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A percussão Corporal no desenvolvimento do corpo, ritmo e som. Profª. Danielle Batista Todos nós nascemos com um ritmo interno e colocamos esses sons para fora sem perceber, em diferentes ações bastante cotidianas, como no simples andar. A música/percussão corporal é definida como todos os sons produzidos pela mão no corpo, voz e pés tocando no chão, juntos ou separadamente, com a intenção de fazer música, explorar ritmos e agregar novas experiências corpóreas relacionadas ao movimento e percepção corporal. É exploração do corpo como fonte sonora para produzir ritmos e fazer música num ambiente educacional. A música, o som, o ritmo está inserido em nossas vidas desde a concepção além de fazer parte de nosso entorno; na folha que cai, na gota de água que pinga da torneira, no vento que sopra, no mar que murmura, nos passos das pessoas que passam apressadas pelas ruas da cidade, no cantar dos pássaros, no tilintar do sino da igreja, enfim, estamos sempre envolvidos por sons e ritmos, melodias e harmonias. Assim somos construídos. (LOPES, 2014, p. 06). • Nesse universo da música corporal, o corpo é o centro dessa manifestação: ele é o instrumento e o instrumentista simultaneamente, sendo utilizado para tocar e ser tocado. Não existe aqui a separação entre corpo e instrumento musical, instrumento e instrumentista. Por que conhecer sobre a percussão corporal? Porque auxilia no desenvolvimento da coordenação motora, na memória, melhora o raciocínio e concentração, ajuda na criatividade e na noção rítmica. Favorece o desenvolvimento motor do educando fazendo com que ele tenha boa coordenação e consciência corporal, desenvolve habilidades e expressões, noção de tempo e de espaço e organização do meio em que vive. indica que, além dos fatores já apontados, a percussão corporal contribui para a (re) descoberta do próprio corpo, traz bem-estar físico e mental, além de melhor interação e sociabilização. GINÁSTICA GERAL / GINÁSTICA PARA TODOS • Essas atividades rítmicas possibilitam, a você aluno, novas formas de se expressar, de explorar e demonstrar sentimentos e emoções, e o professor pode incluir elementos que compõem a música, como a melodia, o ritmo, a harmonia, auxiliando em seu ensino-aprendizagem de maneira prazerosa. Na utilização do ritmo é importante lembrar que, cada pessoa tem o seu próprio ritmo, o ritmo interno de cada um, o que é de fundamental importância, principalmente no âmbito da aprendizagem. Permitir que a espontaneidade apareça levando em consideração este respeito à individualidade, à subjetividade de cada um é essencial, já que os atos e as atividades espontâneas são uma forma de exteriorização de ideias e sentimentos, dando espaço à criatividade, ao envolvimento e a auto expressão dos alunos. Aspectos abordados no trabalho com Ginástica Geral Os principais benefícios da prática da percussão corporal • o desenvolvimento da coordenação motora; a ativação da circulação do sangue; a melhora da concentração e da memória; bem-estar físico e mental; e redescoberta do próprio corpo. • indica exercícios de independência rítmica trabalhando coordenação entre pés, mãos e voz, exercícios que trabalham o olhar e o andar, exercícios que trabalham atenção, reflexo, memorização e relacionam som com movimento. Também por meio de improvisações, com exercícios de criação e composição utilizando os sons e ritmos estudados. Grupo BARBATUQUES Fundado em 1995, o grupo musical paulistano desenvolveu ao longo de sua trajetória uma abordagem única da música corporal através de suas composições, técnicas, exploração de timbres e procedimentos criativos. A partir de pesquisas e criações de Fernando Barba e também de seu contato com o musico Stênio Mendes, o Barbatuques deu origem a diferentes técnicas de percussão corporal, percussão vocal, sapateado e improvisação musical, desenvolvidas em suas experiências coletivas e somadas à bagagem individual de seus integrantes. Sua forma inovadora de fazer música e as inúmeras possibilidades de extrair os sons do corpo tornaram o grupo reconhecido e atuante tanto no meio artístico quanto educacional, e resultaram na criação de espetáculos musicais, álbuns, treinamentos e oficinas, que já foram levados a mais de 20 países ao redor do mundo. A trajetória do Barbatuques contribuiu significativamente para a música corporal se tornar mais difundida mundialmente como uma estética contemporânea e uma importante ferramenta educacional. • A técnica desenvolvida pelo Barbatuques vem sendo cada vez mais utilizada em escolas brasileiras – tanto particulares quanto públicas – e ganha força entre os educadores pela facilidade de aplicação, simplicidade e baixo custo para as instituições. As atividades propostas pelo grupo desenvolvem a criatividade, a coordenação psico-motora e a percepção de si mesmo e do outro. Vamos conhece? https://mega.nz/folder/UpQHFS5C#n4KrLPJpG8PFXWaEP37c7Q https://mega.nz/folder/UpQHFS5C#n4KrLPJpG8PFXWaEP37c7Q A partir da metodologia do Barbatuques • Atividades exploratórias e mapeamento dos sons corporais. • Pés, mãos e voz. • Jogos musicais: flecha, eco, refrão/improviso e regência. • Arranjo em naipes e ritmos com sons de peito, estalo e palma. Exploração e mapeamento dos sons corporais: timbres e possibilidades sonoras Apresentar um repertório de sons para criar um vocabulário: a percussão com os pés, com as mãos e com a voz. É um momento de exploração da possibilidade do corpo produzir sons intencionalmente organizados e classificados, que serão posteriormente ordenados em exercícios de coordenação, em ritmos e em jogos musicais. É uma fase mais lúdica de brincar com os sons buscando outros até então não descobertos pelo corpo. O som dos pés • O som produzido pelos pés talvez seja o mais básico e ancestral. Os sapateios com os pés na marcação do pulso quando ouvimos uma música, o próprio ato de andar trazem consigo uma característica de marcação e de repetição constante. Ele define o som do passo que é uma referência de pulso e na sequência vai se agrupando e combinando os tempos entre os passos, formando o compasso. • Esses exercícios estimulam também a exploração de gestos não muito habituais dos pés: possíveis divisões rítmicas como faz o sapateado, nuances timbrísticas (arrastando, ponta do pé, calcanhar, diferentes tipos de solo e de calçado), diferentes intensidades (forte e fraco), andamento (lento, médio ou rápido) entre outros elementos. Percussão com as mãos Os sons das palmas são o primeiro e o mais acessível som que produzimos. Mesmo sendo um som muito comum e conhecido por todos (por exemplo, nos aplausos), Fernando Barba convencionou com o grupo que nas oficinas as palmas serão divididas em 5 tipos: palma grave, palma estrela, palma estalada, palma costas de mão e palma pingo. Essas palmas são trabalhadas separadamente para cada participante perceber como vai mudando o som e o formato das mãos conforme a palma é executada. Produzindo o som da Chuva https://www.youtube.com/watch?v=2qVt3ZK1Aek&t=27s https://www.youtube.com/watch?v=2qVt3ZK1Aek&t=27s • Nesse momento, o estímulo e a forma de exploração dos timbres das palmas são totalmente baseados na imitação e em algumas dicas sobre a posição das mãos e dos dedos para aprimorar a produção dos sons das palmas. Iniciamos com a palma grave e vamos trocando os tipos de palmas até a mais aguda, a palma pingo. • Além das palmas, as mãos percutem outras partes do corpo produzindo sons pela batida das mãos nas pernas, na barriga, no peito, na boca e na bochecha. Esses movimentos assemelham3 se ao ato de percutir outros instrumentos, comparados ao instante de tocar um tambor ou uma bateria, exigindo ora a alternância ora o toque simultâneo das mãos e a produção de ritmos combinados entre essas partes. Percussão bocal e efeitos vocais Os sons produzidos com a boca e pelo aparelho fonador não são possíveis de serem reproduzidos com as mãos no corpo ou com os pés. Por isso, eles enriquecem e complementam a gama desons corporais, chamados de percussão bocal: 1- Sons de vácuos produzidos com a língua, lábios e boca: estalo de boca, beijo, estalos com lábios entre outros. 2- Sons aéreos produzidos pelos sons das vogais ahhhhh, ohhhhh, ehhhhh, ihhhhh. 3- Sons aéreos produzidos pelas consoantes sssss, xxxxx, zzzzz, fffff, vvvvv. 4- Timbres onomatopaicos que desenvolvem a capacidade de imitação de instrumentos musicais, melódicos ou percussivos como bateria, guitarra, animais, máquinas etc. A percussão vocal explora as possibilidades fonéticas e onomatopaicas (ex: tum, pá, tchi etc.), usados para produzir sons e ritmos com a boca. Uma forma especializada da percussão vocal é o beatbox22 , modo bastante conhecido na cultura do Hip Hop de reproduzir batidas eletrônicas ou de bateria com a boca e um microfone. Os sons percutidos no corpo adicionados aos da percussão vocal (tum, pá, tchi etc), os efeitos vocais (sssss, fffff, respirações, vogais), os sons de vogais, de consoantes enriquecem e tornam complexas as possibilidades de entrelaçamento na produção de ritmos e de melodias com o corpo. Construção de ritmos para percussão corporal • https://www.youtube.com/watch?v=yGGXxMgQBvo • https://www.youtube.com/watch?v=yT5apsKuWfc - Documentário https://www.youtube.com/watch?v=yGGXxMgQBvo https://www.youtube.com/watch?v=yT5apsKuWfc • Por meio da combinação de sons com peito-estalo-palma constroem-se os ritmos, a exemplo, das músicas mais conhecidas do grupo Barbatuques. • Uma forma metafórica interessante é imaginar que o nosso corpo é uma bateria. Transpondo esses sons, pensa-se em uma lógica de transposição dos sons da bateria para o corpo: o som do bumbo é substituído pelo som do peito, o som da caixa, pela palma e o som do chimbal, pelo estalo de dedos. Assim, pode-se organizar esses sons tocados na bateria e tocá-los no próprio corpo. Tablatura Corporal André Hosoi criou uma tablatura para registrar e criar ritmos usando os sons de peito, estalo e palma. Dessa forma, os códigos para leitura e escrita são extremamente acessíveis a alunos sem conhecimento musical especializado. Um modo de promover a autonomia dos próprios alunos na criação e na combinação dos ritmos em pequenos grupos: “Tablatura fica mais fácil, aí eles decoram, [...] vem deles. [...] passar tudo pronto é legal [...], mas a gente sabe [...] como é difícil pegar uma outra coisa que o outro bolou, porque é do corpo do outro, é da lógica do outro”. Minha composição • A dinâmica de trabalho da pedagogia Barbatuques mostra-se extremamente inclusiva, aberta e integradora de vários códigos e linguagens. Coloca diversas potências de cada indivíduo agindo de forma conjunta e interdependente, colocando os sujeitos em contato com a música de uma forma muito específica. • O trabalho com percussão corporal permite mostrar a vocês que um toque em seu corpo ou um estalar de dedo não são apenas brincadeiras sem finalidade, mas uma maneira de emitir um som sem a necessidade da utilização de instrumentos. ATIVIDADE AVALIATIVA • Agora é a sua vez! A partir dos saberes aprendidos em aula hoje, você terá um desafio a ser cumprindo. Esta atividade será avaliada equivalendo ao IA1 do 2º bimestre. • Desafio: produza um vídeo com uma sequência rítmica de movimentos da percussão corporal. Faça uma composição na tablatura e execute. Pesquise e explore. • Após a produção do vídeo, você irá responder a seguinte questão: Que importância você atribui para o desenvolvimento da sua percepção corporal, a partir da vivência com a percussão corporal?
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