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APS - Bens públicos

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Nome: Ana Paula Marques Brandão R.A: 8928792
APS – Bens Públicos
	Antes de entrar no tema das penalidades administrativas em contratos públicos, é importante ressaltar que um contrato administrativo é um acordo celebrado entre a Administração pública e um particular. Posto isso, os contratos administrativos são diferentes dos contratos privados, uma vez que os contratos administrativos possuem interesse público sobrepondo-se ao interesse privado. 
	De acordo com o artigo 87 da Lei 8.666/93, a inexecução do contrato administrativo ocasiona a aplicação de uma ou mais penalidades administrativas, quais sejam: advertência, multa, suspensão temporária e declaração de inidoneidade.
	Portanto, ao verificar uma conduta que afronta a lei, a Administração pública tem a possibilidade de apurar as faltas cometidas pelos contratados, e se necessário aplicar as devidas penalidades de acordo com a Lei, ou seja, a Administração tem o poder/dever de aplicar a sanção adequada.
	Ao aplicar uma penalidade administrativa, o administrador precisa atuar de acordo com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, aplicando a pena de acordo com a gravidade da infração, de modo que as penas mais graves (suspensão e declaração de inidoneidade) sejam aplicadas apenas nas condutas deploráveis, além de seguir os parâmetros observados no contrato.
	Dentre as sanções possíveis, temos a advertência. Essa penalidade é utilizada nos casos de infrações consideradas leves. Ocorre quando existem pequenas falhas no decorrer da execução do contrato, que devem ser corrigidas no momento da a advertência, sob pena de aplicação de outras sanções consideradas mais graves, inclusive de rescisão do contrato.
A multa é outra modalidade de pena que atinge o patrimônio do contratado, podendo ser aplicada, de acordo com a Lei de Licitação, em dois casos: pelo atraso em executar o contrato ou pela inexecução do contrato. O valor da multa precisa estar estabelecido no contrato, previsto no edital e no instrumento contratual, sob pena de tornar inaplicável o pagamento da multa.
Já em relação as penalidades de declaração de inidoneidade e suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração existe uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial que será demonstrada e discutida a seguir.
A sanção de suspensão temporária causa a proibição de participar de licitações e de contratar com a Administração Pública pelo prazo de 2 anos. Já a penalidade de declaração de inidoneidade é aplicada nos casos de faltas extremamente graves, em que há graves prejuízos à Administração pública, impedindo, assim, a contratação com a Administração por um prazo indeterminado.
Posto isso, existe uma dúvida sobre essas penalidades: o particular penalizado por um ente federativo está impedido de contratar com outros entes federativos? Ou melhor reformulando, o particular estaria impedido de licitar ou contratar com qualquer ente público ou apenas com o ente público que o penalizou?
De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça e do doutrinador Marçal Justen Filho, as sanções possuem efeito extensivos e podem/devem ser invocadas por todos os entes federados, ou seja, se houver a suspensão ou a declaração de inidoneidade, as vedações das contratações serão aplicadas para toda a Administração Pública, com qualquer ente público. (REsp 151.567/RJ, Relator: Francisco Peçanha Martins, Segunda Turma, 25/02/2003).
Já o Tribunal de Contas da União (TCU) entende que: enquanto a suspensão de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração incide apenas em relação ao ente que aplicou a sanção (efeitos restritivos), a declaração de inidoneidade produz efeitos em todo o território nacional (efeitos extensivos). Sendo assim, o inciso III do artigo 87 da Lei 8.666/93 relata apenas Administração, e ao aplicar a pena de suspensão, apenas o ente federativo que aplicou a suspensão não irá contratar com aquela empresa. Já quando aplicar a declaração de inidoneidade, com base no inciso IV do mesmo artigo, a sanção afeta a toda Administração pública. (Acórdão nº 3439/2012-Plenário, TC-033.867/2011-9, rel. Min. Valmir Campelo, 10.12.2012)
No que se refere as penalidades mais graves (suspensão do direito de licitar e declaração de inidoneidade) nota-se que não há um posicionamento correto quanto a abrangência dessas duas penalidades, evidenciando, portanto, uma certa insegurança aos contratados, e cabendo ao Administrador optar pela segurança jurídica.
Por fim, as penalidades administrativas previstas na Lei de Licitações apresentam suas particularidades e devem estar de acordo com os princípios Constitucionais e os princípios que regem a Administração pública, respeitando o Estado Democrático de Direito no momento da aplicação das penalidades, com enfoque no contraditório e ampla defesa, bem como, no devido processo legal.
Bibliografia
https://emporiododireito.com.br/leitura/alcance-das-sancoes-administrativas-de-suspensao-e-de-impedimento-de-licitar-por-ezequiel-pires - último acesso em 10/11/2020
http://www.olicitante.com.br/suspensao-temporaria-alcance-tcu-stj/ - último acesso em 10/11/2020
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-administrativo/penalidades-administrativas-em-contratos-publicos/ - último acesso em 10/11/2020

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