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Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 1 Disposto no art. 121 do Código Penal. ® Cuida do Direito a Vida, o qual é garantido constitucionalmente. art. 5º, caput. ® Trata-se de um direito absoluto; indisponível. ® Direito supraestatal: aceito por todos e por todas as nações, imprescindível para a vida em sociedade. O Legislador protege a pessoa humana desde a sua formação. ¨ Classificação dos crimes contra a vida: São contra a vida os delitos de: 1. homicídio (CP, art. 121); 2. participação em suicídio (art. 122); 3. infanticídio (art. 123); e 4. aborto (arts. 124 a 128). Quanto ao elemento subjetivo ou normativo, os crimes contra a vida podem ser: 1. dolosos; 2. culposos; e 3. preterdolosos ou preterintencionais. ¨ Competência para julgamento: Para crime de homicídio doloso: Tribunal do Júri, vide art. 5º, XXXVIII, alínea “A” da CF. Para crime de homicídio culposo: Justiça comum. Ação penal pública incondicionada Crime de Homicídio É crime contra a vida da pessoa, disposto no art. 121 do CP. Na forma Dolosa Na forma culposa Simples: caput. Privilegiado: §1º; Qualificado: §2º; Circunstanciado: § 4º, 2ª parte, e §§ 6º e 7º. § 4º, 2ª parte, e §§ 6º e 7º. Simples: § 3º. Circunstanciado: § 4º, I. Perdão judicial: § 5º. ¨ Pode ser classificado como: ® Crime simples ou comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. ® Crime material, pois exige-se uma conduta e um resultado; ® Crime de dano: efetividade de lesão, ® Crime de forma livre; ® Crime comissivo- regra. ® Crime omissivo impróprio- exceção art. 13, §2º do CP. ® Crime instantâneo de efeito permanente; ® Crime plurissubsistente; ® Crime unisubjetivo; ® Crime progressivo. Admitindo-se assim, qualquer meio de execução. Dos Crimes contra a Vida Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 2 Bem jurídico protegido: a vida humana. ¨ Sujeitos do delito: O tipo do homicídio não contem exigência de nenhuma qualidade pessoal do sujeito ativo ou passivo. Não é crime próprio, a exigir uma legitimidade ativa ou passiva especial. ® Pode ser qualquer pessoa. ¨ Homicídio e nexo de causalidade A responsabilidade penal por homicídio exige demonstração do nexo de causalidade entre a conduta e o resultado morte. O CP adota a teoria da equivalência dos antecedentes: conditio sine qua non. Disposta no art. 13, caput, 2º parte: é considerada causa a ação sem a qual o resultado não teria ocorrido. ® A causa pode ser preexistente, concomitante ou superveniente relativa ou absolutamente independente do comportamento do sujeito. Tema já estudado, na parte de teoria do crime, nexo causal. 1. Homicídio Doloso (simples) Art. 121, caput: Matar alguém. Pena: reclusão, de 6 a 20 anos. ® É um crime de elevado potencial ofensivo. Os tipos penais são formados por um verbo (núcleo) e por elementares. Núcleo: MATAR Elementar: ALGUÉM O questionamento é de que a partir de qual momento a pessoa é considerado alguém? A partir da vida extrauterina. Vida fora do útero: com o início do parto e respiração autônoma. ® O crime cometido com o feto, ainda no útero, é denominado aborto. ® Entretanto, se a mãe mata o feto, logo depois que nasce, em estado puerperal, é denominado infanticídio. E se houver uma pessoa sem viabilidade de vida, ou seja, um idoso prestes a morrer, feto anencéfalo, pessoa em estado terminal? Ainda haverá homicídio. ¨ Quanto aos elementos subjetivos: O crime de homicídio pode ocorrer por: ® Dolo: dolo direto e dolo eventual. ® Culpa: negligência, imperícia e imprudência. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 3 Homicídio simples pode ser considerado hediondo? Para ser considerado crime hediondo, deve estar especificado na lei n. 8072/90. Em regra, HOMICÍDIO SIMPLES não é hediondo. Mas, há uma única exceção: ® Quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por só um agente. ® Art. 1º, I da referida lei. Exemplo: Matança generalizada de moradores de rua para valorização de uma área urbana. Importante: tal hipótese é de difícil configuração, pois atividade típica de grupo de extermínio configura qualificadora do motivo torpe (torando-se homicídio qualificado). Logo, seria um crime hediondo por ser qualificado. ¨ É admissível tentativa? Sim, é possível. Pode ocorrer a tentativa branca ou incruenta, quando a vítima não é atingida. Ou, tentativa vermelha ou cruente, quando a vítima é atingida, sofre ferimentos. 2. Homicídio Privilegiado Disposto no art. 121, §1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. ® Trata-se de causa de diminuição de pena. ® Sobre a denominação: o correto seria homicídio doloso com causa de diminuição de pena. ® Consequência: redução de pena, de 1/6 a 1/3. Importante: no caput menciona a palavra “pode”, significando a discricionariedade do juiz. Entretanto, tal ideia é errada, o certo seria: DEVE, pois obrigatoriamente deve ocorrer a redução da pena. O que o juiz pode escolher é somente a quantidade, se será 1/6 ou 1/3. Elementos que, isoladamente, ensejam a diminuição da pena: 1. Relevante valor social: coletividade; 2. Relevante valor moral: particular; 3. Sob domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Quando que é esse “logo em seguida”? Há discussões na doutrina e na jurisprudência, não há definição clara. Entretanto, entende-se que é logo após a provocação. Ação/ reação. Algo instantâneo. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 4 ¨ Caráter subjetivo: Há incomunicabilidade no concurso de pessoas. É de natureza SUBJETIVA. Só se aplica ao agente que se enquadra nas hipóteses, não transfere a outros participantes do crime. Exemplo: pai pede para um assassino profissional matar o estuprador da filha. O pai responde pelo crime privilegiado, já o autor (executor) do crime, responde pelo homicídio qualificado. 1. Premeditação do crime afasta o homicídio privilegiado? Primeiro, premeditar é arquitetar, pensar, planejar. Logo, a resposta é: depende. Não é compatível com o homicídio privilegiado na hipótese de violenta emoção, uma vez que a resposta (ação) da pessoa é instantânea. Entretanto, nas outras hipóteses pode ocorrer a premeditação. 2. Homicídio privilegiado e erro na execução. Pergunta-se: Se a ação é praticada sob violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mas o autor erra a execução, vindo a atingir 3º pessoa, responde pelo homicídio privilegiado, simples ou qualificado? Responde por homicídio privilegiado, com fulcro no art. 73 do CP, que dispõe que quando ocorre erro na execução o agente responde pelo crime, como se tivesse acertado a pessoa que queria. 3. Homicídio privilegiado é crime hediondo? Não é crime hediondo, pois não há amparo na lei nº 8.072/90. 4. É possível homicídio privilegiado com dolo eventual? Sim, é compatível. Exemplo: Sujeito que logo depois de ser injustamente provocado, e reage sob violenta emoção, decide reagir agressivamente e passa a agredir o provocador com socos e pontapés, assumindo assim, o risco de matá-lo. Homicídio privilegiado X Atenuante genéricas ® Privilégio utiliza somente no homicídio. ® As atenuantes a qualquer crime. ® No homicídio privilegiado, uma das hipóteses é sobre o DOMÍNIO de violenta emoção. ® Já nas atenuantes genéricas, disposta no art. 65 do CP, dispõe que a pessoa estaria sob INFLUÊNCIA de violenta emoção. ® A hipótese privilegiadaé sempre LOGO EM SEGUIDA (imediata) à provocação da vítima. ® Na atenuante não precisa ser imediato. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 5 ® No homicídio privilegiado ocorre quando houver injusta PROVOCAÇÃO. ® Nas atenuantes, é suficiente ato injusto. Importante: se houver uma troca de palavras de injusta provocação, por injusta agressão, estará se referindo a legitima defesa. Homicídio privilegiado-qualificado (híbrido) é crime hediondo? O crime híbrido é quando nós temos uma das privilegiadoras e ao mesmo tempo uma das hipóteses de qualificadora. É possível?? Há duas posições acerca dessa possibilidade. 1º posição: não é possível, pois existe uma certa interpretação topográfica ou geográfica. A figura do privilégio ocorre antes (§1º) e assim, não atinge o que vem depois (§2º). 2º posição: é possível, desde que as qualificadoras sejam de natureza objetiva. ® Corrente aceita. Quais qualificadoras são de natureza objetiva? 1. Inciso III: meios de execução; 2. Inciso IV: modos de execução, com EXCEÇÃO da traição (é qualificadora de natureza subjetiva). 3. Inciso VI: feminicídio. Porque é possível, esse crime híbrido? Porque ambos os crimes, privilegiado e qualificado, são de natureza distintas. Por fim, o crime híbrido NÃO é crime hediondo. 3. Homicídio Qualificado Disposto no art. 121, §2º do CP. Existem 7 qualificadoras. Constitui um homicídio simples + circunstâncias especiais. ® Possui pena de reclusão, de 12 a 30 anos. Lembrar!!! Crime qualificado é SEMPRE crime hediondo. ¨ Qualificadoras e concurso de pessoas. Nos Incisos I, II, V e VII e a traição do inciso IV, são de natureza subjetiva. Dizem respeito ao agente e não ao fato. Não se comunicam aos demais coautores ou participantes do crime. Isto é, não é possível o concurso de pessoas. Já, os incisos III e IV (meios e modos de execução) são de natureza objetiva. Estão ligados ao fato e não ao agente, se comunicam aos demais coautores e participantes do crime, ou seja, ocorre quando ela é COMUNICÁVEL no concurso de pessoas. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 6 ¨ Espécies de qualificadoras: Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso I: Mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe. ® Fórmula casuística: mediante PAGA ou PROMESSA de recompensa. ® Fórmula genérica: por outro motivo torpe. Assim, torpe será todo e qualquer motivo de IGUAL NATUREZA do pagamento e da promessa de pagamento. ® Deverá avaliar no caso concreto. Qualificadora mediante paga ou promessa de recompensa, possui características: 1. Pode ser denominado homicídio mercenário ou por mandato remunerado; 2. É de natureza subjetiva; 3. É de concurso necessário: devem existir ao menos duas pessoas. 4. Essa pena, mediante paga ou promessa de recompensa, só se aplica, somente, ao EXECUTOR do crime. O mandante responde por homicídio privilegiado. Qualificadora mediante motivo torpe: 1. Motivo torpe é aquele que é repugnante, vil, moralmente reprovável. 2. Aqui, é aplicável para ambos os agentes, tanto para o mandante, quanto para o executor. Importante: 1º: vingança pode ou não ser motivo torpe, depende da motivação dessa vingança. 2º: ciúmes não é motivo torpe. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso II: Por motivo Fútil É o motivo insignificante, bobo, de pouca importância. ® Tem que ser conhecido. ® Revela egoísmo, mesquinhes, insensibilidade moral. ® Ausência de motivo não é motivo fútil. Exemplo: cliente mata o dono do bar por ter ele lhe servido uma cerveja quente. Importante: ciúme pode ser considerado motivo fútil, a depender do caso concreto. ® HC. 152. 548/STJ; ® HC. 107.090/STJ: informativo 711/2013. Para que haja a aplicação dessa qualificadora a futilidade deve ser IMEDIATA. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 7 Motivo Fútil X Dolo Eventual É plenamente compatível, um homicídio praticado por dolo eventual, havendo a qualificadora de motivo fútil. De acordo com o STJ: “A jurisprudência desta Corte Superior entende não ser incompatível a qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual, pois o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta capaz de colocar em risco a vida da vítima”. REsp 1779570/ RS, julgado em 13/08/2019. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso III: Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. ® São fórmulas casuísticas: Veneno: Venefício. substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quanto introduzida no organismo humano. Determinada substância inócuas para algumas pessoas, pode ser veneno para outras. Asfixia: mecânica (enforcamento, estrangulamento, sufocação) ou tóxica (gás asfixiante ou inalação, confinamento); Tortura: devemos analisar pontos importantes acerca da tortura. Tortura é qualquer ato pelo qual a pessoa causa dores ou sofrimentos agúdos, físicos ou mentais, intencionalmente a uma pessoa. Pode ocorrer 2 situações: 1. Homicídio qualificado pela tortura Com previsão legal no art. 121, §2º, III, CP, com pena de reclusão de 12 a 30 anos. Elemento subjetivo: dolo direto ou eventual em relação ao resultado morte, utilizando-se da tortura como meio (cruel) para alcançar o resultado. Exemplo: A minha intenção é MATAR a vítima, mas ao invés de esfaquear ela direto no coração, eu escolho pegar a faca e fazer alguns cortes no braço, até que se obtenha o resultado morte. Competência: Tribunal do Júri. 2. Tortura qualificada pela morte: Possui previsão legal na lei n. 9.455/97, dispõe sobre o crime de tortura, causar sofrimento, sem intenção de matar. Art. 1º, §3º da referida lei, dispõe: se resulta morte, a reclusão é de 8 a 16 anos. Elemento subjetivo: crime preterdoloso. Há dolo na conduta antecedente (tortura) e culpa no resultado morte. Competência: juízo singular. ® São fórmulas genéricas, que devem ser utilizadas as interpretações analógicas: Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 8 Meio insidioso: consiste no uso de estratagema, de perfídia, de uma fraude para cometer o crime sem que a vítima perceba. Exemplo: retirar o óleo da direção do veículo para provocar um acidente fatal do seu proprietário. Meio cruel: Que proporciona à vítima um intenso e desnecessário sofrimento físico ou mental, quando a morte poderia ser realizada de forma menos dolorosa. Exemplo: matar alguém lentamente com inúmeros golpes de faca, com produção inicial dos ferimentos em região do corpo não letal. Meio de que possa resultar perigo comum: expõe não só a vítima, mas também um número indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de danos. Exemplo: tiros certeiros contra a vítima que caminha em via de grande movimentação. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso IV: à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido. ® Fórmula casuística: Traição: Trair confiança. Pode ser física (atirar pelas costas) ou pode ser moral (atrair a vítima para um precipício). ® É de natureza subjetiva. ® É crime próprio. Emboscada: trata-se de tocaia. agente aguarda escondido, em determinado local, a passagem da vítima para matá-la quando ali passar. Dissimulação: atuação disfarçada. oculta a real intenção de matar. Pode ser: ® Material: usa um aparato para disfarçar. Ex. usar farda policial. ® Moral: demonstra falsa amizade ou simpatia pela vítima para levá-la a um determinado local. ® Fórmula genérica: ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesado ofendido. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso V: Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outo crime. Essa qualificadora é denominada de CONEXÃO. Eu pratico o homicídio porque há outro crime que quero praticar. Conexão teleológica: para assegurar a execução (finalidade) de outro crime. Não precisa cometer o outro crime, basta a intenção. Geralmente, o homicídio teleológico é praticado antes da prática do segundo crime. Conexão consequencial: para assegurar a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 9 ® O homicídio é praticado após. Importante: o latrocínio não se enquadra nessa hipótese. É uma exceção a essa qualificadora. ® Tem que ter outro crime. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Feminicídio Inciso VI: Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. ® Tal inciso se refere ao feminicídio. Importante: feminicídio é diferente de Femicídio. No FEMICÍDIO, é quando ocorre a morte da mulher, decorrente de qualquer motivo. Por exemplo, duas mulheres brigando e por consequência uma delas vem a falecer. No FEMINICÍDIO, ocorre o homicídio doloso contra a mulher por RAZÕES da condição de sexo feminino. ® No CP, é considerada norma penal em branco, o qual pode ser preenchida pela Lei n. 13.104/2015, lei de feminicídio. Será considerado que há razões de condição de sexo feminino, quando o crime envolve: 1. Violência doméstica e familiar; 2. Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Importante: Quanto a violência doméstica familiar, há a Lei Maria da Penha. No seu art. 5º, Lei 11.340/06 dispõe que será considerado violência doméstica e familiar: 1. No âmbito da unidade doméstica: convívio permanente de pessoas; 2. Âmbito da família: laços naturais, afinidade ou vontade expressa. 3. Relação intima de afeto: convívio, independentemente de coabitação. ¨ Causa de aumento de pena: Art. 121, inciso §7º: dispõe sobre as causas de aumento de pena do FEMINICÍDIO. A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for praticado: 1. Durante a gestação ou nos 3 meses posteriores ao parto. 2. Contra pessoa menor de 14 anos ou maior de 60. 3. Com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; 4. Na presença física ou virtual de descendente ou ascendente da vítima. 5. Em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 10 Questionamento: Caracteriza bis in idem o reconhecimento da qualificadora do motivo torpe e do feminicídio? Não. O feminicídio é uma qualificadora objetiva, logo pode ser combinada com uma qualificadora subjetiva. Informativo 625 do STJ: não caracteriza bis in idem o motivo torpe e a qualificadora feminicídio no homicídio praticado contra a mulher em situação de violência doméstica. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso VII: Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Fala-se em HOMICÍDIO FUNCIONAL, de acordo com a doutrina. É o crime de homicídio praticado contra a autoridade ou agente de segurança, por razão de sua condição de autoridade ou agente. Exemplo: o preso mata o agente penitenciário, simplesmente pela função que desempenha. A quem se aplica: 1. Art. 142 da CF: integrantes das Forças Armadas; 2. Art. 144, caput, CF: Integrantes da PF, PRF, PFF, PC e corpos de bombeiros militares; 3. Art. 144, §8º, CF: Guardas municipais; 4. Art. 144, §10º, CF: Agentes de segurança viária, exemplo: Detran; 5. Integrantes do sistema prisional; 6. Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública. Integrantes do poder judiciário e membros do ministério público, estão fora desse rol. Art. 121, §2º, CP: homicídio qualificado Inciso VIII: Com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido. ® Estamos diante de uma Norma Penal em Branco. ® Qualificadora objetiva. ® Crime hediondo. Homicídio doloso circunstanciado ou majorado. Aqui, fala das circunstâncias em que há o aumento de pena. Disposto no art. 121, §4º do CP: No homicídio doloso, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra: 1. menor de 14 anos; 2. maior de 60 anos. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 11 Importante: Pensar no tempo de crime. Exemplo, alguém quer matar uma criança. A pessoa dispara um tiro na criança quando tinha 13 anos, entretanto, ela só veio a morrer uns dias depois, e que, eventualmente, havia completado seus 14 anos. Questiona-se: nessa situação, aplica-se ou não essa causa de aumento de pena? SIM, com fulcro no art. 4º do CP, que trata sobre a teoria da atividade: considera-se o crime praticado no momento da ação/ omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. A pena é aumentada de 1/3 até a metade se o crime for: 3. Praticado por milícia privada, sob pretexto de prestação de segurança, 4. ou por grupo de extermínio (justiceiros). Vide §6º do art. 121 do CP. 4. Homicídio Culposo Disposto no art. 121, §3º do CP. Pena de detenção, de um a 3 anos. ® Estamos diante de um crime de médio potencial ofensivo. Culpa é elemento normativo do tipo penal. Violação do dever objetivo de cuidado, por imprudência, negligência, imperícia. 1. Negligência: Culpa negativa. Deixar de fazer aquilo que a cautela recomendava. Exemplo: Deixar arma de fogo carregada no alcance de outras pessoas. 2. Imprudência: culpa positiva. Pratica de um ato perigoso. Exemplo. Manusear uma arma de fogo carregada em local com grande movimentação de pessoas. 3. Imperícia: culpa profissional. Falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício para a qual o agente, em que pede autorizado a exercê-la não possui conhecimento técnicos ou práticos para tanto. Exemplo: Cirurgião plástico que mata paciente por falta de habilidade para realizar cirurgia plástica. No Homicídio Culposo não admite tentativa. ¨ Causas de aumento de pena no homicídio culposo. ® Art. 121, § 4ª, 1ª parte, do CP. ® Índice de aumento: 1/3. São 4 hipóteses: 1. Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. Não tem o agente conhecimentos teóricos ou práticos para o exercício de arte, profissão ou ofício. Direito Penal IV | Maria Eduarda Q. Andrade pág. 12 Exemplo: Médico ortopedista que mata paciente ao realizar nele cirurgia cardíaca. Atividade profissional. Importante: é diferente de imperícia. 2. Deixar de prestar imediato socorro á vítima. Não se aplica ao homicídio culposo na direção de veículo automotor. Art. 302, §1º, CTB. Não se aplica se era impossível ao agente prestar socorro. Não se aplica se a morte for evidentemente instantânea. 3. Não procurar diminuir as consequências do seu ato. 4. Fugir para evitar a prisão em flagrante. Inconstitucionalidade: ninguém está obrigado a produzir prova contra si mesmo. Perdão Judicial ® Art. 121, § 5º, do CP. Deixar de aplicar as penas quando as consequências da infração atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. ® Direito público subjetivo do réu. ® Ato unilateral: não precisa ser aceito pelo réu. ® ação penal pública incondicionada. ® Lei nº 9.099/95: suspensão condicional do processo. Pena mínima cominada de 1 ano de detenção Exemplo:mãe que ao dar ré no carro, mata o filho que estava atrás. 1. O perdão judicia é somente possível no homicídio culposo. 2. Natureza jurídica: Causa de extinção da punibilidade. art. 107, inciso IX, do CP. 3. Análise do caso concreto. 4. Cabível perdão judicial no homicídio culposo na direção de veículo automotor. Lei nº 9.099/1995: suspensão condicional do processo – pena mínima cominada de 1 anos de detenção.