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INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE 1. Conceito Em princípio, quando o empregado pratica uma falta grave (normalmente prevista no art....

INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DE FALTA GRAVE

1. Conceito
Em princípio, quando o empregado pratica uma falta grave (normalmente prevista no art. 482 da CLT), o empregador deve, de imediato, aplicar a penalidade da justa causa. Para tanto, o próprio empregador efetiva a demissão. Entretanto, alguns empregados possuem ESTABILIDADE PROVISÓRIA e, em tais casos, o empregador não pode simplesmente aplicar a justa causa; deve ele propor ação judicial para que a falta grave seja reconhecida judicialmente, conforme art. 494 da CLT. Referida ação é denominada “inquérito judicial” e está prevista nos arts. 853 a 855 da CLT. ASSIM, O INQUÉRITO JUDICIAL PARA APURAÇÃO DA FALTA GRAVE É A AÇÃO PELA QUAL A JUSTA CAUSA PODERÁ SER APLICADA A ALGUNS EMPREGADOS COM ESTABILIDADE PROVISÓRIA. Atenção: Não são todos os casos de estabilidade provisória que ficam sujeitos ao inquérito judicial!
2. Casos de obrigatoriedade do inquérito judicial
O inquérito judicial é necessário APENAS QUANDO A LEI DETERMINAR que a dispensa do estável deve ser feita, mediante a prática de falta grave devidamente apurada, “nos termos da Consolidação” ou “na forma da lei”. São as seguintes hipóteses: a) estável decenal (art. 492 da CLT): no período anterior à obrigatoriedade do regime de FGTS, a CLT previa a estabilidade de um empregado após o trabalho por 10 anos a um empregador. Trata-se da estabilidade decenal, prevista no art. 492 da CLT. O regime da estabilidade decenal era obrigatório quando da promulgação da CLT. Quando da criação do FGTS, o empregado poderia optar por ser inserido no regime do FGTS ou no da estabilidade decenal. Contudo, a partir da Constituição de 1988, o regime de FGTS passa a ser obrigatório. Segundo o art. 494 da CLT, a aplicação da justa causa ao estável decenal só seria possível após a apuração da falta grave em inquérito (art. 494 da CLT: “O empregado acusado de falta grave poderá ser suspenso de suas funções, mas a sua despedida só se tornará efetiva após o inquérito e que se verifique a procedência da acusação”). b) dirigente sindical (art. 8º, VIII, da CF; art. 543, § 3º, da CLT; Súmula 379 do TST; Súmula 197 do STF): o dirigente sindical, inclusive o suplente, tem estabilidade a partir do registro da candidatura até 1 ano após o término do mandato, se eleito. Segundo o art. 543, §3º, da CLT: “Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação”. Vê-se, assim, que a falta grave deve ser apurada nos termos da previsão em CLT, que, no caso, será o inquérito judicial. A OBRIGATORIEDADE DE AJUIZAMENTO DO INQUÉRITO JUDICIAL PARA DEMITIR O DIRIGENTE SINDICAL FOI PACIFICADA PELAS SÚMULAS 379 DO TST E 197 DO STF. c) diretor de cooperativa (art. 55 da Lei n. 5.764/71): o art. 55 da Lei n. 5.764/71 estabelece expressamente que “Os empregados de empresas que sejam eleitos diretores de sociedades cooperativas pelos mesmos criadas, gozarão das garantias asseguradas aos dirigentes sindicais pelo art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho”. Dessa forma, os diretores de cooperativa também têm o direito de só serem demitidos após a apuração da falta grave em inquérito judicial. d) representantes dos empregados na Comissão de Conciliação Prévia no âmbito da empresa (art. 625-B, § 1º, da CLT): o dispositivo garante estabilidade e tais empregados, titulares e suplentes, até 1 ano após o término do mandato, só podendo ser dispensados por falta grave, nos termos da lei. Assim, entende-se que a remissão da parte final do dispositivo se refere à necessidade do inquérito judicial. e) representantes dos empregados no Conselho Curador do FGTS (art. 3º, § 9º, da Lei n. 8.036/90): o dispositivo garante estabilidade aos representantes dos empregados no Conselho Curador do FGTS, titulares e suplentes, do momento da nomeação até 1 ano após o término da representação, só podendo ser dispensados em razão de falta grave, regularmente apurada por meio de processo sindical. Apesar de a lei fazer remissão a processo sindical, entende-se que a lei se refere, em verdade, ao inquérito judicial. f) representantes dos trabalhadores no Conselho Nacional da Previdência Social (art. 3º, § 7º, da Lei n. 8.213/91): o dispositivo garante estabilidade aos representantes dos empregados no CNPS, titulares e suplentes, do momento da nomeação até 1 ano após o término da representação, só podendo ser dispensados em razão de falta grave, regularmente apurada por meio de processo judicial. No caso, o processo judicial seria o inquérito judicial.
3. Suspensão do empregado
Um dos requisitos para a aplicação da justa causa é a imediatidade. Por ela, o empregador deve aplicar a justa causa tão logo tome conhecimento da autoria da falta grave. Caso haja demora, entende-se que houve perdão tácito. Contudo, nos casos em que o inquérito judicial é necessário, não há como aplicar a punição de imediato, pois o empregador deve ajuizar o inquérito judicial. Assim, o art. 853 da CLT assegura ao empregador a possibilidade de suspender o empregado para, posteriormente, ajuizar a ação de inquérito. Caso o empregador suspenda o empregado, terá o prazo decadencial de 30 dias para o ajuizamento do INQUÉRITO (SÚMULA 403 DO STF: “É DE DECADÊNCIA O PRAZO DE TRINTA DIAS PARA INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO JUDICIAL, A CONTAR DA SUSPENSÃO, POR FALTA GRAVE, DE EMPREGADO ESTÁVEL”). Por se tratar de prazo de decadência, se ficar inerte, o empregador perde o direito de demitir o empregado.
4. Procedimento
Em regra, o inquérito judicial segue o procedimento ordinário, com apenas algumas particularidades. A petição inicial deve ser necessariamente escrita e deve ser dirigida ao juiz da Vara do Trabalho do local da prestação de serviços (art. 651 da CLT). Além disso, admite-se a oitiva de 6 testemunhas por parte (art. 821 da CLT). Caso o inquérito judicial seja julgado procedente, será reconhecido o término do vínculo empregatício por justa causa. Por outro lado, caso o inquérito seja julgado improcedente, o vínculo empregatício continuará ativo. Se o empregador tiver suspendido o empregado, terá que pagar todos os salários do período de suspensão (art. 495 da CLT).
5. Estrutura
I - ENDEREÇAMENTO: Analisar os critérios do art. 651 da CLT.
II - PREÂMBULO: a) Partes: REQUERENTE: qualificação completa (em regra: empregador – observar as regras de qualificação da petição inicial); REQUERIDO: qualificação completa (em regra: empregado – observar as regras de qualificação da petição inicial). b) Nome da Ação: Inquérito Judicial para Apuração de Falta Grave; c) Fundamento Legal: arts. 494 e 853 da CLT
III – FATOS: O Requerente deverá narrar os fatos de forma breve, relatando os motivos que o levaram à propor a ação
IV – DIREITO: a) Mencionar a estabilidade e a falta grave cometida; b) Indicar o artigo em que a falta esta capitulada como grave; c) Pedir a declaração de extinção do contrato por justa causa do empregado com data retroativa à suspensão contratual;
VI - PEDIDOS E REQUERIMENTOS Pedidos: a) A notificação do requerido; b) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos. c) Procedência do pedido d) Condenação em honorários
VII - VALOR DA CAUSA
VIII – FECHAMENTO.

Essa pergunta também está no material:

6_INQUERITO-JUDICIAL-PARA-APURACAO-DE-FALTA-GRAVE (1)
4 pág.

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