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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Psicose e Esquizofrenia Introdução Antes de falar de psicoses e da esquizofrenia propriamente dita é importante salientar que as psicoses e/ou sintomas psicóticos podem ter causas primárias que não seja psiquiátrica e sim, causas orgânicas. Para isso precisaremos: - Afastar causa orgânica que podem gerar psicose: História clínica: início abrupto e primeiro episódio, se é um paciente geriátrico (é bastante susceptível a desencadear dellirium por infecção), se há uma condição clínica de base, presença de lesão visível e se há alucinação visual; Afastar TCE; Afastar intoxicação exógena; Afastar infecção. Sintomas neurológicos suspeitos de doença orgânica: Perda de consciência; Convulsão; TCE; Alteração do campo visual; Diminuição da concentração; Sonolência= rebaixamento de nível de consciência; Desorientação; Déficit de memória; Alteração da fala e marcha. Exame físico: são sinais externos de doenças orgânicas que podem gerar psicose; Pulso e pressão: por exemplo, arritmias, que pode gerar trombos e êmbolos AVC; Rosto e pescoço: avaliar exoftalmia e bócio (Tireoideopatia), icterícia (alteração hepática ou nas vias biliares), nistagmo e ptose palpebral; Hálito cetônico e urêmico; Corpo: flapping, tremores, circulação colateral, ascite e edema de MMII. Transtorno Neurocognitivo/Delirium/Transtorno Mental orgânico Quadro clínico: - Alteração na consciência: rebaixamento do nível de consciência; - Alteração da atenção; - Alteração na cognição: memória recente, desorientação, Disartria, disnomia e disgrafia; - Percepção: interpretação delirante, ilusão (ocorre quando um sentido fica deturpado devido um elemento externo) e alucinação visual (não existe elemento externo que altere seu órgão de sentido). OBS: Delírio é uma alteração do pensamento, que faz com que a pessoa crie pensamentos da realidade que não são condizentes com essa realidade. Características associadas ao quadro de Delirium: - Perturbação do ciclo-sono-vigília: inversão e sono interrompido; - Hiperatividade: alucinação, delírios, agitação e desorientação; - Hipoativo: confusão e sedação; - Ansiedade, medo, irritabilidade, raiva, euforia, labilidade afetiva e apatia. Etiologias: O dellirium sempre secundário a um comprometimento orgânico. - Condição médica geral: TCE, encefalite, estado pós- ictal (após convulsão) doença vascular e doença generativa; - Metabólitos: insuficiência renal, hepática, hipoglicemia, Hiper ou hipotireoidismo, desequilíbrio hidroeletrolítico; - Transtorno cardiopulmonar (diminui a oxigenação cerebral): IAM, IC, arritmia, Insuficiência respiratória; - Sistêmica: infecção, neoplasias, estado pós- operatório, doenças autoimunes (lúpus gera vasculite); - Intoxicação: álcool, substâncias psicoativas, anticolinérgicos, corticoesteroides, organofosforados, monóxido de carbono; - Abstinência: delirium tremens (álcool), Exame complementar: - Eletroencefalograma: vamos identificar uma lentificação difusa, exceto no quadro de abstinência, por álcool ou hipnóticos, que demostra uma atividade rápida. Esquizofrenia Todos os transtornos psicóticos, incluindo a esquizofrenia possuem anormalidades de 1 ou mais dos seguintes domínios: - Delírios: alteração do pensamento de coisas que não existem; - Alucinações: alteração da sensopercepção; 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Desorganização do pensamento; - Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal, incluindo catatonia, o qual inclui pelo menos 3 sintomas abaixo: Estupor: fica parado; Flexibilidade cérea: fica parecendo um boneco de cera; Mutismo; Negativismo: faz o contrário do que o médico pede; Posturas estranhas; Maneirismo: gestos exagerados; Estereotipia: movimentos ritmos e repetidos; Agitação; Caretas; Escolalia: o paciente repete o que você fala; Ecopraxia: o paciente repete o que você faz. - Sintomas negativos: expressão emocional diminuída e avolia. Definição esquizofrenia: Representa um quadro psicótico grave, sendo caracterizada por uma deterioração progressiva e crônica das funções mentais. Epidemiologia: Acomete geralmente pacientes jovens, com seu primeiro episódio entre 16-20 anos de idade. Quadro clínico: A esquizofrenia propriamente dita se caracteriza pela presença de um período de mais de 1 mês (de sintomas agudos) de pelo menos 2 dos sintomas abaixo: - Delírios: obrigatório; - Alucinações: obrigatório; - Desorganização do pensamento: obrigatório; - Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluir catatonia); - Sintomas negativos; - Nível de funcionamento ou autocuidado muito prejudicado; - Período de 6 meses de sintomas, mesmo com sintomas atenuados doença crônica. Tipos de esquizofrenia: OBS: No DSM V não faz essa repartição, já que o quadro geralmente é múltiplo. - Esquizofrenia paranoide: é o tipo mais comum; Possui como características principais: Delírios em geral paranoides: de perseguição, autorreferência, de grandeza; Alucinações auditivas: ameaças e ordens; Percepções delirantes: ocorre quando ela vê algo, mas chega ao cérebro de forma delirante. - Esquizofrenia hebefrênica ou desorganizada (segundo DSM IV): ocorre no início da adolescência; É caracterizada por: Afeto superficial e inadequado; Risos imotivados; Pensamento desorganizado com divagações; Tendência ao isolamento; Comportamento sem sentido: usa várias roupas, faz xixi em locais inadequados, por exemplo. - Esquizofrenia catatônica: É caracterizada por: Perturbações psicomotoras: agitação extrema, estupor catatônico, flexibilidade cérea; Obediência automática: a gente pede pra ele, por exemplo, dar um tapa no seu próprio rosto e ele dá; Negativismo. Fisiopatologia da esquizofrenia: A hipótese é que existe um excesso de dopamina na via mesolímbica, o que gera os sintomas positivos, os quais são: delírio, alucinação e agitação psicomotora. Já a alteração na via mesocortical é oriunda por uma falta de dopamina nessa via. É responsável pelos sintomas negativos, como falta de vontade, falta de pragmatismo e afeto inadequado. Por fim, as alterações na via tuberoinfundibular e via nigroestriatal estão relacionados aos efeitos colaterais dos antipsicóticos. Mania x esquizofrenia: O sintoma principal da mania é o humor, o que causa aceleração do pensamento. Já na esquizofrenia não há essa alteração de humor. Psicose x esquizofrenia 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP A psicose orgânica é um transtorno Neurocognitivo que engloba como principais manifestações clínicas: - Delírio; - Alucinações; - Desorganização de comportamento e pensamento. Nesse sentido, a esquizofrenia entra como uma das possibilidades de um paciente em estase de psicose. Tratamento da esquizofrenia: O tratamento da esquizofrenia é uma combinação do tratamento não farmacológico (terapia, intervenção familiar e psicossocial) e farmacológico, sendo que este último consiste no uso de antipsicóticos típicos e atípicos. - Típicos: tem como principal representante o Haloperidol. Tem forte inibição dopaminérgica (receptores D2) e gera efeitos extrapiramidais e hiperprolactenemia; - Atípicos: tem como principais representantes a Clopromazina e risperidona, causando menos sintomas extrapiramidais, pois agem bloqueando D2 e 5HT2A.
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