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Antes da pandemia a vida transcorria no estresse diário de viver múltiplos papéis sociais. A relação com o tempo de Chronos era sempre no desejo de...

Antes da pandemia a vida transcorria no estresse diário de viver múltiplos papéis sociais. A relação com o tempo de Chronos era sempre no desejo de cumprir a agenda e ser o melhor possível na carreira, com a família, com os amigos. Chronos é implacável com aqueles que não conseguem cumprir prazos, fazer tarefas, chega a ser um tirano muitas vezes. Incute a culpa e o sentimento de fracasso toda vez que é desafiado. A chegada ao país de um vírus que trouxe na sua bagagem: mortes, perdas financeiras, afetivas, proibição da liberdade de ir e vir paralisou vidas, sonhos, projetos. Na tentativa de evitar um mal maior foi adotado o isolamento social. A população ficou dividida entre as polaridades políticas e cada pessoa tratou de colocar nas redes sociais suas insatisfações. Enquanto isso, totalmente alheio e frio, o forasteiro corona vírus tratou de percorrer os Estados brasileiros fazendo suas vítimas. Rapidamente o cenário nas cidades mudou: ruas vazias, lojas fechadas, o medo da contaminação, dificuldades de adaptação a uma nova rotina de trabalho, conflitos dentro das famílias, desemprego, aumento da violência nos lares, morte de amigos e entes familiares deram o tom dos últimos meses. O caos se instalou dentro e fora. Num primeiro momento, os pacientes confusos, com medo desmarcaram resistindo a fazer seu processo via internet. Com o passar dos dias, das semanas, a ansiedade, a depressão, acompanhadas das perdas e lutos chegaram à clínica. O que se espera do Psicólogo, enquanto profissional habilitado para lidar com as emoções, com a saúde mental? Como lidar com as perdas e lutos do outro? Principalmente, se também ele está vivenciando a mesma dor? Nesse momento, o caminho ideal seria investir na terapia pessoal e em supervisão. Durante todo esse vendaval de emoções despertadas com a chegada desse vírus a relação com o tempo mudou. Se antes O Deus Chronos reinava soberano cuidando dos prazos, agendas, tarefas à custa da saúde emocional de muitos; agora chegou a vez do Deus Kairós o Deus do tempo oportuno, do tempo que não se pode controlar, apenas vivenciar. Partindo dessa constatação o tempo se tornou um aliado para possibilitar um mergulho interior e perceber o quanto vivemos desconectados da verdadeira essência. Agora, os conteúdos sombrios começam a surgir forçando serem olhados de frente. Viver na persona adequada socialmente começa a ser questionada. Perceber a finitude da vida de familiares e amigos dispara a dor do luto e convida a refletir: será que tudo isso vale mesmo a pena? O luto pode reabrir as feridas emocionais tamponadas pelo tempo e esquecidas há muito no inconsciente. Seria a oportunidade de fechá-las mergulhando profundamente no processo analítico.

Essa pergunta também está no material:

ebook_expressoes aap4
748 pág.

Gestão Hospitalar

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