Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 - Plantas toxicas: 0 - Introdução: a toxina é produzida pela planta como forma de defesa, sendo um produto de seu metabolismo - a intoxicação do vertebrado herbívoro é acidental. PS1: algumas plantas possuem formas mecânica de proteção também - acúleos, espinhos, folhagens com resina e pelos. PS2: as toxinas são produzidas independentemente do ambiente em que a planta esta (ao contrário de como ocorre nas bactérias - de forma adaptativa). Estrutura: são aleloquímicos produtos primários ou secundários do metabolismo a partir da fotossíntese - quimicamente podem ser estruturas alcalóides, terpenóides, glicosídeos e cianogênicos (existe grande variedade de toxinas). PS - Aleloquímicos: são substancias voláteis disseminadas por indivíduos de uma determinada espécie que geram uma resposta (fisiológica e/ou comportamental) em indivíduos de outras espécies. Funções (para a planta): I - Ação benéfica (polinização): atrair insetos. II - Ação maléfica (combate a predadores): possuem ação inibitória ou estimulatória em outro organismo. Perdas econômicas: ocorre sobre a forma de morte ou perdas de desempenho - segunda gera maior prejuízo econômico. devido a gastos com suplementação de ração, custos com medicamentos e veterinários. Dificuldades de diagnostico: o diagnostico é dificultado na veterinária por diversos motivos (I) Tendência culpar as plantas tóxicas. (II) Desinteresse no diagnóstico quando afetam poucos animais. (III) Mesmo a presença no conteúdo estomacal e diagnóstico da planta suspeita enviada ao laboratório não gera certeza que ela foi a causa da morte. (IV) Requer anamnese criteriosa: avaliação do quadro clínico e anatomopatológico são primordiais // sempre inspecionar as pastagens. (V) Diversidade de nomes vulgares. Mitos sobre plantas toxicas: “Ingestão de quantidades mínimas de plantas causa a morte do animal” - na maioria dos casos a intoxicação é crônica. “As plantas sempre causam distúrbios digestivos” - a minoria causa. “Presença do látex indica a toxicidade da planta” - apenas em uma espécie. “Os efeitos produzidos pelas plantas aparecem quase que imediatamente à ingestão” “O instinto dos animais protege contra a intoxicação por plantas” - animal consome se em época de seca ou quando a planta possui boa palatabilidade. PS - Causas de consumo: fome, vício, perversão do apetite (pouco seletivo em deficiências) e adaptação a novo ambiente. Fatores que alteram a toxidade: Relacionado aos animais: (a) Espécie: - Veados possuem proteína salivar capaz de atrair tanino. - Ruminantes no Havaí possuem MOs ruminais capazes de neutralizar a mimosina. - Caprinos e ovinos desenvolveram maior resistência a toxinas pela evolução (devido a consumo frequente de arbustivas). (b) Raça: as puras são mais sensíveis. (c) Dieta: sistema extensivo ou intensivo. (d) Tolerância metabólica: biotransformação por enzimas (citocromo P450) varia de acordo com a espécie. (e) Tolerância imunológica. (f) Aprendizado: animais em ambiente novo tem maior chance de se intoxicarem - ocorre pela exploração e curiosidade. (g) Idade: animais mais idosos e muito jovens possuem déficit de metabolização e excreção. (h) Condição de saúde: interfere na intensidade das alterações. (i) Sexo: machos biotransformam mais rapidamente - pode prejudicar nos casos em que é o metabólico que gera a intoxicação. Relacionado às plantas: (a) Variação genética. (b) Fase de crescimento. (c) Partes do vegetal. (d) Agressão mecânica: pode tanto inibir quanto estimular o efeito da toxina (varia). (e) Variação sazonal: geralmente as plantas toxicas são mais resistentes a seca. (f) Fertilização (nitrito/nitrato): maior concentração na planta no uso em excesso. (g) Tipos de solos: metais podem se acumular nos vegetais. (h) Uso de herbicidas. (i) Distribuição geográfica. 2 - Método de Coleta do material: I - Coletar três exemplares contendo flores, folhas e fruto (nunca estéril - sem flor ou fruto fica difícil a identificação). PS1: evitar coleta em dia chuvoso ou pela manhã (orvalho). PS2: em plantas pequenas pegar ela inteira // nas de 20 a 30 cm coletar 3 partes. II - Embrulhar em jornal e borrifar álcool - montar um sanduiche com 3 dessas (papelão separando jornal com amostras e 2 madeiras na extremidade). III - Amarrar e deixar secar ao sol ou vento, trocando o jornal até secar. IV - Rotular e enviar a biólogos - no rotulo indicar local da coleta, descrição do local, dados sobre a planta e data da coleta. 3 - Classificação das toxinas e plantas: podem se dar de acordo com vários parâmetros: A - Divisão regional: útil em países menores e com poucos exemplares de risco. B - Botânica: possui pouco valor na veterinária, alem do fato que na mesma famílias já pode ocorrer variação na produção de toxinas. C - Toxina: porem desconhece-se a maioria dos princípios ativos tóxicos. D - Local de ação e/ou efeito: a mais utilizada na pratica - na agropecuária pode ser dividida nas 3 subclasses: D.1 - Plantas que causam a morte: Mortalidade aguda: aparecimento rápido dos sinais acompanhado de morte. Mortalidade após exposição crônica: sinais demoram a se manifestar e refletem na queda da produção e no emagrecimento. D.2 - Plantas que reduzem a performance: intoxicação leva a queda na eficiência produtiva. D.3 - Plantas que causam alterações reprodutivas: geram queda na eficiência reprodutiva, abortamentos e efeitos teratogênicos. 4.1 - Plantas de interesse agropecuário: 4.1.1 - Plantas de Mortalidade aguda (4): A - Palicourea marcgravii: cafezinho, café bravo, erva de rato, roxinha e vick - é a principal planta tóxica no Brasil. PS1: possui ampla distribuição, boa palatabilidade (fome não é fator de procura) e alta toxicidade (0,4g/Kg). PS2: folhas e frutos são tóxicos - caule e raízes não. PS3: equinos parecem ser mais resistente - são mais seletivos no consumo e possuem DL50 maior (0,39 mg/Kg em um bovino adulto enquanto 1,0 mg/Kg em um equino). Mecanismo de ação: ocorre pelo aleloquímico ácido monofluoracético (também presente nos raticidas ilegais) - gera metabólito tóxico (fluorcitrato) que inibe o ciclo de Krebs (impede conversão de citrato pela aconitase). Sinais clínicos - Síndrome da morte súbita: alterações de comportamento e locomoção - relutância ao andar, frequência urinária constante, pulso fraco, ataxia, tremores musculares, pedalagem, opistótomo, mugidos, convulsão e morte. Necropsia: é de pouco valor - na maioria das plantas de mortalidade aguda não ajuda. Tratamento e controle: impedir o consumo. PS: na ausência de flor para identificar a planta, pode se espremer as folhas para sentir o cheiro de salicilato de metila (similar ao remédio para alivio de gripe Vick). B - Plantas carcinogênicas: produzem cianeto - algumas são utilizadas na alimentação (intoxicação pode ocorrer por erro de manejo). I - Manihol esculenta: mandioca brava. II - Sorghum sp: sorgo. III - Cynodon sp: capim tifton. IV - Holocalyx glaziovii: alecrim de campinas. V - Piptadenia macrocarpar: angico-preto. VI - Prunus sphaerocarpa: pessegueiro bravo. Mecanismo de ação: pela inibição de enzimas que possuem metais (particularmente as com ferro - Fe3+) - paralisa o sistema de transporte de elétrons da cadeia respiratória. Sinais clínicos: também neurológicas - sialorréia, paresia, espasmo muscular, convulsão, dispnéiae parada respiratória. PS: no caso de consumo crônico (raro) pode ocorrer hipotireoidismo pela formação de tiocianato, que possui efeito bociogênico - animal não consegue utiliza o iodo. Necrópsia: sem alterações significantes. Tratamento e controle: única intoxicação com tratamento especifico - associação de tiossulfato de sódio com nitrito de sódio: Dose: para cada 45 Kg (3 mL/1mL) Mecanismo - Tiosulffato: se liga ao cianeto e se torna tiocianato (atóxico) - como ponto negativo este tem efeito bociogênico, porem consegue ser eliminado se não for formado de forma crônica. Mecanismo - Nitrito: leva a formação de algumas metahemoglobinas - ferro ferroso é transformado na forma férrica (Fe3+), a qual possui grande atração pelo cianeto. C - Ricinus communis: mamona ou carrapateira - período de maior toxidade é na seca, sendo ainda que o animal pode vir a ingerir está se não tiver outras opções (com fome). Sintomas: varia de acordo com a parte consumida. Pela ingestão das folhas: efeito neurotóxico nos bovinos - tremores musculares, sialorréia, eructação excessiva, convulsão, coma e morte - morte ocorre 4hrs após quadro estabelecido. Pela ingestão da semente: distúrbios gastrointestinais. Mecanismo de ação: desconhecido - envolve a substancia ricinina. Necrópsia: sem alterações significantes. Tratamento e controle: sem tratamento - consumo deve ser evitado. D - Bacharis coridifolia: também conhecida como mio-mio - intoxicação ocorre com animais recém-chegados (não são ingeridas por animais criados em regiões). PS1: folhas, flores, sementes, talos e raiz são tóxicos - na floração possui toxicidade 4x maior que brotamento. PS2: existentes mesmo em situações de escassez Mecanismo de ação: ocorre pela presença da micotoxina do grupo dos tricotecenos (planta se encontra em simbiose com fungos) - possuem ação cáustica, causando necrose de células epiteliais do TGI. Sinais clínicos: anorexia, timpanismo, instabilidade do trem posterior, exsudato catarral olhos e narinas. Necrópsia: congestão da mucosa, edema da parede do rúmen e do retículo, congestão e petéquias no abomaso e intestino delgado e fígado coloração mais clara. Tratamento e controle: sem tratamento - cuidado com a introdução de animais de regiões livres dessa planta. 4.1.2 - Mortalidade após exposição crônica: A - Pteridium aquilinum: samambaia ou samambaia do campo - possui distribuição cosmopolita (cresce a beira de matas, estradas, em solos abandonados e de pastagens velhas). PS1: os brotos e as plantas imaturas são mais tóxicas // o rizoma (caule) não possui princípio ativo. PS2: não é palatável, porem ingestão pode levar ao vício. PS3: toxidade varia entre espécies - bovino > equino > ovino > suíno. Mecanismos de ação: I - Substancia presente tiaminase causa distúrbios neurológicos em monogástricos: leva a destruição de tiamina (vitamina B1) - no caso dos monogástricos a tiamina é obtida exclusivamente da alimentação e sua falta afeta o funcionamento de neurônios. PS1: ruminantes possuem M. Os capazes da síntese da vitamina B1 - motivo pelo qual apresentam menos efeitos neurológicos. PS2: deficiência de tiamina compromete o metabolismo de proteínas, carboidratos e gorduras no SNC. II - Ptaquilosídeo presentes no rumem juntos a tiaminase levam a produção de dienona - está se liga ao DNA levando a alteração de genes como o p53, o qual regula apoptose e atua na supressão tumoral. Sinais clínicos (monogástricos): quadro neurológico - descoordenação motora, andar incerto, membros posição anormal, dorso curvado, tremor muscular e opistótomo. Sinais clínicos (poligástricos): pode ter apresentação em 3 síndromes distintas em bovino: I - Diátese hemorrágica: tendência para sangramento sem causa aparente (hemorragias espontâneas) - pode ocorrer na pele, mucosa e ou vazamento por orifícios. II - Hematúria enzoótica: sangue é eliminado pela urina, a qual apresenta coloração escura (semelhante a Coca-Cola) - animal também apresenta anemia e perda de peso. III - Carcinomas do trato digestivo superior: ocorre via combinação de papiloma vírus e ação dos ptaquilosídeo. Necrópsia: pode ser encontrado . Rarefação do tecido hematopoiético (na diátese hemorrágica). . Nódulos na bexiga (por hematúria enzoótica). . Neoplasias (nódulos) de coloração amarelada-acinzentada na língua, esôfago, cárdia e rúmen. Tratamento e controle: sem tratamento - se deve remover animais do pasto: se o quadro não for revertido o abate pode ser única solução // calagem do solo dificulta o crescimento da planta (solo ácido é a preferência da samambaia) - pode ser utilizado como prevenção. B - Plantas alcaloides (pirrolizidínicos): B.1 - Crotalária: conhecida como guinzo de cascavel ou xique xique - as vezes utilizadas para adubação verde, porem podem passar os alcaloides para o solo // outra forma de intoxicação é pela infusão das plantas Crotalária (bush tea) // resquícios podem ser encontrados no mel caso o néctar tenha sido formado por estas plantas. B.2 - Senecio braziliensis: flor das almas ou flor de defunto - não é palatável Mecanismo de ação: biotransformação gera metabólitos tóxicos (pirróis) que se ligam ao DNA, RNA e proteínas - causam lesões em tecido hepático, pulmonar e renal. Sinais clínicos: decréscimo de formação de bile, aumento de bilirrubina, ascite, anúria, edema e dispneia. PS: em equinos pode ocorrer cegueira e encefalopatia hepática - metabólicos hepáticos direcionados ao SNC. Necrópsia: aumento do fígado, edema mesentério e abomaso, icterícia e ascite. Tratamento: é experimental - consiste em alterar a biotransformação dos pirróis. C - Cestrum laevigatum e Sessea braziliensis: C.1 - Cestrum laevigatum: dama da noite ou coerana - são árvores pequenas e a intoxicação ocorre pelo consumo do broto. C.2 - Sessea brasiliensis: peroba d´água ou canela de veado - intoxicação ocorre pelas folhas e frutos. Mecanismo de ação: desconhecido - tem efeito hepatotóxico. D - Thiloa glaucocarpa: sipaúba, vagueta - encontrada na região de caatinga e os surtos ocorrem em estações chuvosas. Mecanismo de ação: desconhecido. Sinais clínicos: causa o mal da rama murcha, papo inchado ou venta seca. . Edemas subcutâneos na coxa, períneo, região mamária, prepúcio, escroto e barbela (papo inchado). . Anorexia, parada da ruminação e fezes ressequidas (venta seca). . Emagrecimento progressivo, depressão e pêlo áspero. PS: morte ocorre em 80% dos casos. Necrópsia: . Edemas subcutâneos. . Rins pálidos. . Hemorragia no epicárdio e endocárdio, traquéia, abomaso, intestino delgado e grosso - quadro hemorrágico. Tratamento e controle: sem tratamento - retirar da presença da planta em períodos chuvosos. E - Amaranthus sp.: conhecida como caruru - surtos ocorrem por escassez de alimento (afeta suíno, ovino e bovino). Mecanismo de ação: desconhecido - pela presença de oxalatos. Sinais clínicos: depressão, anorexia, corrimento sanguinolento pelas narinas e diarréia - letalidade é alta. Necrópsia: petéquias no tecido subcutâneo e seroso, presença de líquido nas cavidades abdominal e torácica, congestão do abomaso e edema perirenal. Tratamento e controle:sem tratamento - controle por roçar as áreas invadidas. F - Dimorphandra mollis: conhecida como faveira - arvore muito utilizada para sombreamento nas pastagens, porem escassez pode levar ao consumo. Mecanismo de ação: desconhecido. Sinais clínicos: afeta primariamente o TGI - anorexia, emagrecimento progressivo, decúbito constante, fezes pastosas ou semilíquidas com muco e sangue. Necrópsia: edema do tecido subcutâneo, aumento de líquido na cavidade abdominal e torácica, hemorragias petéquias nos rins. Tratamento e controle: sem tratamento - impedir acesso a pastos com grande quantidade de favas. G - Ateleia glazioviana: conhecida como timbo, cinamomo bravo e maria preta - afeta bovinos (geralmente no final do outono e início do inverno) por possuir boa palatabilidade. Mecanismo de ação: desconhecido. Sinais clínicos: três quadros clínicos - pode gerar abortamento em alguns casos. 1º - Letargia: edema na barbela. 2º - Recuperação: pode recuperar de vez ou evoluir. 3º - Acentuado edema na barbela/morte. Necrópsia: coração com áreas pálidas, edema subcutâneo, hidrotórax, ascite, congestão hepática. Tratamento e controle: sem tratamento - impedir acesso a pastos com a planta. H - Tetrapterys sp.: cipó ruão, cipó preto, cipó ferro ou cipó vermelho - bovinos ingerem na época de seca, sendo que a brotação é a parte toxica. Mecanismo de ação: desconhecido. Sinais clínicos: alterações neurológicas e comportamentais - dificuldade de locomoção, cansaço, fraqueza, anorexia, tremores musculares, dispneia branda, edema na barbela, arritmias e abortamento - tem alto índice de letalidade. Necrópsia: coração com áreas pálidas de consistência rígida, edemas e derrames. Tratamento e controle: sem tratamento - impedir acesso a pastos com a planta. 4.1.3 - Alteração no desempenho: A - Solanum malacoxylum: espichadeira - intoxicação ocorre pela ingestão de folhas caídas misturadas as plantas nativas. Mecanismo de ação: contem 1,25 diidroxicolicalciferol (vitamina D), o qual leva a calcinose: 1ª - O 1,25 diidroxicolicalciferol gera aumento de síntese de proteínas dependentes de vitamina D - que por sua vez aumentam a mobilização de cálcio dos ossos (osteoclástica) e absorção de cálcio intestinal. 2ª - O aumento de cálcio leva a distúrbios de calcificação metastática. Sinais clínicos: alterações de comportamento e no TGI - redução severa de peso, cifose, distúrbios de locomoção e depravação do apetite (pica). PS: níveis séricos de cálcio e fósforo ficam aumentados (exames laboratoriais). PS2 - Espichamento: síndrome especifica da doença - a deposição de cálcio em articulações leva ao endurecimento destas. Necrópsia: calcificação da aorta e artérias maiores, endocárdio e tendões - osso compactados e pesados (osteopetrose). Tratamento e controle: sem tratamento - erradicar a planta do pasto. B - Senna occidentalis: conhecida como fedegoso, mata pasto, mamangá, sene, cigarreira ou lava pratos - intoxicação ocorre pela ingestão planta toda (direta) ou de semente junto a grãos de cereais (indireta). Mecanismo de ação: incerto - diantrona promove alterações na mitocôndria. Sinais clínicos: de comportamento - abatimento, tremores musculares, diarréia, incoordenação motora e mioglobinúria (devido aos tremores). Necrópsia: degeneração musculatura esquelética/cardíaca e alterações renais. Tratamento e controle: sem tratamento - erradicar a planta do pasto. C - Brachiaria decumbens: braquiária - gera alta produção de matéria seca (30 milhões de hectares plantados), sendo muito utilizada na alimentação de ruminantes. Mecanismo de ação: intoxicação ocorre pela presença de um fungo na planta (Phytomyces chartarum) o qual produz esporodesmina - substancia que causa dermatite e distúrbio do metabolismo hepático (fotossensibilização hepatógena). 1ª - Disfunção hepática (pela esporodesmina) ou obstrução biliar levam ao acúmulo de filoeritrina. 2ª - Por ser fotodinâmica a filoeritrina absorve energia luminosa - geralmente a filoeritrina é eliminada por via hepática, quando não é ela passa a gerar radicais livres que causam lesões em membranas celulares (dermatite necrótica purulenta). PS1: radiação solar direta e pele despigmentada ou pouco espessa são fatores de risco para a ocorrência. PS2: a presença do fungo pode ser evitada/nem sempre ocorre. Sinais clínicos: possui 4 formas de apresentação: Forma subclínica: perda de peso e produção leiteira. Forma crônica moderada: lesões cutâneas pouco intensas e sem manifestação de icterícia, perda de peso acentuada - pode evoluir para a cura com 8 a 30 dias. Forma crônica grave: icterícia, dermatite e acima de 30% de perda de peso - derme pouco espessa e com pouco pelo é mais afetada. Forma aguda: ocorrência rara (por predisposição individual) - lesões cutâneas e ausência de icterícia com morte fulminante. Necrópsia: aumento de volume do fígado (friável também) e de rins - níveis séricos de GGT e AST aumentados em exames clínicos. Tratamento e controle: sem tratamento - retirar os animais da pastagem “perigosa”. PS - Verificação da contaminação: misturar folhas mais 10x do volume em água até formar mistura homogenia - analisar 2ml do liquido quanto a contagem de esporos (acima de 40 é considerado perigoso). D - Lantana camara: chumbinho ou amendoim de grilo - distribuição cosmopolita, com intoxicação por ingestão contínua e prolongada. Mecanismo de ação: contem lantadenos: 1ª - Os lantadenos causam lesões no fígado e colestase. 2ª - A obstrução da saída de bile leva ao acumulo de filoeritrina e consequente dermatite necrótica purulenta. Sinais clínicos: mesmos da braquiária - fotossensibilização, icterícia, desidratação, estase ruminal e insuficiência renal. Necrópsia: lesões cutâneas e icterícia generalizada. Tratamento e controle: sem tratamento - impedir o contato dos animais com a planta, principalmente em épocas de seca. E - Ipomoea carnea: canudo, manjorana, algodão bravo ou capa bode - intoxica bovinos, ovinos e caprinos. PS: típica do Nordeste - mantém-se verde mesmo na seca. Mecanismo de ação: pela presença de suainsonina - gera inibição da enzima α manosidase lisossomal, com consequente acúmulo de oligossacarídeos no lisossomo (microscopicamente se observa alteração de vacuolização de células). Sinais clínicos: neurológicos - emagrecimento progressivo, tremores musculares, incoordenação motora e ataxia. Necrópsia: alterações não são observadas (apenas na microscopia). Tratamento e controle: sem tratamento - após retirada da planta ocorre recuperação em alguns dias. F - Solanum fastigiatum: jurubeba - afeta bovinos, sendo que não é preciso condições especiais para a ingestão. PS: intoxicação ocorre em ingestão de grandes quantidades. Mecanismo de ação: incerto - similar à da anterior (I. carnea). Sinais clínicos: alterações neurológicas e de locomoção - nistagmo, rigidez dos músculos do pescoço e membros anteriores, extensão da cabeça, perda de peso, perda de equilíbrio e queda. Necrópsia: alterações não são observadas. Tratamento e controle: sem tratamento - retirada da planta não promove recuperação (impedir o acesso). G - Ipomoea asarifolia: salsa ou batatarana - afeta caprino, ovinos e bovinos PS: épouco palatável, porem em bovinos a ingestão por um dia já gera sintomas. Mecanismo de ação: não identificado. Sinais clínicos: sonolência, tremores musculares e incoordenação - movimentação agrava os sintomas. Necrópsia: alterações não observadas Tratamento e controle: sem tratamento - impedir o acesso à pastagem. PS: em caprinos a retirada não promove a remissão dos sintomas. H - Leucaena leucocephala: leucena - é bastante palatável, tem boa digestibilidade e alta qualidade nutritiva (uso é limitado pelas intoxicações quando o consumo é em grandes quantidades). Mecanismos de ação (2): varia de acordo com as espécies monogástricas ou ruminantes (I) O aminoácido mimosina tem efeito depilatório, gerando queda de crescimento e desempenho em monogástricos. PS: ruminantes possuem adaptação evolutiva pela presença de enzima que inibe mimosina no rumem. (II) Em ruminante a 3,4 diidroxipiridina (metabólico da mimosina) interfere na ligação do iodo aos hormônios da tireóide, gerando quadro de bócio. Sinais clínicos: alopecia, anorexia e salivação // em ruminante ocorre aumento da tireóide e redução de tiroxina do sangue (efeitos bociogênicos). Necrópsia: alterações na tireóide dos ruminantes. Tratamento e controle: sem tratamento - não fornecer apenas leucena na dieta (abaixo de 30% é seguro). PS: suplementação de iodo não soluciona o quadro de bócio em ruminantes. I - Prosopis juliflora: algaroba ou algarobeira - é palatável, porem pode intoxicar bovinos e caprinos no oferecimento exclusivo. Mecanismo de ação: desconhecido. Sinais clínicos: síndrome da cara torta - inclinação lateral da cabeça, tremores musculares, movimentos involuntários de abrir e fechar a boca, atonia ruminal e disfagia - animal pode ter emagrecimento de até 50%. Necrópsia: atrofia muscular severa dos músculos temporais e masseter. Tratamento e controle: sem tratamento - diagnóstico precoce para diminuição na dieta. 4.1.4 - Alteração Reprodutiva: A - Plantas de ação estrogênica - Trifolium subterraneum: trevo subterrâneo - alterações são observadas com o consumo prolongado. Mecanismo de ação: possui cerca de 5% de isoflavonas, uma substancia similar ao estrógeno (17 β estradiol) - animal apresenta alterações pelo estrogenismo. PS: aumento da presença de isoflavonas na planta é observado com a infecção de fungos e em solos deficientes em fósforo. Sinais clínicos: alterações reprodutoras - redução da taxa de ovulação, redução da liberação de LH, contínua contratilidade uterina, prolapso vaginal, ciclos irregulares ou anestro, ninfomania, espessamento do tecido uterino // ginecomastia em machos. Tratamento e controle: sem tratamento - retirar o animal do pasto para reverter os sintomas // evitar utilizar plantas com alto teor estrogênico como único componente na alimentação. B - Plantas de ação abortiva: mecanismo de ação não definido. I - Ateleia glazioviana. II - Tetrapterys sp. III - Stryphnodendron obovatum. 4.2 - Plantas toxicas ornamentais - Intoxicação de animais de companhia: consumo estimulado pela curiosidade (animais jovens) e fastio - mudanças no ambiente, objetos novos ou desvio da atenção ao animal. Possíveis efeitos: I - Afetando o sistema gastroentéricos (de forma branda ou grave). II - Gerando estomatites e glossites. III - Afetando o sistema nervoso central. IV - Afetando o coração. 4.2.1 - Efeito no sistema Gastroentéricos - Sintomatologia Branda: Mecanismo de ação: alterações ocorrem pela andrometotoxina - anorexia, sialorréia, deglutições repetidas, depressão, náusea e vômito e frequência de defecação aumentada. Tratamento: sintomático - visa a correção de distúrbios eletrolíticos principalmente. A - Azalea sp: mais toxica destas - pequenas quantidades podem ser tóxicas (0,2%). B - Euphorbia pulcherrima. C - Amarylis sp. D - Iris sp. E - Rhododendrum SP. F - Tulipa sp. G - Narcisus sp. 4.2.2 - Efeito no sistema Gastroentéricos - Sintomatologia Severa: A - Abrus precatorius e Ricinus communis: olho de cabra ou olho de pombo // mamona (já vista). Sinais clínicos: depressão e aumento da temperatura, sede, cólica, vômito e diarréia profusa hemorrágica e convulsões. Mecanismo de ação: abrina e ricina possuem lectina na semente (necessário que esta seja mastigada para o efeito) - atua inibindo a síntese proteica. Tratamento: sintomático. B - Jatrofas curcas: pinhão paraguaio, pinhão de purga, figo do inferno ou purgante de cavalo. Mecanismos de ação (3): I - Possui lectina na semente (semelhante ao anterior). II - Possui complexo resinoso - causa dermatite. III - Possui glicosídeos alcaloides - levam a depressão respiratória e cardiovascular e estimulação musculatura TGI. Sinais clínicos: dor abdominal, náusea, vômito, diarréia aquosa, gastrenterite hemorrágica e profunda desidratação. Tratamento: sintomático I - Carvão ativado e catártico: diminui a absorção. II - Sucralfato: um protetor de mucosa. III - Soluções eletrolíticas: corrigem perdas nas diarreias e vômitos. IV - Benzodiazepínicos. 4.2.3 - Causadoras de estomatite e glossite: causam sinais alarmantes de dor e irritação intensos logo após a mordida - é necessário intervenção rápida. A - Dieffenbachia picta: comigo ninguém pode - mais tóxica do grupo. B - Philodendrum sp.: filodentro. C - Monstera sp: dragão fedorento. D - Alocasia sp: orelha de elefante. E - Zantedeschia aethiopica: copo de leite ou caládio. Sinais clínicos: salivação profusa, edema da faringe e cordas vocais - pode ocorrer de dispnéia até obstrução da faringe. PS: animal procura por água para aliviar a dor. Tratamento: I - Anti-histamínico H1 II - Sucralfato, analgésico, demulcente. PS: é proibido o uso de eméticos devido a obstrução pelo edema. 4.2.4 - Que atuam no SNC: A - Datura suaveolens: trombeteira, saia branca ou cartucheira. Mecanismo de ação: ação de antagonismo colinérgico - tem efeitos adrenérgicos de midríase, sede intensa, hipertermia, taquicardia, delírio, hiperirritabilidade, convulsão e coma. Tratamento: na sintomatologia grave é usado neostigmina (anticolinesterásico). PS: na hipertermia não utilizar antitérmicos - medidas físicas apenas. B - Cannabis sativa: conhecida como maconha ou haxixe - gera depressão do SNC. Sinais clínicos: depressão, alteração percepção sensorial, alucinações visuais. PS: na maioria dos animais gera nervosismo e hiperexcitabilidade // porem no cão ocorre depressão, midríase, nistagmo, êmese, salivação, ataxia, tremores musculares e hipertermia. Tratamento: sem tratamento específico, se deve retirar do TGI - é feito também fluidoterapia de suporte nos casos de anorexia. C - Nicotiana tabacum: Mecanismo de ação: estimulação do sistema colinérgico. Sinais clínicos: ocorrem em cerca de 15 minutos, sendo decorrentes da ação colinérgica - náusea e salivação, vômito, diarréia, tremores, prostração, andar cambaleante, estimulação seguida de depressão e morte (por insuficiência respiratória). Tratamento: Na fase estimulatória: via bloqueador ganglionar (mecamilamina). Na fase deprimido: entubação endotraqueal - pode ocorrer fadiga do diafragma. 4.2.5 -Plantas de ação cardíaca: A - Nerium oleander: espirradeira. B - Thevetia peruviana: chapéu de Napoleão. C - Digitalis purpúrea: dedaleira. D - Asclepias curassavica: oficial de sala ou capitão de sala. (A) (B) (C) (D) Mecanismo: princípio ativo são glicosídeos cardioativos (levam ao aumento da força de contração) - todas as partes das plantas são tóxicas, mesmo em pequenas quantidades. Sinais clínicos: I - Cardíacas: principal sistema afetado: . Pulso rápido e fraco ou lento e forte. . Bloqueios cardíacos. . Taquicardia, bradicardia, fibrilações atriais e ventriculares. II - Outras alterações: . Efeitos no TGI - náusea, vômito e diarréia com tenesmo. . Respiração aumentada, anóxia, baixa temperatura e convulsão. Tratamento: I - Retirar o material do estômago. II - Cloreto de potássio (IV): 10 mEq/h. III - Procainamida: baixa efetividade - tenta diminuir a taquicardíaca. IV - Manter o equilíbrio eletrolítico. Aula 2 - Toxicologia dos Medicamentos: 1 - Introdução: correspondem a cerca de 30% dos casos de intoxicação na veterinária - podem ocorrer por ingestão acidental, administração pelo proprietário sem orientação veterinária (ou da própria prescrição pelo médico veterinário) e por idiossincrasias individuais. PS1: na maioria dos casos ocorre em cães e gatos (no segundo ainda mais comum). PS2: AINEs são os principais agentes na intoxicação, representando cerca de 70% dos casos - praguicidas agropecuários e raticidas em segundo lugar. Considerações sobre remédios: I - Se deve diferenciar exacerbação de efeitos de uma intoxicação: nem todo animal com efeitos deletérios esta nescessariamente intoxicado - os efeitos negativos devem ser classificados e diferenciados. II - Qualquer medicamento pode ser tóxico: importante a utilização na dose e via de administração correta, já que qualquer substancia pode ter efeitos colaterais ou letalidade se administrada inadequadamente. III - Devido a peculiaridades fisiológicas os gatos são mais susceptíveis a intoxicação: especialmente quanto a déficit de metabolização hepática - algumas considerações devem ser feitas para certos medicamentos (exemplos de considerações no uso de fármacos em gatos) 2 - Intoxicação por Fármacos: 2.1 - AINEs: geralmente atuam por inibir estímulos celulares e cicloxigenases - os AINEs são os principais agentes na intoxicação (cerca de 70% dos casos). A - Diclofenaco (Cataflane e Voltaren): indicados para bovinos e bubalinos - abolidos principalmente para cães (realiza ciclo entero-hepatico via beta-glicuronidase). Sinais Clínicos: apatia, hipóxia, anorexia, regurgitação ou êmese, hematêmese, melena, hematoquesia, sensibilidade abdominal, palidez da mucosa, desidratação, peritonite e oligúria/azotemia - sangramento gástrico sendo o principal. Tratamento: dependendo do estado do animal, dose e tempo de exposição pode ser fatal - terapia é sintomática e de suporte. PS: medidas emergenciais de descontaminação são ineficazes - quando chega na clínica (geralmente já com quadro de gasto enterite grave) a absorção já ocorreu. B - AAS (Aspirina, Doril, Melhoral): doses diferentes possuem efeitos diferentes: Em cães: 20 a 25 mg/Kg: anti-inflamatório. 10 mg/Kg: analgésico. 5 a 10 mg/Kg: antitrombótico. Em gatos - Restrição: frequência e dosagem devem ser controladas. 10 mg/Kg: analgésico e anti-inflamatório (de 48 em 48 horas apenas). 80 mg por individuo (em X doses): antitrombótica. Sinais Clínicos: Em cães: intoxicação ocorre em doses altas - náuseas, êmese, apatia, úlceras gástricas com hematêmese, melena e febre, taquicardia, convulsão e morte (semelhante ao diclofenaco, porém com maior chance de reversão). Em gatos: mais grave e de duração menor - anorexia, êmese, sialorréia, perda de peso, desidratação, febre, depressão, gastroenterite hemorrágica, acidose metabólica, icterícia, anemia, ataxia, convulsão e morte. Tratamento: (I) Uso de eméticos, carvão ativado e catárticos osmóticos: quando a exposição ocorre a até 4h (efeitos mais rápidos). (II) Fluidoterapia: para reposição e correção de acidose metabólica (animal perde muito bicarbonato). (III) Meios físicos do controle da hipertermia: não usar medicamentos antitérmicos, já que o fígado já está sobrecarregado. (IV) Transfusão sanguínea: para controle de hemorragias severas. C - Paracetamol (Parador e Tylenol): possuem metabólito tóxico, o qual gera necrose hepática e metahemoglobina. PS: gatos são mais susceptíveis - um único comprimido pode levar a morte. Mecanismo: é biotransformado pela gliconiltransferase - na saturação o fígado começa a oxidar o paracetamol, gerando o metabólico N-acetil-p-benzoquinoneimina, o qual possui efeito toxico de necrose hepática e formação de metahemoglobina. PS1: em seguida este metabólico é transformado em forma atóxica, que é eliminada. PS2: em gatos a via é deficiente (gatos machos ainda mais) - formação de metabólicos é mais rápida e a metahemoglobinemia mais persistente. Sinais Clínicos: Em cães: depressão, vômito, dores abdominais e sinais decorrentes de alteração hepática - ocorre no consumo excessivo. Em gatos: hemólise, anemia, icterícia, hemoglobinúria, cianose, dispnéia, edema facial e membros, depressão SNC, hipotermia, êmese, coma, fraqueza e morte - ocorre com único comprimido. Tratamento: (I) Uso de eméticos, carvão ativado e catárticos osmóticos: quando a exposição ocorreu a até 2h. (II) Oxigenoterapia: útil no controle da cianose. (III) Tratamentos específicos: N-acetilcisteína: é convertida em glutation (substrato para a conjugação pela via do glicuronil) - é mais efetiva no cão. Ac. ascórbico: reduz o metabólito tóxico por se ligar a ele. Cimetidina: auxilia na conversão de metahemoglobina em hemoglobina. Azul de metileno: inibe o metabolismo oxidativo hepático - uso possível apenas no cão (é toxico no gato). D - Ibuprofeno e Cetoprofeno (Advil, Doretrin e Artril): intoxicação é menos comum (dose tóxica é muito alta) - um medicamento muito utilizado na medicina humana. Sinais Clínicos - Ibuprofeno: são diversos e variam de acordo com a dose ingerida - vômito, diarréia, aumento da frequência urinária, melena, náusea e dor abdominal, hemorragia (100 mg/Kg), falência renal (175 mg/Kg), convulsão (400 mg/Kg) e morte (600 mg/Kg). Sinais Clínicos - Cetoprofeno: gastroenterite. Tratamento: com medidas sintomáticas e suporte // com uso de eméticos, carvão ativado e catárticos osmóticos quando a exposição ocorreu a até 2h. E - Caprofeno e Etodolaco (Rimadyl e Zenecarp): possui ação maior em COX-2 (efeito deletério no TGI menor) - pode ser conjugaldo com glicuronil ou outras vias. PS: índice terapêutico bastante alto (5x no cão e 3x no gato) - necessário erro de dose alto para intoxicar. Sinais Clínicos: . Alterações do TGI: êmese, ulceração gastrointestinal, diarréia, anorexia, hematêmese, melena e hematoquesia.. Sinais hepatotóxicos: icterícia, perda de peso e elevação dos níveis plasmáticos de enzimas hepaticas. . Alterações renais: oligúria e anúria. Tratamento: medidas sintomáticas e suporte - descontaminação TGI. 2.2 - Medicamentos do Sistema Respiratório: são todos paliativos. A - Expectorantes: atuam por aumentar quantidade de esputo e diminuir a viscosidade (reflexos). Sinais Clínicos: náuseas e êmese - medicamentos específicos tem efeitos extras . Iodeto de potássio pode levar ao hipotireoidismo no uso superior a 3 semanas. . Guaicolato gera redução da agregação plaquetária quando em doses altas. . Ipeca em cardiopatas e idosos gera hipotensão, taquicardia e alterações eletrocardiográficas. Tratamento: I - Descontaminação do TGI. II - Interrupção do tratamento: se necessário com substituição por expectorantes mucolíticos. III - Sintomático e suporte. B - Descongestionantes nasais: utilizados para aliviar sintomatologia de rinite e sinusite pela vasoconstrição - possuem ação em receptor alfa adrenérgico. PS: geralmente utilizado por via tópica - na sistêmica possui toxicidade maior. Sinais Clínicos: . Náusea, vômito, fraqueza. . Hiperatividade, tremores musculares, hipertermia, convulsão e rabdomiólise - ultimo pode gerar IRA como consequência. . Ação no SNC (na distribuição sistêmica*) via receptor preganglionar alfa 2 - inibe a liberação de NO e reduz efeito simpático, levando a hipotensão, bradicardia e sedação. PS: perifericamente gera vasoconstrição (via alfa 1) - neste caso tem efeito de hipertensão. Tratamento: I - Descontaminação do TGI: por carvão ativado e catártico. PS: neste caso evitar a êmese - risco de convulsão e aspiração devido a depressão do SNC. II - De suporte: com fluidoterapia e oxigenoterapia. Monitoramento cardíaco: controlar alterações com atropina (na bradicardia e hipotensão) ou propranolol (em taquicardia e vasoconstrição). III - Controle da hipertermia (por medidas físicas). C - Anti-histamínicos: usados no controle da broncoconstrição e tosse - não possuem antídoto. Sinais Clínicos: . Alterações neurológicas: depressão do SNC (possui efeito sedativo) ou convulsão, desorientação, alucinações. . Alterações cardiovasculares: hipertermia, taquicardia, arritmias, hipertensão ou hipotensão, . Midríase, ataxia e coma. Tratamento: I - Descontaminação do TGI: por carvão ativado e catártico. PS: neste caso evitar a êmese - risco de convulsão e aspiração devido a depressão do SNC. II - De suporte: fluidoterapia, oxigenoterapia e controle da temperatura. III - Benzodiazepínico ou Barbitúrico: nos casos de convulsão. D - Antitussígeno: divididos em narcóticos (codeína e butorfanol) e não narcóticos (dextrometorfano). Sinais Clínicos: Nos narcóticos: náuseas, êmese, constipação, sonolência ou excitação, redução da frequência respiratória e convulsão. Nos não narcótico: mais seguros - porem em doses altas pode ocorrer depressão respiratória. Tratamento: I - Descontaminação do TGI. II - Controle da função respiratória: oxigenoterapia. III - Naloxona (antagonista de narcóticos): utilizado somente em casos graves. E - Broncodilatadores: utilizados principalmente na forma de aerossol (baixo risco de intoxicação). Sinais Clínicos (agonistas B adrenérgicos): atuam principalmente em beta 2 (agem em beta 1 e alfa em menor proporção) - em altas concentrações perde seletividade por beta 2 e sintomatologia se torna diversa: . Estimulação cardíaca (taquicardia), tremores musculares e alteração na pressão arterial. . Hiperatividade, depressão, contrações ventriculares prematuras, taquipnéia, êmese e morte. PS: evitar o uso em gestante - leva ao relaxamento da musculatura uterina via beta 2. Tratamento (agonistas B adrenérgicos): I - Indução de Êmese: somente no quadro assintomático (de 15 a 30 min). PS: com até 1 hora de exposição ao aerossol - uso de carvão ativado. PS: com até 2 horas de exposição por comprimido - uso de carvão ativado/catártico. II - Monitoração cardíaca: controle com propranolol (bloqueador B não seletivo - um antiarrítmico) - IV lenta. Em cães grandes: usado quando acima de 160 bpm (?). Em cães pequenos: se acima de 180 bpm (?). III - Fluidoterapia: nos casos de hipotensão. IV - Diazepam: caso o animal apresente tremores musculares. Sinais Clínicos (metilxantinas): teofilina, teobromina (estimulante no chocolate) e cafeína - efeitos de forma geral são de náuseas, agitação, taquicardia, tremores e convulsão. Tratamento (metilxantinas): I - Descontaminação TGI: PS: no caso da Teobromina o carvão ativado pode ser utilizado múltiplas vezes - a meia vida da teobromina é maior (de 17 h), e logo sua absorção pode ser impedida por uma janela de tempo maior. II - Tratamento de suporte. 2.3 - Medicamentos do Sistema Cardiovascular: A - Digitalicos (digoxina e digitoxina): gatos são mais sensíveis (DL50 de 0,8 mg/Kg) - são inotrópicos positivos de IT baixo. Sinais Clínicos: não são muito específicos - anorexia, náuseas, êmese, diarréia, letargia, sonolência, convulsão, bradicardia ou taquicardia, perda de peso. PS: possui alternativa de diagnostico - com ECG e dosagem sérica de digitálico (acima de 2,5 ng/mL indica intoxicação). Tratamento: no caso da digitoxina é mais difícil (tem 100% de biodisponibilidade) - prognóstico favorável é dependente do tempo de atendimento emergencial ao animal. I - Descontaminação TGI II - Medidas de suporte III - Manutenção da função cardíaca (!) Em casos leves: suspensão temporária da medicação e retorno com metade da dose. Em intoxicações agudas: ocorre hipercalemia devido ao bloqueio da bomba Na-K (?) - bicarbonato, glicose ou insulinoterapia podem ser utilizados: estimulam a entrada do íon na célula. Na crônica: ocorre hipocalemia (?) - não existe potássio para competir com receptores junto ao digitálico. Controle de Bradicardia: com atropina. Controle de Taquicardia: com lidocaína (antiarrítmico). B - Dopamina e Dobutamina: medicamentos emergenciais. PS: dopamina em altas concentrações interage com beta 1, porem quando em doses baixas interage com seus receptores normais (D1 e D2), levando ao aumento do fluxo sanguíneo renal. PS2: dobutamina interage apenas com beta 1. Sinais Clínicos: náuseas e vômitos, taquicardia, hipertensão e arritmias. Tratamento: controle da pressão e monitoramento ECG são importantes durante a infusão IV da dopamina. C - Vasodilatadores: I - De ação direta (nitratos, hidralazina): levam ao aumento prostaciclinas com consequente vasodilatação - na intoxicação gera hipotensão, redução DC, taquicardia reflexa e êmese. II - Bloqueador alfa (prazosina). III - Inibidor ECA (captopril e enalapril): inibe formação de angiotensina II - geram hipotensão, hipercalemia e insuficiência renal. D - Antiarrítmicos: usados para prevenir comprometimento hemodinâmico e a morte súbita.Sinais Clínicos: náuseas, vômitos, diarreias, hipotensão, bloqueio atrioventricular, bradicardia, anorexia, tremores e depressão. Classe I (quinidina, procainamida e lidocaína): via bloqueio de canais de sódio) - em gatos gera convulsão e metahemoglobinemia. Classe II: via bloqueio de receptores beta - não utilizar em asmáticos. Tratamento: descontaminação TGI // sintomático e de suporte. 2.4 - Sistema nervoso central: A - Antidepressivos tricíclicos: utilizados em distúrbios comportamentais como compulsão e ansiedade - bloqueiam a recaptação de NE e serotonina // adicionalmente são anticolinérgicos e sedativos (H1). PS: o índice de segurança é baixo - dose toxica de 0,5 a 4 mg por Kg // dose letal de 15 a 20 mg por Kg. Sinais Clínicos: decorrentes do efeito anticolinérgico principalmente - ataxia, letargia, hipotensão, hiperatividade, êmese, taquicardia, midríase, dispnéia, retenção urinária, arritmia cardíaca, acidose, hipertermia, convulsão mioclonia, edema pulmonar e óbito. Tratamento: I - Êmese em assintomáticos (antes de 15 min). II - Descontaminação TGI. III - Controle de temperatura / fluidoterapia. PS: atropina é contraindicada - potencializa efeitos anticolinérgicos. B - Benzodiazepínicos (Diazepam, Midazolam, Lorazepam): são tranquilizantes e AC - atuam como moduladores do GABA. Sinais Clínicos: de sedação leve a ataxia, depressão respiratória, redução da frequência cardíaca e pressão arterial, náuseas, êmese, miose ou midríase, hipotermia e coma. Tratamento: I - Descontaminação TGI: útil em até 2 horas. PS: êmese é contraindicado - tem sedação como efeito principal. II - Flumanezil (antagonista): útil, porem contraindicado em intoxicação mista ou em pacientes com convulsão ou arritmias. C - Barbitúricos (Fenobarbital e Pentobarbital): possuem efeito sedativos hipnóticos/anticonvulsivantes - aumentam afinidade do GABA pelo receptor. Sinais Clínicos: mesmos dos benzodiazepínicos. . De leve sedação a coma profundo e óbito (pela depressão respiratória). . Ataxia, letargia, incoordenação motora, hipotermia, nistagmo, hipotensão, depressão respiratória, cianose, redução da contratilidade cardíaca, perda de reflexos, midríase, icterícia, ascite e anorexia. Tratamento: I - Carvão ativado: com uso a cada 4 a 6 horas. II - Alcalinização da urina: medicamento é muito ácido): 1-2 mEq/Kg IV. PS - MEq (miliequivalente): peso molecular em mg, dividido pela valência/peso atômico. III - Ventilação no caso da depressão respiratória (oxigenoterapia e incubação). D - Brometo de potássio: utilizado no controle da epilepsia em associação com fenobarbital - itil em animais com dano hepático ou no caso de tratamento refrativo. Sinais Clínicos: náuseas, êmese, fraqueza generalizada (pelo potássio em excesso), depressão, ataxia, hiporeflexia, sedação e rigidez dos membros posteriores com alteração da marcha, hiperatividade, pancreatite e dermatite. Tratamento: I - Descontaminação TGI. II - Oxigenoterapia. III - Substituição do anticonvulsivante. IV - Fluidoterapia. E.1 - Agentes serotoninérgicos - Inibidor de recaptação de serotonina: antidepressivos substitutos dos tricíclicos Sinais Clínicos: síndrome serotoninérgica - convulsões, hipertermia, depressão, tremores, hiperestesia, diarréia, êmese, ataxia, vocalização, cegueira temporária, dor abdominal, siolorréia, taquicardia, fraqueza, hiperreflexia e óbito. Tratamento: sintomático e suporte I - Indução da êmese em animais assintomáticos junto a carvão ativado. II - Cipro-heptadina: antagonista. E.2 - Agentes serotoninérgicos - Inibidor de MAOS: inibe a enzima que degrada seratonina - usados como antidepressivos Sinais Clínicos: síndrome serotoninérgica - convulsões, hipertermia, depressão, tremores, hiperestesia, diarréia, êmese, ataxia, vocalização, cegueira temporária, dor abdominal, siolorréia, taquicardia, fraqueza, hiperreflexia e óbito. Tratamento: sintomático e suporte I - Indução da êmese em animais assintomáticos junto a carvão ativado. II - Cipro-heptadina: antagonista. E.3 - Anfetamina: estimulantes do SNC com ação simpatomimética - medicamento de abuso. Sinais Clínicos: pelo estimulo simpático - hiperatividade, irritabilidade, tremores, fasciculação, rigidez muscular, rabdomiólise, taquipnéia, taquicardia, hipertensão, arritmias, convulsões, hipertermia, sialorréia, vômito, diarréia, midríase, retenção urinária, hipoglicemia e acidose metabólica. Tratamento: sintomático e suporte I - Descontaminação TGI nos assintomático. II - Reduzir estímulos externos. (agentes serotoninérgicos) 2.5 - Antimicrobianos: A - Sulfas: Sinais Clínicos: . Ocorrência de cristaluria - se depositam em túbulos renais no uso por mais de 7 dias. PS: pode ser evitada pela associação de vários tipos de sulfas ou utilizando por período menor. . Causa coagulopatia - inibe vitamina K epóxi redutase, a qual converte vitamina K oxidada para reduzida. . Gera anemia aplástica quando em doses altas. Sinais Clínicos - Reações idiossincráticas: . Degeneração mielínica em bovinos. . Queda postura e produção de ovos em aves. . Insuficiência renal em gatos. Tratamento: I - Suspensão da terapia. II - Fluidoterapia intensa. III - Alcalinização da urina: facilita a eliminação da substancia. IV - Oferecimento de vitamina K. B - Quinolonas: Sinais clínicos: convulsão, náuseas, êmese diarréia e alterações hepáticas - menos comum. PS: em animais jovens (até 8 meses em pequenos ou 18 meses em grandes) geram artropatias - possuem atração por tecidos em crescimento (epífises). Tratamento: sintomático e suporte // interrupção da terapia. C - Penicilinas: Sinais clínicos: . Hipersensibilidade - de angioedema até choque anafilático. . Anemia imunomediada - apresenta alterações de icterícia, depressão, mucosas pálidas, esplenomegalia e taquicardia. Tratamento: I - Suporte (fluido e oxigenoterapia). II - Epinefrina: para parada respiratória e anafilaxia - prometazina pode ser utilizada em substituição em reações mais leves. D - Aminoglicosídeos: Sinais clínicos: anorexia, náuseas, êmese, depressão, nistagmo, incoordenação motora, perda de audição e nefrotoxidade. PS1: nos casos mais graves pode causar bloqueio neuromuscular com parada respiratória. PS2: no caso da ototoxicidade (dano ao aparelho auditivo) os gatos são mais sensíveis. Tratamento: I - Interrupção terapia: lesão do nervo vestibulococlear pode ou não ser irreversível com a parada da medicação. II - Fluidoterapia intensa. E - Tetraciclinas: Mecanismo - Sinais clínicos: I - Reação ao veículo (propilenoglicol) pode levar a liberação de histamina - gera alterações cardíacas de hipotensão, colapso e morte. II - Possui efeito quelante de cálcio - gera insuficiência renal aguda (complexos filtrados geram danos), êmese, diarréia, desidratação e oligúria //em filhotes leva a hipoplasia de esmalte, descoloração dentária e deformidades ósseas.Tratamento: suspensão da terapia e medidas sintomáticas (principalmente fluidoterapia). F - Macrolídeos e Lincosaminas: Sinais clínicos: . Gastroenterite intensa - em coelhos e equinos comumente leva ao óbito. . Colite hemorrágica em equinos. Tratamento: suspensão da terapia e medidas sintomáticas (principalmente fluidoterapia). G - Cloranfenicol: Sinais clínicos: decorrentes dos efeitos hepatotóxico e mielotóxico. PS1: gatos são mais sensíveis - não ultrapassar a 50 mg por VO de 12 em 12hs. PS2: em humano gera ainda anemia aplástica (hipoplástica nos animais). Tratamento: suspensão da terapia e medidas sintomáticas (principalmente fluidoterapia). H - Avermectina e Milbemicinas: são antiparasitários - possuem ação de agonista do GABA (levam a hiperpolarização). Sinais Clínicos: no geral são de inibição - depressão, ataxia, desorientação, êmese, sialorréia, midríase, hiperestesia, hiperatividade, tremores, agitação, rigidez, insônia, head pressing, vocalização, agressividade, convulsão, hipertermia, fraqueza, decúbito, cegueira, bradicardia e hipoventilação. . Nos casos graves: edema pulmonar, dispnéia, taquicardia, tremores e morte. Tratamento: difícil de reverter - geralmente alterações não são levadas a sério pelo tutor. I. Descontaminação TGI - ponto chave. II - Sintomático e suporte: já que não há antidoto - cuidado principalmente com parada respiratória. I - Amitraz: usado no controle de sarna, piolho, carrapato e pulgas - inibe MAO; estimula alfa 2 e inibe síntese de PG. Sinais Clínicos: ataxia, depressão, hipotermia, prostração, incoordenação motora, perda de reflexos, mucosas pálidas, fraqueza, êmese, diarréia, dor abdominal, hipomotilidade intestinal, poliúria, bradicardia, hipotensão e convulsão (raro). . Prurido, eritema e hemorragias cutâneas. . Efeito hiperglicemiante (estimula receptores alfa) - contraindicado em diabéticos. Tratamento: sintomático, suporte e detoxificação. I - Banho e descontaminação TGI. II - Suporte: fluidoterapia, monitoramento temperatura, frequência cardíaca e glicemia. III - Ioimbina: antagonista alfa 2 - usado no controle da depressão e bradicardia. Aula 3 - Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) - Metais pesados: 1 - Introdução: Características: . São compostos altamente estáveis, podendo persistir no ambiente por ate anos - resiste à degradação química, fotolítica e biológica. . Maioria ter capacidade de bioacumular ou biomagnificar em organismos vivos. . Possuem lipossolubilidade alta - determina absorção e distribuição rápidas. . Maioria é semi-volátil (possuem capacidade de dispersão pelo vento) - podem ser transportados por ar, água e animais migratórios. . Possuem efeitos tóxicos para animais e ao ser humano. . São compostos orgânicos aromáticos PS: é praticamente impossível anular a presença dos POPs no ambiente - controle é a única solução: ECO 92 (97 - INC): comitê intergovernamental negociador encarregado da discussão a respeito da repercussão planetária advinda das características dos POPs. Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos Persistentes (2001): visa a eliminação do uso e produção destes compostos, definindo regras relacionadas ao seu comércio, descarte e vigilância. Fontes de POPs: I - Agroquímicos. II - Subproduto de combustão ou síntese industrial: tais como da produção de PVC, de papel, geração e composição de produtos agrícolas, incineração de lixo e processos industriais que empreguem cloro e derivados de petróleo. Perfil Toxicológico (geral): pequenas doses podem ser responsáveis pela toxidade - afetam sistema reprodutivo, nervoso e imunológico, possuem efeito cancerígeno e capacidade de desorganizar o sistema endócrino. Exemplos: - Redução na eclosão de ovos de pássaros, peixes e tartarugas. - Feminilização de peixes machos. - Alteração no sistema reprodutivo em peixes, répteis, pássaros e mamíferos. - Alterações em sistemas imunológicos de mamíferos marinhos. - Funcionamento anormal da glândula tireóide em pássaros e peixes. - Nos seres humanos gera redução na quantidade de esperma, aumento de ocorrência de câncer na mama, testículo e próstata. 12 sujos: lista dos POPs de maior importância - em 2010 foram acrescentadas outras nove substâncias à lista original // recentemente o pesticida conhecido como endosulfan também entrou para a lista (22º POP). Categorias: I - Praguicidas: são a maioria - aldrin, clordano, DDT, dieldrin, endrin, heptacloro, hexaclorobenzeno (HCB), mirex e toxafeno. II - Produtos químicos industriais: hexaclorobenzeno e as bifenilas policloradas (PCBs). III - Subprodutos químicos: produzidos não intencionalmente - dioxinas e furanos por exemplo. 2 - Representantes: 2.1 - Metais pesados: A - Chumbo: presente no processo industrial de produção de baterias automotivas, soldas e ligas metálicas - é uma das principais causa de intoxicação em psitacídeos. PS: em animais com deficiência nutricional a absorção é favorecida. Mecanismos de Ação (3): (revisar) I - Inativa vários sistemas enzimáticos essenciais a homeostase. II - Interfere na transmissão dependente de Ach, NO, dopamina, GABA e glutamato - afeta simpático e parassimpático, podendo ter efeito tanto estimulatorio quanto inibitório. III - Interfere em fosforilação oxidativa // bomba de Na/Ca // NaK ATPase - interfere no processo de repolarização celular. Distribuição: até 90% do chumbo absorvido se encontra depositado em hemácias - ossos são o segundo local mais afetado. PS: chumbo pode permanecer nos ossos por ate anos - além devido a competição do chumbo com o cálcio pode interferir no processo de remodelamento ósseo. Sinais Clínicos: Em ruminantes: alteração nervosa/comportamental e do TGI - dificuldade de manter em estação, cegueira, nistagmo, opistótomo, comportamento agressivo e convulsão // sialorréia, ranger de dentes, atonia ruminal, constipação seguida de diarréia fétida. Em equinos: alterações respiratórias, dor abdominal, depressão nervosa e convulsão. Em animais de companhia: sintomatologia nervosa e alteração TGI. Em aves: anemia, problemas intestinais e nervosos. Achados anatomopatológicos: edema, congestão e coloração amarelada na região cortical do cérebro. PS1: em ruminantes ocorre retenção de chumbo no retículo - pode ser visto na necropsia. PS2: em aves e monogástricos lesões ulcerativas podem ser encontradas na mucosa gástrica. Prevenção e controle: . Evitar contato com produtos que possuem chumbo. . Evitar colocar animais sobre pasto/terrenos que já foi utilizado no passado por indústrias. . Manter o equilíbrio nutricional de cada animal. B - Mercúrio: utilizado na fabricação de termômetro ou de barômetros, baterias e tintas - possui 2 formas (orgânica e inorgânica). PS1: nos casos de intoxicação por quebra de termômetro em animais de companhia o mercúrio liberado é do tipo elementar (inorgânico), o qual está presente em pouca quantidade e tem absorção baixa - nestes casos os cacos de vidro apresentam risco maior do que o metal. PS2: ingestão de pilhas e baterias são uma fonte mais preocupante de intoxicação. Mecanismo de Ação: gera o metabólico metilmercúrio, o qual realiza ainda ciclo êntero hepático - este possui alta reatividadepor compostos orgânicos, se ligando a sulfidrilas de diversas proteínas (enzimas de diversas reações bioquímicas), alterando o seu funcionamento. Deposição: tecido de deposito tem variação de acordo com a forma absorvida. Forma inorgânica: tem baixa lipossolubilidade - se acumula nos rins, pelos e cabelos. Forma orgânica (organomercuriais): se acumula no cérebro. Sinais Clínicos: salivação excessiva, náusea, abdômen agudo, diarréia sanguinolenta e disenteria - pode levar a choque hipovolêmico pela perda de líquidos. . Pode levar a IRA - possui eliminação renal. Sinais Clínicos - Animais de produção (intoxicação crônica): ataxia, tremores da cabeça, alteração comportamental, perda de visão e audição, irritabilidade, convulsão, IRC e efeito imunossupressor. Achados anatomopatológicos: necrose nas mucosas esofágicas e gástrica. PS: em casos crônicos não apresenta alterações macroscópicas. Prevenção e controle: . Impedir contato com lâmpadas fluorescentes, termômetros, pilhas e baterias. . Em animais de produção evitar o uso de herbicidas e fungicidas mercuriais (são proibidos). . No caso de presença de indústrias próximas realizar o monitoramento da água. C - Arsênio: antigamente empregado como praguicida, suplemento nutricional, promotor de crescimento e componente de fármacos - atualmente intoxicação é acidental pela ingestão de água e pastagem contaminadas (raro). Mecanismo de ação: inibe a formação de acetilCoA - como consequência diminui a produção de ATP. Sinais Clínicos: Forma aguda: irritação e ulceração das mucosas, vômito, diarréia sanguinolenta, desidratação, dor abdominal, perda de peso, arritmia cardíaca, convulsão e morte (última por choque hipovolêmico). Forma crônica: perda de peso, anemia, dermatites, arritmia e alterações neurológicas. Achados anatomopatológicos: Forma aguda: ulceração gástrica na forma aguda por via oral. Forma crônica: ascite e esteatose hepática na crônica. Prevenção e controle: I - Não usar raticidas ilegais. II - Realizar monitoramento de água próximo a indústrias que utilizam arsênio. D - Cádmio: intoxicação é rara, porem se trata do metal pesado mais tóxico - possui baixa taxa de excreção e efeito cumulativo. Mecanismo de ação: interfere na atividade de diversas enzimas importantes. Sinais Clínicos: vômito, diarréia, dor abdominal, alteração renal, osteomalácia e osteopenia. E - Vanádio: rocha de extração de fosfatos utilizada em rações. Mecanismo de ação: interage inibindo enzimas celulares - competem com cálcio, magnésio, ferro e zinco. Sinais Clínicos: perda de peso e queda no índice zootécnico. Estabilização do animal: via uso de quelante para o metal pesado - usar com cuidado quanto a efeitos colaterais e posologia. PS: sempre estabilizar o animal antes do uso de quelante - eles podem também gerar efeito prejudicial (hepático e renal). 2.2 - Minerais: A - Cobre: essencial à sobrevida dos mamíferos - quantidade para intoxicação varia entre as espécies (sendo a ovina a mais suscetível à intoxicação). PS1: casos de intoxicação geralmente são associados ao manejo zootécnico incorreto (consumo de concentrados inadequado). PS2: letalidade é alta se não houver tratamento no momento (de 13% a 95%). Distribuição: órgão de estocagem é o fígado - se encontra complexado com metalotioneína hepática Excreção: pela bile. Variação da dose toxica: requerimento de cobre para intoxicação depende de vários fatores: (I) Concentração de molibdênio, ferro e enxofre no TGI do animal - interferem na absorção do cobre. (II) Tipo de alimentação. (III) Espécie animal - sendo que existem até mesmo variações entre raças da espécie (ovinos por exemplo). Medidas de prevenção/mecanismos de defesa: . Adição de ácido ascórbico na dieta diminui a absorção: reduz a forma cúprica em forma cuproso, a qual não é absorvida. . Ruminantes possuem molibdênio em seu rumem: se associa ao enxofre formando tiomolibdatos, que atua atraindo o cobre e consequentemente diminuindo a sua absorção. . Dietas ricas em sulfeto (enxofre) e ferro: diminuem os riscos de intoxicação, pois competem com o cobre na absorção. . Algumas espécies possuem metalotioneína em seus enterócitos: esta tem efeito de atração do cobre, diminuindo a absorção. PS: tal proteína aumenta em dietas ricas em zinco - porem cuidado ao utilizar o zinco como defesa na intoxicação pelo cobre, já que o este também pode intoxicar o animal. PS1: o processo de fenação aumenta a disponibilidade de cobre no alimento - cuidado. Ovino - Etiologia: é a espécie mais afetada por este tipo de intoxicação - além disto raças de corte são ainda mais afetadas devido ao tipo de manejo (intensivo). Intoxicação aguda: em ingestão de altíssimas quantidades (acima de 150 ppm) - principalmente por erro de administração de medicamento. Intoxicação acumulativa: sintomas aparecem a partir de 30 dias - etiologia varia de acordo com o manejo. (a) Manejo intensivo: pelo uso de concentrado em proporção errada - comumente pelo uso de sais minerais destinados a bovino em ovinos. PS1: de forma similar a ração de suíno e aves é desaconselhada para bovinos - cobre é utilizado como antifúngico e promotor de crescimento para as duas primeiras espécies. (b) Manejo extensivo: pelo uso de cobre no solo ou de cama de frango como forma de alimentação. Ovino - Patogenia: Intoxicação aguda: causa erosões e úlceras - animal apresenta gastroenterite hemorrágica e hemorragias graves. Intoxicação acumulativa: dividida nos quadros: I - Pré-hemolítica: acumulada no fígado - ausência de sintomas. II - Hemolítica: cobre livre penetra nas hemácias, gerando radicais livres e consequente hematoglobinúria, metahemoglobina e anemia. III - Pós-hemolítica: ocorre formação de radicais livres - hemoglobina e lisozimas se mantém e são filtrados nos rins, lesionando glomérulos e túbulos renais (insuficiência renal como causa mortis). Ovino - Quadro clínico: Intoxicação aguda: anorexia, isolamento do rebanho, sonolência e depressão nervosa, sede intensa, fezes diarreicas e esverdeadas, decúbito esternal, taquicardia, atonia ruminal, desidratação, coma e morte. Intoxicação acumulativa: I - Pré-hemolítica: sintomatologia pouco evidente. II - Hemolítica: hemoglobinúria, prostração, apatia, taquicardia, atonia ruminal, hipertermia, cegueira, opistótomo, mucosas com alteração de coloração. PS: mucosas podem estar achocolatada pela hemoglobinemia, ou amarelada, ou pálidas - cor atua como indicativo do grau de desenvolvimento da doença. Ovinos - Achados de necropsia: Forma aguda: líquido na cavidade abdominal, conteúdo enegrecido no abomaso e ID, mucosa congesta e hiperêmica, fígado congesto. Forma acumulativa: quase todas as vísceras e serosas amareladas, fígado friável e tumefeito, rins de coloração negra e aumentados (patognomônico - região medular e cortical enegrecidas). Ovinos - Prognostico: de regular a bom - tratamento iniciado até o segundo dia de hemoglobinúria (?). Cães - Etiologia: raças Bedlington terrier e Doberman possuem predisposição hereditária - gene recessivoque leva o sistema a reter cobre no fígado em caso de contato continuo (até 1500 ppm se mantem assintomático). Cães - Patogenia: progressão varia de acordo com a idade do animal. Cães jovens: morte fulminante. Cães velhos: hepatite crônica. Cães - Quadro clínico: possui dois estágios progressivos 1º Estagio (assintomático): corresponde ao acúmulo de cobre no fígado - até 2000 ppm. 2º Estagio - Em jovens: animal apresenta quadro hepático agudo - sinais clínicos de insuficiência do órgão, anorexia súbita, depressão, dor abdominal e morte fulminante. 2º Estagio - Em adultos: caracterizado pela alteração no metabolismo do fígado - animal apresenta perda de peso, hipóxia, depressão, vômito, dor abdominal, poliúria, polidipsia, icterícia, ascite e estado mórbido por meses. Cães - Achados de necropsia: efusão cavidade pleural e abdominal, fígado diminuído de tamanho amarelado e firme. Cães - Prognóstico: em cão é sempre ruim. Tratamento - Ovinos e cães: uso de quelante específico - nos ovinos se usa tetratiomolibdato (TTM) 3 a 4 mg/Kg IV SID em 4 dias. PS: para cães se usa a penicilamina. Controle - Ovinos e cães: I - Controle rígido da dieta. II - Uso preventivo de TTM: apenas em casos especiais, onde a propriedade apresente alta frequência de intoxicação cúprica acumulativa - não deve ser feita sempre, visto que os quelantes também podem ser prejudiciais ao animal. B - Selênio: essencial na nutrição animal e humana (participa de processos bioquímicos e fisiológicos) - é necessário de 0,1 a 0,3 ppm na dieta para a prevenção de moléstias carências tais como: moléstia do músculo brando em bovinos e ovinos, hepatose dietética em suínos e diátese exsudativa em aves. PS1: intoxicação ocorre no pastejo em solo contaminado por altas concentrações de selênio - geralmente o que ocorre no Acre (incomum no resto do Brasil). PS2: também é encontrado na água, xampus medicamentos, rações, misturas minerais, anti-helmíntico e plantas acumuladoras (obrigatórias ou facultativas). Mecanismo de ação: produz metabólico (íon seleneto) - que possui ação de radical livre, sendo lesivo a membranas celulares. Etiologias: Intoxicação aguda: ingestão de altas concentrações - presentes em vermífugos, xampus e plantas acumuladoras. Intoxicação crônica do tipo alkali disease: pela ingestão de forragem e grãos com de 5 a 40 ppm do mineral. Intoxicação crônica do tipo” cegueira e andar cambaleante”: pela ingestão de plantas ou rações com níveis superiores a 40 ppm. Achados clínicos - Intoxicação Aguda: não são muito específicos - dificuldade respiratória, diarréia aquosa, febre, taquicardia, andar cambaleante, prostração e morte - pode ter sinais extras de acordo com a espécie. Em ruminantes: cólicas, poliúria, midríase e mucosa cianótica. Em suíno: andar com ponta dos cascos (clássico), decúbito esternal, vômitos e tremores. PS: equino é mais sensível a intoxicação, porém é menos acometido por evitar plantas de odor desagradável. Achados clínicos - Intoxicação crônica do tipo Alkali Disease: possui sinais mais clássicos no sistema locomotor e tegumentar - claudicação, emagrecimento, apatia, anemias, ascite, pelos ásperos, perda de pelos na cauda, laminite, ruptura de cascos, enrijecimento de articulações e cegueira. Em equinos: pode ocorrer até mesmo desprendimento do casco. Em bovinos: crescimento desordenado do casco para cima. Em suínos: possui alterações reprodutivas - queda na taxa de concepção e aumento no número de natimortos. Achados clínicos - Intoxicação crônica do tipo cegueira e andar cambaleante: animais vagueiam sem rumo, andam em círculo, tropeçam em obstáculos, apatia, tem fraqueza nos membros anteriores, apresentam perda de peso e cegueira. Achados de necropsia: Forma aguda: congestão, edema e necrose dos pulmões, fígado e rins // impactação do rúmen // ulceração no abomaso e intestinos. Forma crônica: conteúdo gástrico com odor de alho putrefato // órgãos congestos // ascite // cirrose // glomerulonefrite // atrofia e dilatação cardíaca // ulceração articulares (pp. na tíbia). Prevenção: única medida - não existe tratamento (quelantes). I - Evitar o consumo de pastos com solo seleníferos. II - Usar apenas formulações idôneas e evitar medicamentos à base de selênio. C - Zinco: essencial para funcionamento de mais de 200 enzimas - metalenzimas, hormônios do timo, prolactina, testosterona, somatomedina - também está comprometido com a síntese de DNA e RNA e é requerido em todos os processos de síntese celular. PS: intoxicação é rara - quando acontece é acidental via unguentos, excesso na dieta, medicamentos para toxinas fúngicas e solos contaminados por poluentes industriais, tintas e baterias. Mecanismo de ação: promove decréscimo na absorção de cobre - o cobre é essencial na atividade de uma enzima antioxidante sérica que inativa radicais livres (superóxidos): logo a baixa de cobre tem como efeito uma maior formação de radicais livres. Achados clínicos: alterações do TGI, anemia e destruição de hemácias - vômito, diarreia, icterícia, mucosas pálidas, hematemese, hemoglobinúria e morte. PS: a anemia é decorrente da deficiência de absorção de ferro e cobre. Necropsia: . Corpo estranho metálico no estômago. . Fígado escuro e aumentado de tamanho, edemas, palidez generalizada, degeneração hepática, renal, pancreática e cardíaca. Tratamento: é sintomático e de suporte. I - Remoção de corpo estranho: feito com auxílio da radiografia. II - Uso de Quelantes - CaEDTA, penicilamina, dimercaprol e DMSA: aplicado por via IM ou oral. PS: quelantes possuem efeitos colaterais - usar apenas após o animal ter sido estabilizado. D - Cloreto de sódio (sal branco): importante no equilíbrio hídrico celular e regulação da homeostasia - animais de produção são os mais acometidos por intoxicação (sendo ainda que suínos e aves são mais afetados que bovinos). PS: a intoxicação ocorre na privação hídrica. Mecanismo de ação: quando presente em elevado nível na corrente sanguínea o sódio sofre difusão para o líquido cefaloraquidiano - a glicose entra no cérebro por co-transportador com sódio, e no caso de concentração do gradiente intracelular deixa de ser absorvida: o decréscimo dos níveis de glicose levam a desidratação celular e rompimento de vasos e edema cerebral pela ausência desta. Sinais Clínicos: Forma aguda: alterações de TGI, neurológicas/comportamentais e animal com bastante sede - vômito, diarreia, dor abdominal, sede intensa, constipação, poliúria, fraqueza muscular, anorexia, decúbito esternal e lateral, convulsão, coma e morte (em 24 a 48 horas). Forma crônica: alterações neurológicas - apatia, cegueira, surdez, anorexia, andar a esmo, andar em círculo, convulsão e morte. Tratamento: mortalidade ocorre em 50% dos animais mesmo havendo tratamento - se baseia no fornecimento de água fresca imediatamente em pequenas quantidades em intervalos regulares. PS1: nunca dar água muito rapidamente para o animal - leva a ocorrência de edema cerebral. PS2: fluidoterapia é ineficaz - absorção oral é mais rápida. PS3: diuréticos são inefetivos - não melhoram o edema cerebral e podem provocar a morte por piorar a desidratação.
Compartilhar