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Pneumologia PNEUMONIA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PAC) Pneumonia comunitária x pneumonia hospitalar (nosocomial – temos dentro dessa classificação a pneumonia associada a ventilação mecânica) Pneumonia nosocomial tem intima relação com ventilação mecânica. Essa pneumonia se chama PAV: pneumonia associada a ventilação mecânica; Essa aqui que vamos ver não é a nosocomial! PACS: pneumonia associada a cuidados de saúde (dialise, moradores de casa geriátrica, pacientes que internaram recentemente, que usaram atb recentemente) – termo caiu em desuso, não se usa mais esse termo →Livro: medicina respiratória Definição A pneumonia é definida como doença inflamatória aguda que acomete as vias aéreas terminais e o parênquima pulmonar (cursa com alguma alteração radiológica nova). A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é o que acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar ou se manifesta em até 48h da admissão → causa infecciosa Pneumonia é uma inflamação (e não infecção necessariamente!). Pneumonia organizante: não é uma infecção, é doença inflamatória do parênquima pulmonar Para ser pneumonia, necessariamente precisa acometer as vias aéreas terminais e o parênquima pulmonar. Precisa ter correspondência de imagem do pulmão. Vias aéreas proximais: traqueobronquite. O que interessa hoje na aula é a pneumonia de causa infecciosa, especialmente dos agentes bacterianos. Epidemiologia Até meados de 2010: pneumonia era a 3ª maior causa de morte no mundo, a partir de 2016 caiu para 4º lugar (DPOC ultrapassou) É uma doença intimamente ligado a idade – quanto mais idoso, quanto mais velho será maior o número de internações por pneumonia Pneumonia comunitária, além de ser importante causa de óbito é uma importante causa de hospitalização. Tem gravidade maior quanto maior a idade do paciente: maior risco de morte e internação hospitalar Diagnóstico Precisamos ter: sintomatologia compatível + opacidade radiológica nova • Essa opacidade radiológica precisa ser uma opacidade nova. Se ele já tinha alteração e a opacidade se manteve com clínica compatível, não se pode considerar essa opacidade como sendo PAC. Precisa ser sempre opacidade de surgimento recente Ex.: Pneumonia organizante: tem a imagem, mas não tem sintomatologia – não é PAC! Ex2.: Traqueobronquite aguda (infecção da via área proximal) tem sintomatologia mas não tem opacidade radiológica nova – não é PAC Se não tem opacidade nova no raio-x – não é pneumonia! Se não tem sintomatologia – não é pneumonia. Existe um percentual de pacientes que não vão ter opacidades radiológicas visíveis no RX (faço tomo dai, ou tratar e em 48h repetir o RX). Um RX normal não exclui pneumonia. Apresentação clínica Típica x atípica: • Típica: causa por germes típicos (pneumococo, estafilococos, etc) • Atípica: causa por germes micoplasma pneumonie, legionela e clamidófila Se acreditava que os atípicos causavam sintomatologia e apresentação diferente. Hoje já se sabe que não. Tosse é extremamente comum, catarro no peito, maioria vai ter febre (paciente idoso pode não ter febre), dor torácica pleurítica (mas comum naqueles que desenvolvem derrame pleural), dispneia, sintomas gastrointestinais (acontecem em 1 a cada 5/6 pacientes com PAC), estertores localizados (marca registrada de paciente com PAC – praticamente todos, tem ausculta limpa na maioria dos campos e numa certa região de crepitantes/estertores). • Pacientes jovens, praticamente todos tem febre. • Dor torácica pleurítica: quando tem inflamação pleural associada por contiguidade. Surge quando temos inflamação próxima a pleura. • Consequência dessa inflamação pleural é cursar com derrame pleural • Marca registrada do exame físico: estertores localizados → quando tem isso, pensar na hora em pneumonia • Presença de sintomas gastrointestinais: 10-15% dos pacientes. Não são sintomas muito comuns, mas podem ocorrer em associação com a pneumonia. As vezes os sintomas gastrointestinais são a dica de que é pneumonia Apresentação radiológica Pneumonia lobar: acomete praticamente um lobo inteiro ou um segmento de lobo de forma homogênea. Acomete majoritariamente os alvéolos (pega segmentos alveolares). Vemos uma consolidação clássica. É muito mais frequente. Pneumonia broncopulmonar (BCP): acomete mais salteado o parênquima pulmonar, de forma mais espalhada. Vemos opacidades mais esparsas. O tratamento e o prognostico são iguais. É mais um conhecimento para não errar. A lobar é muito mais frequente. A broncopneumonia é de diagnóstico radiológico mais difícil É quase a título de curiosidade isso. É bom saber para mostrar conhecimento quando for discutir caso Diagnóstico radiológico – pneumonia lobar Sempre se começa pelo raio X de tórax Marca registrada de QUALQUER PNEUMONIA: CONSOLIDAÇÃO Diagnóstico radiológico – broncopneumonia Parece um raio X meio sujo. Tem opacidades mal definidas em ambos os lados, são esparsas. É pouco comum. Parece que são meio que umas nuvens espalhadas Diagnóstico radiológico - vidro fosco Vidro fosco bilateral (imagem da esquerda) Vidro fosco a direita e consolidação a esquerda (na imagem da direita). TC é muito mais sensível para verificar consolidação Consolidação é a substituição do ar alveolar por uma substancia mais densa, o vidro fosco é o meio do caminho entre o parênquima normal e a consolidação Pneumonia lobar – pontada dupla na da esquerda em cima. Broncopneumonia na direita em cima. Misto de consolidação e vidro fosco numa pneumonia lobar na esquerda embaixo. pneumonia pode levar a necrose do parênquima pulmonar que é a da direita embaixo (buracos pretos são a necrose) 1. Tem até broncograma aéreo. Consolidação dos dois lados 2. É broncopneumonia. São bem salteadas; 3. Pneumonia lobar mais densa e a outra mais vidro fosco 4. Pneumonia extensa no lobo superior direito chegando a dobrar a fissura; Paciente está evoluindo para complicação: necrose do parênquima pulmonar Em algumas situações é chamada de pneumonia necrotizante → paciente com sintomas compatíveis, raio X de tórax normal, não pode descartar o diagnóstico de pneumonia Raio X de tórax de emergência pode dar falso negativo em pneumonia em 15% dos pacientes Padrão ouro: tomografia computadorizada Se ficar com dúvida no raio X, fazer TC Se a TC estiver normal, pode dizer com certeza que não tem pneumonia. Então será traqueobronquite. A traqueobronquite está na via aérea, então não necessariamente tem alteração radiológica compatível. O que podemos ver é secreção na via aérea. Classificação da gravidade – PAC grave Estratificação da gravidade do quadro do paciente: definir se vai ser tratado em casa, no hospital na enfermaria ou na UTI. Quanto mais grave mais provavelmente que vai necessitar de UTI. PAC leve: tratada em casa PAC grave: tratada na UTI PAC intermediaria: tratar na enfermeira Critérios para gravidade e ficar em UTI • Critérios maiores (pelo menos 1 deles) o Choque séptico o Necessidade de ventilação mecânica • Critérios menores (pelo menos 3 deles) o FR maior que 30 o Infiltrados multilobulares o Confusão mental o Ureia maior ou igual a 50 mg/dl o PAS menor que 90 o PaO2/FiO2 (relação P/F) menor que 250 Escore de CURB (é um score de sugestão não fixo!) 0-1 ponto: risco de morte é bem baixo e paciente pode ser tratado em casa Escore PSI – 5 classes Primeiro verificar se tem um dos 11 critérios – nenhum dos critérios vai para o PSI classe I Se tem um desses critérios: se pontua os critérios e algumas características laboratoriais e radiológicas Maior a classe: maior a gravidade da doença e de risco de morte Classe I e II: pode ser tratado em casa (acompanhamento ambulatorial) Classe IV e V:indicação forte para internação hospitalar Classe III: meio termo, vai depender do casoAgentes etiológicos Patógenos mais comuns em PAC Pneumonia leve (tratamento ambulatorial em casa) • S. pneumoniaies (pneumococo – strepto pneumonie) • M.pneumoniaies • C.pneumonieae • Vírus respiratórios • H.influenszae Internados (não em UTI) • S. pneumoniaies • M.pneumoniaies • C.pneumonieae • Vírus reso • H. influenzes • Legionella Internados em UTI (grave) • S. pneumoniae • Bacilos gram negativos • H.influenzae • Legionella • Staphylococos aureus Quase metade das pneumonias que internam nos hospital são pneumocócicas Mais da metade: não se sabe o agente causal Investigação etiológica Sputum: escarro Paciente grave: podemos coletar material com broncoscopia Hemocultura e cultura de catarro: é o mínimo que se faz em pacientes que internam por PAC Tratamento Paciente tem fator de risco para resistência a atb que usualmente usamos: • Usou atb nos últimos 3m • DPOC • Hepatopatia • Nefropatia • Neoplasias • Diabetes • Insuficiência cardíaca • Etilismo • Imunossupressão Sem fator de risco pra resistência: amoxi isolado, amoxi + clav, azitromicina ou claritromicia Rui: azitromicina 500mg por 3-5 dias Com fator de risco pra resistência: beta-lactâmico + macrolideo (amoxi-clav + claritromicina, etc) ou quinolona (moxifloxacino ou levofloxacino) Internado na Enfermaria: cefalosp 3º, amoxi-clav, quinolona resp ou cefalosp 3ª (ceftriaxona ou cefotaxima) + macrolideo, ampi-sulbactam + macrolideo Rui: cefalosp 3º ou amoxi-clav isolados ou associação com macrolideo (se tenho feeling para legionella, se não não precisa associar macrolideo) UTI: cefalosp 3º (ceftriaxona ou cefotaxima) + macrolideo (azitro ou claritromicina), ampi- sulbactam + macrolideo ou cefalosp 3ª + quinolona → tem que cobrir legionella! Feeling de legionella: alteração do estado mental, febre mais alta, diarreia, hiponatremia PAC não leve: • Paciente que vai ficar internado no hospital iniciar o atb o mais rápido possível (mais tempo levo pra dar atb maior chance de óbito) • Idealmente a primeira dose de atb tem que ser nas primeiras 4h que internou • Internou – posso dar corticoide sistêmico (reduz tempo de internação, acelerou o tempo de resolução dos sintomas, diminuiu a necessidade de ventilação mecânica) – posso dar prednisona 30mg só enquanto está internado Tempo para resolução dos sintomas: • Febre é a primeira que baixa – em média em 3 dias está resolvida – se em 48h febre continua alta desconfiar de falha terapêutica • Mialgia – em média 5 dias • Dispneia – 6 dias • Todos os sintomas levam cerca de 21 dias para estarem todos resolvidos Paciente que está sendo tratado ambulatorialmente – obrigatoriamente em 48h tem que voltar pra reavaliar Falha terapêutica Pode acontecer por: • Diagnóstico incorreto o Doenças que simulam pneumonia: embolia pulmonar, ICC, neoplasia, doenças inflamatórias, sarcoidose, colagenoses, reação pulmonar a drogas, etc • Diagnóstico correto o Fator relacionado ao patógeno: bactéria resistente, patógeno que não estou tratando (TB, covid-19, fungos, leptospirose, pneumocistose – não estou tratando o germe correto) o Fator relacionado ao atb: administração errada, posologia errada, via inadequada, não estou cobrindo adequadamente o germe com o atb que estou dando o Fator relacionado ao hospedeiro: neoplasias (com obstrução de brônquio, corpo estranho, por exemplo), complicações (derrame pleural parapneumonico, empiema pleural, necrose do parênquima pulmonar, abcesso pulmonar), superinfecção bacteriana, evolução ruim (não tem resposta fisiológica o suficiente para responder a infecção) Prevenção • Cessação tabagica • Vacinação anti-influenza: todos com mais de 6 meses de idade • Vacinação anti-pneumococo (pneumo 13 e pneumo 23) Reduz a incidência de PAC! Recomendado fazer esquema vacinal pra pneumococo:
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