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Medicina UniFTC | 5º Semestre 1 RECOMENDAÇÕES Os pacientes devem ser internados, de preferência em leitos de isolamento com pressão negativa (se disponível). Se os pacientes evoluírem com dificuldade para manter a saturação acima de 93% mesmo com oxigenioterapia adequada, recomenda-se intubação. Evitar máscara do tipo VENTURI ou “tenda” devido a aerossolização. Recomenda-se NÃO usar cateter nasal de alto fluxo ou VNI como rotina, para evitar disseminação e contágio, exceto em condições especiais. O uso de cânula nasal de alto fluxo (CNAF) pode reduzir a necessidade de IOT em casos de insuficiência hipoxêmica quando comparada à oxigenoterapia convencional. Importante lembrar as condições (dispositivo pronto para uso imediato na unidade; equipe treinada; EPI’s aerossozantes disponíveis e corretamente utilizados), caso contrário deve-se proceder à IOT. A administração de medicamentos para pacientes em broncoespasmo, deve ser mantida. Deve-se evitar inalação convencional com fluxo de O² ou ar comprimido. IOT E INDICAÇÕES Indicações de IOT: 1. Incapacidade de manter as vias aéreas patentes; 2. Incapacidade de proteger a via aérea contra a aspiração; 3. Incapacidade de ventilar; 4. Incapacidade de oxigenar; 5. Antecipação de uma deterioração clínica iminente. Indicações COVID-19: Paciente que apesar das medidas de suporte de O2 (O² nasal maior que 5L/min) não consegue manter uma SatO2 >93% ou apresentar FR> 28ipm ou retenção de CO² (PaCO² > 50mmHg e ou pH < 7,25)deverão ser prontamente intubados e ventilados mecanicamente. IOT EM SEQUÊNCIA RÁPIDA ETAPA 1 Preparação do material para a IOT e garantir os EPI’s. Bolsa auto-insuflável (tipo AMBU®) ou bolsa com válvula uni-direcional e adaptador com entrada lateral de fonte de oxigênio, filtro HEPA ou HME. Jogo de máscaras faciais (3 a 5). Jogo de laringoscópio: cabo e lâminas curvas (3 e 4). Jogo de tubos endotraqueais (6.5 a 8.5). Cânulas orofaríngeas (Guedel 3-4). Guia de intubação tipo bougie ou estilete metálico (“fio guia”). Sistema de aspiração de secreções e sonda (ou ponta rígida) para aspiração. Máscara laríngea (3 a 5). Além da gradação de dificuldade da via aérea via método LEMON L = Look Externally (olhar externamente) E = Evaluate (examine as distâncias com regra do 3-3-2): distância de pelo menos 3 dedos entre os dentes incisivos; distância de pelo menos 3 dedos entre o hioide e o mento; distância de pelo menos 2 dedos entre a proeminência tireóidea e o assoalho da boca A ventilação mecânica substitui total ou parcialmente a ventilação espontânea e está indicada na insuficiência respiratória aguda ou crônica. Propicia melhoras das trocas gasosas e diminuição do trabalho respiratório, podendo ser utilizada de forma não invasiva ou de forma invasiva. Medicina UniFTC | 5º Semestre 2 M = Mallampati: Classificação de Mallampati de acordo com a visualização da hipofaringe. O = Obstruction: qualquer condição que leve a obstrução. N = Neck Mobility (Mobilidade Cervical – No peito encoste o queixo): avaliada ao solicitar ao doente (em condições favoráveis) para flexionar o queixo no peito e, em seguida, estender como se fosse olhar para o teto; ETAPA 2: POSICIONAMENTO DO PACIENTE Para o posicionamento do paciente, deve-se: Elevar o dorso da cama/maca 45º, sempre que possível; Uso de coxim* occipital; * O coxim é feito com lençóis ou campos cirúrgicos dobrados e colocados sob a região occipital. Não preparar com lençóis/campos enrolados e não posicionar o coxim na região cervical ou interescapular. Figura 2: Preparo e posicionamento adequado do coxim occipital. Posicionamento em rampa (obesos), consiste em: Colocação de lençóis ou campos cirúrgicos dobrados sob a região dorsal do paciente além dos colocados sob a região occipital; Manutenção do dorso da cama ou maca a 0º; Figura 3: posicionamento em rampa para intubação de pacientes obesos. ETAPA 3: PRÉ-OXIGENAÇÃO O objetivo da pré-oxigenação é aumentar as reservas de oxigênio do paciente de modo a prolongar o tempo até a dessaturação, uma vez que o paciente será submetido a apneia durante o procedimento de intubação. Deve ser realizada com o paciente em ventilação espontânea; Se o paciente estiver recebendo oxigênio através de máscara facial com reservatório não reinalante, cateter nasal de alto fluxo (CNAF) ou VNI, deve-se manter estes dispositivos, ajustando para oxigenação máxima (FIO2=100%). No caso de estar sendo empregado cateter nasal de baixo fluido, substituir por sistema bolsa-válvula-filtro-máscara alimentada por fonte de oxigênio de até 10L/min. A pré-oxigenação deve ter duração de 5 minutos, sempre que a situação clínica permitir. Contudo não se deve postergar a intubação no caso do paciente com instabilidade hemodinâmica. ETAPA 4: PRÉ-MEDICAÇÃO É utilizada para mitigar os efeitos fisiológicos adversos da laringoscopia e intubação orotraqueal, devendo ser feita dois minutos antes do procedimento. Sugere-se: Lidocaína 2% (sem vasoconstrictor): 1,5mg/kg IV, 2 minutos antes da laringoscopia, ou; Fentanil: 1-2mcg/kg IV; Expansão volêmica: SF 0,9% 500ml e/ou infusão de nora (caso haja contraindicação da expansão). A lidocaína é contraindicada na presença de bloqueios cardíacos. Na indisponibilidade dos medicamentos acima, não realizar a pré- medicação com outros agentes sedativos. ETAPA 5: BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES E SEDATIVOS Devem ser injetados através de bolus lento. Doses recomendadas SEDATIVOS Cetamina 2 mg/kg IV Medicina UniFTC | 5º Semestre 3 Etomidato 0,3 mg/kg IV Propofol 2 mg/kg IV Midazolam 0,2 mg/kg BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Succinilcolina 1,5 mg/kg IV Rocurônio* 1,2 mg/kg IV Em caso de falta dos bloqueadores acima**: Cisatracúrio 0,2 mg/kg IV Atracúrio 0,5 mg/kg IV Pancurônio 0,1 mg/kg IV Vecurônio 0,1 mg/kg IV * Em pacientes com risco de hipercalcemia ou doenças neuromusculares, a opçaõ terapêutica será o rocurônio. ** Em casos de utilização das medicações alternativas, há necessidade de ventilação sob máscara por pelo menos 3 minutos. ETAPA 6: INTUBAÇÃO A laringoscopia deve ser realizada com a mão esquerda (a mão direita segura a cabeça), a lâmina deve entrar pelo canto direito da boca de forma a rebater a língua para a esquerda. Ao visualizar a epiglote, a lâmina deve ser inserida na valécula epiglótica e deve-se tracionar o laringoscópio para frente, para cima e para a esquerda. Figura 4: Gradação de Cormack Lehane Feito isso, a via aérea deve ser visualizada. Passado o tubo orotraqueal, deve-se inseri-lo até esconder o balonete abaixo das cordas vocais, outra medida utilizada é a de 22 cm na dos incisivos. Por fim, infla-se o balonete e confirma-se o posicionamento do tubo, que pode ser através de: Observação da expansibilidade torácica bilateral e simétrica; Ausculta (epigástrio, pulmão esquerdo, pulmão direito); Radiografia de tórax; Fog (embaçamento pelo vapor d’água) no tubo; Capnografia (PaCO2 entre 35 à 45 mmHg); A ventilação mecânica invasiva protetora poderá ser iniciada no modo volume ou pressão controlada (VCV ou PCV) com volume corrente igual 6ml/kg de peso predito e pressão de platô menor que 30cmH2O, com pressão de distensão menor que 15cmH2O. ETAPA 7: CHECAGEM DA INTUBAÇÃO Após a intubação, deve ser feita a insuflação do balonete do tubo com volume de ar suficiente para conseguir a ventilação adequada. Auscultar o tórax, checando a simetria, e assegurando que a intubação não foi esofágica. O tubo deve ser fixado. Solicitar Rx, se disponível, para verificar a posição do tubo. POSIÇÃO PRONA A posição de decúbito ventralé benéfica, porque a área mais bem perfundida (posterior) passa a ser também ventilada, melhorando a relação V/Q e reduzindo a hipoxemia. Utilizar a posição prona quando a relação PaO2/FiO2 <150 sem contraindicações absolutas (ferimentos de face/pélvico, instabilidade da coluna vertebral, gestantes a partir do terceiro trimestre, síndrome compartimental abdominal, hipertensão intracraniana, tórax instável, arritmias graves, hipotensão severa, periostomia). Não utilizar a posição prona por menos de 12 horas. Após uma hora repetir gasometria arterial, se paciente apresentar piora, suspender pronação, se melhora, manter. Uma vez que o paciente for supinado e a relação PaO2/FiO2 se mantiver >150, repetir gasometria em 1 hora, porém se piorar, retomar a posição prona. Se após 4h de posição supina a relação PaO2/FiO2 cair novamente para <150, sugere-se pronar novamente. Dar intervalo de pelo menos 6 horas de supina para nova pronação. Em situações onde haja uma hipoxemia refratária, pode optar-se pelo recrutamento alveolar em pacientes que não respondem a outras intervenções, como forma de resgate; SUPORTE HEMODINÂMICO NA SARS POR COVID EM ADULTOS Medicina UniFTC | 5º Semestre 4 A ocorrência de choque circulatório é variável. A abordagem do CC nesses pacientes leva as seguintes fases: (1) resgate, (2) otimização, (3) estabilização e (4) ressuscitação. RESGATE Reposição volêmica com Ringer Lactato, infundir alíquotas de 250ml até volume total de 20ml/kg/peso. Associar noradrenalina com a reposição volêmica, ao atingir a dose de 0,5mcg/kg/min, associar uma segunda droga (adrenalina ou vasopressina – deve ser evitada em casos de disfunção miocárdica). OTIMIZAÇÃO Avaliar perfusão/fluxo pelo tempo de enchimento capilar, lactatemia, gradiente veno- arterial de PCO², aturação venosa mista de O2 ou saturação venosa central de O2. Não avaliar parâmetros metabólicos com frequência maior do que 2x/dia se o TEC estiver normal. Na disfunção miocárdica, de modo ideal documentada por ECO, persistindo a hipoperfusão após a PAM alvo ser atingida, recomenda-se o uso de dobutamina. O uso de hidrocortisona na dose de 200mg/dia é recomendado persistindo a necessidade de vasopressor em até 6h. ESTABILIZAÇÃO Recomenda-se um BH equilibrado (zero) após a otimização (correção da hipoperfusão). Utilizar diurético ou ultrafiltração nos casos de oligúria persistente. Se os marcadores indicarem sinais de hipoperfusão, recomenda-se retomar às medidas de otimização. RESSUSCITAÇÃO Após o desmame o balanço hídrico deve ser negativo, inclusive usando-se diurético para esse fim ou ultrafiltração nos casos de oligúria resistente ao diurético. Medicina UniFTC | 5º Semestre 5 RECOMENDAÇÕES QUANTO AO MANEJO CLÍNICO Até o momento não há medicamento específico para o tratamento da COVID-19. Portanto em casos leves, a recomendação é repouso, manter bom aporte nutricional e uso de medicações sintomáticas como analgésicos/antitérmicos. Evitar uso de ibuprofeno ou outros anti- inflamatórios (uso individualizado). Os pacientes indicados para acompanhamento ambulatorial devem ser alertados para a possibilidade de piora tardia do quadro clínico e sinais de alerta de complicações (recrudescência de febre, taquicardia, dispneia) deve determinar retorno e reavaliação de urgência do paciente. Pacientes com pneumonia devem ser internados e receber empiricamente oseltamivir e ATB empírica. Casos com evolução para insuficiência respiratória necessitando VM ou os que apresentarem choque devem ser admitidos em UTI. Na ausência de fatores de risco para bactérias gram-negativas e gram-positivas multirresistentes, a ATB empírica deve consistir na combinação de um betalactâmico + macrolídeo ou fluoroquinolona respiratória, ambos IV. BETALACTÂMICOS - ORDEM DE PREFERÊNCIA - Ampicilina-sulbactam 1,5 a 3g a cada 6 horas - Cefotaxima 1 a 2g a cada 8 horas - Ceftriaxona 1 a 2g por dia - Ceftarolina 600mg a cada 12 horas MACROLÍDEOS - Azitromicina 500mg por dia - Claritromicina 500mg a cada 12 horas FLUROQUINOLONAS RESPIRATÓRIAS - Levofloxacina 750mg por dia - Moxifloxacina 400mg por dia Para adultos com PAC que têm contraindicações para macrolídeos e fluoroquinolonas há a opção de terapia combinada com um betalactâmico e doxiciclina (100mg 12/12h). FATORES DE RISCO INDIVIDUAIS PARA INFECÇÃO RESPIRATÓRIA POR BACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES: 1. Isolamento prévio desses organismos (swabs de monitorização); 2. Hospitalização recente e exposição a ATB parenterais; 3. Uso de hemodiálise nos últimos 90 dias; 4. Residente em casa de repouso. A ATB empírica na PAC grave + fator de risco, são piperacilina-tazobactam (4,5g 6/6h), cefepime (2g 8/8h), ceftazidima (2g 8/8h), meropenem (1g 8/8h) ou imipenem (500mg 6/6h) + vancomicina (15mg/kg 12/12h) ou linezolida (600mg 12/12h). A duração da ATB é de 5-7 dias. O paciente deve estar afebril há 48-72h e não deve ter sinais de instabilidade associada à PAC antes da interrupção da ATB. Recomenda-se cobertura empírica para influenza com Oseltamivir (75mg VO 12/12h por 5 dias) empiricamente na SARA. Os corticosteroides devem ser evitados, devido ao potencial em prolongar a replicação viral, como observado em pacientes com MERS-CoV, a menos que indicado por outros motivos como, DPOC ou choque séptico. TERAPIA ANTIVIRAL PARA SARS-COV2 Não se recomenda o uso rotineiro de lopinavir/ritonavir, já que essa combinação não levou a melhora clínica mais rápida. A cloroquina e hidroxicloroquina tem benefício incerto quanto ao uso em pacientes graves com COVID-19. O remdesivir é o medicamento mais promissor como candidato a agente terapêutico pela OM, devido a demonstração de eficácia inibição do SARS-CoV in vitro e em animais, no entanto não há evidência clínica sobre o seu uso em pacientes.
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