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1 Victoria Diniz Magalhães GRAM-POSITIVOS I As doenças são causadas por três gêneros de cocos gram positivos (grupo heterogêneo): Staphylococcus sp./ Streptococcus sp./ Enterococcus sp. Tem várias espécies dentro do gênero, algumas mais virulentas outras menos, cepas (resistente a antibióticos ou virulentas). É um grupo heterogêneo, porque exibem algumas doenças muito diferentes, mas também há a questão que os Staphylococcus e Streptococcus podem causar algumas doenças semelhantes. Eles são: Esféricos Reagentes a coloração de gram Não possuem endósporos Presença ou ausência de atividade de catalase, ajuda a diferenciar os GÊNEROS. Essas espécies têm presença ou ausência da enzima catalase, usamos isso para diagnóstico laboratorial, porque facilmente conseguimos diferenciar aquela espécie, a importância de diferenciar é conseguir saber a gravidade que o paciente pode chegar, estando contaminado com aquela bactéria e evitar uma antibioticoterapia inadequada naquele paciente, e a suspeita de estar infectado com outra cepa. Gênero Staphylococcus Tem-se 46 espécies, a mais estudada até hoje é o Staphylococcus aureus e 24 subespécies. Nomenclatura: primeiro nome + sp (gênero). Espécie abreviada: S. aureus. Espécie de Streptococcus: ex. S. Piogenes. A primeira letra sempre será a mesma. Staphylococcus deriva do termo grego “staphylé”: “cachos de uva” nem sempre vou encontrar nesse arranjo, mas é um arranjo com frequência encontrado nos Staphylococcus ao coletar a amostra e olhar no microscópio óptico, pode ocorrer dela não estar nesse arranjo, porque o próprio fato de manipular essa bactéria, corar ela, pode resultar em perda desse arranjo. Corada com gram ela fica bem roxinha. Podem estar em células isoladas; pares; ou cadeias curtas. Imóveis (não tem flagelos). Anaeróbios facultativos, podem causar doenças em vários locais do corpo, porque sobrevive bem em ambientes muito aerados e com pouco oxigênio, se adapta em condições diferentes com relação ao metabolismo do oxigênio. MESÓFILOS: crescem em uma temperatura que varia entre 18-40ºC. HALOTOLERANTES (são resistentes a meios salgados), ficam muito bem em meios neutros e básicos, não suportam acidez. CATALASE POSITIVOS (maioria dos infecciosos, algumas espécies são catalases negativo, mas são raras). 2 Victoria Diniz Magalhães Staphylococcus aureus Capacidade de produção da enzima coagulase. Teste da coagulase: todos os Staphylococcus aureus tem coagulase (enzima), as outras espécies não têm. Então se eu preciso diferenciar o que é aureus e não aureus (tudo o que não é Staphylococcus aureus, chamamos de não aureus). Todos os não aureus são coagulase negativos, então temos um tubo com plasma se jogamos bactéria nesse tubo e se ela for Staphylococcus aureus, vai haver coagulação desse material. Se ela for qualquer outra espécie que não for aureus, não vai haver esse material coagulando A coagulase, produzida por Staphylococcus aureus, acelera a formação de um coágulo de fibrina a partir de seu precursor, o fibrinogênio (esse coágulo pode proteger as bactérias contra a fagocitose por isolar a área infectada e revestir os organismos com uma camada de fibrina), fuga do sistema imunológico. No ágar sangue, os Staphilococcus aureus crescem em uma coloração amarelada, diferente de outras espécies desse gênero. Padrões de diferenciação: Coagulase positivos: Staphylococcus aureus. Principais doenças que acometem os pacientes: existem muitas doenças relacionadas a assistência à saúde (IRAS), é uma bactéria que está sempre no topo dessas infecções; infecções cutâneas superficiais e infeções invasivas (em órgãos mais internos, por ex. endocardite). Coagulase negativos: não-aureus. Muito associados a dispositivos invasivos, em pacientes hospitalizados e em imunossuprimidos. S. epidermidis (IRAS relacionada a dispositivos plásticos, forma um biofilme muito forte neles) S. saprophyticus (infecção urinária, principalmente em ambiente hospitalar) S. haemolyticus S. lugdunensis S. warneri S. scheleiferi S. hominis Há outras espécies que são comuns no ambiente hospitalar e ocorrem muito em pacientes imunossuprimidos, hospitalizados, e que estão fazendo uso de dispositivos invasivos, acabam tendo infecções por essas espécies, dentro do gênero Staphylococcus. O gênero Staphylococcus sp faz parte da nossa microbiota da pele e da região de mucosa. As espécies mais comuns: aureus muito comum em região da face, auriculares na região da orelha. Tem alguns indivíduos 3 Victoria Diniz Magalhães que tem umas em algum local, outros não, então não é uma regra ter todas as espécies. O local que é o principal reservatório no nosso corpo é a mucosa nasal. Então, no nariz, tem Staphylococcus. Todas as pessoas apresentam estafilococos coagulase-negativos na pele, e a colonização transitória das dobras úmidas da pele com S. aureus é comum. A colonização do coto umbilical, da pele e da região perineal de recém-nascidos com S. aureus é comum. S. aureus e estafilococos coagulase-negativos também são encontrados na orofaringe e nos tratos gastrointestinal e urogenital. Na lista do boletim informativo os campeões de contaminação são os Staphylococcus. Staphylococcus CoN: são os coagulases negativo. As outras doenças não aureus podem também apresentar resistência, mas isso acontece em uma menor escala. O que vai determinar a patologia dos Staphylococcus: mecanismos de evasão da resposta imunológica, mecanismos de adesão celular e capacidade de produção dano tecidual muitas das vezes porque dependendo da cepa, consegue produzir toxinas que vão causar danos teciduais. O nome aureus vem do latim: dourado. Catalase: enzima humanos e outros microrganismos produzem. Os microrganismos que suportam as espécies reativas de oxigênios têm naturalmente uma ou outra dessas enzimas. A presença ou ausência de catalase, uma enzima que converte o peróxido de hidrogênio em água e oxigênio, é usada para subdividir os diferentes gêneros: Gênero catalase-positivo aeróbico mais importante é o Staphylococcus. Gêneros catalase-negativos aeróbicos mais importantes, Streptococcus e Enterococcus. 4 Victoria Diniz Magalhães Em geral, os microrganismos que são anaeróbios facultativos tem uma ou outra para destruir as espécies reativas de oxigênio, o peróxido de hidrogênio é uma espécie reativa de oxigênio, então quando o Staphylcoccus o encontra, ele consegue transformar o peróxido de H em água e oxigênio, é uma reação simples. Pego uma lâmina coloco peróxido de Hidrogênio, pego a amostra do paciente com suspeita de Staphylococcus, se produzir um gás (degradando o peróxido em água) sabe-se que é Staphylococcus. Pode ocorrer um caso raro que é Staphylococcus negativo. A importância disso é que os outros grupos que compartilham doenças muito semelhantes ou a mesma doença as vezes são catalase negativo. É um teste rápido. Se liberar O2 é catalase positivo. Se der catalase negativo, na grande maioria das vezes vai ser streptococcus ou enterococcus, pode ocorrer do paciente ser resistente ao medicamento, é um caso raro de catalase negativa para Streptococcus. Características que o Staphylococcus aureus tem que confere a ele patogênese: Possui capsula polissacarídica, inibe a fagocitose em algum momento. Porque inibe a fagocitose do micro- organismo pelos leucócitos polimorfonucleares. 11 sorotipos capsulares em S. aureus. Sorotipos 5 e 7 associado a maioria das infecções. A maioria dos estafilococos produz, em quantidades variáveis, um filme frouxamente ligado e hidrossolúvel (camada mucoide ou biofilme). Esse microrganismo tem que ser marcado com o anticorpo, opsonizado, para poder ser fagocitado. O que muda para ele passar de comensal para oportunista? Todos os MO que estão na microbiota, estão constantemente sendo monitorados pelo sistemaimunológico e por outras bactérias que estão na microbiota. Na nossa microbiota não temos uma região de MO aderidos, temos uma camada de muco e eles estão um pouco acima, então eles percebem as alterações externas, ele percebe por meio de receptores ligados à membrana e estão ligados a cascatas de sinalização que estão ligadas a expressão gênica. O que acontece para que se transformem em patogênicos? Eles sentem alterações externas desses receptores que mudam o controle dessa expressão gênica, ou seja, em um determinado momento ele não estava expressando fatores de virulência, se o ambiente agora está propício para isso ele começa a expressar esses fatores. Fagocitose e aderência: • Peptideoglicano: A camada de peptídeoglicano dos gram positivos, fica bem externa, então isso ativa muito sistema complemento e produção de interleucina-1 que são pró-inflamatórias. • Ácidos teicóicos: polissacarídeo A, podem se ligar a fibronectina, então faz com que essa bactéria tenha uma aderência maior em espaços extracelulares. • Proteína A (SpA): Ela é colocada na superfície do Staphylococcus aureus, toda vez que produzimos anticorpos contra essa bactéria, alguns desses anticorpos se ligam a essa proteína A. (Ele tinha que se ligar com o MO pela porção Fab porque todas as outras células do sistema imunológico que reconhecem MO opsonizado têm receptor para a porção FC, essa porção tem que ficar livre para se ligar as células fagocíticas. 5 Victoria Diniz Magalhães Quando uma bactéria se liga na porção FC ela inviabiliza esse anticorpo porque eu não tenho células do sistema imunológico receptor para Fab, então não vou ter nenhum fagócito para fagocitar essa bactéria. • Proteínas MSCRAMM: Componentes da superfície microbiana que reconhecem moléculas adesivas da matriz. As MSCRAMM mais bem caracterizadas são a proteína A estafilocócica, as proteínas A e B ligadoras de fibronectina (se ligam a fibronectina) e o fator de aglutinação (clumping factor) A e B. As proteínas conhecidas como fator clumping (também chamadas de coagulase), ligam-se ao fibrinogênio convertendo-o em fibrina insolúvel, levando os estafilococos a se agruparem ou agregarem-se. Então quando essa bactéria se encontra em espaços extracelulares e com presença dessa fibronectina, ela se liga melhor a essas estruturas, causando doenças nesses espaços também. Então elas mudam o controle de expressão gênica. Quando essas bactérias começam a se tornar patogênicas a ordem de expressão desses genes é: • Tudo relacionado com a aderência ao tecido. • Coagulase • Proteína A Em um segundo momento elas aumentam a produção de hemolisinas e toxinas que vão causar danos teciduais. Então os Staphylococcus no início, eles não se preocupam em causar danos, o que pode acontecer é o sistema imunológico na ânsia de matar essas bactérias acabarem causando um dano tecidual. Em um primeiro momento a ideia é estabelecer uma colonização, formar um biofilme e escapar do sistema imunológico. Em um segundo momento elas começam a produzir agentes que causam danos teciduais. Regulação de Genes de Virulência No óperon agr (óperon do gene acessório regulador) tem-se vários genes de virulência, por isso que de uma hora para outra essa bactéria pode gerar vários fatores de virulência e em um outro momento está na 6 Victoria Diniz Magalhães microbiota comensal sem produzi-los, porque esse óperon pode ligar e desligar de acordo com a condição externa que essa bactéria se encontra. Óperon relacionado a genes de virulência que explica essa mudança drástica no padrão de expressão gênica, também precisa ser rápido, então quando essas bactérias estão em pequena quantidade/densidade tem mais as proteínas de adesão e tudo o que elas precisam para colonização, quando estão em alta densidade biofilme, isso já faz com que elas invadam o organismo e produza enzimas hidrolíticas e toxinas. Defesas contra Imunidade Inata Cápsula: protege as bactérias por inibir a fagocitose dos organismos por PMNs. Apesar disso o Staphylococcus não deixa de ser fagocitado, porque existe a opsonização, mas da forma mais comum de fagocitose é difícil e isso já uma vantagem, porque ela permanece um tempo maior multiplicando. Opsoninas (IgG, fator de complemento C3) no soro ligam-se aos estafilococos encapsulados na presença de anticorpos específicos dirigidos contra os estafilococos, C3 aumentado está ligado às bactérias e leva à fagocitose. • Camada mucoide extracelular: interfere com a fagocitose. Os anticorpos vão ter dificuldade de ligar, dificultando a resposta imunológica. Proteína A: se liga às imunoglobulinas impede a depuração imune mediada por anticorpo do S. aureus. Quando o Staphylococcus forma esses biofilmes, é muito difícil de tratar. É uma organização que as bactérias adquirem que é muito difícil de ser tratada. O sistema imunológico não alcança, então os medicamentos são difíceis de ter acesso a essas regiões. Toxinas Estafilocócicas: são citolíticas (lisar células). O Staphylococcus tem enzimas citolíticas, das quais, algumas, são hemolisinas. Toxina alfa: rompe músculos dos vasos sanguíneos, toxica para leucócitos, eritrócitos, hepatócitos e plaquetas. Se integra a membrana formando poros. • Toxina Beta: causa uma grande lesão tecidual, está muito associado a destruição da esfingomielina e lisofosfatidilcolina. • Toxina Delta: toxicidade para membranas – “rompimento celular”. Funciona como detergente, acaba rompendo as membranas. • Toxina Gama: atividade hemolitica – formação de poros. • Leucocidine Panton-Valentine- PVL – leucotóxica. Os pacientes quando estão infectados com essas cepas que tem essa toxina PVL, tem uma chance de ficarem muito graves. Essa toxina é chamada de marcadora de cepas, porque tem uma relação direta com a bactéria ser resistente a muitos antibióticos. 7 Victoria Diniz Magalhães Marcador de cepas: 5% MRSA-HÁ (Stapylococcus aureus resistente a meticilina/penicilina- HA (Adquirido no hospital). 100% MRSA- CA (adquirido na comunidade). Chance que os pacientes têm de ficar mais ou menos grave, porque essas toxinas todas não são obrigatoriamente encontradas em todos os Staphylococcus, o que está na mucosa nasal, parte da microbiota, ele não produz essas toxinas, ele pode se tornar um MO patogênico, mas não tem essa capacidade, na maioria das vezes. • Toxinas esfoliativas: ETA (bacteriofago) e ETB (plasmídeo). Para manter a integridade da epiderme tem-se as células conectadas pelos desmossomos, as toxinas esfoliativas rompem essa integridade. Quem tem infecção por Staphylococcus e a cepa tem essa toxina esfoliativa, começa a perder essa integridade, formando bolhas, se cair na corrente sanguínea, pode causar uma infecção generalizada, gerando um quadro mais grave. Quebra dos desmossomos na epiderme. Recém-nascidos - SSSS. Quebra de pontes intracelulares no estrato granuloso da epiderme. As toxinas são serina proteases que quebram a desmogleína-1, um dos membros de uma família de estruturas de adesão celular (desmossomos) responsável por formar pontes intercelulares no estrato granuloso da epiderme. Causa dermatite esfoliativa. • Enterotoxina: 8 tipos sorológicos distintos (A a E; G a I). infecção dos Enterócitos, em geral estão relacionadas com intoxicação alimentar. Em altas temperaturas a bactéria pode ser destruída, mas a toxina permanece, elas têm resistência ao suco gástrico que as bactérias não têm. Termoestáveis – 100° - 30 min. Resistentes a hidrólise por enzimas gástricas. Induzem ativação inespecífica de células T e liberação de citocinas. • TSST-1- Toxina-1 da síndrome do choque tóxico. É um tipo de superantígeno (a célula T para ser ativada, necessita reconhecer um peptídeo apresentador de antígeno), um superantígeno elimina essa necessidade, e faz com que qualquer célula T independente do clone seja ativada, então tem um sistema imunológicosuperativado e não funciona porque tem um monte de células ativadas que não funcionam para aquela bactéria. Tem-se uma tempestade de citocinas sem haver necessidade, causando uma resposta inflamatória muito exacerbada. EX.: uso de absorventes íntimos houve casos nos EUA de contaminação desses absorventes internos por Staphylococcus aureus pelo tempo que foi deixado, do tipo choque tóxico. Várias mulheres tiverem, é uma doença gravíssima, muitas vieram a óbito. A toxina cai na corrente sanguínea, causando choque hipovolêmico e isso pode acontecer se esse paciente for infectado com essa cepa que tem essa toxina do choque tóxico. Intensa liberação de citocinas • Macrófagos (IL-1β e fator de necrose tumoral [TNF]-α), quanto por linfócitos T (IL-2, interferon [IFN]-γ, e TNF-β). • A liberação de TNF-α e TNF-β está relacionada com hipotensão e choque, enquanto a febre está associada à liberação de IL-1β. Enzimas Estafilocócicas: 2 formas de coagulase: • Coagulase ligada à parede celular: pode converter diretamente fibrinogênio em fibrina insolúvel e causar a agregação dos Staphylococcus. • Coagulase livre alcança o mesmo resultado reagindo com um fator globulina do plasma (fator que reage com a coagulase) para formar estafilotrombina, semelhante à trombina. Esse fator catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina insolúvel. O papel da coagulase na patogênese da doença é especulativo, mas pode 8 Victoria Diniz Magalhães levar à formação de uma camada de fibrina ao redor do abscesso causado por estafilococos, localizando a infecção e protegendo o microorganismo da fagocitose. Para o Staphylococcus invadir os tecidos e causar dano tecidual, eles podem ter outras enzimas que vão hidrolisar o tecido para bactéria se disseminar ali, um deles é a hialuronidase. Em nossos componentes temos ácido hialurônico. Então ele consegue entrar por meio desses tecidos porque ele vai destruindo esse ácido. É uma característica da espécie. Outra enzima é a fibrinolisina, também chamada de estafiloquinase, o sistema de defesa tende a formar coágulos de fibrina em torno da bactéria para evitar que caia na corrente sanguínea. Mas as bactérias conseguem dissolver esses coágulos de fibrina, elas têm enzimas que as ajudam a cair na corrente sanguínea. Todas as cepas de S. aureus e mais de 30% das cepas de Staphylococcus coagulase-negativo produzem várias lipases diferentes que hidrolisam lipídios e asseguram a sobrevivência dos estafilococos nas áreas sebáceas do corpo. S. aureus também produz uma nuclease termoestável, que pode hidrolisar o DNA viscoso. Doenças Clínicas (Staphylococcus aureus) Através da produção de toxinas ou da invasão direta e destruição do tecido. Pelo fato destas bactérias serem anaeróbias facultativas, faz com que elas causem doenças em locais muito distintos, com relação a condição nutricional, pH e disponibilidade de O2. IMPETIGO Causada por: Streptococcus pyogenes ou Staphylococcus aureus Impetigo bolhoso é uma forma localizada da SSSS. Cepas específicas de S. aureus => toxina => formação de bolhas superficiais na pele. Infecções cutâneas localizadas. Vesícula cheia de pus sobre uma base eritematosa. O eritema não se estende para além das bordas das bolhas. Bolhas que apresentam cultura positiva para o microrganismo. Bactérias destroem os desmossomos Muitíssimo contagiosa. Sinal de Nikolsky ausente (descolamento em volta da bolha). Ocorre primariamente em bebês e crianças pequenas. Diagnostico diferencial para Pênfigo bolhoso. Pode ter na forma bolhosa ou não bolhosa, muito encontrada nas crianças, quando começa a dar em outras partes do corpo, não significa que essa doença está sistêmica, mas ao coçar um local da lesão, carreamos para outro. Pênfigo bolhoso 9 Victoria Diniz Magalhães O termo pênfigo é utilizado para designar um grupo de doenças que se caracterizam pela formação de bolhas intraepiteliais devido à produção de auto-anticorpos contra proteínas do complexo desmossomial envolvidas na adesão das células epiteliais da pele e mucosa, provocando perda da adesão intercelular, afastando as células umas das outras, caracterizando o fenômeno denominado acantólise. Classificação de impetigo: Impetigo primário (invasão bacteriana direta da pele anteriormente normal). Impetigo secundário (infecção em locais de traumatismo cutâneo menor, como abrasões, trauma leve e picadas de insetos, ou condições subjacentes, como eczema). Pioderma e impetigo contagioso são usados como sinônimos para o impetigo primário. A ocorrência de impetigo secundário às vezes é chamada de "impetiginização" Impetigo primário não-bolhoso Impetigo não bolhoso e de melicerico (parece que passou mel). Tem aspecto melicérico a infecção deve ser por Streptococco, mas tem casos de aspecto melicérico e ser por Staphylococcus também. Os impetigos podem variar também a região, sendo vesicupostular, na região da face. Impetigo secundário Não-bolhoso Impetigo primário Bolhoso O impetigo bolhoso é devido a cepas de S. aureus que produzem toxina esfoliativa. DD: fisiopatologia do pênfigo (autoanticorpos). ETA Impetigo Ulcerativo ou ectima Lesões se estendem através da epiderme e profundamente na derme Consistem em úlceras "perfuradas", cobertas com crosta amarela, cercadas por margens violáceas elevadas 10 Victoria Diniz Magalhães Diagnostico diferencial para impetigo não bolhoso: Dermatite de contato Infecção por tinea (infecção por fungo) Eczema herpético Vírus herpes simplex Diagnóstico diferencial para impetigo bolhoso: Formação de bolhas auto-imunes Dermatite aguda por contato Erupções bolhosas por drogas Queimadura Reações bolhosas por picada de inseto Varicela Dermatose pustular subcorneal Pênfigo bolhoso Diagnóstico diferencial para impetigoulcerativo ou ectima: Micobactérias Fungos Pioderma gangrenoso FOLICULITE 11 Victoria Diniz Magalhães “impetigo de Bockhart" Infecção pioneira no foliculo piloso Gram-negative folliculitis – Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella, Enterobacter, and Proteus São infecções do folículo piloso. Não existe somente foliculite bacteriana. Há também a fúngico. Além disso há foliculite por bactérias gram negativas. Uma delas klebsiela, pseudomonas, é o que é muito importante porque dependendo de qual pseudomonas, ou klebisiela é, vai ter uma resistência aos antibióticos. Então nem sempre uma foliculite que a gente trate com antibiótico vai resolver porque as vezes ele está com uma infecção por gram negativa, então tem que usar um outro antibiótico. Foliculite por uso de gillete, que está contaminado. FURÚNCULO Nódulos cutâneos cheios de pus Grandes e dolorosos Geralmente ficam com muito pus e quase sempre tem que fazer algum tipo de cirurgia para remover, muitas vezes não é possível que o antibiótico chegue aquele local então tem que fazer microcirurgia ou uma drenagem. As vezes aparece no couro cabeludo também. Outras doenças inflamatórias causadas por Staphylococcus: • Bacteremia • Endocardite • Osteomielite • Artrite séptica • Pneumonia • Infecção urinária Intoxicações causadas por Staphylococcus SÍNDROME DO CHOQUE TÓXICO (TSS) Crescimento localizado de S. aureaus (vaginal ou ferida) Produção de toxinas - TSST-1 - Exotoxinas Liberação da toxina na corrente sanguínea Manifestações clínicas: de rápida evolução Inicio abrupto 12 Victoria Diniz Magalhães Febre Hipotensão Prurido eritematoso difuso Múltiplos sistemas envolvidos (SNC, TGI, Hematologico, hepático, renal) Descamação da pele (todos locais) Morte por choque hipovolêmico (falência múltiplas dos órgãos) SÍNDROME DA PELE ESCALDADA (SSSS) Doença que acomete neonatos Lesão cutânea com intensa descamação (esfoliação) Eritemade pele causada por toxina Acumulo de fluido =amolecimento da pele Qualquer fricção causa exposição da derme Não deixa cicatriz (somente camada superior é descamada) É generalizada, ele fica com a pele toda soltando o sinal de N é positivo, é bem difícil de tratar. Todas essas lesões por Staphylococcus quando ficam ulcerativas, ou quando ficam com uma quantidade muito grande de tecido exposto pode haver colonização por outras bactérias, causando lesões muito piores, necrosadas. Tendo infecção secundária por outra bactéria. INTOXICAÇÃO ALIMENTAR ESTAFILOCÓCICA Uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos Causada pela toxina presente no alimento Essa contaminação do alimento é feita por um portador humano-> manipulação Transmissão da bactéria para alimento: espirro; mão contaminada Temperatura ambiente ou acima favorece o crescimento Alimento não altera sabor Toxina é termoestável Início da doença: 4horas - dura menos de 24horas. Sintomas: vomito grave; diarreia; dor abdominal; náuseas outros sintomas: suores e cefaleia. Sem febre. Diarreia aquosa. A campeã, a campeã é a salmonela. Está muito relacionada a manipulação errada de alimentos. Um dos problemas do Staphylococcus é que não há alteração do sabor, Cheiro ou cor, então tomar cuidado. A toxina é termoestável. 13 Victoria Diniz Magalhães Em geral quando o indivíduo tem intoxicação alimentar por Staphylococcus ela se apresenta nas primeiras 4 horas e duram menos de 24 horas. Isso é importante porque outras bactérias aparecem até 72 horas depois e duram um tempo maior. Então em geral pelo tipo e do momento que começou até quando terminou é possível imaginar mais ou menos se foi por Staphylococcus ou se foi por uma gram negativa. S. epidermidis (dispositivos plásticos) É o mais frequente agente responsável por infecções relacionadas a implantes de dispositivos médicos e infecções de corrente sanguínea. Associado à: bacteremia; endocardite; infeção de sitio cirúrgico;prótese articular; cateter intravascular Habilidade de colonizar superfícies polemicas formando BIOFILME. S. haemolyticus Bacteremia; endocardite; septicemia; peritonite; infecções geniturinárias, ósseas e articulares S. saprophyticus (infecção urinária) Potagens oportunista em infecção do trato urinário Adesão às células do trato urinário Epidemiologia dos Staphylococcus Pertencem à população microbiana normal da pele e mucosas Muitos persistem na mucosa nasal principalmente pessoal hospitalar Maior densidade nas regiões da pele mais ricas em glândulas sudoríparas e folículos pilosos; nas regiões mais próximas dos orifícios naturais Infecção endógena versus contato direto ou indireto Quebra de barreiras/locais estéreis, o paciente pode ter uma contaminação por adjacência, então o paciente pode estar com uma região próxima a aquele local contaminado, favorecendo a contaminação pela própria microbiota endógena. Manifestações Clínicas Os S. aureus podem causar doenças através de dois mecanismos: invasão tecidual e produção de toxina. A formação de abscesso é característica da infecção pela espécie Doenças mediadas por toxinas incluem intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico A invasão tecidual do microrganismo provoca lesões cutâneas como impetigo, furúnculos e ferimentos e infecções de tecidos moles, como fascite necrozante A quebra da barreira da pele e mucosas permite a disseminação do S. aureus pela corrente sangüínea e tecidos adjacentes, resultando em bacteremia, endocardite, pneumonia, osteomielite e artrite séptica. 14 Victoria Diniz Magalhães No caso de confirmar se o paciente está com uma cepa não caracterizada ou se está com uma já caracterizada, tem que fazer PCR, sequenciamento, então são técnicas mais moleculares para identificar essas causas se o paciente estiver em um local que tenha essa possibilidade. Diagnóstico laboratorial Coleta de produtos biológicos Exame macroscópico – aspecto purulento Exame microscópico gram Cultura: Staphylococcus crescem no ágar saborrout, mas os meios mais utilizados são o ágar sangue, manitol -sal e os caldos: tioglicolato e brain-heart. Identificação por produção de catalase Durante o diagnóstico laboratorial, tendo toda a caracterização dos aspectos clínicos, o que de simples pode ser feito é a catalase que em sua grande maioria dos Staphylococcus são catalase + e os Streptococcus são negativos e os enterococcus são catalase negativo. Identificação de coagulase Auxilia a distinguir de qualquer Staphylococcus aureus para qualquer outra que não seja aureus. Distinção de espécie. Susceptibilidade aos antimicrobianos S.saprophyticus-susceptibilidade mais constante Outros com Susceptibilidade variável Maioria produz beta-lactamases - Plasmídica - Resistentes aos beta-lactâmicos - Associar inibidores das enzimas ou penicilinas resistentes às penicilinases - ex. Dicloxacilina, flucloxacilina, meticilina ou oxacilina Ilhas de patogenicidade Conhecem-se três formas básicas de transferência de material genético entre bactérias: I. Por meio de conjugação, onde o contato com outras bactérias vivas possibilita a transferência de genes de virulência presentes em uma molécula de DNA extra-cromossômica denominada plasmídeo II. Captando DNA livre no meio ambiente em um processo denominado transformação III. Transdução ou conversão lisogênica, onde, vírus que infectam bactérias (bacteriófagos) transferem genes de virulência para as mesmas. Codificam fatores de virulência: invasinas, adesinas, toxinas, ou componentes que possibilitem a ação dos fatores citados. As PAIs apresentam conteúdo de guanidina e citosina (G+C) diferente do restante do cromossomo, geralmente estão localizadas em regiões especificas no genoma bacteriano. “mobile genetic elements”=elementos genéticos móveis. Transposons; “pathogenicity islands" =Ilhas de patogenicidade; genomic islands; Profago (adquiridos Horizontalmente/cepas). 15 Victoria Diniz Magalhães Resumindo, o Staphylococcus aureus: É um patógeno comum, causa uma série de doenças, muitas delas em pacientes que estão debilitados. O Staphylococcus aureus é considerado um patógeno humano oportunista. As infecções mais comuns envolvem a pele (celulite, impetigo) e feridas em sítios diversos. Algumas infecções por S. aureus são agudas e podem disseminar para diferentes tecidos e provocar focos “metastáticos". Episódios mais graves, como bacteremia, pneumonia, osteomielite, endocardite, miocardite, pericardite e meningite, também podem ocorrer. Causador principalmente de infecções de pele na comunidade e infecções em diversos sítios em ambiente hospitalar. Desde a última década, tornou-se motivo de preocupação devido ao aumento na incidência de infecções por cepas resistentes a meticilina (methicillin- resistant S. aureus [MRSA]) na comunidade sem os clássicos fatores de risco associados Mecanismos de resistência A resistência à penicilina foi detectada logo após o início de seu uso na década de 40. Essa resistência era mediada pela aquisição de genes que codificavam enzimas, inicialmente conhecidas como penicilinases, e agora chamadas β-lactamases. Na década de 1950, a produção de penicilinases pelos S. aureus passou a predominar nas cepas isoladas de pacientes hospitalizados. Em 1960, a meticilina foi lançada no mercado como alternativa terapêutica para cepas produtoras de penicilinase, uma vez que essa droga não sofre ação dessa enzima. Porém, já em 1961, relatos de cepas também resistentes à meticilina passaram a ser descritos e foram identificados os denominados Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA). - Alteração das PBP (proteínas ligadoras de penicilina)2 - MRSA (methicillin- resistant S. aureus) Alteração gene mecA gene que produz a proteínada parede celular das bactérias A alteração as torna resistentes a todos os beta-lactâmicos disponíveis, mesmo os resistentes às beta- lactamases Normalmente só susceptíveis à vancomicina (Inibe precursores de peptideoglicanos) e à teicoplanina (Inibe precursores de peptideoglicanos por outros mecanismos) VISA/VRSA. As VRSA apresentam mecanismos de resistência à Vancomicinas: produção de peptidoglicanos espessados para prevenir a entrada de vancomicina nas células resistência adquirida. Meticiclinas; Vancomicinas ; Teixobactin
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