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Procedimentos - Hemoparasitoses em grandes animais (23 09 20)

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Babesiose bovina (Babesia bovis e B. bigemina) 
É uma doença parasitária causada por protozoário que infecta os 
eritrócitos, causando anemia e hemoglobinúria. Pode ocorrer 
concomitantemente com a anaplasmose (bactéria). O hospedeiro é o 
bovino e o único vetor biológico é o carrapato Boophilus microplus. Tem 
grande importância econômica com perdas por mortalidade, atraso no 
ganho de peso e redução na produtividade. 
O protozoário, de morfologia piriforme, é encontrado em pares no 
interior de eritrócitos e é denominado de piroplasma. 
 
Anaplasmose (Anaplasma marginale) 
É uma doença causada por um hemoparasita, caracterizada por 
anemia, icterícia e transtornos digestivos. Comumente conhecido como 
tristeza bovina, tristezinha, boca branca, pendura e mal da ponta. Ela 
pode ser transmitida biologicamente pelos carrapatos e mecanicamente 
por picadas de mosquitos e moscas hematófagas. Outras formas de 
transmissão podem ser a iatrogênica ou transplacentária. 
O agente etiológico é a Anaplasma marginale, uma riquétsia que 
parasita hemácias formando corpúsculos arredondados. 
Transmissão 
A transmissão dessas doenças é por um vetor biológico, o 
carrapato Boophilus microplus e tem a porta de entrada é a pele, mas 
pode ter o contágio indireto através de fômites contaminados com 
sangue do animal doente. A principal fonte de infecção são os 
portadores em incubação e convalescente, doente e reservatórios. 
 
Epidemiologia 
É de distribuição endêmica em regiões tropicais e subtropicais. A 
prevalência é maior em animais jovens com resistência baixa, sem 
imunidade colostral, em regiões com carrapatos e com épocas 
chuvosas. 
 
Fatores predisponentes: 
Existe alguns outros fatores que predispõe o animal a ter essas 
hemoparasitoses. São elas: idade (bezerros desprovidos de imunidade 
colostral), imunidade, grau de infestação por carrapato, estresse, clima 
e transferência de regiões indenes para endêmicas. 
 
Ciclo da Babesia no carrapato 
Hemoparasitoses 
em grandes animais 
 
 
Ciclo da Babesia no bovino 
Ocorre o primeiro repasto do bovino → secreção salivar → 
inoculação de esporozoítos → invasão dos eritrócitos → trofozoítos 
→ divisão binária → merozoítos → ruptura da célula → liberação 
dos parasitos → novas células → fase aguda (parasitemia) → 0,2% 
a 45% de hemácias parasitadas. 
 
Patogenia da Anaplasmose 
Inoculação no sangue → invasão da hemácia → replicação por 
divisão binária → formação de corpúsculos → hemólise e anemia (Ac 
anti-hemácias). 
Os corpúsculos em esfregaços sanguíneos 3 a 6 dias após 1º 
acesso febril (7 a 11 dias da infecção). 
 
Diagnóstico clínico 
• Babesiose: 
O período de incubação gira em torno de 7 a 14 dias. Ocorre 
febre, hemoglobinúria, mucosas congestas, icterícia, taquipneia, 
taquicardia, parada da ruminação e ocasionalmente, aborto. 
A forma branda ocorre nos bezerros sem a imunidade 
colostral e a forma aguda e crônica ocorre em adultos acima de 3 
anos de idade, podendo ser letal. 
• Anaplasmose: 
O período de incubação da anaplasmose gera em torno de 14 a 
28 dias. A evolução superaguda e aguda causa febre alta, 
debilidade e enfraquecimento, mucosas pálidas e aborto. Afeta 
bezerros sem imunidade colostral e bovinos com mais de 3 anos 
de idades tem a forma superaguda que é letal. 
 
Diagnóstico laboratorial 
• Babesiose: 
Esfregaço sanguíneo aponta o parasita em fase de incubação 
ou aguda. 
• Anaplasmose: 
o Laboratorial direto: anemia intensa, corpúsculos de inclusão em 
esfregaço sanguíneo, bilirrubinemia. 
o Sorologia por fixação de complemento e ELISA. 
 
Diagnóstico diferencial 
• Babesiose: Anaplasmose 
 
Diagnóstico anatomopatológico 
• Babesiose: 
Na fase aguda: carcaças pálidas e ictéricas, bile granulosa e 
hemorragias. 
 
• Anaplasmose: 
Icterícia, edema gelatinoso, vesícula biliar repleta, 
hepatoesplenomegalia com coloração amarelo acastanhado. 
Informações gerais 
A taxa de infecção de hemácias é duplicada a cada 24 horas 
atingindo cerca de 50% da população. Os portadores se tornam imunes 
por muitos anos, beneficiados pela premunição (imunidade de presença). 
A imunidade é transferida passivamente para bezerros. 
 
Prevenção e controle 
A melhor forma de prevenção é o isolamento dos doentes e 
tratamento com inidocarb, diaceturato de diminazeno e oxitetraciclina 
ou tetraciclinas. O controle da população de carrapatos é outra forma 
de controle. 
É importante garantir que os bezerros lactentes façam a ingestão 
do colostro. Os animais criados em áreas livres devem ser monitorados 
com medições de temperaturas diariamente e avaliações de mucosas. 
Enquanto é feito os exames laboratoriais, os animais em suspeita 
também devem passar pela quarentena até o diagnóstico conclusivo. 
O carrapaticida que funciona numa propriedade vizinha, 
necessariamente não funciona em outras, e para direcionar a escolha 
é necessário que se realizem testes laboratoriais, os quais indicam o 
melhor princípio ativo a ser utilizado no controle dos carrapatos, 
tratando cada propriedade como um caso único e considerando 
também o histórico de uso de carrapaticidas nos últimos anos. Esse 
teste utilizado se chama carrapatograma.