Prévia do material em texto
Julia Paris Malaco – UCT17 SP5 – diagnostico de leucemias Leucemias são neoplasias do sistema hematopoiético caracterizadas por multiplicação clonal de célula-tronco cujas células proliferadas substituem progressivamente a medula óssea normal e podem ser liberadas no sangue periférico. O indivíduo adulto apresenta principalmente a medula óssea amarela, estando a vermelha restrita a algumas regiões, como: vértebras, costelas, externo, crista ilíaca, ossos do crânio, nas epífises do fêmur e úmero. No recém-nascido é observada apenas a presença de medula óssea vermelha, sendo que ela vai sendo substituída pela amarela com o passar dos anos Desvio a esquerda Existe um controle pela medula para a liberação de células para a circulação: A célula que está no estroma tem que atingir um de terminado grau de diferenciação para passar para o sinusóide e outro determinado grau de diferenciação para migrar para o sangue periférico No sangue periférico as células que são vistas são as maduras, que posteriormente vão aos tecidos. Diagnostico Translocações cromossômicas Produzem uma proteína “dominante- negativa” (perda de função) ou aumento de atividade (ganho de função) Presentes na maioria das neoplasias leucocitárias Criam oncoproteínasque muitas vezes bloqueiam a maturaçãonormal. Ativação de proto-oncogenes em células linfoides por erros que ocorrem durante a diversificação e o rearranjo gênico do receptor de antígeno. O mielograma (BMA, bone marrow aspirate) é o exame que avalia o parênquima do órgão formador das células do sangue, a medula óssea - Punção do osso esterno, crista íliaca ou das espinhas ilíacas anterior ou posterior. Julia Paris Malaco – UCT17 O aspirado obtido é o sangue dos sinusóides da medula óssea, a partir desse aspirado são realizadas extensões (fragmentos de medula) A ideia de que os sinusóides da medula óssea são ricos em blastos é errônea. Todas as células jovens que não estão presentes nos sinusóides ou que são vistos em pequena quantidade estão localizados no estroma da medula óssea Leucemias Hemograma Exame de fácil coleta Perfil das células pode traduzir os órgãos de origem (local de produção) e degradação (os tecidos em que as células desempenham sua função) Sempre o primeiro passo antes de qualquer análise do aspirado de medula óssea. Parte indispensável no diagnóstico de neoplasias hematológicas crônicas, como as doenças mieloproliferativas e linfoproliferativas Leucemias agudas Sintomas: fadiga, febre, dor óssea, dor articular. Exame físico: palidez, sangramento cutâneo mucoso, febre, visceromegalia, infiltração da pele, gengiva, tumores extra medulares e infiltração do SNC – cefaleia e paralisia do nervo craniano) Alterações no sistema hematopoiético: Infiltração da medula óssea pelos blastos Insuficiência da medula óssea Disfunção do microambiente Defeito na proliferação e função das células normais remanescentes Disfunção global do sistema imune Leucemia mieloide aguda A LMA é o tipo de leucemia mais frequente na população adulta (90%), podendo também acometer crianças (< 15%). Sua principal característica é a proliferação anormal das células progenitoras hematopoiéticas (blastos) que perdem a capacidade de diferenciação e maturação devido a mutações genéticas em genes envolvidos na proliferação e apoptose celular. No hemograma: Anemia normocítica e normocrômica geralmente está presente. Reticulocitopenia é bastante comum, mas eritroblastos circulantes podem ser encontrados eventualmente. O número total de leucócitos varia bastante, mas está aumentado em mais de 50% dos pacientes o Contagens muito elevadas (> 100.000 leucócitos/μL), vistas em até 20% dos casos, podem causar um fenômeno chamado leucoestase (por comprometimento do fluxo sanguíneo pela hiperviscosidade), que pode comprometer o SNC e o parênquima pulmonar, constituindo-se em uma emergência. A trombocitopenia, também frequente (até 75% dos casos têm menos de 100.000 plaquetas/μL). o pode ser resultado da infiltração medular ou fazer parte de um quadro de coagulopatia de consumo (caracteristicamente na leucemia promielocítica aguda [LPA]). Neutropenia é encontrada na vasta maioria dos pacientes (contagens normais de neutrófilos são ocasionalmente observadas nas variantes monocíticas). Mieloblastos são vistos no sangue periférico em quantidades variáveis. A presença de estruturas citoplasmáticas, como bastões ou bastonetes de Auer é considerada patognomônica. Aspecto especial da fórmula leucocitária na leucemia aguda, que se caracteriza pela ausência de formas intermediárias entre os mieloblastos e os neutrófilos adultos. Julia Paris Malaco – UCT17 Alterações laboratoriais na LMA Plaquetopenia geralmente está presente. Mais da metade dos pacientes tem plaquetas < 50.000/µL no momento do diagnóstico. Presença de blastos no sangue periférico. Hiato leucêmico corresponde à ausência de células intermediárias entre os blastos e os neutrófilos maduros. Bastão de Auer pode estar presente em cerca de 15% dos blastos. Uma exceção é a LMAM3 (promielocítica), em que há grande quantidade de bastões de Auer. Prolongamento do TAP, TTPa, TT, hipofibrinogenemia e aumento de D-dímero (principalmente na LMA-M3). Aumento de ácido úrico sérico pode ser encontrado nos pacientes devido a alta produção e destruição das células leucêmicas. DHL (ou LDH) pode estar aumentada. Leucemia linfoide aguda A doença é mais comum em crianças, correspondendo a 30% das neoplasias infantis. Linfoblastos ocupam grande parte da medula óssea - infiltrado nos linfonodos, baço e órgãos vitais. A LLA vem acompanhada de alguns sinais típicos, como anemia, enfraquecimento, cansaço crônico, febres, manchas roxas e sangramentos. No hemograma: Anemia normocítica e normocrômica geralmente está presente. Sessenta por cento dos pacientes com leucemia linfoide/linfoblástica aguda (LLA) apresentam leucocitose, que geralmente é discreta. No entanto, cerca de 10 a 15% apresentam contagens leucocitárias superiores a 100.000/μL, sendo que um valor acima de 50.000/μL é reconhecido como fator independente de mau prognóstico. Em torno de 80% dos pacientes apresentam neutropenia (< 2.000/μL), 90% apresentam trombocitopenia (< 150.000/μL), sendo que contagens de plaquetas abaixo de 25.000/μL são vistas em um terço dos pacientes. É comum que, no esfregaço de sangue periférico, sejam encontradas células imaturas (linfoblastos) que caracterizam a doença. No mielograma: O diagnóstico é firmado na presença de mais de 20% de linfoblastos no mielograma. Linfoma linfoblástico: quando houver massa tumoral mediastinal ou em outro local do organismo e menos de 20% de blastos na medula óssea. Leucemia linfoblástica: quando houver mais de 20% de blastos na medula óssea com ou sem massa tumoral. Os linfoblastos podem ser classificados como L1, L2 e L3 com base na sua morfologia. Além disso, variadas técnicas de coloração podem ser utilizadas para definir a linhagem linfoide de determinada célula imatura (p. ex., ácido periódico de Schiff), mas se tornaram obsoletas após o advento da imunofenotipagem. Leucemias cronicas Aumento desordenado de células maduras. Progressão lenta. Células com tempo de vida maior. Se multiplicam com maior velocidade e ultrapassam em número as células normaisLeucemia mieloide crônica A leucemia mieloide crônica é uma doença clonal da célula progenitora hematopoiética Cromossomo Philadelphia (Ph): Trata-se de uma translocação entre os cromossomos 9 e 22, nas localizações q34 e q11, representada por t(9;22) (q34; q11). Essa fusão de genes dá origem a um gene híbrido, chamado BCR-ABL, que irá definir a transcrição de uma proteína com alta atividade de tirosina quinase. Essa atividade enzimática está envolvida com a regulação da proliferação celular. No hemograma: O achado característico dessa mieloproliferação é a leucocitose, geralmente em níveis extremos (em média, 100.000 leucócitos/μL). A basofilia e a eosinofilia são achados praticamente universais, ao passo que a monocitose pode ser observada em casos mais raros. Julia Paris Malaco – UCT17 Trombocitose acima de 600.000 plaquetas/μL pode ser vista em 15 a 30% dos pacientes, e anemia normocrômica normocítica, em 45 a 60% dos pacientes. O escore da fosfatase alcalina leucocitária (FAL) nesses pacientes é baixo, o que os diferencia dos pacientes com reação leucemoide secundária, além de outras neoplasias mieloproliferativas. O percentual de blastos, a trombocitose extrema (> 700.000/μL), a eosinofilia e a basofilia têm impacto desfavorável no prognóstico. Mielograma e biópsia de medula óssea: A medula óssea se mostra caracteristicamente hipercelular à custa de hiperplasia mieloide com representantes de todas as fases de maturação. Podem ser observados graus variados de fibrose reticulínica e vascularização. O setor eritroide em geral está diminuído, e os megacariócitos se mostram pequenos e hipolobulados (chamados megacariócitos anões). Blastos são observados em alguns casos e podem classificar as fases da doença em crônica, acelerada ou crise blástica A crise blástica pode assumir linhagens de diferenciação linfoide (25%), mieloide (50%) e bifenotípica (25%). Leucemia linfoide crônica A LLC é a mais comum dentre as doenças linfoproliferativas crônicas. É a mais comum das doenças lipoproliferativas crônicas, corresponde a 30% dos casos de leucemias. Incidência maior com a idade - pacientes idosos - faixa etária dos 65 anos Mais prevalente no sexo masculino Predisposição genética e exposição a agentes químicos É uma doença clonal. A célula transformdada é uma célula tronco linfoide A célula transformada apresenta mutações no gene p53 (indutor de apoptose). Esse gene modificado não deixa as células entrarem em apoptose A p53 impede a progressão do ciclo por meio de três mecanismos: Ativação da interrupção temporária do ciclo celular (quiescência) Indução da interrupção permanente do ciclo celular (senescência) Ativação da morte celular programada (apoptose) No hemograma: A alteração mais característica da leucemia linfocítica crônica (LLC) é a leucocitose à custa de linfócitos, de tamanho pequeno a intermediário, cromatina condensada, nucléolos inconspícuos e escasso citoplasma. O limiar estabelecido é de mais de 5.000 linfócitos/μL em sangue periférico, muito embora uma grande proporção dos pacientes se apresente com contagens superiores a 100.000 leucócitos/μL. Julia Paris Malaco – UCT17 A mediana da contagem de leucócitos é de cerca de 20 a 30 mil/μL no diagnóstico. A contagem de linfócitos tende a elevarse inexoravelmente ao longo do tempo. Metade dos pacientes apresenta duplicação de sua contagem leucocitária em um período superior a 12 meses. Flutuações cíclicas de até 50.000 leucócitos/μL podem ocorrer em alguns pacientes, e, em outros, as contagens podem manter-se estáveis por muitos anos. É possível observar, em alguns casos, a presença de prolinfócitos em quantidades variáveis, que são células linfoides de aspecto mais imaturo e com nucléolos proeminentes. É bastante característica a descrição de restos celulares nas lâminas de sangue periférico, efeito chamado de sombras de gumprecht ou smudge cells. Tal achado não é característico de outras doenças linfoproliferativas e está ligado à redução do conteúdo celular de vimentina. Podem ser observadas outras alterações, como anemia (hemoglobina [Hb] < 10 g/dL) trombocitopenia (plaquetas < 100.000/μL), que inclusive tem impacto negativo no prognóstico. Mielograma: De forma rotineira, observa-se infiltração medular por linfócitos, perfazendo mais de 30% das células nucleadas. Os padrões de infiltração na biópsia são divididos em nodular, intersticial, misto (nodular e intersticial) e difuso. O padrão mais comum é o misto; o mais raro é o nodular. O difuso é considerado típico de fases mais avançadas da doença e implica pior prognóstico em relação aos padrões não difusos. Em contraste com a medula, o comprometimento do parênquima no linfonodo é caracteristicamente difuso