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pneumonia adquirida na comunidade (pac) epidemiologia · 3 a 5 casos por 1000 hab/ano; · 2ª doença respiratória + comum no BR., representa 50% dos casos de internação em adultos > 50 anos; · 10x mais prevalente em idosos; · A taxa de mortalidade em crianças < 5 anos é de 1,5/1.000, 3x > que EUA. · Queda nos índices mortalidade (25,5%) nos últimos 25 anos no Brasil. · É sazonal, mais incidente nos meses frios. · Impacto significativo em morbimortalidade e mortalidade. É a 2ª causa de morte por doença respiratória e a mortalidade varia conforme a faixa etária. · A vacina pneumocócica conjugada previne 90% das pneumonias pneumocócicas. · Outras formas de prevenção: vacinar-se contra a gripe, praticar atividade física, alimentação adequada, não fumar, não se expor a mudanças bruscas de temperatura. O pico mostrado no gráfico faz referência à pandemia do H1N1, pois as infecções virais aumentam a incidência das infecções bacterianas secundárias à patologia viral. patogênese CONTÁGIO Camila Quevedo Rodrigues · · Inalação direta · Aspiração da nasofaringe · Disseminação hematogênica · Contiguidade · Reativação de foco latente NÃO CAI: 1 e 2 Pneumonia aguda: congestão dos capilares e extensa exsudação alveolar neutrofílica c/ hepatização. 3 Pneumonia organizada (avançada): exsudatos evoluem para massas fibromióides infiltradas por macrófagos e fibroblastos (cicatrização). diagnóstico clínico Sintomas de doença aguda: tosse associada a 1 ou + dos sintomas citados. Pelo menos 1 dos achados focais no EF. Pelo menos um dos achados sistêmicos, sendo que é OBRIGATÓRIO o achado de infiltrado radiológico não presente previamente. exames de imagem radiografia de tórax · Imprescindível no diagnóstico; · Demonstrativo de gravidade; · Detecção de complicações; · Controle de tratamento: resolução em 2 a 6 semanas, quando muito extensa, a pneumonia pode demorar até 3 meses para desaparecer da radiografia. · Recomendada como rotina; · Menos de 40% dos episódios de pneumonia são diagnosticados com base apenas na anamnese e exame físico; · Em situações específicas o tratamento deverá ser iniciado mesmo sem a radiografia, ou seja, locais sem acesso ao exame e que o pcte tenha quadro clínico sugestivo. A imagem mostra um abscesso pulmonar: uma cavitação com nível hidroaéreo. É uma complicação da pneumonia. A diferença entre o abscesso pulmonar e a pneumonia é o tempo de tratamento, sendo que o abscesso pulmonar é uma pneumonia com necrose que liquefaz a região, cujo tratamento dura cerca de 21-28 dias, enquanto o tratamento da pneumonia geralmente dura 7 dias. ultrassonografia de tórax · Mais sensível que o rx de tórax. Bom, barato e sem radiação. · Alta capacidade para detecção de afecções pleurais (complicações), por isso a maior indicação da US é para avaliar derrames pleurais, espessamentos pleurais, etc. Raio x com derrame pleural grande. E US mostrando o derrame pleural (parte cinza escuro) entre a base do pulmão (L) e o baço (sp). No rx derrame pleural mais extenso; com o pcte em ortostase o derrame não escorre. Na US vê-se um derrame mais radiodenso (mais branco), isso mostra maior complicação, evoluindo com presença de pus. Trata-se de um empiema, uma complicação de PAC. tomografia de tórax · Exame de imagem mais sensível e específico. · Maior custo e exposição à radiação. · Utilização em casos selecionados: quando há suspeita de outra patologia junto ou de que não seja pneumonia e sim outra coisa, ou pneumonia que está evoluindo mal investigação etiológica · Não há recomendação de rotina, normalmente o tratamento da PAC é empírico, de acordo com o que é mais provável. · Em casos selecionados: - Presença de comorbidades - Idade - Imunossupressão - Gravidade do quadro - Tratamento antimicrobiano prévio - Ocorrência de surtos (virais) A decisão de qual antibiótico usar também leva em consideração os fatores citados. recomendações de biomarcadores São exames de proteínas que ajudam a avaliar a evolução do pcte. 3 biomarcadores mais utilizados: 1. PCR 2. ProCalcitonina 3. THL PCR e THL são mais baratos e mais usados na prática médica, enquanto a calcitonina é menos usada por conta do custo elevado. O PCR sobe mais rápido e diminui mais rápido, já o THL demora mais p/ subir e p/ diminuir ao longo da infecção. PCR muito alto diz a favor de infecção bacteriana e mais baixo indica outras etiologias, porém o PCR alto não exclui que sejam outras etiologias. A principal utilidade do PCR é a avaliação da resposta do tratamento: dosa-se o PCR na entrada do pcte e também após 24-48-72h se houver queda é um fator de bom prognóstico. A procalcitonina elevada diz a favor de infecção bacteriana em relação à viral, mais que o PCR. tratamento Pneumonia bacteriana X Pneumonia viral - Não há dado clínico ou laboratorial para tal definição em curto espaço de tempo O início precoce da antibioticoterapia adequada é fundamental e tem impacto direto na mortalidade. onde tratar - escores Os escores são maneiras de sistematizar o julgamento clínico. Se cair na prova, vai ser o CURB e não o CRB. curb 65 (critério da bts) Mais usado. No CURB 2 considera o tratamento hospitalar inicialmente, mas após melhora pode haver alta precoce e ele continuar o tratamento em casa. CURB 3 tratamento hospitalar e 4 ou 5 considerar UTI. crb 65 (critério da BTS adaptado) Utilizado pois nem todos os lugares tem a possibilidade de exames laboratoriais. Sua diferença é que não considera a dosagem de ureia. CRB 1-2 avalia tratamento hospitalar: inicia tratamento hospitalar e após melhora pode haver alta precoce e continuar o tratamento em casa OU de acordo com a avaliação pode tratar em casa. CURB-65 cox PS COX PS: C – comorbidade, O – oxigênio, X – raio x e PS – fatores psicossociais. Além do CURB-65 também leva em consideração: · Comorbidades descompensadas; · Saturação < 90%; · Presença no rx de opacidades multilobares/bilateral; · Fatores psicossociais/socioeconômicos; · Impossibilidade de usar medicação via oral. Utilizado pois às vezes no CURB o paciente pode fazer tratamento em casa, mas por conta dos outros fatores essa não seria a melhor escolha. diretriz da ats/idsa No CURB 65 quando o resultado é 4 ou 5 pontos deve-se avaliar UTI. Quando tiver 1 critério maior ou 2 critérios menores a UTI é indicada. antibioticoterapia A escolha deve levar em consideração: · O patógeno + provável; · Fatores de risco do indivíduo (etilismo, tabagismo); · Presença de doenças associadas (DM, DPOC, AVC recente, doença perioral, etc.); · Fatores epidemiológicos. O local de tratamento do paciente também influencia, o antibiótico do paciente que está na UTI pode ser diferente do antibiótico do pcte que faz tratamento em casa. Tratamento ambulatorial: em casa · Mais comum: amoxicilina ou amoxi+clavulanato, 500 mg 8/8h ou 875 mg 12/12h por 7d. Ou Azi 500mg 1x/dia por 3-5 dias. Ou claritromicina 500mg 12/12h por 7 dias. · Se tem FR, comorbidades, uso recente de atb ou doença grave - tratamento combinado: Amoxi ou amoxi-calvulanato + azitromicina ou claritromicina. Nas doses já citadas. Por 5-7 d. Moxifloxacino/Levofloxacino/gemifloxano geralmente são usados nos casos mais graves ou em casos de alergia aos outros. tratamento em pctes internados em enfermaria Usa-se as cefalosporinas de 3ª geração. Mais usado: Ceftriaxona/Cefotaxima 2g 1x/dia OU Ampicilina/Sulbactam 3g 6/6h ou 8/8h + azi ou claritro. Preferência por associar a cefalosporina + macrolídeo. tratamento na uti Ceftriaxona/Cefotaxima 2g 1x/dia OU Ampicilina/Sulbactam 3g 6/6h ou 8/8h + azi ou claritro. Preferência de associação: cefalosporina + quinolonas. Quinolonas: lexoflox., etc. tarapia específica – apenas curiosidade indicadores de “qualidade de antibioticoterapia” na PAC I. Início rápido (4 horas) – tempo da 1ª dose de antibiótico faz diferença na mortalidade; II. Escolha conforme os Guidelines; III. Correção de doses e intervalos conforme função renal; IV. Troca de via EV por VO assim que possível (qnd estabiliza) –pensando em alta precoce; V. Troca de antibiótico empíricoassim que cultura passível de direcionamento (não colhe em todos os casos); VI. Utilização de, pelo menos, 2 amostras de cultura (p/ os casos que colhe); VII. Utilização de Escore validado para definir a gravidade da PAC (CURB65 ou PSI); VIII. Pesquisa de antígeno urinário para Legionella spp. em pacientes com PAC grave. Realizada em situações de surto ou quando atinge uma pop. específica. critérios de estabilidade clínica (alta) caso clínico 1 · Identificação: Homem, 72 anos, pardo, casado, católico. Natural e procedente de PPte/SP, padeiro aposentado. · Queixa principal e duração: Febre referida (não medida) há 1 dia. · História da moléstia atual: - Procurou PS com quadro de febre há 1 dia. Relata dispnéia e tosse seca – de piora noturna ou aos esforços – de início há 2 anos – piora há 5 dias. - Relata “pneumonia” tratada há 6 meses no HR. - Nega edema, nega ortopnéia ou dispnéia paroxística noturna, nega palpitações ou precordialgia. · Antecedentes pessoais - Cardiopatia isquêmica (antecedente de IAM há 6 anos) em acompanhamento cardiológico irregular. · Hábitos e vícios: ex-tabagista de menos de 5 anos/maço, parou de fumar há mais de 50 anos. · Medicações em uso (domicílio): faz uso de monocordil, losartana, aldactone e furosemida – com alguma irregularidade. · Foi atendido no PS: realizado Rx tórax, medicado com Cefepima + Azitromicina, além de furosemida EV 40mg/d. · Exame físico (na Enfermaria): - Bom estado geral, eupneico, acianótico. FC: 102bpm, FR: 20irpm, PA: 160x95mmHg, SpO2: 92% (ar), afeb. Tórax: RCR sem sopros. MV+ com EC bases (mais D). Sem edemas ou outras alterações dignas de nota. · Radiografia de tórax - 18/11/2016 Apresenta opacidade homogênea nas bases pulmonares D e E, coalescentes formando consolidações nos 2/3 inferiores. Sugestivo de edema, pois uma pneumonia não duraria tanto tempo, a queixa do paciente é de anos. - 20/11/2016 Rx de 2 dias depois mostra melhora. Vê-se opacidade heterogênea nas duas bases pulmonares, sugerindo um quadro de fibrose. A pneumonia demora de 2-6 sem. para sumir do rx. OBS.: nota-se que esse pcte teve melhora em 2 dias. Quando se tem uma melhora rápida, geralmente o que acometia era água. - Out/2014 Pcte já apresentava opacidade bibasal desde 2014, reforçando o diagnóstico de lesão pulmonar interstício-alveolar, provavelmente uma doença intersticial ativa, provável fibrose. · Diagnósticos definitivos Pcte com lesão pulmonar interstício-alveolar - Lesão pulmonar interstício-alveolar: provavelmente uma doença intersticial ativa, provável fibrose pulmonar de etiologia indefinida até o momento. Posterior a isso, o pcte teve edema agudo de pulmão devido ao problema cardíaco não tratado-Edema cardiogênico. Muitos desses casos têm diagnóstico de pneumonia, quando na realidade trata-se de edema agudo de pulmão, líquido. caso clínico 2 · Identificação: mulher, 50 anos, branca, casada, espírita, natural e procedente de PP/SP, do lar. · QP e duração: dor torácica à direita há 2 dias · HMA: Procurou PS com quadro de dor torácica em “pontada” acompanhada de febre e dispnéia há 2 dias. Relata tosse com secreção – piora ao decúbito lateral D. Relaciona início do quadro à “queda de imunidade” devido a noites mal-dormidas (irmão internado na Sta Casa com Melanoma avançado). · Interrogatório complementar: relata perda de peso não quantificada nos últimos meses (depressão...sic). · Antecedentes pessoais: - Nega patologias pulmonares prévias. - Nega uso domiciliar de medicações contínuas. Nega HAS/DM ou outras patologias. · Hábitos e vícios: tabagista de cerca de 30 anos/maço, atualmente fuma menos de 1 maço / dia. Foi atendida no PS: realizado Rx tórax, medicada com Cefepima + Azitromicina. · Exame físico (na Enfermaria): Bom estado geral, eupneica, acianótica. FC: 88bpm, FR: 18irpm, PA: 110x80mmHg, SpO2: 97% (ar). Tórax: RCR sem sopros. MV+ diminuído em base de hemitórax D, crepitações discretas no local. Sem edemas, adenomegalias palpáveis ou outras alterações dignas de nota. Radiografias de tórax - 17/11/2016Rx PA: perda volumétrica com opacidade em base pulmonar direita. Pode ser uma atelectasia associada a consolidação em base pulmonar, com aumento do hilo à direita. Rx perfil: diafragma direito mais alto e esquerdo mais baixo. Hilo pulmonar com área mais densa. Tomografia 19/11/2016 Presença de consolidação, corroborando com a hipótese inicial de pneumonia. Apresenta broncograma aéreo. Presença de consolidação e massa heterogênea. Broncoscopia 23/11/2016 Lesão endobrônquica vegetante estendendo-se desde a carina até brônquio principal do lobo inferior direito (realizadas biópsias). · Diagnósticos Definitivos: - Carcinoma Pulmonar Lesão endobrônquica (carcinoma) causando sub-oclusão brônquica e consequente pneumonite obstrutiva. O CA obstrui o brônquio, que começa a acumular secreção a jusante (para frente), a qual vira meio de cultura. conclusões · Diagnóstico “fácil” ou Diagnóstico muito difícil (erros comuns) · Necessário trabalhar diagnósticos diferenciais sempre · Tratamento correto e precoce é fundamental na redução da mortalidade
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