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Babesiose bovina (Babesia bovis e B. bigemina) É uma doença parasitária causada por protozoário que infecta os eritrócitos, causando anemia e hemoglobinúria. Pode ocorrer concomitantemente com a anaplasmose (bactéria). O hospedeiro é o bovino e o único vetor biológico é o carrapato Boophilus microplus. Tem grande importância econômica com perdas por mortalidade, atraso no ganho de peso e redução na produtividade. O protozoário, de morfologia piriforme, é encontrado em pares no interior de eritrócitos e é denominado de piroplasma. Anaplasmose (Anaplasma marginale) É uma doença causada por um hemoparasita, caracterizada por anemia, icterícia e transtornos digestivos. Comumente conhecido como tristeza bovina, tristezinha, boca branca, pendura e mal da ponta. Ela pode ser transmitida biologicamente pelos carrapatos e mecanicamente por picadas de mosquitos e moscas hematófagas. Outras formas de transmissão podem ser a iatrogênica ou transplacentária. O agente etiológico é a Anaplasma marginale, uma riquétsia que parasita hemácias formando corpúsculos arredondados. Transmissão A transmissão dessas doenças é por um vetor biológico, o carrapato Boophilus microplus e tem a porta de entrada é a pele, mas pode ter o contágio indireto através de fômites contaminados com sangue do animal doente. A principal fonte de infecção são os portadores em incubação e convalescente, doente e reservatórios. Epidemiologia É de distribuição endêmica em regiões tropicais e subtropicais. A prevalência é maior em animais jovens com resistência baixa, sem imunidade colostral, em regiões com carrapatos e com épocas chuvosas. Fatores predisponentes: Existe alguns outros fatores que predispõe o animal a ter essas hemoparasitoses. São elas: idade (bezerros desprovidos de imunidade colostral), imunidade, grau de infestação por carrapato, estresse, clima e transferência de regiões indenes para endêmicas. Ciclo da Babesia no carrapato Hemoparasitoses em grandes animais Ciclo da Babesia no bovino Ocorre o primeiro repasto do bovino → secreção salivar → inoculação de esporozoítos → invasão dos eritrócitos → trofozoítos → divisão binária → merozoítos → ruptura da célula → liberação dos parasitos → novas células → fase aguda (parasitemia) → 0,2% a 45% de hemácias parasitadas. Patogenia da Anaplasmose Inoculação no sangue → invasão da hemácia → replicação por divisão binária → formação de corpúsculos → hemólise e anemia (Ac anti-hemácias). Os corpúsculos em esfregaços sanguíneos 3 a 6 dias após 1º acesso febril (7 a 11 dias da infecção). Diagnóstico clínico • Babesiose: O período de incubação gira em torno de 7 a 14 dias. Ocorre febre, hemoglobinúria, mucosas congestas, icterícia, taquipneia, taquicardia, parada da ruminação e ocasionalmente, aborto. A forma branda ocorre nos bezerros sem a imunidade colostral e a forma aguda e crônica ocorre em adultos acima de 3 anos de idade, podendo ser letal. • Anaplasmose: O período de incubação da anaplasmose gera em torno de 14 a 28 dias. A evolução superaguda e aguda causa febre alta, debilidade e enfraquecimento, mucosas pálidas e aborto. Afeta bezerros sem imunidade colostral e bovinos com mais de 3 anos de idades tem a forma superaguda que é letal. Diagnóstico laboratorial • Babesiose: Esfregaço sanguíneo aponta o parasita em fase de incubação ou aguda. • Anaplasmose: o Laboratorial direto: anemia intensa, corpúsculos de inclusão em esfregaço sanguíneo, bilirrubinemia. o Sorologia por fixação de complemento e ELISA. Diagnóstico diferencial • Babesiose: Anaplasmose Diagnóstico anatomopatológico • Babesiose: Na fase aguda: carcaças pálidas e ictéricas, bile granulosa e hemorragias. • Anaplasmose: Icterícia, edema gelatinoso, vesícula biliar repleta, hepatoesplenomegalia com coloração amarelo acastanhado. Informações gerais A taxa de infecção de hemácias é duplicada a cada 24 horas atingindo cerca de 50% da população. Os portadores se tornam imunes por muitos anos, beneficiados pela premunição (imunidade de presença). A imunidade é transferida passivamente para bezerros. Prevenção e controle A melhor forma de prevenção é o isolamento dos doentes e tratamento com inidocarb, diaceturato de diminazeno e oxitetraciclina ou tetraciclinas. O controle da população de carrapatos é outra forma de controle. É importante garantir que os bezerros lactentes façam a ingestão do colostro. Os animais criados em áreas livres devem ser monitorados com medições de temperaturas diariamente e avaliações de mucosas. Enquanto é feito os exames laboratoriais, os animais em suspeita também devem passar pela quarentena até o diagnóstico conclusivo. O carrapaticida que funciona numa propriedade vizinha, necessariamente não funciona em outras, e para direcionar a escolha é necessário que se realizem testes laboratoriais, os quais indicam o melhor princípio ativo a ser utilizado no controle dos carrapatos, tratando cada propriedade como um caso único e considerando também o histórico de uso de carrapaticidas nos últimos anos. Esse teste utilizado se chama carrapatograma.