanimação inadequada - Perda sanguínea inicial estimada entre 20 a 40% - Sangue e derivados são indicados para a reanimação - Prioridade é o controle da hemorragia (cirurgia ou angiografia) Resposta Mínima ou Ausente: - Falta de resposta à administração adequada de cristaloides e de sangue - Indica a necessidade de intervenção definitiva imediata para controlar uma hemorragia exsanguinante - Em casos mais raros, a resposta inadequada pode ser devida à insuficiência cardíaca - Traumatismo cardíaco - Tamponamento cardíaco - Pneumotórax hipertensivo - Possíveis diagnósticos de choque não hemorrágico devem ser levados em conta - Monitoração da PVC e ecocardiografia de emergência ajudam a diferenciar a etiologia do choque 7) Reposição de Sangue: - Sangue Tipo Específico, com provas cruzadas e Tipo O – : - Transfusão sanguínea – restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio do volume intravascular - Ideal: sangue com todas as provas cruzadas - O procedimento para realizar todas as provas cruzadas demora muito - Sangue tipo específico: - Análise realizada em cerca de 10 minutos - Sistemas ABO e Rh - Incompatibilidades devido a outros anticorpos podem existir - Primeira escolha para doentes que respondem transitoriamente - Provas cruzadas devem ser completadas depois - Quando não está disponível sangue tipo específico, usa-se concentrado de hemácias tipo O – - Em mulheres em idade fértil, prefere-se o uso de Rh negativo paraprevenir sensibilizações e evitar futuras complicações - Aquecimento dos Líquidos (Plasma e Cristaloides): - Hipotermia deve ser evitada ou corrigida quando o doente já chegar hipotérmico - O uso de aquecedores de sangue é incomodo, mas desejável no serviço de emergência - Aquecimento do líquido a 39 ºC antes de usá-lo - Transfusão Maciça: - Mais de 10 unidades de sangue em 24 horas – protocolo de transfusão maciça - Disponibilidade imediata de todos os componentes do sangue - Administração precoce de sangue, plasma e plaquetas e administração agressiva de cristaloides minimizada pode melhorar a sobrevida nesses pacientes - Reanimação de Controle de Danos (Balanceada ou Hemostática) - Esforço concomitante para o rápido controle do sangramento - Redução dos efeitos deletérios da coagulopatia, hipotermia e acidose - Coagulopatia: - Traumatismos graves e hemorragias consomem os fatores de coagulação - Podem levar a coagulopatia precoce, em 30% dos casos de pacientes gravemente traumatizados - Transfusão maciça com diluição de plaquetas e de fatores de coagulação e os efeitos da hipotermia na agregação plaquetária e na cascata de coagulação são as causas comuns de coagulopatia - Medidas do tempo de protrombina, do tempo de tromboplastina parcial e a contagem de plaquetas são estudos valiosos na primeira hora - Em especial em doentes com histórico de coagulopatia - Em doentes que não necessitam de transfusão maciça, o uso de plaquetas, crioprecipitado e plasma fresco congelado deve ser norteado pelos parâmetros de coagulação - Doente com TCE grave são particularmente propensos a desenvolver coagulopatia - Monitoração - Administração de Cálcio: - A maioria dos doentes que recebem transfusão de sangue não necessitam de suplementação de cálcio - Quando necessária, a administração deve ser guiada pela dosagem de cálcio ionizado - Suplementação excessiva pode ser nociva 8) Considerações Especiais: - Equiparação da Pressão Arterial ao Débito Cardíaco: - Tratamento do choque exige a correção da perfusão inadequada dos órgãos - Aumento do fluxo sanguíneo e da oxigenação tecidual - O aumento do fluxo sanguíneo implica em aumento do débito cardíaco - A pressão é determinada pelo DC e pela RPT PAm = DC x RPT - Aumento na pressão sanguínea pode não equivaler a um aumento do DC ou recuperação do choque – não é um indicador muito confiável - Idosos: - Envelhecimento reduz a resposta à atividade simpática pelo sistema cardiovascular - Complacência cardíaca reduz com a idade - Mecanismos de compensação ficam prejudicados - Doença oclusiva vascular aterosclerótica – órgãos vitais se tornam extremamente sensíveis a reduções no fluxo sanguíneo - Podem apresentar depleção de volume preexistente - Uso de bloqueadores beta-adrenérgicos pode mascarar a taquicardia como indicador precoce do choque - A mortalidade e a morbidade decorrentes de lesões aumentam com o envelhecimento e com a presença de doenças crônicas - Atletas: - Rotina de treinamento rigoroso adotada por esse grupo de pacientes altera sua dinâmica cardiovascular: - Volume sanguíneo pode aumentar de 15 a 20% - DC pode aumentar até 6 vezes - Volume de Ejeção Sistólica pode aumentar 50% - Pulso de repouso gira em torno de 50 bpm - Maior capacidade de compensação da perda sanguínea - A resposta habitual à hipovolemia pode não se manifestar até que seja tarde demais - Gravidez: - Hipervolemia fisiológica - Necessária uma perda sanguínea maior para que se manifestem anormalidades de perfusão na mãe - Repercutem na perfusão fetal - Medicamentos: - Bloqueadores beta-adrenérgicos e bloqueadores dos canais de cálcio podem alterar a resposta hemodinâmica do paciente à hemorragia - Excesso de insulina pode ser responsável por hipoglicemia e pode contribuir para os eventos que resultaram no trauma – rebaixamento do nível de consciência - Uso crônico de diuréticos pode explicar uma hipocalemia inesperada - Antinflamatórios Não Esteroides (AINEs) podem prejudicar a função plaquetária - Inibição das cicloxigenases (COX) - Hipotermia: - Doentes que apresentam hipotermia e choque hemorrágico não respondem normalmente à reposição volêmica e à administração de sangue - Podem desenvolver ou piorar uma coagulopatia - Temperatura corporal é um sinal importante que deve ser monitorado - Marca-Passo: - Doentes com marca-passo são incapazes de responder à perda sanguínea da maneira habitual - A FC é limitada pelo marca-passo - Monitoração da PVC é de grande utilidade para orientar a reposição volêmica 9) Reavaliação da Resposta do Doente e Prevenção de Complicações: - Hemorragia Contínua: - Principal causa de resposta inadequada à reposição volêmica – hemorragia oculta - Apresentam resposta transitória - Pode ser necessária intervenção cirúrgica imediata - Hiperidratação e Monitoração da PVC: - Após completar a avaliação e o tratamento inicial - O risco de Hiperidratação é minimizado por meio da monitoração cuidadosa do doente - Restabelecer a perfusão orgânica e a oxigenação tecidual - Normalização do débito urinário, da função do SNC, da cor da pele, do pulso e da pressão arterial - Para doentes idosos e portadores de choque não hemorrágico, deve-se considerar a transferência precoce para a unidade de terapia intensiva - A monitoração da PVC é um procedimento relativamente simples - Indicador padrão para avaliar a capacidade do “coração direito” de aceitar carga líquida - A medida precisa da função cardíaca é a relação entre o VDF e o VS - O nível inicial da PVC e o volume sanguíneo real podem não ter correlação - A PVC pode ser alta apesar de um significativo déficit volêmico - Quando a PVC está inicialmente baixa, uma elevação mínima pela administração de líquidos sugere a necessidade de continuar a expansão volêmica - A diminuição da PVC sugere perda volêmica constante - Necessidade de manter a reposição hidroeletrolítica ou sanguínea - Elevação abrupta ou persistente da PVC sugere que a reposição volêmica foi completada, que está muito rápida ou que a função cardíaca está comprometida - Elevações importantes da PVC podem ser causadas por hipervolemia resultante de hipertransfusão, por disfunção cardíaca, tamponamento cardíaco ou elevação da pressão intratorácica por pneumotórax hipertensivo - Reconhecimento de outros Problemas: - Doente não responde ao tratamento - Considerar a possibilidade de haver: - Tamponamento cardíaco - Pneumotórax hipertensivo - Problemas ventilatórios - Perda volêmica não reconhecida - Distensão gástrica aguda - IAM - Acidose diabética (Cetoacidose) - Choque Neurogênico
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