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Ovários • Gônadas femininas; • Responsáveis pela ovulação e produção dos hormônios estrogênio e progesterona; • Localizados na cavidade pelvica; • São suspensos lateralmente ao útero através do ligamento útero-ovariano, coberto pelo mesovário; Cistos ovarianos Conceito -É um tumor benigno, um saco fechado com conteúdo líquido, semi-sólido ou pastoso, formado a partir do tecido epitelial ou de restos epiteliais embrionários. • Pode ocorrem nos rins, na pele, no fígado, no pâncreas, nas mamas, nos ovários, etc. Definição • Os cistos constituem a forma mais comum de tumor ovariano. • São denominados cistos benignos ou cistos funcionais. Principais - Cisto Foliculares - Cisto Luteínicos Cistos Foliculares Manifestações clínicas Cistos funcionais • Assintomaticos ou sintomáticos; • Dor unilateral ou pressão na parte inferior do abdômen. • Se ruptura ou torção ovariana, pode sentir um início súbito de dor aguda intensa, possivelmente associada a náuseas e vômitos. • O ciclo menstrual pode se tornar irregular e pode ocorrer sangramento vaginal anormal. Fatores de risco Cistos funcionais • Tratamento da infertilidade; • Tamoxifeno; • Gravidez - Na gravidez, cistos ovarianos podem se formar no segundo trimestre, quando os níveis de hCG atingem o pico; • Hipotireoidismo; • Fumar cigarro; • Ligadura tubária - cistos funcionais têm sido associados à esterilização por laqueadura tubária. Fisiopatologia -Ciclo menstrual normal • Fase folicular: ↑ FSH >> seleção do folículo dominante >> produção de estrogênio >> ↑ LH >> ovulação >> corpo lúteo >> estrogênio e progesterona >> inibe a liberação de FSH e LH. • São formados do processo natural de ovulação. • Originados quando os folículos não se rompem durante a ovulação (não liberação do ovócito). Pode ocorrer também por liberação e fechamento imediato do folículo. • ↑ [FSH] ou ausência do pico de LH. • Folículo continua a crescer por estimulação hormonal (FSH). • Células da granulosa, levam ao ↑ de estrogênio (hiperestrogenismo) >> ↓ da menstruação. Morfologia • Aparência lisa de parede fina e unilocular; • São geralmente pequenos (< 2,0 cm e raramente atingem 5,0 cm); • Únicos ou múltiplos; • Têm superfície interna lisa, sem massas vegetantes na luz. O conteúdo é seroso, cristalino ou discretamente hemorrágico. Doenças de ovário Prognóstico • Como podem produzir estrógenos, às vezes causam hiperestrogenismo e hemorragias uterinas acíclicas ou disfuncionais. • Podem também favorecer torção do ovário pode criar complicações gerando dor • Em geral, os cistos foliculares regridem espontaneamente em dois ou três meses. Cisto Luteínicos Fisiopatologia • Após a ovulação, ocorre a formação do corpo lúteo. • Se fecundação, o corpo lúteo mantém a produção de estrogênio e progesterona por 14 semanas. Caso contrário, o corpo lúteo regride em até 14 dias; • Se a dissolução do corpo lúteo não ocorrer, pode resultar em um cisto do corpo lúteo; • Estão sempre presentes durante a gravidez e geralmente se resolvem no final do primeiro trimestre. Morfologia • Geralmente cresce até 3 cm; • Podem parecer complexos ou simples, com paredes espessas ou conter detritos internos. Exames • Palpação (difícil) dos ovários no exame bimanual deve ajudar a determinar a localização, forma (regular ou irregular), tamanho, consistência, nível de sensibilidade e mobilidade. -Ultrassonografia transvaginal (diferenciar massa maligno e benigno). • Achados para cistos benignos em qualquer faixa etária são paredes finas e lisas e ausência de septações, componentes sólidos e fluxo interno ao doppler colorido. • Doppler (presença de fluxo sanguíneo) • CA125 (para suspeira de malignidade) Prognóstico • Geralmente são assintomáticos e apresentam resolução espontânea sem tratamento. Complicações • Ruptura • Hemorragia • Torção (5° emergência ginecológica) Terapêutica • Cisto unilocular < 10cm (normalmente benignos): Acompanhamento com ultrassonografia transvaginal (qualquer idade). • A maioria dos cistos (< 5cm), corpos lúteos e foliculares associados à gravidez remite por volta de 14 a 16 semanas de gestação espontaneamente. • Círurgia recomendada para torção ovariana, massa anexial persistente, dor abdominal aguda e suspeita de malignidade. Neoplasias Introdução geral Conceito • Lesão constituída por proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma, em geral com perda ou redução de diferenciação, em consequência de alterações em genes ou proteínas que regulam a multiplicação e a diferenciação das células. Neoplasias ocorridas nos ovários • Benignas • Malignas Incidência por Idade • 20 a 45 anos (80% benigno); • 45 a 65 anos (maligno) -Incidência aumenta com a idade. Neoplasia maligna de ovário • 3° posição entre os cânceres genitais femininos; • Perdendo apenas para CA de endométrio e CA de colo do útero. • Lesões > 10 cm. Letalidade • Dificíl diagnóstico (tardio); • Taxa de sobrevida 5 anos de 45%; • Descoberta de metástase antes. Fatores de risco -O risco vitalício para o desenvolvimento de câncer do ovário é de 40% a 60% para mutações de BRCA1 e de 10% a 20% nas portadoras de mutações de BRCA2. Manifestações clínicas Neoplasias Benignas • Podem ser totalmente assintomáticas e ocasionalmente são encontradas inesperadamente no exame abdominal ou pélvico, ou durante cirurgia. Neoplasias malignas • Sinais e sintomas leves até que aumente o volume. Normalmente apresentam: • Dor e distensão abdominais; • Sintomas dos tratos urinário e gastrointestinal decorrentes de compressão pelo tumor ou invasão por câncer; • Sangramento vaginal. • A idade avançada confere maior risco de morte. Tumores epiteliais Definição • Cerca de 70% dos casos de tumores de ovário; • Tendem a ser bilaterais (ambos ovários) Tipos histológicos • Tumores serosos (50%) • Tumores mucinosos • Tumores endometrioides Classificação- Proliferação • Benignas • Borderline (intermediário entre benigno e maligno) • Malignas. Proliferação benignas -Conforme componente tumoral: • Cistadenomas : áreas císticas. • Cistadenofibromas: áreas císticas e fibrosas. • Adenofibromas: áreas predominantemente fibrosas. Borderline e maligna -Podem apresentar áreas císticas, sendo então chamados de cistoadenocarcinomas. Classificação Carcinomas • Tipo I • Tipo II -muito mais agressivo comparado ao tipo 1 Tumores serosos -Geralmente císticos e revestidos por epitélio colunar ciliado (tipo tubário) • 30% de todos os tumores (benigno, borderline e maligno) de ovário (tipo mais comum); • Tipos Benigno, borderline e maligno; Benigno ou borderline • 60% benigno; • 10% bordeline; • Comuns entre 20 - 45 anos (idade reprodutiva); • Assintomáticos. -Lesão volumosa ou maligna pode causar dor aguda quando asocido a torção. Maligno (cistadenocarcinomas) • 30% são malignos; • Comum em idades avançadas (56 anos na média). • Tipo I e II (imagem). Implantes na cavidade peritoneal • Borderline geralmente produzem implantes superficiais sem caráter infiltrativo (não invasivo/melhor prognóstico). • Carcinomas de tipo II produzem implantes invasivos (evolução clínica mais rápida e pior prognóstico). -Sobrevida de 5 anos em 70% dos casos de carcinoma seroso e de 100% para borderline (neste ultimo pode recorrer). Anatomia Macroscopica Cistadenoma (benigno) • Apresenta-se como neoplasia cística; • Uni ou multiloculada; • Diâmetro entre 5 e 20 cm; • Parede fina; • Superfície interna lisa; • Conteúdo seroso, em geral cristalino ou citrino. • Bilateral (20%). Cistoadenocarcinoma (maligno) ou borderline • Maior número de excrescências papilíferas internas e/ou externas; • Parede de espessura irregular; • Áreas sólidas e nodularidade na cápsula, que pode estar rompida; • Encontram-se também áreas de necrose e hemorragia.• Bilateral (60%). Anatomia Microscopia Cistadenoma (benigno) • Cistos revestidos por epitélio colunar simples, ciliado e sem atipias, podendo existir papilas pequenas. Tumor borderline • Exibe papilas mais complexas, ramificadas (arboriformes), revestidas por epitélio estratificado e atípico, mas sem invasão do estroma Cistoadenocarcinoma (maligno) • Nítida invasão do estroma, atipias celulares mais acentuadas e mitoses frequentes, podendo existir papilas, ninhos, trabéculas e pseudoácinos. Tumores mucinosos Benigno (cistadenomas mucinosos) • Representam 75%; • Unilateral Borderline ou de baixo potencial de malignidade -(tumor mucinoso proliferativo atípico – TMPA) • Representam 10%; Carcinoma (maligno) • Representam 15%; • Contido ao ovário, raramente tumores avançados. • Bilateral. Pseudomixoma peritoneal • Caso ruptura de cistadenoma ou disseminação de borderline ou maligna liberando células e muco no peritônio (ascite mucinosa), formam implantes e aderências entre as vísceras. • Obstrução intestinal/morte. • Pode ser extraovariana (adivindo principalmente apendice) Anatomia macroscópica Cistadenomas mucinosos (benigno) • Formam massas císticas multiloculadas; • Conteúdo gelatinoso • Podem atingir até 50 kg. Carcinoma mucinosos (maligno) • Apresentam áreas sólidas; • Necrose; • Nodularidade capsular. -Distinção entre benigno, bordeline e maligno é dificil. O mesmo pode ter as 3 formas. Anatomia microscópica Cistadenomas mucinosos (benigno) • São também císticas e revestidas por epitélio colunar mucossecretor (semelhante ao gastrointestinal); • Sem atipias, podendo haver discreta pseudoestratificação. Borderline • Epitélio com grau variável de estratificação; • Formação de vilos ou papilas e atipias nucleares; • Sem invasão do estroma; • Encontrados “lagos” acelulares de muco (pseudomixoma ovarii). Carcinoma mucinosos (maligno) • Crescimento infiltrativo • Atipias nucleares; • Numerosas mitoses; • Padrões de lesão benigna, maligna e invasiva num mesmo tumor. Tumores endometrioides • São neoplasias constituídas por elementos epiteliais e/ou estromais semelhantes aos do endométrio normal. • Associados a endometriose (15 – 20%) e CA de endométrio, não sendo metastase (15 – 30%). • Ocorre principalmente entre 50 – 60 anos de idade • Mutações no PTEN, PIK3CA, ARID1A e KRAS (via PI3K); • Mutações nos genes reparadores de erro de DNA e no CTNNB1 (β-catenina). Anatomia macroscópica • Diferente dos serosos e mucinosos pela presença de glândulas tubulares semelhantes ao endométrio; • Áreas de crescimento sólidas e císticas; • Bilateral (40%). Adenocarcinoma endometrioide • Nódulos sólidos ou como cistos multiloculares, muitas vezes hemorrágicos, revestidos por tecido aveludado ou apilomatoso. • Tumor volumoso (15 cm) Anatomia microscópica Adenocarcinoma endometrioide • Lesão é semelhante ao adenocarcinoma ou adenoacantoma endometrial. Prognóstico • Tumores de baixo grau. Sobrevida em 5 anos (variável): • Estadio I: 75%. • Estadio IV: 6%. Tumores de células germinativas • 20% dos tumore do ovário; • Mulheres mais jovens (crianças); • Podem seguir várias linhagens de diferenciação, produzindo neoplasias análogas às do testículo; • Quanto mais jovem, maior a chance de malignidade • Principais neoplasias deste grupo são os teratomas. • Surge a partir de um ovócito depois da primeira divisão meiótica, enquanto uma minoria surge antes da primeira divisão. Teratomas • Caracterizam por produzir tecidos derivados dos três folhetos embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma). A. Teratoma maduro B. Teratoma imaturo C. Teratoma monodermico ou especializado A. Teratoma maduro • Cistos dermoides (normalmente benigno) • Revestidos por estruturas semelhantes a pele; • Idade reprodutiva (média 32 anos) • Diagnóstico ao acaso. Anatomia macroscópica • Bilateral (10 – 15%) • Cisto 5 – 15 cm; • Unilocular; • Parede fibrosa • Contendo pelo, sebo e talvez dentes e ossos. Anatomia microscópica • Encontram-se vários tipos de tecidos e estruturas organoides derivados dos três folhetos embrionários • Pele com anexos pilossebáceos, outros epitélios de revestimento e glandular, cartilagem, tecidos musculares etc. B. Teratoma imaturo • Neoplasia maligna pouco frequente (1% dos cânceres ovarianos), • Tecidos imaturos, derivados de um ou mais folhetos embrionários (lembram o tecido embrionário imaturo); • Normalmente por volta dos 18 anos. Anatomia macroscópica • Volumosos; • Superfície externa lisa; • Aparência sólida aos cortes; • Pode apresentar pelo e sebo; • Cartilagem e calcificação; • Área de necrose e hemorragias. Anatomia microscópica • Mistura de tecidos indiferenciados/imaturos (mais comum o neuroectodérmico); • Áreas com cartilagem imatura, osteoide e rabdomioblastos; • Quanto mais componentes imaturos, pior é o prognóstico. C. Teratoma monodermico ou especializado • Tumores raros, dos quais os mais comuns são: - Struma ovarii - Carcinoide ovariano • Sempre unilaterais; Carcinoide ovariano • Surge a partir do tecido intestinal encontrado em teratomas; • Funcional quando >7 cm (síndrome carcinoide); • Diferente do carcinoide intestinal que é bilateral quando metastase. Outros • Coriocarcinoma • Disgerminoma • Tumor do tipo seio endodérmico • Carcinoma embrionário • Poliembrioma • Tumor misto maligno de células germinativas Tumores de estroma gonodal e cordão sexual • Os ovários são derivados dos cordões sexuais da gônada embrionário; • O mesênquima gonadal (sem diferenciação) produz nas gônadas de homens (Sertoli e Leydig) e nas mulheres (granulosa e teca). • Estas neoplasias ovarianas são derivadas do estroma do ovário; • Tumores que lembram todos esses tipos celulares podem ser identificados no ovário. • São denominados tumores feminilizantes (células tumorais da granulosa/teca), e masculinizantes (tumores das células de Leydig). 1. Tumores de Células da Granulosa 2. Fibromas, Tecomas e Fibrotecomas 3. Tumores de Células de Sertoli-Leydig Tumores de Células da Granulosa Anatomia microscópica • As células pequenas, cuboides a poligonais, crescem em cordões, lençóis ou faixas anastomosantes. Importância clínica • Produz grande quantidade de estrogênio - Pré-púberes (tipo juvenil): Desenvolvimento sexual precoce. -Adulta (tipo adulto): Relacionado com doença proliferativa das mamas, hiperplasia endometrial e carcinoma endometrial, • Produz malignidade de baixo grau. • Ocasionalmente pode produzir androgênios. Prognóstico • Recorrencia em 10 – 20 anos (5 – 25%); • Sobrevida em 5 anos: 85%; Marcador tumoral • Níveis serícos elevados de inibina (produto da granulosa) estão associados a tumores do estroma do cordão sexual. • Mutações do gene FOXL2 em 97% dos tumores de células da granulosa do tipo adulto. Fibromas, Tecomas e Fibrotecomas Fibromas Anatomia macroscópica • Unilaterais • Massas sólidas, esféricas ou discretamente lobuladas, encapsuladas, duras, cinza- esbranquiçadas, cobertas pela serosa ovariana intacta e brilhante Anatomia microscópica • fibroblastos bem diferenciados, entremeados por escasso estroma colagenoso. • Pode ser encontrado células diferenciadas tecais. Tecomas • É constituído por células da teca dispostas em feixes, simulando fibroma, mas contendo gotículas lipídicas no citoplasma (células claras). Tumores de Células de Sertoli- Leydig -(arrenoblastoma ou androblastoma) • Semelhante, histologicamente, ao testículo embrionário/fetal (raro); • 20 – 30 anos. • Tumor masculinizante; • Baixo potencial maligno; • Jovens e adultos; • Amenorreia, hipertrofia do clitóris, hirsutismo, acne e alterações da voz (sinais tipicos) • Mutações no DICER1 (codificaendonucleases essencial para o processamento correto de micro-RNAs) • Metastase em <5% dos casos. Anatomia macroscópica • Superfície de corte geralmente é sólida e varia de cinza a um castanho- dourado • Parece tumor das células da granulosa. Anatomia microscópica -A neoplasia apresenta vários padrões histológicos, dependendo do grau de diferenciação: 1. Padrão tubular (bem diferenciado) 2. padrão misto (tipo intermediário) 3. padrão secretor de esteroides (lipídeos) 4. padrão retiforme (semelhante à rete testis) 5. padrão sólido (Indiferenciado) - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
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