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O ser humano é, indiscutivelmente, um ser sociável, pois necessita se organizar em grupos para poder suprir suas necessidades físicas, psíquicas e ...

O ser humano é, indiscutivelmente, um ser sociável, pois necessita se organizar em grupos para poder suprir suas necessidades físicas, psíquicas e culturais, em busca de sua realização pessoal. Como estrutura social básica está a família, entendida como a reunião de pessoas ligadas por vínculos sanguíneos e afetivos, a qual é responsável pelo desenvolvimento da personalidade de seus integrantes, bem como pela construção de suas potencialidades em prol da convivência em sociedade. Logo, a família representa a unidade primária de associação dos indivíduos e, portanto, a unidade fundamental da sociedade. A análise histórica das relações interpessoais exterioriza que, visando estabelecer padrões de moralidade, a fim de promover a harmonia social, houve a imposição, pelo Estado, de diretrizes e proibições a serem observadas na formação da família. Nesse passo, tem-se a institucionalização da entidade familiar, a qual passou a ser identificada apenas com o instituto do casamento. Dessa forma, a partir do intervencionismo estatal, “os vínculos interpessoais, para merecerem aceitação social e o reconhecimento jurídico, necessitavam ser chancelados pelo que se convencionou chamar de matrimônio”, o qual, sob as influências da Revolução Francesa (século XVIII), caracterizava-se como sendo patriarcal, hierarquizado e transpessoal, na medida em que tinha por objetivo principal a constituição de patrimônio, em detrimento dos laços afetivos. A identificação da família à união de pessoas pelo casamento esteve presente na legislação pátria desde a instituição da República. De fato, a Constituição Federal de 1891, em seu art. 72, §4º, dispunha que “A República só reconhece o casamento civil, cuja celebração será gratuita”. Já a Constituição Federal de 1934, em seu art. 144, previa que “A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado”. Assim, o casamento era reconhecido como exclusiva entidade familiar e, como tal, a única idônea a receber proteção do Estado. Em face disso, entende-se por casamento – e, portanto, por família – a união legal entre homem e mulher, celebrado perante o Estado, em observância a normas de ordem pública, que cria família e estabelece comunhão plena de vida com base na imposição de direitos e deveres conjugais. Assim, corresponde à instituição jurídica e social originária das justas núpcias, contraídas por duas pessoas de sexos distintos. “Abrange necessariamente os cônjuges, mas para sua configuração não é essencial a existência de prole”.