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Taynah Pinheiro | TVC Medicina Farmacologi� d� J.N.M Sistema Autonômico → Somático: relacionado a junção neuromuscular: as fibras nervosas irão sair de diferentes partes da medula espinal. O neurônio motor irá terminar próximo ao músculo esquelético. Na junção neuromuscular, o neurotransmissor liberado é a ACh que irá se ligar ao receptor nicotínico muscular (Nm) ● Junção Neuromuscular: possui 3 componentes 1. Terminal axonal pre-sináptico: estímulos para que as vesículas de neurotransmissores sejam liberadas. Ocorre a propagação do estímulo através de corrente elétricas, que será convertida em sinais químicos, no caso, no neurotransmissor ACh. 2. Fenda sináptica 3. Membrana pós-sináptica da fibra muscular (placa motora terminal) →Relaciona-se com funções realizadas conscientemente, tais como a locomoção e postura. MECANISMO DE TRANSMISSÃO → A fibra nervosa proveniente da medula espinal é do tipo A alfa (mielinizadas), ou seja, a propagação da informação ocorre de forma rápida → Nos botões pré-sinápticos ocorre a liberação de ACh. A ligação da Ach aos receptores nicotínicos musculares desencadeará a abertura dos canais de sódio, causando o influxo de sódio intracelular na fibra muscular, levando a despolarização da fibra e contração muscular. RECEPTORES COLINÉRGICOS NICOTÍNICOS - São receptores ionotrópicos: controlam a abertura e fechamento de canais iônicos. - São receptores formados por 5 subunidades (estruturas pentâmeras), formando um canal para a passagem dos íons - Quando o receptor não está ativado, o canal permanece fechado. A ligação da ACh ao receptor Nm abrirá o canal de canais iônicos e, por conta do gradiente de concentração, o sódio (Na+) irá entrar e o potássio (K+) sai Taynah Pinheiro | TVC Medicina - Na fibra muscular, ocorre potencial de ação e como consequência, a disseminação da excitação pelo músculo, levando a contração muscular. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES 1. Agentes não-despolarizantes: atuam como antagonistas competitivos, ligando-se aos receptores nicotínicos, impedindo a ligação da ACh) - Por serem antagonistas competitivos do receptor nicotínico, é necessário o bloqueio de 70 a 80% dos receptores nicotínicos. A cada propagação de impulso e liberação de ACh, há mais ACh liberada do que a quantidade necessária para ocorrer a contração. Assim, há ACh sobrando na membrana sináptica, que irá competir com o bloqueador: não permitem a ligação da ACh ao receptor Nm. Assim, não ocorre a ativação dos canais iônicos que permitem o influxo intracelular de sódio (Na +), por isso não ocorre a despolarização da fibra muscular. Exemplos: D- tubocurarina (curare), pancurônio, rocurônio, vecurônio, atracurio, cisatracúrio - Também bloqueiam autorreceptores pré-sinápticos facilitadores, inibindo, assim, a liberação de ACh durante a estimulação repetitiva do nervo motor, resultando no fenômeno de ‘’ fadiga tetânica’’ - Curare: foi a primeira substância observada como bloqueadora neuromuscular. É um veneno de flechas de índios sul-americanos. Causa a morte de animais por paralisia, resultante da inibição dos sinais entre nervos e músculos esqueléticos. Assim como o curare, os outros bloqueadores neuromusculares não têm boa absorção pela mucosa do trato gastrointestinal, por isso, não ocorrem efeitos tóxicos nos índios que consomem a carne proveniente da caça com o uso do curare. ➔ 1932: Uso em tétano e espasmos ➔ 1942: Uso em anestesia geral ➔ 1949: Galamina: primeiro bloqueador sintético ● Bloqueio e Recuperação - Os bloqueadores causam paralisia flácida e progressiva - A consciência e dor permanecem normais Taynah Pinheiro | TVC Medicina ● Degradação e Eliminação - De uma forma geral, os bloqueadores neuromusculares podem ser eliminados de forma inalterada por serem hidrofílicos (não atravessam as membranas gastrointestinais e barreiras placentárias) - Os fármacos competitivos que sofrem hidrólise pelas colinesterases plasmáticas são eliminados de maneira mais rápida, por isso, têm menor tempo de ação (Ex.: Mivacúrio e Suxametônio) - Degradação de Hofmann: modificações na molécula que causam a perda de átomos de carbono. A reestruturação da molécula causa sua degradação, perdendo a ação e sendo eliminada mais rapidamente (Ex: Atracúrio e Cisatracúrio) ● Usos Clínicos: - Adjuvantes da anestesia: durante a cirurgia para produzir relaxamento muscular e facilitar a intubação endotraqueal - Procedimentos ortopédicos: como correção de luxação ou alinhamento de fraturas - Previnem fraturas ósseas em terapias eletro-convulsivas - Permitem o controle de espasmos musculares (tétano) → Sugere-se o uso de bloqueadores neuromusculares, antecedidos por adequada sedação e analgesia, para prover relaxamento muscular e controle dos espasmos em pacientes com tétano grave submetidos à ventilação mecânica refratários ao uso de outros relaxantes musculares. ● Eventos Adversos: - Queda da PA: bloqueio de receptores nicotínicos nos gânglios simpáticos (tubocurarina) - Liberação de histamina: broncoespasmo e reação alérgica (Ex: atracúrio, por isso alguns pacientes relatam sentir coceira após algum procedimento cirúrgico que é causada pela liberação de histamina) - Aumento da FC: pancurônio → vagolítico (inibe nervo vago: sai do encéfalo e se ramifica inervando outros órgãos), limitando seu uso em cirurgias ● Interações Medicamentosas - Inibidores de colinesterase: neostigmina, fisostigmina, piridostigmina e edrofonio que revertem o efeito - Anestésicos halogenados (halotano): potencializam o bloqueio - Antibióticos aminoglicosídeos (eritromicina e gentamicina): inibem a liberação de ACh ao diminuírem a entrada do cálcio no interior dos neurônios, diminuindo a liberação de ACh, aumentando o bloqueio, diminuindo ainda mais a contração muscular. - Bloqueadores de canais de Ca2+ (nifedipino) aumentam o bloqueio Reversão da Ação Bloqueadora A reversão do efeito do fármaco bloqueador pode ser feita através do uso de anticolinesterásicos que causará a amplificação do efeito parassintosipatico. Exemplos: Sugamadex usado para brometo de rocurônio ou vecurônio. Gama-ciclodextrina que forma ligação não covalente com o BNM livres no plasma, reduzindo a concentração plasmática. Taynah Pinheiro | TVC Medicina RELATO DE CASO Paciente do sexo feminino, submetida à laparotomia exploradora de emergência após intubação em sequência rápida com uso de rocurônio 1,2 mg/kg. Ao final da cirurgia a paciente foi descurarizada com neostigmina, coadministrando-se atropina. No entanto, a monitoração da junção neuromuscular não apresentou a recuperação esperada, revelando curarização residual. Foi utilizado SUGAMADEX 2mg/kg e a paciente apresentou reversão completa do bloqueio neuromuscular em apenas 2 minutos. Rocurônio = Antagonista nicotínico muscular, que bloqueia a ligação da ACh Neostigmina = Anticolinesterásico, que impede ação da Acetilcolinesterase e a degradação da ACh, causando acúmulo de ACh na JNM Atropina = Antagonista muscarínico, que impede que a ACh que está na fenda se ligue nos receptores muscarínicos em vez dos nicotínicos Sugamadex = Encapsula o Rocurônio e impede que ele bloqueie os receptores nicotínicos 2. Agentes despolarizantes - Agonistas dos receptores nicotínicos: ocupam e ativam esses receptores por um tempo prolongado (mais prolongado do que a ação da ACh, cerca de minutos), eles dessensibilizam (taquifilaxia). Os canais de Na+ se fecham, gerando um período refratário no qual não é possível estimular a membrana celular (bloqueio por despolarização). Tem ACh, mas ela não consegue causar despolarização Exemplo: Succinilcolina (suxametônio), decametônio (ação muito longa) → Usados em processos de intubação emergencial: Relaxantes Musculares ● Mecanismo de Ação - Agonista dos receptores nicotínicos nas placas terminais musculares Fase 1: despolarização da membrana Fase 2: o canal de Na + se inativa, não respondendomais a ocupação do receptor, mesmo após a repolarização ● Efeitos Adversos e Contra-indicação - Dor muscular - Bradicardia: ação muscarínica direta. Poderia ser revertida pelo uso de atropina (bloqueando o receptor) - Aumento da pressão intra ocular (cuidado com glaucoma) - Hipercalemia: liberação de K+ intracelular - Paralisia prolongada: RN e pacientes com comprometimento hepático tem redução das colinesterases plasmáticas - Hipertermia Maligna Hiperpirexia Maligna: deficiência genética caracterizada pela mutação no canal de cálcio para a liberação de Ca2+ presente no retículo sarcoplasmático, que produz espasmo muscular intenso e elevação surpreendente da temperatura corporal quando certos fármacos são administrados. Fisiologicamente, o paciente tem uma liberação de cálcio descontrolada. Quando exposto a substância química ou atividade física exacerbada, pode ter a hipertermia maligna, pois produz muito atp pelo consumo da grande quantidade de Ca 2+ do músculo. Tratamento: dantrolene, inibe a liberação de Ca2+. O suxametônio é atualmente o responsável mais comum, embora um episódio de hiperpirexia maligna também possa ser precipitado por uma variedade de outros fármacos. A hiperpirexia maligna está associada a mortalidade elevada (em torno de 65%), e é tratada com a administração de dantroleno, um fármaco que inibe a contração muscular ao impedir a liberação de Ca2+ do retículo endoplasmático. ➢ Resumo: Relaxantes Musculares 1. Ação pós-juncional (nos receptores nicotínicos musculares) - Bloqueadores não despolarizantes (são antagonistas competitivos da ACh): tubocurarina, pancurônio, atracúrio, vecurônio, mivacúrio.O bloqueio não despolarizante é revertido por fármacos anticolinesterásicos, ao passo que o bloqueio despolarizante não o é. - Bloqueadores despolarizantes (agonistas): dantrole. Produz fasciculações iniciais e, frequentemente, dores musculares no pós-operatório, 2. Ação pré-juncional (antes do receptor) - Hemicolíneo: impede a recaptação de colina e, consequentemente inibe a síntese de ACh → mais usada em pesquisa - Vesamicol: impede o transporte da ACh formada Taynah Pinheiro | TVC Medicina no neurônios para as vesículas sinápticas → mais usada em pesquisa - Antibióticos aminoglicosídeos (p.ex., estreptomicina e neomicina): inibem a entrada de Ca2+ na terminação nervosa. Assim, não ocorre a elevação da conc. de Ca2+ que estimula a exocitose das vesículas de ACh - Toxina botulínica: é uma proteína produzida pelo bacilo Clostridium botulinum. Essa neurotoxina impede a exocitose da ACh. QUESTÕES NORTEADORAS 1. Como são classificados os bloqueadores neuromusculares? São classificados em despolarizantes (agonistas) e não despolarizantes (antagonistas). 2. Como funcionam os bloqueadores neuromusculares? Podem ter ação pré-juncional, impedindo a liberação do neurotransmissor ACh, ou ação pós-juncional, impedindo a ligação da ACh ao receptor Nm. 3. Quais são os efeitos colaterais dos bloqueadores não despolarizantes? Queda da PA: bloqueio de receptores nicotínicos nos gânglios simpáticos (tubocurarina) Liberação de histamina: broncoespasmo e reação alérgica (Ex: atracúrio, por isso alguns pacientes relatam sentir coceira após algum procedimento cirúrgico que é causada pela liberação de histamina) Aumento da FC: pancurônio → vagolítico (inibe nervo vago: sai do encéfalo e se ramifica inervando outros órgãos), limitando seu uso em cirurgias 4. Quais são os efeitos colaterais da succinilcolina (suxametônio)? - Dor muscular - Bradicardia: ação muscarínica direta. Poderia ser revertida pelo uso de atropina (bloqueando o receptor) - Aumento da pressão intra ocular (cuidado com glaucoma) - Hipercalemia: liberação de K+ intracelular - Paralisia prolongada: RN e pacientes com comprometimento hepático tem redução das colinesterases plasmáticas - Hipertermia Maligna 5. Qual a ação da neostigmina com os bloqueadores neuromusculares? A neostigmina é um anticolinesterásico, impedindo a ação da anticolinesterase e degradação da ACh, causando acúmulo da ACh na junção neuromuscular. Portanto, pode ser usado para reverter os efeitos dos bloqueadores neuromusculares não despolarizantes. Taynah Pinheiro | TVC Medicina Fármaco Classificação Ação Uso Clínico OBS Efeitos Colaterais Suxametônio Agonista Agente bloqueador despolarizante Bloqueio por despolarização Relaxante Muscular Intubação emergencial Sofre hidrólise pela colinesterase: menor tempo de ação Bradicardia (efeito agonista muscarínico) --> Pode ser evitado pelo uso de atropina Arritmias Cardíacas (aumento da concentração de K+ do plasma)Aumento da pressão intraocular (efeito agonista nicotínico sobre os Mm. extraoculares ) Hiperpirexia maligna (administração de dantroleno pode reverter o quadro por inibir a liberação de Ca2+) Mivacúrio '' Sofre hidrólise pela colinesterase: menor tempo de ação Decametônio Agonista Bloqueio por despolarização Sem uso clínico Neostigmina Reverte a ação de fármacos não despolarizante s Inibidor de colinesterase Usado no pós operátio para reverter ação de fármacos não despolarizantes Deve ser administrado em conjunto com a atropina para evitar efeitos parassimpaticomiméticos Beostigmina Inibidor de colinesterase Tubocurarina Antagonista Agente bloqueador não despolarizante Bloqueio da transmissão ao se ligarem ao receptor nicotínico, impedindo a ligação da ACh Uso raro Hipotensão (bloqueio ganglionar + liberação de histamina por mastócitos) Broncoconstrição (liberação de histamina) Pancurônio Antagonista Bloqueio da transmissão Relaxantes musculares em anestesias Bloqueadores neuromusculares não têm boa absorção pela mucosa do trato gastrointestinal Taquicardia modesta; Hipertensão por também bloqueiar os receptores muscarínicos, particularmente no coração, o que acarreta taquicardia. Atracúrio Antagonista Bloqueio da Transmissão '' Hipotensão transitória (liberação de histamina) Vecurônio Antagonista Bloqueio da Transmissão '' Poucos efeitos colaterias Cisatracúrio Antagonista Bloqueio da Transmissão '' Sugamadex Reverte a ção do vecurônio e rocurônio Liga-se de forma seletiva os fármacos esteroides bloqueadores neuromusculares, resultando em um complexo inativo no plasma D-tubocurarina (curare) Agente bloqueador Taynah Pinheiro | TVC Medicina não despolarizante Vesamicol Inibidor da liberação de ACh Bloqueia o transportador de ACh para dentro da vesícula Toxina Botulínica Ação pré-juncional Impede a exocitose da ACh Hemicolínio Inibidor da síntese de ACh Inativa o transportador de colina Apenas ferramenta experimental
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