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Fonte: Aula e Medcurso 2019 1 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ) é, nos países desenvolvidos, a doença crônica mais comum, competindo esse posto, em países em desenvolvimento, com a febre reumática ➢ Essa Artrite Idiooática Juvenil se refere a um grupo heterogêneo de doenças características da infância que têm a Artrite Crônica (aquela com duração ≥ 6 semanas) como manifestação essencial ➢ A etiopatogenia das diferentes formas dessa doença é desconhecida, mas crê-se que há a necessidade da interação entre fatores de predisposição genética (Ex: certos alelos do HLA) e fatores ambientais (Ex: certas infecções virais e bacterianas) ➢ Tem-se 7 subtipos de AIJ ➢ Antigamente era chamada de Artrite Reumatóide Juvenil (ARJ), mas esse termo caiu em desuso, pois: • A maioria dos casos de artrite idiopática crônica em crianças não possui semelhanças com a artrite reumatóide do adulto • Não há correlação etiopatogênica confirmada entre a maioria dos casos de AIJ e a Artrite Reumatóide ➢ A artrite crônica idiopática é uma manifestação essencial para o diagnóstico da Artrite Idiopática Juvenil EPIDEMIOLOGIA ➢ Incidência → 2,6 – 12 novos casos para cada 100.000 habitantes por ano ➢ Prevalência → 50 – 100 casos para cada 100.000 habitantes ➢ Distribuição Bimodal: • Pré-escolares → < 5 anos • Pré-adolescentes e adolescentes → 10 – 16 anos ➢ Predomínio no Sexo Feminino: • Subtipos que são exceção a esse predomínio: ▪ AIJ Sistêmica → acomete igualmente o sexo masculino e o feminino ▪ Artrite Relacionada à Entesite → é mais prevalente no sexo masculino • Os demais subtipos são mais prevalentes no sexo feminino → como a AIJ oligoarticular (3 mulheres : 1 homem ), a AIJ Poliarticular (5:1) com fator reumatóide positivo ou negativo e a Artrite Psoriásica ➢ Picos de incidência: • AIJ Oligoarticular → pico de maior incidência é por volta de 2 – 4 anos • AIJ Poliarticular → há 2 picos etários, um entre os 2 – 4 anos e o outro entre 10 – 14 anos • AIJ Sistêmica → tem distribuição homogênea ao longo do tempo, sem apresentar picos de maior incidência em qualquer faixa etária específica FISIOPATOLOGIA ➢ Tem-se algumas características da fisiopatologia que lembram a artrite reumatóide, como a formação do pannus (proliferação da cartilagem sinovial) ➢ Além disso, também se tem algumas alterações em alguns subtipos, como na artrite relacionada à entesite, que lembram a fisiopatologia das espondiloartrites, nas quais há um edema ósseo subcondral com hiperreatividade do osso e formação do sindesmófito ➢ Em linhas gerais, na fisiopatologia da AIJ, há a formação do pannus, a proliferação da cartilagem sinovial, espessamento da capsula articular, fibrose da cartilagem articular, participação da imunidade inata e da adquirida, neoformação de vasos, produção de citocinas (TNF-α, IL-6, IL-17, Imunoglobulinas)... ➢ A principal teoria fsiopatogênica afirma que ocorre uma exacerbação da resposta de linfócitos T, levando à hipersecreção de citocinas de padrão Th1 (ex.: TNF-alfa, IL-1, IL-6), o que ativa tanto o braço celular quanto o braço humoral da imunidade. Desse modo, linfócitos T hiperativados infiltram as articulações, produzindo uma sinovite crônica marcada por hiperemia, edema, e proliferação vilosa progressiva, podendo culminar na formação de pannus e artrite destrutiva (erosão da cartilagem e osso subjacente). Linfócitos B também são recrutados, podendo levar à formação de imunocomplexos e consumo do complemento ➢ É uma doença autoimune que vai acometer preferencialmente as articulações, mas existem 7 subtipos e cada subtipo tem uma particularidade que a faz se tornar uma doença única. Ademais, cada subtipo tem detalhes em suas fisiopatologias que vão justificar a sua apresentação clínica CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO DA ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL – ILAR (1997) TIPO DEFINIÇÃO CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO Inicio Sistêmico Artrite em uma ou mais articulações + febre > 2 semanas (com pelo menos 3 dias consecutivos) + 1 ou mais dos seguintes: - Rash evanescente - Linfadenopatia generalizada - Hepatomegalia, Esplenomegalia ou ambos - Serosite A. Psoríase no paciente ou parente de 1º grau B. Menino HLA-B27+ que inicia artrite após o 6º ano de vida C. Parente de 1° grau com história de: - Espondilite Anquilosante - Artrite relacionada à Entesite - Doença inflamatória intestinal com sacroileíte - Síndrome de Reiter ou - Uveíte anterior aguda D. Fator Reumatóide (IgM) positivo em duas ocasiões distintas com pelo menos 3 meses de intervalo Oligoarticular Artrite em 1 – 4 articulações nos primeiros seis meses. Pode ser subdividida em: •Oligoarticular "persistente": mantém acometimento de 1 - 4 articulações. •Oligoarticular "estendida": acomete cinco ou mais articulações após seis meses A, B, C, D + E E. Presença de AIJ de início sistêmico no paciente Fonte: Aula e Medcurso 2019 2 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto Poliarticular com Fator Reumatóide (FR) negativo Artrite em 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses, com FR negativo A, B, C, D e E Poliarticular com Fator Reumatóide (FR) positivo Artrite em 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses, com FR positivo A, B, C e E Artrite Psoriásica Artrite + psoríase, ou artrite + dois dos seguintes: •Dactilite ("dedo em salsicha") •Pitting ungueal e onicólise •Psoríase em parente de 1º grau B, C, D e E Artrite Relacionada à Entesite Artrite + entesite, ou artrite (ou entesite) + dois dos seguintes: •Lombalgia de padrão "inflamatório" • HLA-B27 positivo •Início da artrite em menino após o 6º ano de vida •Uveíte anterior aguda •Parente de 1º grau com história de: - Espondilite anquilosante - Artrite relacionada à entesite - Doença inflamatória intestinal com sacroileíte - Síndrome de Reiter ou - Uveíte anterior aguda A, D e E Artrite Indiferenciada Artrite que não preenche nenhum dos critérios acima, ou preenche 2 ou mais critérios - ➢ SUBTIPOS E SUAS RESPECTIVAS FREQUÊNCIAS: • A mais comum é a Oligoarticular, seguida pela Poliarticular 1. AIJ Sistêmica → 10 – 20% 2. AIJ Poliarticular FR negativo → 20 – 30% ▪ É Poliarticular por acometer mais de 5 articulações ▪ Há uma predileção por pequenas articulações (mãos, pés e punhos) 3. AIJ Poliarticular FR positivo → 5 – 10% 4. AIJ Oligoarticular → 40 – 50% ▪ Persistente ▪ Estendida 5. Artrite relacionada à Entesite → 1 – 7% ▪ Tem correlação com as espondiloartrites 6. Artrite Psoriásica → 2 – 15% 7. Artrite Indiferenciada → 2 – 23% ▪ Quando não se consegue classificar o paciente em um dos outros 6 subtipos ou quando se consegue classificar o paciente em mais de 1 subtipo AIJ SISTÊMICA ➢ É o subtipo mais diferente, tanto nas citocinas quanto no fenótipo ➢ Os sinais e sintomas sistêmicos são bastante exuberantes nesse subtipo ➢ Muitas vezes, o quadro articular é leve, com artrite discreta (mono ou oligoarticular) ➢ A marca da AIJ sistêmica é justamente a presença de sinais e sintomas sistêmicos ➢ Artrite e febre são critérios obrigatórios para se pensar em AIJ sistêmica → essa artrite precisa ser flagrada em pelo menos 1 articulação e pode ser acompanhada ou precedida de febre. Assim, às vezes, a febre vem antes do quadro articular, o que acaba tornando o diagnóstico diferencial bem mais amplo ➢ EPIDEMIOLOGIA: • 84% dos casos → acometimento de crianças < 10 anos • Sem predomínio de sexo → meninos e meninas são acometidos de forma igual ➢ SINAIS E SINTOMAS SISTÊMICOS: • Febre → é obrigatório a presença de febre para se pensar em AIJ sistêmica▪ Essa febre obedece a algumas características, tendo um padrão de picos → assim, paciente com AIJ sistêmica costuma ter 1 a 2 picos de febre por dia ▪ Durante a febre a criança dica bastante prostrada e restrita ao leito ▪ Deve ter pelo menos 2 semanas de duração ▪ Quando a febre cede (com ou sem medicação), a criança restabelece seu estado geral ▪ É uma febre crônica que se arrasta por semanas e tem diagnóstico diferencial com a febre de origem indeterminada ▪ Para se pensar em AIJ sistêmica é preciso ter febre com o padrão diário de pelo menos 1 a 2 picos por dia e que já dure pelo menos 14 dias • Exantema Reumatóide/Evanescente: ▪ É um rash maculopapular e não é pruriginoso. Esse exantema lembra uma reação urticariforme ▪ Recebe esse nome de exantema reumatóide ou evanescente porque esse rash tende a acompanhar a febre. Ou seja, quando a criança está com febre o rash aparece e quando a febre remite o rash desaparece ▪ Algumas literaturas usam o termo “rash cor de salmão” • Linfadenopatia e Hepatomegalia e/ou Esplenomegalia: ▪ Nessas doenças em que há a participação de linfócitos Te B podem provocar adenopatias com características benignas (nódulos fibroelásticos, indolores, não aderidos aos planos profundos), pois essas células serão produzidas nos órgãos do sistema reticuloendotelial ▪ Nos outros tipos de AIJ essas adenopatias não são comuns e nem tão exuberantes quanto na AIJ sistêmica • Comprometimento cardiopulmonar → comprometimento das mais diversas formas, como: ▪ Taquicardia (83% dos casos de comprometimento cardiopulmonar) → principalmente devido à febre, que cursa com taquicardia Fonte: Aula e Medcurso 2019 3 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto ▪ Atrito Pericárdico (67%) → pode-se ter um derrame pericárdico em consequência desse atrito ▪ Taquipneia (60%) ▪ Dor torácica (30%) ▪ Dispneia (20%) ➢ PARA SER CLASSIFICADA COMO AIJ SISTÊMICA: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite em 1 ou mais articulações, associada ou precedida de febre de, pelo menos, 2 semanas de duração, documentada com um padrão diário por, pelo menos, 3 dias, e acompanhada por 1 ou mais dos seguintes: ✓ Exantema eritematoso evanescente (não fixo, pois remite espontaneamente) ✓ Linfadenopatia generalizada ✓ Hepatomegalia e/ou Esplenomegalia ✓ Serosite → é a inflamação de qualquer serosa do organismo, como pleura, pericárdio ou peritônio • EXCLUSÕES: ▪ Psoríase ou história de psoríase no paciente ou em parente de 1º grau ▪ Artrite em paciente do sexo masculino, com HLA-B27+, e que tenham a partir de 6 anos de idade → essa é a descrição de um paciente portador de Artrite Relacionada à Entesite ▪ Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau ✓ Se tem um histórico de espondiloartrite em parentes de 1º grau, pensa-se na possibilidade de que essa criança tenha a Artrite Relacionada à entesite ou a Artrite Psoriásica ▪ Presença de Fator Reumatóide IgM em duas ocasiões, com intervalo mínimo de 2 meses → nesse caso pensa-se em uma AIJ Poliarticular com fator reumatóide positivo ➢ SÍNDROME DE ATIVAÇÃO MACROFÁGICA (SAM): • Crianças com AIJ Sistêmica podem complicar com a Síndrome de Ativação Macrofágica • É a Linfohistiocitose Hemofagocítica (LHH) • Ocorre quando há uma hemofagocitose dos precursores eritroides à nível de medula óssea • Pode ser uma complicação da AIJ sistêmica, mas também pode complicar outras doenças autoimunes, como a Artrite Reumatóide, o Lúpus Eritematoso Sistêmico e as Miopatias Inflamatórias. Porém, a associação maior da ativação macrofágica é com a AIJ sistêmica • Características: ▪ Febre alta prolongada → assim, a febre que antes era em picos diários passa a ser persistente ▪ Hepatoesplenomegalia e Adenomegalias → não ajuda no diagnóstico diferencial, pois podem ser vistas nas duas condições ▪ Sangramento ▪ Insuficiência Hepática Aguda → pode levar à: ✓ Icterícia ✓ Coagulação Intravascular Disseminada (CIVD) ✓ Pancitopenia ✓ Hipofibrinogenemia ✓ Encefalopatia Hepática • Assim, essa síndrome de ativação macrofágica é uma urgência que requer atenção imediata, precisando ser diagnosticada e tratada, pois tem uma alta taxa de mortalidade ➢ DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL → SAM x AIJ Sistêmica: AIJ POLIARTICULAR ➢ É toda artrite que acomete cronicamente 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses da doença • Assim, esses 6 meses são o ponto de corte para se diferenciar se a AIJ é Poliarticular ou Oligoarticular: ▪ AIJ Poliarticular → acometimento (dor, edema e calor da articulação) de 5 ou mais articulações já nos primeiros 6 meses Raio-x de Tórax - Aumento cardiotorácico devido a um derrame pericárdico Fonte: Aula e Medcurso 2019 4 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto ✓ Tem relação com a quantidade de articulações acometidas nos primeiros 6 meses da doença, e não em ser ou não simétrica ✓ Se há dúvida no exame físico em relação ao acometimento das articulações, pode-se recorrer à propedêutica armada → Ultrassom Doppler ou Ressonância Magnética ▪ AIJ Oligoarticular → acometimento de até 4 articulações nos primeiros 6 meses ➢ Tem uma correlação com a Artrite Reumatóide, que é uma poliartrite simétrica de pequenas articulações (mãos, pés e punhos), pois na sua evolução a AIJ Poliarticular costuma lembrar a Artrite Reumatóide ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Distribuição Bimodal: ▪ Pré-escolares → 1 – 4 anos ▪ Escolares e pré-adolescentes → 6 – 12 anos • Tem predomínio no sexo masculino ➢ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS QUE TAMBÉM PODEM OCORRER: • Adenomegalia e Hepatoesplenomegalia → em uma proporção bem inferior às crianças que são acometidas pela AIJ Sistêmica • Uveíte Anterior Assintomática → é rara, ocorrendo mais na AIJ Poliarticular de Fator Reumatóide negativo ▪ Essa manifestação oftalmológica é mais comum de ocorrer na AIJ Oligoarticular, na Artrite relacionada à Entesite e na Artrite Psoriásica ▪ A AIJ Poliarticular costuma cursar mais com Ceratoconjuntivite Seca • Nódulos Subcutâneos → 10% das crianças com AIJ Poliarticular terão esses nódulos e, geralmente, elas têm o Fator Reumatóide positivo ▪ Da mesma forma que a Artrite Reumatóide, a AIJ Poliarticular também pode cursar com nódulos subcutâneos, mas em uma proporção menor do que na AR ▪ Lembrando → quanto maiores os títulos do fator reumatóide, maiores são as chances de manifestações extra-articulares • Envolvimento Cardiopulmonar e Vasculite → são raros de ocorrer ➢ AIJ POLIARTICULAR COM FATOR REUMATÓIDE NEGATIVO: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite em 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses de doença ✓ A simetria e a bilateralidade não são caráteres obrigatórios, como no caso da Artrite Reumatóide ▪ Fator Reumatóide IgM negativo em dois exames, no intervalo mínimo de 3 meses • EXCLUSÕES (os critérios de exclusão são praticamente as definições dos demais subtipos de AIJ): ▪ Psoríase ou história de psoríase no paciente ou em parente de 1º grau ▪ Artrite em paciente do sexo masculino, HLA-B27+, de início após o 6º aniversário ▪ Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau ▪ Presença de Fator Reumatóide IgM em duas ocasiões, com intervalo mínimo de 2 meses ▪ Presença de AIJ sistêmica ➢ AIJ POLIARTICULAR COM FATOR REUMATÓIDE POSITIVO: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite em 5 ou mais articulações nos primeiros 6 meses de doença ▪ Dois ou mais testes para fator reumatóide IgM positivos, com intervalo de 3 meses • EXCLUSÕES (os critérios de exclusão sãopraticamente as definições dos demais subtipos de AIJ): ▪ Psoríase ou história de psoríase no paciente ou em parente de 1º grau ▪ Artrite em paciente do sexo masculino, HLA-B27+, de início após o 6º aniversário ▪ Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau ▪ Presença de AIJ sistêmica AIJ OLIGOARTICULAR ➢ É o subtipo mais comum ➢ Envolvimento crônico de 1 a 4 articulações nos primeiros 6 meses da doença ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Pico de incidência → 1 – 3 anos (pré-escolares) • Predomínio no sexo feminino (4:1) ➢ UVEÍTE ANTERIOR CRÔNICA → é uma das complicações mais temidas da AIJ Oligoarticular • É a inflamação da úvea • Ela costuma ser oligoassintomática → não tanta fotofobia, dor no globo ocular, o olho fica discretamente hiperemiado • Tem forte associação com o FAN (Fator Anti-núcleo) • 20% das crianças com AIJ Oligoarticular são acometidas pela uveíte • Problema dessa cronificação → toda inflamação promove quimiotaxia de neutrófilos, e esses neutrófilos vão entrar em apoptose e formarão pus. No caso da uveíte, esse pus acumula na câmara anterior do olho, aumentando a pressão intraocular e podendo levar ao Glaucoma que, se não tratado, pode levar à Amaurose (perda da visão) • É por isso que é importante o rastreio de uveíte nos pacientes com AIJ, principalmente nos subtipos Oligoarticulares que tenham o FAN positivo • Assim, toda criança com AIJ Oligoarticular precisa ser acompanhada para o oftalmologista e fazer seguimento a cada 6 meses, mesmo que não tenha nenhuma queixa oftalmológica, para que se consiga flagrar a presença dessa Fonte: Aula e Medcurso 2019 5 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto uveíte e tratar para evitar que se instale secundariamente o glaucoma e que essa criança venha a perder a visão • O mais comum é a criança primeiro apresentar a artrite para depois ter esse quadro ocular, mas o contrário também pode ocorrer e essa criança apresentar a uveíte antes dos sintomas articulares • Nos outros subtipos (Artrite Psoriásica e na Artrite relacionada à Entesite) a uveíte costuma ser aguda. Assim, ela é mais sintomática, principalmente na Artrite Relacionada à Entesite, causando dor no globo ocular, fotofobia, lacrimejamento, hiperemia significativa. Assim, é mais difícil dessas crianças evoluíres com Amaurose, pois seus sintomas são bem exuberantes. Porém, na Uveíte da AIJ Oligoarticular essa inflamação é pouco sintomática, mas ela é crônica, chegando em um momento em que há o aumento da pressão intraocular, podendo evoluir com a cegueira ➢ A AIJ OLIGOARTICULAR É SUBDIVIDIDA EM: • Essa classificação é importante em termos de prognóstico → tem impacto sobre o tratamento e sobre a forma de acompanhamento dessa criança ao longo da vida • Persistente → é aquela que depois do 6º mês ela continua com, no máximo, 4 articulações acometidas ▪ Tem um prognóstico melhor → em termos de: ✓ Entrar em remissão livre de medicação → assim, muitas delas, quando entram na fase adulta, ficam em remissão livre de medicação, ao contrário das com AIJ Oligoarticular Estendida, que tem uma chance menor de ficar em remissão livre de medicamentos ✓ Erosão e dano articular irreversível • Estendida → é aquela que depois do 6º mês apresenta acometimento de 5 ou mais articulações ▪ Em termo de número de articulações acometidas ela é igual à AIJ Poliarticular, mas ela não evolui para uma AIJ Poliarticular ➢ PARA SER CLASSIFICADA COMO AIJ OLIGOARTICULAR: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite em 1 a 4 articulações durante os 6 primeiros meses de doença ✓ Persistente → não afeta mais de 4 articulações durante o curso da doença ✓ Estendida → afeta mais de 4 articulações após os 6 primeiros meses da doença • EXCLUSÃO: ▪ Psoríase ou história de psoríase no paciente ou em parente de 1º grau ▪ Artrite em paciente do sexo masculino, HLA-B27+, de início após o 6º aniversário ▪ Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau ▪ Presença de Fator Reumatóide IgM em duas ocasiões, com intervalo mínimo de 2 meses ▪ Presença de AIJ sistêmica ARTRITE RELACIONADA À ENTESITE ➢ Tem correlação com as Espondiloartrites ➢ Envolvimento articular periférico e entesite • A entesite mais clássica é a entesite do calcâneo, no local de inserção do tendão de Aquiles ➢ Enteses → são os locais de inserção dos ossos ➢ Geralmente, encontra-se uma história familiar de Espondiloartrite nessas crianças ➢ Tem forte associação com HLA-B27 (ocorre em 76 – 85% dos casos) ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Predomínio no sexo masculino (6:1) e > 6 anos de idade • O início dos sintomas costuma ser a partir dos 6 anos de idade ➢ Uveíte Anterior Aguda (15 – 25% dos casos) → assim, por ser aguda, é bastante sintomática. Porém, a chance de Amaurose é menor, pois os sintomas fazem com que as famílias procurem um oftalmologista mais precocemente ➢ PARA SER CLASSIFICADA COMO ARTRITE RELACIONADA À ENTESITE: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite e Entesite ou ▪ Artrite ou Entesite com pelos menos 2 dos seguintes: 1. História de dor em sacroilíaca e/ou dor inflamatória lombossacra o Dor inflamatória → dor em repouso, que é mais intensa de manhã, que tem boa resposta ao anti-inflamatório, que faz o paciente ter despertares noturnos em decorrência da dor 2. Presença do HLA-B27 3. Início da artrite em paciente do sexo masculino com idade > 6 anos 4. Uveíte anterior aguda (sintomática) 5. Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau • EXCLUSÕES: ▪ Psoríase ou história de psoríase no paciente ou em parente de 1º grau → quando se tem isso, trata-se de uma artrite psoriásica até que se prove o contrário ▪ Presença de Fator Reumatóide IgM em duas ocasiões, com intervalo mínimo de 2 meses ▪ Presença de AIJ Sistêmica ARTRITE PSORIÁSICA ➢ No adulto, tem-se primeiro a doença de pele e depois a articular. Porém, na criança é o contrário, a doença articular precede a psoríase, o que dificulta o diagnóstico ➢ Assim, às vezes, começa-se a acompanhar uma criança achando que ela tem uma AIJ Oligoarticular ou uma AIJ Poliarticular com fator reumatóide negativo ou até mesmo uma Artrite relacionada Fonte: Aula e Medcurso 2019 6 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto à Entesite, por exemplo, e, um tempo depois, ela abre um quadro de pele ou um acometimento ungueal ➢ Nessas crianças, assim como nos adultos, pode haver o acometimento do Esqueleto Axial, podendo-se ter uma: • Sacroileíte → geralmente está associada ao HLA-B27 ➢ EPIDEMIOLOGIA: • Distribuição Bimodal → nos pré-escolares (1 – 4 anos) e pré-adolescentes (por volta dos 10 anos) ➢ Uveíte Anterior (15 – 20% dos casos) → costuma ter mais sintomas do que a uveíte da AIJ Oligoarticular ➢ PARA SER CLASSIFICADA COMO ARTRITE PSORIÁSICA: • DEFINIÇÃO: ▪ Artrite e Psoríase ou ▪ Artrite e pelo menos 2 dos seguintes: 1. Dactilite 2. Depressões puntiformes nas unhas ou onicólise (descolamento da unha do leito ungueal) 3. Psoríase em parente de 1º grau • EXCLUSÕES: ▪ Artrite em paciente do sexo masculino, HLA-B27+, de início após o 6º anversário ▪ Espondilite Aquilosante (EA), Artrite Relacionada à Entesite (ARE), Doença Inflamatória Intestinal com Sacroleíte, Artrite reativa, Uveíte anterior ou história de uma destas doenças em parente de 1º grau ▪ Presença de Fator ReumatóideIgM em duas ocasiões, com intervalo mínimo de 2 meses ▪ Presença de AIJ sistêmica ARTRITE INDIFERENCIADA ➢ Não preenche critérios para nenhuma categoria OU se encaixa em 2 ou mais categorias (2 ou mais subtipos) ➢ Critério de exclusão → História de Psoríase no paciente ou em parente de 1º grau NOVA PROPOSTA DE CLASSIFICAÇÃO DA ILAR 2019 ➢ Esse estudo de uma nova classificação da AIJ ainda se encontra em andamento, mas crê-se se daqui a pouco tempo esses critérios de classificação irão mudar ➢ Possíveis mudanças: • AIJ Sistêmica → o critério classificatório atual necessita da presença de Febre + Artrite ▪ Nessa nova proposta de classificação eles pretendem tirar essa necessidade da Artrite para a classificação, pois é um grande empecilho para o diagnóstico da AIJ sistêmica. Isso se deve ao fato de que as manifestações articulares nesses pacientes são muito pouco perceptíveis • AIJ Oligoarticular → passaria a ser chamada de AIJ de início precoce com FAN positivo ➢ Esse estudo ainda não sabe como classificar a Artrite psoriásica, pois o fato de a doença articular preceder a doença de pele nas crianças dificulta muito um diagnóstico inicial fidedigno, pois, caso não se tenha história familiar de psoríase em parente de 1º grau, às vezes, inicia-se acompanhando com um diagnóstico diferente e depois, mais na frente, a criança abre um quadro de dactilite ou mesmo um pitting ungueal EXAMES LABORATORIAIS ➢ Hemograma → pode mostrar: • Anemia → pode ser: ▪ Anemia de Doença Crônica (normocítica e normocrômica) ▪ Anemia Carencial (microcítica e hipocrômica) ▪ Anemia Megaloblástica → nas crianças que usam Metotrexato • Leucocitose* → na AIJ sistêmica pode-se ter uma leucocitose de 30.000 ou até mesmo 50.000, fazendo uma reação leucemóide, lembrando as Leucemias. Assim, a AIJ sistêmica faz diagnóstico diferencial com Leucemia, pois a AIJ sistêmica é uma doença articular que pode causar febre prolongada, leucocitose, hepatoesplenomegalia, linfadenopatias... • Trombocitose* *São reagentes de fase aguda, sendo marcadores de inflamação ➢ Reagentes de Fase Aguda – de inflamação (VHS, PCR, Ferritina, Albumina): • VHS, PCR e Ferritina elevados • Albumina baixa • Todos esses marcadores de fase aguda costumam estar mais alterados na AIJ sistêmica • Na AIJ sistêmica a ferritina pode ser de 1.500, 2000... ➢ FAN (Fator Anti-nucleo) → pode ser positivo • Nem todo paciente com AIJ Oligoarticular tem FAN positivo • Aqueles pacientes com AIJ Oligoarticular que tem FAN positivo tem maior chance de evoluírem com Uveíte Crônica Assintomática, sendo esses pacientes aqueles em que se precisa ter mais cuidados, fazendo-se consultas oftalmológicas mais precoces Dactilite - É o “dedo em salsicha” - Trata-se de uma manifestação das espondiloartrites, não sendo exclusiva da artrite psoriásica, podendo-se ter também na artrite relacionada à entesite Pitting Ungueal - Acometimento ungueal sob a forma de uma onicodistrofia - São depressões puntiformes no leito ungueal - Nos pacientes que já tem o diagnóstico de psoríase o acometimento ungueal é um preditor de risco para a evolução para a artrite psoriásica Fonte: Aula e Medcurso 2019 7 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto ➢ Fator Reumatóide → pode estar positivo nas crianças com AIJ Poliarticular ➢ HLA-B27 positivo → pode ser visto tanto na Artrite Psoriásica quanto na Atrite relacionada à Entesite ➢ Coagulograma → solicita-se naquelas crianças em que se está suspeitando da possibilidade de evolução para a Síndrome de Ativação Macrofágica ➢ Função Hepática (transaminases – TGO e TGP) e Função Renal (Ureia e Creatinina) → sempre se solicita de rotina, tanto para avaliar a atividade de doença, principalmente nos casos de AIJ sistêmica, quanto para avaliar a toxicidade dos medicamentos ➢ Análise do Líquido Sinovial → geralmente, será feita naquelas crianças com AIJ Oligoarticular, pois monoartrite = artrocentese diagnóstica • Assim, pode-se ter uma criança com AIJ Oligoarticular e ela abrir o quadro com uma artrite apenas no joelho, por exemplo. Assim, faz-se a punção do líquido sinovial e nessa punção encontra-se achados semelhantes aos da Artrite Reumatóide, como: ▪ Aumento de proteína ▪ Glicose normal ▪ Celularidade aumentada (entre 10.000 e 100.000 células. Nunca > 100.000 células por ml de líquido sinovial) → há predomínio de linfócitos, e não de leucócitos, como é o que ocorre nas Artrites Infecciosas EXAMES DE IMAGEM ➢ Só se observa alterações radiográficas em fases mais tardias ➢ Assim, deseja-se prevenir o aparecimento dessas alterações DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➢ O diagnóstico diferencial é amplo e vai depender do subtipo de AIJ ➢ AIJ SISTÊMICA: • Infecções: ▪ Endocardite bacteriana ▪ Febre reumática aguda ▪ Parvovírus B19, adenovírus e outros ▪ A artrite séptica não é um diagnóstico diferencial importante, pois não se tem 14 dias de evolução em uma artrite séptica, pois nesse tempo o paciente já tem evoluído para sepse ou obtido • Malignidade: ▪ Leucemia Linfóide Aguda (LLA) → principalmente ▪ Linfoma ▪ Neuroblastoma • Doença Inflamatória Intestinal • Doenças do Tecido Conjuntivo: ▪ Dermatomiosite ▪ Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) → principalmente ▪ Vasculites • Sarcoidose • Síndromes de Febres Periódicas → são doenças chamadas de autoinflamatórias, pois nessas doenças não há uma produção de anticorpos, mas sim uma produção anormal de citocinas pró-inflamatórias, principalmente subtipos da IL-1. São doenças mais raras e de um diagnóstico diferencial mais difícil, e, muitas vezes, necessitam de testes genéticos para que sejam flagradas mutações naquele gene que codifica a produção daquela citocina ▪ Febre familiar do Mediterrâneo ▪ Síndrome de Hipergamaglobulinemia D ▪ Síndrome Crônico-Infantil-Neurológica-Cutânea Articular (CINCA) ▪ Síndrome de Muckle-Wells ▪ Síndrome Periódica Associada ao Receptos de TNF (TRAPS) ▪ Síndrome de Febre Periódica, Estomatite Aftosa, Faringite e Adenite cervical (PFAPA) ➢ AIJ POLIARTICULAR: • Infecções: ▪ Doença de Lyme • Artrites Reativas Raio-x de mãos - Os quirodáctilos da mão esquerda não desenvolveram os metacarpos (setas amarelas) e nem as falanges (seta verdes) como as da mão direita. Vê-se erosões na cartilagem de crescimento (seta rosa) e destruição da cabeça do 4º metacarpo (seta azul). Assim, quando se tem uma lesão na cartilagem de crescimento o osso não desenvolve e o paciente fica com os dedos mais atrofiados quanto comparados à mão contralateral - Não há simetria → assim, na AIJ Poliarticular não é necessária a presença de simetria ou de bilateralidade - Osteopenia Justarticular → diminuição da densidade mineral óssea nas margens das articulações, mostrando que há uma ação de citocinas (TNF-α) e a uma ativação de osteoclastos, com reabsorção óssea e consequente osteopenia Raio-x de Bacia - Diminuição do espaço articular coxofemoral Fonte: Aula e Medcurso 2019 8 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto • Doença Inflamatória Intestinal • Doenças do Tecido Conjuntivo: ▪ Artrite relacionada à entesite ▪ LES ▪ AIJ sistêmica ▪ Artrite psoriásica • Displasias Ósseas • Doenças de Depósito: ▪ Mucopolissacaridoses → principalmente ✓ São doenças mais raras, mas que precisam estar no diagnóstico diferencial ✓ Principalmente naquela criança que não cresce, tem deficiência visual, tem deficiência auditiva, tem outros sintomas além do quadro articular... ▪ Muculipidose tipo II ▪ Doença de Gaucher tipo III • Sinovite Familiar Hipertrófica • Sarcoidose • Acrosteólise ➢ AIJ OLIGOARTICULAR: • Infecções: ▪ Tuberculose • Doença Inflamatória Intestinal • AIJ: ▪ Artrite relacionada à Entesite▪ Artrite psoriásica • Doenças Sinoviais/Mecânicas: ▪ Sinovite vilonodular* ▪ Hemangioma* ▪ Lipoma arborescente* ▪ Plica sinovial ▪ Osteocondrite ▪ Condromalácia de patela *Principalmente. Pois são os 3 tumores benignos mais comuns da cartilagem sinovial. Assim, muitas vezes, chega uma criança com monoartrite de joelho, faz-se a artrocentese e quando se punciona sai muito sangue, hemartrose, ou sai um líquido sinovial de coloração escurecida/enegrecida para se pensar na sinovite vilonodular. Assim, esse diagnóstico definitivo é apenas com a biópsia da cartilagem sinovial, mas a ressonância magnética consegue mostrar achados que sugiram a presença desses tumores benignos da cartilagem sinovial • Hemofilia → pode cursar com hemartrose • Imunodeficiências: ▪ Agama ou hipoglobulinemia ▪ Deficiência de componentes do complemento ▪ Deficiência seletiva de IgA CARACTERÍSTICAS GERAIS DO TRATAMENTO ➢ O algoritmo de tratamento para a AIJ sistêmica foi atualizado em 2013 ➢ A escolha da medicação para o tratamento vai depender da exuberância dos sintomas ➢ No caso da AIJ sistêmica, para escolher o medicamento, deve-se avaliar se o que está preponderando naquele momento é o quadro articular ou se é o quadro sistêmico • É mais comum, na AIJ sistêmica, ter um quadro sistêmico mais exuberante e uma quadro articular mais “leve” • Quadro sistêmico (É mais comum de ocorrer): ▪ 1ª opção → Imunobiológico Bloqueador da IL-1 ANAKINRA → não se dispõe dessa medicação no Brasil ▪ CATAKINUMABE → é a medicação que se consegue judicialmente ▪ TOCILIZUMABE → é o que se consegue mais facilmente, pois já está implementado no rol de medicamentos obrigatórios • Quadro Articular → Anti-Inflamatório ou Corticoide Intra- articular ➢ Em decorrência do número de articulações acometidas: • > 4 articulações acometidas → inicia-se com METOTREXATO e avalia-se a necessidade de Anti-inflamatório • Entre 0 – 4 articulações → Infiltrações intra-articulares de Corticoide ou avaliar a Monoterapia com Anti-inflamatório na terapia inicial • Com a continuação da doença, se a doença segue em remissão deve-se avaliar a suspensão da medicação ou a necessidade de introdução de um imunobiológico ➢ Essas crianças devem estar em acompanhamento com um reumatologista pediátrico ➢ Atualização de 2019 do colégio americano de reumatologia para o tratamento da AIJ Poliarticular com fator reumatóide positivo ou negativo, da Artrite Psoriásica e da Artrite relacionada à Entesite: • Recomenda a alternativa de terapia inicial com o DMARD, ao invés da monoterapia com o anti-inflamatório, devido à questão do perfil de segurança • A terapia inicial que é recomendada é o METOTREXATO → pode-se fazer uso tanto da apresentação subcutânea quanto da oral • Se o paciente não puder usar o Metotrexato (por eventos adversos/toxicidade ou intolerância, como náuseas e vômitos) → pode-se utilizar SULFASALAZINA ou LEFLUNOMIDA ou uma Associação dos DMARD’s • Deve-se avaliar essas crianças com relação ao grau de atividade de doença: ▪ Baixa atividade de doença → pode-se fazer uma terapia escalonada para, antes de fazer uso do Imunobiológico ▪ Atividade de doença moderada ou alta → vai-se para o Imunobiológico • Imunobiológicos preferíveis na criança: ▪ Inibidores de TNF-α: ABATACEPTE TOCILIZUMABE Fonte: Aula e Medcurso 2019 9 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto O QUE UM MÉDICO GENERALISTA PRECISA SABER SOBRE O TRATAMENTO ➢ No algoritmo de crianças com AIJ Sistêmica: • Na suspeição de AIJ Sistêmica (Artrite + Febre), que pode complicar com uma Síndrome de Ativação Macrofágica e levar essa criança ao óbito, deve-se ter cautela em relação ao início da ativação macrofágica, sabendo reconhecer os sinais de alerta (encefalopatia, sangramentos, icterícia, febre alta não remitente...). Assim, quando se tem certeza de que essa criança tem a AIJ sem ativação macrofágica, inicia- se um Anti-inflamatório (Pulsoterapia com Metilprednisolona - 30mg/kg/dia durante 3 dias consecutivos, de 2 a 3 cursos mensais) e, após a pulsoterapia deve-se administrar Prednisolona (0,7 – 1 mg/kg/dia. Não ultrapassando 40 mg/dia). Se a criança entrar em remissão deve-se ir desmamando a Prednisolona (diminuição 10% da dose por semana) e considerar a possibilidade de retirar essa medicação em 1,5 – 2 anos. Não se costuma deixar essas crianças por 2 anos com corticoterapia, devido aos efeitos adversos significativos por tempo prolongado de uso (Ex: diabetes, Sim Deve-se ter bastante cautela em relação à possibilidade de evolução para a ativação macrofágica durante todo o período, pois essa criança pode evoluir para essa síndrome até mesmo no estágio de remissão Suspeição de AIJ Sistêmica Primeiramente deve-se ter Cautela para o início da ativação Macrofágica Sinais de Alarme (Encefalopatia, sangramentos, icterícia, febre alta não remitente...) Paciente tem AIJ sistêmica? • Iniciar um ANTI-INFLAMATÓRIO: Pulsoterapia com Metilprednisolona (30mg/kg/dia durante 3 dias consecutivos, de 2 a 3 cursos mensais) • Após a Pulsoterapia: Prednisolona (0,7 – 1mg/kg/dia, não ultrapassando 40mg/dia) Remissão? Sim Deve-se ir desmamando a Prednisolona (diminuição 10% da dose por semana) e considerar a possibilidade de retirar essa medicação em 1,5 – 2 anos Não - Necessidade de Imunobiológico - Encaminhamento para o Reumatologista Pediátrico Se no desmame não houve atividade de doença, nem ativação sistêmica da inflamação e nem artrite Deixar a criança totalmente livre de corticoide em 2 anos Não houve Houve Não Realizar o diagnóstico diferencial Crianças com AIJ sem inflamação sistêmica Compatível com Diagnóstico de AIJ Sim Não Investigar Diagnósticos Diferenciais Determinar o risco de Artrite Destrutiva - Anti-CCP ou Fator Reumatóide Positivo - Marcadores Inflamatórios elevados (VSH, PCR 2 vezes maior que o normal) acompanhado de artrite na mão ou no tornozelo - Lesão cervical ou no quadril - Exame de imagem (ultrassom, raio-x, ressonância) mostrando destruição óssea e edema de medula óssea Se há a presença de pelo menos 1 dos citados acima, significa que essa criança tem alto risco de artrite destrutiva Iniciar METOTREXATO (oral ou Subcutâneo), independente do número de articulações acometidas Sim (Alto Risco) Continuar usando Anti- inflamatório por mais 2 semanas Não (Baixo Risco) Aqui já se inicia o uso de Anti-inflamatório Artrite melhorou com o uso de anti- inflamatório Sim Sim Não Continuar reavaliando essa criança com exames de imagem e continuar o tratamento Não Encaminhar para o Reumatologista Pediátrico, pois necessita de Imunobiológico Fonte: Aula e Medcurso 2019 10 ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL (AIJ) Gizelle Felinto glaucoma, catarata, retardo do crescimento, osteopenia de baixa densidade mineral óssea...). Assim, se quando iniciar o desmame do corticoide e a criança entrar em atividade da doença, deve-se entrar com alguma medicação modificadora do curso de doença. Se essa criança não entrou em remissão, há a necessidade de iniciar um imunobiológico, devendo-se encaminhar essa criança para o reumatologista pediátrico. Se no desmame não houve atividade de doença, nem ativação sistêmica da doença e nem artrite, deve-se deixar a criança totalmente livre de corticoide em 2 anos. • Deve-se ter bastante cautela em relação à possibilidade de evolução para a ativação macrofágica durante todo o período, pois essa criança pode evoluir para essa síndrome até mesmo no estágio de remissão • Situações em que a consulta com o reumatologista pediátrico é urgente: ▪ Suspeição da ativação macrofágica ▪ Quando não se consegue desmamar o corticoide outoda vez que se tenta desmamar o corticoide a criança volta a ter atrite ou volta a ter febre, pois essa criança vai precisar de uma DMARD sintético ou até mesmo de um imunobiológico ▪ Crianças com artrite persistente → ou seja, o corticoide consegue controlar os sintomas sistêmicos, mas não consegue controlar o quadro articular ➢ A conduta muda de acordo com o subtipo de AIJ, mas não de acordo com a idade do paciente ➢ No algoritmo de crianças com AIJ sem inflamação sistêmica: • A determinação do risco de uma artrite destrutiva é determinante com relação ao prognóstico • Quanto mais grave o prognóstico, mais intenso o tratamento • O METOTREXATO subcutâneo provoca menos náuseas quando comparado ao oral. Assim, às vezes, acaba-se preferindo os de ação subcutânea para as crianças ➢ AIJ Oligoarticular → A articulação mais acometida é a do joelho • É nesses pacientes em que se realiza mais as infiltrações articulares de corticoide CURSO E PROGNÓSTICO ➢ É uma doença que pode levar a: • Déficit Estatural → as lesões nas cartilagens de crescimento são irreversíveis. Assim, crianças com esse tipo de lesão terão sua estatura comprometida • Perda Funcional Progressiva → a diminuição dos espaços articulares e as erosões dificultam a movimentação desses pacientes • Osteoporose → porém, na infância, não se utiliza esse termo, utiliza-se o termo “Baixa densidade mineral óssea” ▪ Decorre da ação do TNF-α e da ativação dos osteoclastos • Uveíte Crônica → tem pior prognóstico na AIJ Oligoarticular, pois geralmente é assintomática e essa ausência de sintomas faz com que a família da criança não procura o oftalmologista, fazendo com que essa uveíte não seja diagnosticada a tempo, podendo levar ao desenvolvimento de Glaucoma e, consequentemente, amaurose • Síndrome da Ativação Macrocítica → é uma complicação potencialmente fatal e tem maior risco na AIJ sistêmica. Assim, precisa-se sempre estar alerta em relação à evolução dessas crianças ▪ Se atentar aos seguintes: ✓ Encefalopatia hepática ✓ Icterícia ✓ Sangramentos ✓ Padrão da febre deixa de ser em picos e passa a ser persistente ▪ O diagnóstico padrão-ouro é o Mielograma, mas também existem critérios clínicos para fechar o diagnóstico ▪ É uma urgência e precisa ser diagnosticada e tratada para diminuir sua letalidade ▪ Tratamento → Pulsoterapia com Corticoide ou Imunoglobulina • Amiloidose → pois toda doença que promove inflamação crônica pode aumentar o risco de doença amiloide secundariamente ➢ Mortalidade da doença (levando em consideração os 7 subtipos de AIJ) → 0,29 – 4% • Essa letalidade aumenta muito mais em crianças que tem ativação macrofágica → normalmente aquelas que não são diagnosticadas e tratadas a tempo Déficit Estatural - Observa-se que o membro inferior direito não desenvolveu como o esquerdo. Além disso, o pé direito está menor que o esquerdo - Essa criança terá uma diferença grande de tamanho e terá problemas de coluna e de bacia - Além do estigma físico também há o prejuízo de função Micrognatia - Mandíbula não desenvolveu proporcionalmente à maxila
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