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Gestão da Informação A escolha de Sistemas de Informação necessários para Tomada de Decisões Francisco Bianchi Gestão da Informação Apresentação Prezado aluno O assunto que vamos apresentar neste livro-texto certamente é do seu conhecimento, ou seja, relaciona-se com a informação e de que forma você, enquanto futuro gestor empresarial poderá, através de sistemas de informação adequados, apropriar-se dela para gerar conhecimentos e aplicá-los, em um contexto organizacional amplo, principalmente em processos de tomadas de decisões eficazes. A informação é algo que recebemos desde o momento que começamos a entender o nosso mundo, todavia, para que possa ser bem utilizada ela também precisa ser bem compreendida e assimilada pois, é considerada a matéria-prima a partir da qual geramos o nosso conhecimento. Portanto, levando isso em consideração, então seja bem-vindo ao universo da Gestão da Informação, onde espero que os assuntos abordados ao longo deste livro-texto permitam que você entenda a importância da informação nos seus processos de gestão, e que esse entendimento contribua para o seu sucesso enquanto gestor, e para o sucesso dos negócios da organização onde você atua. Relativo a terminologia utilizada neste material, corroborando Silva (2018), “[...] o termo “organização” está sendo utilizado para designar empresas privadas; empresas estatais; órgãos governamentais [...]; cooperativas; fundações; terceiro setor etc. [...]”, então sempre que o termo organização for usado avalie o contexto onde está empregado e entenda-o como sendo uma empresa. As profundas transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas do início deste século até os dias atuais vêm provocando, nas organizações e indivíduos, demandas cada vez mais crescentes por informação e conhecimento, que são considerados elementos necessários para o enfrentamento dos desafios advindos dessa nova realidade socioeconômica. No contexto da sociedade contemporânea, a busca incessante pelo diferencial competitivo, tanto pelas organizações como pelas pessoas, constitui desafios que se sobrepõe à busca pela vantagem competitiva e para enfrentar esses, e outros, desafios as organizações têm classificado a informação como um ativo circulante estratégico, demonstrando assim o seu valor para a gestão eficaz da organização. Entender a informação sob esse ponto de vista, e compreender qual o seu impacto sobre as estratégias organizacionais, é fundamental para que os gestores conduzam com sucesso os negócios da organização. Para auxiliá-lo a compreender a informação como principal entrada de um sistema de informação, resgatarei para você os conceitos básicos sobre dado, informação e conhecimento, e em seguida procurarei, conceitualmente, distinguir Sistema de Informação (SI) e Sistema de Informação Baseado em Computador (SIBC ou em inglês: CBIS – Computer Based Information System). Acredito que quando você consegue entender os conceitos que estão por trás de algo que está sendo observado e estudado, então você torna-se capaz de aplicá-los, corretamente, no seu dia-a-dia. Com relação a informação e conhecimento, talvez você já tenha estudado esses conceitos na graduação, porém, tratarei deste assunto sob a ótica da Ciência da Informação1, e espero que após assimilá-los você desenvolva habilidades para selecionar, tratar e utilizar a informação com uma visão mais gerencial do que operacional. Atualmente no contexto da gestão da informação nas organizações, um dos principais problemas enfrentados pelos colaboradores, principalmente os tomadores de decisão, diz respeito ao excesso de informações. Se no passado, com o apoio das poucas tecnologias da informação (TI) que existiam, as organizações já pressentiam a falta de informações, no dias atuais elas pressentem o seu excesso, e buscam cada vez mais os meios, principalmente baseados em TI, que possibilitem acesso rápido às fontes de informação, e produzam resultados relevantes e confiáveis para poderem gerir os seus negócios e atingirem seus objetivos estratégicos. Portanto, no assunto relacionado com a importância da informação no contexto das organizações, espero que você entenda como a informação flui dentro da organização e a importância de uma consistente infraestrutura TI e de Comunicação (TIC), no momento de gerenciar esse fluxo informacional. Tendo entendido os conceitos fundamentais sobre esse ativo tão importante para as organizações, que é a informação, e assimilando os conceitos sobre SI e SIBC, ambos responsáveis por captar, processar, armazenar, disseminar dados e informações, em contextos organizacionais distintos, então você estará apto a conhecer as principais classes de SI que podem ser utilizados no contexto de uma organização e em que, ou quais, nível da estrutura organizacional eles atuam, apoiando processos operacionais e gerenciais, principalmente os relacionados com a tomada de decisões. Em relação a SIBC que apoiam processos de tomadas de decisões, apresento no tópico 3 algumas das principais classes de SIBC, seus objetivos, características, estrutura tecnológica de cada classe de sistema apresentada. Uma vez estudado e entendido essas classes você terá o conhecimento necessário para, no momento certo, poder emitir opiniões sobre a escolha e implantação de uma ou mais dessas classes, em uma organização. Finalmente, em relação aos tópicos apresentados, inseri o último por considerar de extrema relevância, pois está relacionado com mudanças nas formas de condução de negócios nas organizações e, também com desafios apresentados por mudanças na infraestrutura de apoio a SI e SIBC. Diante disso, sugiro que você esteja afinado com esse último tópico, pois aliado aos tópicos anteriores, certamente alcançamos o objetivo desta matéria que é trazer a você subsídios de informações que, em seu ambiente na organização, você possa entender e escolher os SI e SIBC que mais estejam alinhados com os objetivos estratégicos da sua organização, e que você consiga efetuar a gestão das informações que você necessita, enquanto gestor empresarial. Para tanto, neste último tópico, apresentarei alguns dos principais desafios da gestão da informação, motivados pelo atual estágio de infraestruturas de TI emergentes, e pelas diversas formas de compartilhamento de informações, tanto no ambiente 1Ciência da Informação é uma ciência pós-moderna, constituída há pouco tempo, e tendo a responsabilidade de estudar os fenômenos informacionais provocados pelos seus objetos, informação e fluxos informacionais. (BIANCHI, 2008, p.37) interno quanto externo das organizações, bem como a preocupação constante de gestores com a segurança da informação. Em um contexto de constantes e desafiadoras mudanças que muitas organizações, principalmente aquelas ligadas à produção de bens e aquelas que fazem negócios de forma eletrônica, já estão passando, ou certamente passarão, os desafios da gestão da informação cada vez mais se fazem presentes e visíveis. Esse cenário de mudanças requer mais agilidade, por parte do gestor empresarial, na definição de normas e procedimentos para gerir e proteger as informações circulantes na organização. Entre os muitos desafios atuais para a gestão da informação, trazidos por mudanças, escolhi dois para apresentação final, por apresentarem mudanças relacionados com infraestrutura tecnológica de apoio a gestão da informação e, principalmente, com a gestão da segurança da informação. Um desafio diz respeito a novo conceito de indústria, que é a Indústria 4.0, onde a informação circulante é considerada um recurso de altíssima necessidade e qualidade e, portanto, deve ser bem gerenciada e protegida. Outro desafio é o do comércio eletrônico ou e-commerce, que é uma forma de realização de negócios usando redes decomputadores, que vem sendo adotada por muitas organizações e que, da mesma forma que a Indústria 4.0, tem a informação como fator crítico de sucesso e, portanto, deve ser bem gerenciada e protegida. Durante a apresentação dos conteúdos deste livro-texto, deixarei registrado alguns links, vídeos e artigos científicos, onde você encontrará muita informação sobre os assuntos abordados, e que sem dúvida complementará as informações que estão explicitadas nele. Portanto, corroborando Silva (2018), “Certamente você perceberá durante a leitura deste livro que informação, principalmente organizacional, exige muita dedicação para sua compreensão.”, pois conforme você irá entender por que, como já vimos, a informação é matéria- prima da qual se extrai o conhecimento. Importante salientar que as informações aqui explicitadas provêm não somente das pesquisas bibliográficas exploratórias feitas por este autor, mas, sobretudo da sua vivência e experiência, por mais de 30 anos na área de computação, desenvolvimento de SIBC, e gestão da informação em organizações nacionais e multinacionais, além de mais de 22 anos de docência na área de TI, em especial, as relacionadas com sistemas de informação. Concluindo, espero que você leia este livro-texto, no seu tempo, com a criticidade esperada e sempre procurando assimilar as informações nele contidas, buscando extrair delas o conhecimento necessário não somente para ter êxito nesta disciplina mas, principalmente, para torná-lo latente em você de forma que possa ser aplicado no momento em que estiver exercendo as atividades de gestor empresarial, em uma organização. Boa Leitura! Sobre o autor O Prof. Francisco Bianchi é Professor dos cursos de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, e Tecnologia em Gestão Empresarial, na Faculdade de Tecnologia “Dom Amaury Castanho” – Fatec Itu. É Coordenador de Estágios dos Cursos de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação e de Tecnologia em Gestão Empresarial da Univesp (modalidade EaD), também na Fatec Itu. É Mestre em Ciência da Informação (PUC Campinas - 2008). Mestre em Informática (PUC Campinas - 2000). Especialista em Gestão da Segurança da Informação (UNISUL Virtual - 2016). Bacharel em Ciências Econômicas (PUC Campinas - 1978). Analista de Sistemas formado pelo Centro Educacional da IBM (Vila Mariana/SP - 1972). Atualmente cursa Especialização em Computação Forense e Perícia Digital (IPOG, São Paulo). Possui experiência profissional na área da Ciência da Computação, com ênfase em Sistemas de Informação, atuando nas subáreas: Informática Aplicada; Administração de Sistemas de Informação ; Planejamento Estratégico de TI; Governança de TI; Segurança da Informação; TI aplicadas à Gestão da Informação e do Conhecimento organizacional; Modelagem Essencial de Sistemas; Algoritmos e Lógica de Programação de Computadores. Você poderá ter maiores informações acessando o link: http://lattes.cnpq.br/6205317419556505 http://lattes.cnpq.br/6205317419556505 SUMÁRIO 1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO (SI) E SISTEMA DE INFORMAÇÃO BASEADOS EM COMPUTADOR (SIBC) ...................................................................................................... 8 1.1 DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO: REVISÃO DE CONCEITOS ................................. 9 1.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO: CONCEITOS ...................................................................... 34 1.3 SISTEMA DE INFORMAÇÃO BASEADO EM COMPUTADOR: CONCEITOS .......................... 40 1.4 PRINCIPAIS NÍVEIS ORGANIZACIONAIS APOIADOS POR SI E SIBC ................................. 43 2 SI NO CONTEXTO DAS ORGANIZAÇÕES .................................................................... 46 2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 46 2.2 PRINCIPAIS OBJETIVOS DO USO DE SI NAS ORGANIZAÇÕES ......................................... 47 2.3 USO ESTRATÉGICO DE SI NAS ORGANIZAÇÕES ........................................................... 50 2.4 PRINCIPAIS TIPOS DE SIBC E NÍVEIS ORGANIZACIONAIS QUE ATENDEM ........................ 53 3. PRINCIPAIS SIBC DE APOIO A TOMADA DE DECISÕES ........................................... 57 3.1 SISTEMA DE PLANEJAMENTO DE RECURSOS EMPRESARIAIS (ERP) ............................ 58 3.1.1 Arquitetura ERP ........................................................................................................ 63 3.2 SISTEMA DE SUPORTE A DECISÃO (SSD) ................................................................... 65 3.2.1 SSD no contexto das organizações .......................................................................... 66 3.3 SISTEMA DE SUPORTE A EXECUTIVO (SSE) ............................................................... 74 3.3.1 SSE no contexto das organizações ........................................................................... 76 3.4 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RELAÇÕES COM O CLIENTE OU CUSTOMER RELATIONSHIP MANAGEMENT (CRM) ........................................................................ 81 3.4.1 Arquitetura do CRM ................................................................................................. 82 3.5 SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RELAÇÕES COM O FORNECEDOR OU SUPPLIER RELATIONSHIP MANAGEMENT (SRM) ........................................................................ 86 3.6 SISTEMA DE GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS OU SUPPLY CHAIN MANAGEMENT (SCM) ...................................................................................................................... 89 3.6.1 Arquitetura do SCM ................................................................................................. 90 3.7 CICLO DE VIDA DE IMPLANTAÇÃO DE UM PROJETO DE SIBC EM UMA ORGANIZAÇÃO ..... 94 4 DESAFIOS ATUAIS DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ........... 98 4.1 INDÚSTRIA 4.0 – QUAL A IMPORTÂNCIA DA INFORMAÇÃO NESSE CONTEXTO? ............. 100 4.2 E-COMMERCE – QUAL A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DA INFORMAÇÃO NESSE CENÁRIO? .............................................................................................................................. 103 4.3 PRINCIPAIS TI DE APOIO A GESTÃO DA INFORMAÇÃO ................................................ 111 4.3.1 BIG DATA COMO FAZER A GESTÃO DAS INFORMAÇÕES CONTIDAS NELE? ................... 111 4.3.2 COMPUTAÇÃO EM NUVEM: ONDE ESTÃO OS DADOS E INFORMAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO? 113 4.3.3 INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: COMO ELA IRÁ TRATAR AS INFORMAÇÕES DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES? .................................................................................................... 115 4.4 LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS (LGPD): O QUE ISSO TEM A VER COM AS ORGANIZAÇÕES? .................................................................................................... 121 4.5 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO: POR QUE O GESTOR EMPRESARIAL DEVE SE PREOCUPAR COM ELA? ............................................................................................................... 130 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 144 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................................................................................................... 145 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR......................................................................................... 146 8 1 SISTEMA DE INFORMAÇÃO (SI) E SISTEMA DE INFORMAÇÃO BASEADOS EM COMPUTADOR (SIBC) Na sociedade da informação, onde as organizações estão inseridas, percebe- se que o processo de busca por informação para a geração de conhecimento tende a se expandir motivada pela busca constante, e cada vez mais aceleradas, por inovações e desenvolvimento de novos produtos e serviços. O dinamismo e a interaçãodas TIC com a sociedade vêm provocando grandes transformações na gestão dos negócios. Nesse contexto, a contínua expansão das redes sociais de comunicação contribuirá, cada vez mais, para que as organizações realizem seus objetivos estratégicos, entre eles o de fortalecer as relações comerciais e sociais, onde estão inseridas, visando muito mais construir seu diferencial competitivo, do que somente obter vantagem competitiva. Para alcançar objetivos estratégicos como esses citados, os colaboradores na organização precisam gerir as informações circulantes na organização, de forma que elas sejam orientadas para a geração do conhecimento organizacional que serão aplicados na condução de seus negócios. Realizar a gestão da informação sob esse ponto de vista significa, para o gestor, empregar o saber que contribua para aumentar a eficiência, renovar a qualidade de produtos e serviços, e gerar novos conhecimentos (novos saberes) com base em informações relevantes. Esses novos conhecimentos, resultantes de informações de qualidade e bem gerenciadas, poderão ser transformados em vantagens competitivas e, uma vez sendo mensuráveis, certamente trarão resultados com êxitos em atividades onde são aplicados. Antes de apresentar os conceitos básicos sobre SI e SIBC, é importante revisar os conceitos sobre dado, informação e conhecimento, uma vez que são insumos de entrada e saída dos SI. Após a leitura e entendimento deste capítulo você compreenderá por que as organizações, mais especificamente seus colaboradores, buscam informações e que quando isso ocorre, geralmente, o fazem por meio de um SI ou SIBC. OBJETIVO O objetivo principal desse tópico é deixar claro os conceitos sobre o que é um SI e um SIBC, uma vez que ambos convivem dentro de uma organização, e cada um possui características e estruturas próprias, e atendem determinados objetivos. Justificativa Conhecer os conceitos sobre o que é um SI e um SIBC é importante para o gestor empresarial, pois durante sua atuação na empresa ele conviverá com essas duas modalidades de sistema de informação. Todavia, antes de apresentar esses conceitos será apresentada uma breve revisão dos conceitos sobre dado, informação e conhecimento. 9 1.1 Dado, Informação e Conhecimento: revisão de conceitos Antes de buscar entender os conceitos sobre SI e SIBC, que serão abordados mais adiante, é de extrema importância entender os conceitos básicos sobre dado, informação e conhecimento. Como o próprio nome diz, um SI é um sistema que trata dados e informações e, portanto, para entendê-lo precisamos antes entender os conceitos sobre eles, sendo a informação considerada ativo circulante nas organizações, e elemento primordial para a sobrevivência delas. O conjunto 'dados, informação e conhecimento' tem sido importante fator de competitividade em diferentes tipos de organizações. Prospectar, filtrar e transferir esse conjunto é essencial para a consolidação do processo de inteligência competitiva organizacional. Esse conjunto, juntamente com recursos humanos, materiais e financeiros é, sem dúvida, um recurso de extrema importância e, talvez o mais importante entre todos. Através do gerenciamento desses recursos informacionais pode-se subsidiar várias atividades para a melhoria contínua do negócio da organização (VALENTIM, 2002, p.1). O que é Dado? São inúmeros os conceitos relativos a dado e, entre eles, destacam-se: "Conjunto de material disponível para análise. "(MICHAELIS). “Conjunto de registros qualitativos ou quantitativos conhecidos que organizado, agrupado, categorizado e padronizado adequadamente transforma-se em informação.” (MIRANDA, 1999, p. 285). “Dados são fatos brutos que descrevem as características de um evento. As características de um evento de vendas poderiam incluir a data, o número do item, sua descrição, a quantidade pedida, o nome do cliente e os detalhes da remessa.” (BALTZAN; PHILIPS, 2012, p. 9). Considerando este último conceito você pode inferir que um dado nada mais é que um fato isolado, e que em sua forma primária não agrega valor além do valor de si mesmo. Todavia, quando esses fatos isolados são categorizados, organizados, rearranjados e processados conforme critérios lógicos então tornam-se uma INFORMAÇÃO. Atributos de um dado Todo dado tem como característica (atributos) ser de um determinado tipo (numérico, alfabético, alfanumérico ou lógico) e possuir uma descrição (nome). Considerando, novamente, o conceito sobre dados apresentado por Baltzan e Philips (2012), podemos notar que o dado: data (de vendas) é um tipo de dado numérico que representa uma data, no caso descrita como sendo “data de vendas”. Todavia se essa data não for numérica, isto é, se for apresentado em forma de uma palavra (por exemplo: 20/janeiro/2019), então temos que essa data é do tipo alfanumérica, pois contém letras, caracteres numéricos e especiais (/). Entretanto um dado como “quantidade pedida” com certeza é do tipo numérico, pois irá permitir seu uso no cálculo do valor do item pedido (quantidade pedida x valor unitário) e no total do pedido. Diante desses conceitos temos que um caractere numérico pertence ao conjunto de caracteres alfanuméricos, ou seja, não podemos usá-lo para cálculo. 10 Agora, um dígito é um número, pois dígitos são usados para cálculo. Resumindo, identificamos um dado pela sua descrição e pelo seu tipo, ou seja: Dado Alfabético: pertence ao conjunto de caracteres alfabéticos, podendo ser maiúsculos e minúsculos; Dado Alfanumérico: pertence ao conjunto de caracteres alfabéticos, numéricos e especiais (#, $, &, @, *, etc.); Dado Numérico Inteiro ou com decimais: pertence ao conjunto dos números (dígitos) naturais, inteiros, fracionários e complexos; Dado Lógico: representa somente dois valores válidos: verdadeiro ou falso; sim ou não; e para o computador bit 0 ou bit 1). Você pode imaginar que esses conceitos sobre tipos de dados não são importantes, e isso é perfeitamente aceitável pois você desde que entrou em processo de alfabetização começou aprender isso, e vem ao longo da vida trabalhando com eles diariamente, às vezes de forma inconsciente, sem perceber claramente essas classificações. Todavia, quando passamos a conviver no mundo dos computadores, dos SI e, principalmente, dos SIBC, esses conceitos são de extrema importância, pois os computadores somente funcionam adequadamente, quando os SIBC são construídos, adequadamente, respeitando esses conceitos. Dados Estruturados Em sistemas computacionais, quando dados de diferentes tipos sobre um mesmo evento ou entidade2 são agregados, então, se tem um conjunto de dados estruturados, sendo que cada conjunto nos fornece informações sobre um evento ou entidade. Portanto, um banco de dados, operacional ou transacional de uma organização, guarda estruturas de dados, conforme mostrado na Figura 1, que são organizadas em linhas e colunas. Cada linha representa informações de um evento ou entidade, e cada coluna guarda um dado dele. Temos, então, uma Tabela de Dados. Considere que essa tabela armazene os dados de clientes de uma determinada organização. Analisando-a espero que você entenda bem os conceitos sobre dados, ou seja, cada coluna dessa tabela guarda um dado (de único tipo) de cliente, e cada linha da tabela guarda dados (de vários tipos) de um cliente, e esses dados estruturados e correlacionados guardam informações sobre esse cliente. Portanto, uma tabela de dados pode se expandir tanto na horizontal, aceitando a inserção de novos dados de clientes, quando na vertical aceitando o registro de novos clientes. Figura 1 – Estrutura de Dados de um Cliente 2Na área da Ciência da Computação, especificamente na subárea de Banco de Dados, o termo entidade refere-se a uma Tabela de Dados contendo dados sobre: um Cliente, um Fornecedor,um Produto, uma Máquina, um Produto, etc. 11 Fonte: autoral Dados Não Estruturados Como o próprio nome diz, os dados não estruturados não seguem uma estrutura lógica bem definida tal como os estruturados, que permite que computadores (através de SIBC) e mesmo pessoas (por meio de SI) possam rapidamente visualizá-los, processá-los e entendê-los. Os dados não estruturados são armazenados nos mais diversos formatos, ou seja, no formato de texto, imagens, sons, filmes, etc. e são, na maioria das vezes, de difícil entendimento em um primeiro momento, tanto por humanos quanto por computadores. Observando o quadro abaixo você pode perceber que trata-se de um artigo (dados não estruturados em formato de texto) onde aparecem diversos dados importantes, porém em um primeiro momento você não consegue identificá-los, correlacioná-los, ou mesmo extrair sentido deles, diferentemente de olhar os dados estruturados que foi mostrado anteriormente, sobre um cliente. Talvez você precise mais de uma leitura para assimilar e estruturar (na sua memória) esses dados. Tente isso lendo o texto no quadro abaixo. Dados Não Estruturados Inteligência artificial vai mudar 100% dos empregos na próxima década, diz CEO da IBM Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos. 17/04/2019 - 08H01 - ATUALIZADA ÀS 12H10 - POR PATRÍCIA BASILIO (*) A CEO e presidente da IBM, GinniRometty, tem uma importante mensagem para profissionais de todo o mundo: a transformação digital deve ser um dos maiores desafios da atual geração. Segundo estimativa da executiva, 100% dos empregos sofrerão mudanças por causa da inteligência artificial (IA) já na próxima década. E Ginni não está exagerando. O Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos em todos os setores, indústrias e regiões do mundo. "Enfrentamos uma transformação iminente e profunda da força de trabalho nos próximos cinco a dez anos, à medida que o analytics e a inteligência artificial mudam os cargos de empresas de todos os setores", disse Rometty à CNBC. O alerta de Ginni se dá em um momento em que as habilidades em inteligência artificial e os estudos sobre futuro do trabalho são demandados com urgência. O setor de tecnologia responde por 10% do PIB dos EUA e é o que cresce mais rápido no país. No entanto, não há profissionais qualificados para preencher os 500 mil empregos disponíveis na área, segundo pesquisa da Future ofWork da Consumer Technology Association. Brasil na retaguarda Apesar de não viver a mesma realidade dos EUA, o Brasil está em situação semelhante, afirma Dora Kaufman, pesquisadora de inteligência artificialda Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Estudo divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aponta que uma estratégia digital bem-sucedida pode acrescentar 5,7% a mais no PIB brasileiro — o equivalente a US$ 115 bilhões. "Mais do que emprego, a inteligência artificial vai mudar a sociedade e as relações humanas. Funções mecânicas e repetitivas serão eliminadas e novas funções surgirão. O problema é que não serão criadas vagas suficientes para substituir as que desaparecerão". O futurista Fabio Pereira é mais otimista. Autor do livro "Consciência Digital", pela editora Caroli, ele acredita que milhões de empregos serão gerados a partir da união homem-máquina. "Pesquisas já mostram que a inteligência humana aumentada pela IA traz resultados mais eficazes do que cada uma delas separadamente", afirma. Esses empregos, contudo, só serão ocupados se os profissionais forem colaborativos, criativos, comunicativos e críticos. Dora concorda e vai além. Ela destaca a necessidade de qualificação da mão de obra para as novas funções que estão sendo criadas. Segundo ela, o mercado de trabalho não está evoluindo conforme a demanda e, 12 por isso, muitos profissionais estão desempregados. "Não adianta a empresa pegar um caixa de supermercado e colocar para supervisionar um robô. É necessário preparação", diz. A professora da PUC-SP acrescenta que o próprio ensino básico do país não está preparado para a transformação digital, uma vez que ainda tem raízes na indústria. "Algumas empresas estão se preparando e qualificando os próprios profissionais, mas a necessidade é muito maior que essa. A demanda é global." (*) Patrícia Basilio – Jornalista de Negócios e Inovação da Editora Globo Fonte:https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/04/inteligencia-artificial-vai-mudar-100-dos- empregos-na-proxima-decada-diz-ceo-da-ibm.html Para saber mais... Para complementar seu entendimento sobre dados estruturados e não estruturados, acesse o link: https://culturaanalitica.com.br/diferenca-entre-dados-estruturados-e-nao- estruturados/#oque-sao-dados-nao-estruturados Você sabia que... Pesquisas mostram que cerca de 85% dos dados circulantes nas empresas são não estruturados, e que apenas 15 são estruturados oriundos dos SI e SIBC, e que a maior porção do conhecimento organizacional está contido nos dados não estruturados. Acesse o link:https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.htmle veja o que a SAS, uma das maiores empresas especializadas em tecnologias de mineração de dados não estruturados está dizendo sobre o assunto que estamos apresentando. https://www.youtube.com/watch?v=-Gj93L2Qa6c Atualmente, as organizações estão cada vez mais gerando e armazenando grandes volumes de dados corporativos e históricos, ou seja, estão armazenando dados e informações, que se bem gerenciados podem gerar conhecimentos necessários para que a organização alcance seus objetivos estratégicos. A TI que permite esse armazenamento, denominada Big Data3, é uma tecnologia de banco de dados que consiste em organizar os dados corporativos da melhor maneira, para dar subsídios de informações aos gerentes e diretores das organizações para auxiliá-los, principalmente, em tomadas de decisão. O Big Data é um banco de dados paralelo aos bancos de dados transacionais4 ou operacionais da organização, e será abordado com maiores detalhes no capítulo4. O termo Big Data se refere ao armazenamento de um imenso volume de dados e informações, bem como a capacidade de retirar (minerar) valor dessas informações em velocidade rápida, para a geração do conhecimento organizacional, portanto Big 3O assunto Big Data não é novo, ele surgiu na década de 70 com os avanços das tecnologias dos computadores na época. Nessa época os grandes volumes de dados passaram a serem armazenados nos denominados Data Mart (DM) ou Data Warehouse (DW) que eram, respectivamente Banco de Dados Departamentais ou Corporativos. Portanto, os Big Data de hoje eram os DM e DW do passado. 4 Banco de dados transacionais são acessados por SIBC transacionais/operacionais como por exemplo os módulos de processamento de transações do ERP. Esses bancos de dados armazenam dados estruturados e fornecem dados para outros SIBC na organização. https://culturaanalitica.com.br/diferenca-entre-dados-estruturados-e-nao-estruturados/#oque-sao-dados-nao-estruturados https://culturaanalitica.com.br/diferenca-entre-dados-estruturados-e-nao-estruturados/#oque-sao-dados-nao-estruturados https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.html https://www.youtube.com/watch?v=-Gj93L2Qa6c 13 Data é uma tecnologia que se baseia em: Valor, Volume, Velocidade, Variedade e Veracidade. Segundo Nascimento (2018, negrito e nota de rodapé nosso), big data pode ser definido utilizando-se cinco dimensões: Volume: coleta de dados de variadas fontes, como aqueles oriundos de sensores destinados a realizar a comunicação M2M5 ou até mesmo transações comerciais; Velocidade: os dados são transmitidos e estão disponíveis em tempo real apartir de uso de smartphones, sensores, etiquetas inteligentes dotadas de identificação por radiofrequência (radio frequency identification – RFID); Variedade: a geração de dados é realizada em formatos diferenciados, englobando bancos de dados complexos, documentos e vídeo, por exemplo; Variabilidade: com o aumento da velocidade e da variedade, a ocorrência de picos de demanda é cada vez mais frequente. Um bom exemplo se refere a notícias ou informações geradas pelas redes sociais e que podem apresentar grande acesso pontual dependendo do conteúdo vinculado; Complexidade: a geração de dados é realizada de fontes variadas, dificultando a estruturação e a criação de relações, necessárias para o seu correto tratamento. A importância do big data não gira em torno da quantidade de dados que você possui, mas do que você faz com eles. Você pode pegar dados de qualquer fonte e analisá-los para encontrar respostas que permitam 1) redução de custos, 2) redução de tempo, 3) desenvolvimento de novos produtos e ofertas otimizadas e 4) tomada de decisão inteligente. Ao combinar big data com análises de alta potência, você pode realizar tarefas relacionadas aos negócios, como: Determinar as causas principais de falhas, problemas e defeitos em tempo quase real. Gerar cupons no ponto de venda com base nos hábitos de compra do cliente. Recalculando carteiras de risco inteiras em minutos. Detectando comportamentos fraudulentos antes que eles afetem sua organização. (AGÊNCIA SAS, 2019) Dados confiáveis e bem gerenciados levam a análises e decisões confiáveis. Para se manterem competitivas, as empresas precisam aproveitar todo o valor do big data e operar de maneira orientada a dados - tomando decisões com base nas evidências apresentadas pelo big data, e não no instinto. Os benefícios de ser orientado a dados são claros. As organizações orientadas a dados têm melhor desempenho, são operacionalmente mais previsíveis e mais lucrativas. (AGÊNCIA SAS, 2019) Diante disso, infere-se que o sucesso de projetos de Big Data está nas várias formas de mineração dos dados contidos nele e na sua veracidade, ou seja, garantia de que os dados e informações nele contidos são consistentes. A tecnologia de Inteligência Artificial (IA) vem sendo largamente aplicada nos algoritmos de mineração de dados em Big Data. Essa TI é responsável, atualmente, pelo surgimento de novas profissões na área de TI, entre elas: Cientista de Dados; Analista de Dados; Programador de Big Data; Programador de IA; etc. Essas novas tecnologias serão 5 M2M ou Machine to machine é um conceito relacionado com o uso de tecnologia que possibilita a comunicação de dispositivos em rede, gerando e compartilhando informações sem qualquer intervenção humana. 14 abordadas no último tópico deste livro-texto pois fazem parte dos novos desafios da gestão da informação, motivados pelos avanços da TI. Vídeo: a importância do Big Data no mercado Acesse o link:https://www.youtube.com/watch?v=VYFL5EjHjGk assista o vídeo e veja o que um profissional de empresa e professor universitário está dizendo sobre a tecnologia do Big Data. Então, gostou da fala do professor? Isso justifica as novas profissões que estão surgindo, principalmente na área de TI, que mostrei anteriormente. Além disso, deve estar claro para você qual o futuro da gestão da informação nas organizações. Para saber mais sobre Big Data Acesse o link: https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.htmle leia o que a SAS, uma das maiores empresas especializadas em tecnologias de mineração de dados está dizendo sobre o Big Data. Após esse breve aparte para conhecer essa tecnologia voltada para o armazenamento de dados e informações para geração de conhecimento, vamos fechar assunto que estamos discutindo que é sobre: dados. PENSE Você está dentro da área de vendas de uma empresa e ouve alguém dizer: “R$ 200.000,00. O que você ouviu é um dado ou uma informação? Se você respondeu dado, então parabéns! Você assimilou os conceitos deste tópico, pois R$ 200.000,00 é um fato (dado) isolado que não representa nenhum valor a não ser o valor do dado em si. O que é Informação? Para esta questão certamente apresentam-se inúmeras respostas, pois a informação está presente em todas as áreas do conhecimento humano e, portanto, o conceito de informação para um profissional da área da computação não será o mesmo dado por um profissional da área das Ciências Médica, Econômica, ou mesmo da Informação. (BIANCHI, 2008, p. 46). Para Le Coadic apud Bianchi (2008, p. 46), “a informação é um conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em suporte.”. A inscrição da informação ocorre através da linguagem, de signos e sinais, que associa um significante a um significado. Dessa forma, não somente inscrições impressas, mas também objetos de arte, peças e artefatos de museus, manifestações culturais, e outras formas de representação são considerados informação. Como conhecimento inscrito, a informação ao ser comunicada, deve ter um sentido, de forma que aquele que recebe possa utilizá-la para adquirir algum conhecimento. Para Stair (1998, p. 4, grifo do autor), “Informação é um conjunto de fatos organizados de tal forma que adquirem valor adicional além do valor do fato em si.”. Segundo esse conceito, a informação sobre determinado assunto é originada a partir https://www.youtube.com/watch?v=VYFL5EjHjGk https://www.sas.com/pt_br/insights/big-data/what-is-big-data.html 15 da organização, ou estruturação, e processamento de dados (e de informações) relacionados direta ou indiretamente com esse assunto. Como já mencionei existem inúmeras maneiras de se conceituar a informação, porém é certo que a informação está para os sistemas e processos organizacionais, assim como o sangue está para o sistema humano, isto é, sem ela e sem ele não existe vida. Você entenderá melhor essa analogia lendo o item 1.2. O processo de transformar dados em informação está representado pela figura 2, onde processo é um conjunto de tarefas logicamente relacionadas, e executadas para atingir um resultado bem definido que, no caso, é a transformação de dados (entradas) em informação (saída). O processo de estabelecer relações entre os dados, para gerar informações, requer critérios oriundos de diretrizes, normas, procedimentos, regras, etc. usados para selecionar, classificar, organizar e processar os dados e gerar informações para torná-las úteis em outros processos ou tarefas específicas, principalmente, nos processos de tomadas de decisões. Figura 2 – Processo de transformação de dados em informação Fonte: autoral O feedback, muitas vezes, referenciado como “retroalimentação” é um importante componente desse processo, pois é através da sua análise que se verifica a necessidade de correções em critérios, processos e/ou dados utilizados para a geração da informação. PENSE Você está dentro da área de vendas de uma empresa e ouve alguém dizer: “neste mês de março vendemos R$ 200.000,00 para o cliente XYZ, e isso significou um aumento de 15% nas vendas para esse cliente, em relação ao mesmo período do ano passado. O que você ouviu é um dado ou uma informação? Se você respondeu que é uma informação, então parabéns! Você assimilou os conceitos sobre informação, pois agora além do dado: valor de vendas, outros dados foram agregados ou correlacionados, tais como: mês das vendas; cliente; e percentual de aumento das vendas para o cliente. O processo de correlacionar os dados informados permitiu a geração de uma informação sobre as vendas para um determinado cliente. As etapas de processamento dos dados até a geração/armazenamento e disseminação da informação estão contidas naquilo que se denomina “o ciclo de vida da informação”, cujo significado iráentender após assimilar os conceitos. O Ciclo de Vida da Informação 16 Entende-se como ciclo de vida da informação todas as etapas do processo de transformação de dados em informação, conforme explicado anteriormente, incluindo os processos de armazenamento e descarte da informação. Para Sêmola (2014) “Toda informação é influenciada por três propriedades principais: confidencialidade, integridade e disponibilidade, além dos aspectos autenticidade e legalidade, que complementam essa influência”. A confidencialidade visa garantir que somente pessoas autorizadas terão acesso a determinadas informações. A integridade visa garantir que informações recebidas devem manter as suas características originais estabelecidas pelo gerador da informação, ou seja, por quem as enviou. A disponibilidade visa garantir que a informação estará disponível sempre que necessário, e quando requisitada por pessoa autorizada. Portanto, essas três principais características devem ser observadas desde o momento da geração até o seu consumo e posterior descarte, ou seja, em todo o ciclo de vida informação, pois a “quebra” de uma dessas características compromete a segurança da informação e como consequência sua relevância, principalmente para aqueles que a utiliza em processos de tomada de decisões. Em relação a autenticidade da informação esta é uma característica que está relacionada com a origem ou fonte da informação, ou seja, está relacionada com a garantia de que a informação provém de uma fonte (origem) confiável, segura e conhecida. A legalidade está relacionada com informações legais e são aderentes a determinadas legislações, como por exemplo a comunicação de um documento, tal como uma sentença judicial, onde as informações nele contidas tem segurança jurídica e, portanto qualquer alteração indevida irá torná-la invalida ou ilegal. Ainda, sobre o ciclo de vida da informação, temos em Sêmola (2014) que, “O ciclo de vida, por sua vez, é composto e identificado pelos momentos vividos pela informação que a colocam em risco. Os momentos são vivenciados justamente quando os ativos físicos, tecnológicos e humanos fazem uso da informação, sustentando processos que, por sua vez, mantêm a operação da empresa.”. Percebe-se nessa colocação do autor, que ele se preocupa com a segurança da informação em todo seu ciclo de vida, pois sabe o quanto a informação é valiosa para os processos de negócios6 de uma organização. No capítulo 4, relativo a segurança da informação, abordarei em detalhes o assunto segurança da informação, uma vez que a informação é tida, atualmente, como importante ativo circulante na maioria das organizações. Conforme já visto, o ciclo de vida informação pode ser entendido como os momentos da informação vividos desde sua geração até seu descarte. A informação pode estar representada por bits (circulando em redes, ou explicitadas nas mídias digitais) ou por átomos (documentos impressos compartilhados ou arquivados na organização). Não importa como a informação está representada, em todos os momentos se identificam as fases mostradas na Figura 3, e explicadas a seguir. 6Segundo Turban e Volonino (2013, p. 394), “Um processo de negócio consiste em um conjunto de tarefas ou atividades que são executadas de acordo com certas regras relacionadas a determinados objetivos.” 17 Figura 3 - Cinco momentos do Ciclo de Vida da Informação considerando as principais propriedades da segurança da informação Fonte: adaptado de SÊMOLA (2014). Geração Momento da criação da informação, quando ela passa a ocupar um suporte mediático (disco magnético, fita magnética, pen drive, DVD, papel, livro, etc.) ficando disponível para manuseio. Exemplo, digitar dados em um formulário eletrônico disponível em um site de vendas na Internet, ou mesmo, redigir manualmente um documento em papel. Além disso, a geração da informação pode ocorrer pela troca de dados e informações entre SIBC. Manuseio Momento em que a informação passa a ser manuseada seja fisicamente ou digitalmente (através de computadores). Exemplo: folhear um livro em busca de informações; alterar dados contidos em formulário eletrônico disponibilizado por SI internos da organização, ou mesmo na Internet; etc. Armazenamento Momento em que a informação é armazenada para uso futuro, seja fisicamente em uma ficha de papel para posterior guarda em uma pasta dentro de uma gaveta de um armário (arquivo) de aço, seja digitalmente em uma base de dados residente em um computador servidor, ou em um pen- drive guardado no bolso do seu proprietário; ou em outras mídias de armazenamento digital. Transporte Momento em que a informação é transferida (transportada) de um meio (ou dispositivo) para outro. Exemplo: Envio de uma carta por correio convencional; envio de informações por e-mail; compartilhamento de informações pelas redes sociais através da Internet; transmissão através do Skype®, ou mesmo de uma central telefônica. Descarte 18 Momento em que a informação é descartada, podendo ser apagada das mídias digitais, das bases de dados residentes em computadores, jogadas no lixo da organização, destruídas através de dispositivos fragmentadores de papéis, ou mesmo, através do descarte de uma mídia que apresentou defeito. O descarte é, no contexto da segurança da informação, um dos momentos mais cruciais relacionado com a garantia do sigilo das informações. Abordei o tema acima, pois os colaboradores de uma organização estão constantemente fazendo uso de informações, seja para realizar seu trabalho de rotina, seja para tomada de decisões e, diante disso, precisam entender que em todas as etapas do ciclo de vida da informação a preocupação principal está relacionada com a segurança da informação. A quebra de pilares que sustentam a segurança da informação, tais como: confidencialidade, integridade, disponibilidade, confiabilidade, não-repúdio, etc., pode tornar a informação imprópria para utilização e mesmo compartilhamento. A segurança da informação em uma organização ocorre através de Políticas de Segurança da Informação (PSI), que segundo a norma ABNT, NBR ISO/IEC 27002 (2005), deve ser redigida por um Comitê Gestor de Segurança da Informação (CGSI), formado por gestores das diversas áreas de negócios da organização (departamentos), inclusive do Jurídico e da área de Recursos Humanos. O CGSI, após aplicar a gestão de riscos sobre os ativos7 que sustentam a informação, é importante para o estabelecimento de diretrizes (políticas) para proteção dos diferentes tipos de informações circulantes na organização. Após definição das diretrizes serão estabelecidas as normas, que por sua vez irão nortear os procedimentos de segurança, muitos deles traduzidos em mecanismos de defesa e implementados pelos colaboradores da área de TI. Cuidar da gestão da informação é importante pois a informação é um ativo circulante para a maioria das organizações, conforme mostrarei a seguir. A Importância da informação no contexto das organizações 7 Ativos de informação ou ativos informacionais compreendem os SI, SIBC e todos os componentes da infraestrutura tecnológica que dão sustentação ou suportam a informação e os fluxos informacionais, na organização. São exemplos de ativos de informação: Computadores Servidores; Computadores Clientes; Redes de Computadores; Hardware de Redes; Banco de Dados; Mídias de Backup; etc., e demais infraestruturas tecnológicas que suportam a informação. Você sabia que A empresa Google® ao descartar um disco rígido (HD ou Hard Disk) o faz primeiro colocando o disco em uma prensa, onde um eixo de metade do diâmetro do disco rígido desce sobre a superfície do HD amassando-o e, portanto, tornando-o irrecuperável. Para garantir ainda maisque o conteúdo desse disco destruído não poderá ser acessado, ele é colocado em um dispositivo triturador, que o transforma em pedaços de metais não superior a três centímetros. Entendo a importância da informação para seus clientes, a empresa leva a sério o armazenamento das informações. Para saber mais assista o vídeo postado no canal do youtube, no link: https://www.youtube.com/watch?v=XZmGGAbHqa0. Atenção! Você pode assistir esse vídeo no formato legendado escolhendo a linguagem na opção “settings”. https://www.youtube.com/watch?v=XZmGGAbHqa0 19 Nas décadas de 60 e 70 grandes computadores, instalados nas grandes organizações, processavam volumes consideráveis de dados de entrada e, da mesma forma, geravam volumes consideráveis de dados de saída, expressos em volumosos relatórios operacionais impressos em papel. Nessa época o processamento, geração, arquivamento, e compartilhamento de informação dependia em grande escala da interferência, ou mesmo inferência humana, ou seja, cabia aos grandes computadores somente o processamento de dados. A partir da década de 80, com a entrada dos microcomputadores, e rapidamente sua interligação em redes de computadores, ocorre a distribuição dos dados entre vários departamentos dentro da organização, e o processamento, arquivamento e disseminação das informações passa a ser feita em larga escala pelos microcomputadores, principalmente aqueles com funções de servidores de aplicações e arquivos. Nesse momento, também, os microcomputadores ligados aos computadores de grande porte captavam dados e informações desses computadores, tornando-os disponíveis para geração de outras informações, principalmente, pelos colaboradores da organização. Atualmente, dada a velocidade com que a informação é gerada, armazenada e compartilhada, esta torna-se elemento essencial para todos os processos de negócio da organização, sendo, portanto, um bem ou ativo de grande valor. A informação é um ativo que, como qualquer outro ativo importante, é essencial para os negócios de uma organização e, consequentemente, necessita ser adequadamente protegida. [...] A informação pode existir em diversas formas. Ela pode ser impressa ou escrita em papel, armazenada eletronicamente, transmitida pelo correio ou por meios eletrônicos, apresentada em filmes ou falada em conversas. [...]. (ABNT NBR ISO/IEC 27002:2005) Para sobreviver em um cenário de mudanças os indivíduos, dentro das organizações, precisam ampliar seus conhecimentos sobre a organização, seus negócios e suas relações com seu ambiente, e para tanto necessitam buscar informações relevantes para uso na construção desses conhecimentos. A Figura 4 representa um ambiente organizacional onde tanto seus relacionamentos internos quanto externos dependem, e sempre dependeram, de trocas de informações. Atualmente, esses relacionamentos sendo apoiados por modernas TI permitem que a circulação das informações dentro e fora desse ambiente ocorra de forma instantânea e isso, sendo bem administrado, pode levar as organizações a obterem vantagem e diferencial competitivo. 20 Figura 4: A Organização, sua interação com seu ambiente, e o apoio da TIC Fonte: autoral Esse modelo de ambiente organizacional proporciona uma visão das relações tanto interna quanto externa da organização com suas entidades. Através dele pode- se refletir e deduzir, que, mudanças provocadas nesses ambientes podem influenciar os objetivos e estratégias da organização, e que a gestão da informação e do conhecimento sobre seu ambiente são fatores críticos de sucesso para sua sobrevivência. Além disso, esse modelo situa, também, a TIC como um componente estratégico de apoio às interações da organização com seu ambiente, onde podemos inferir que, usando essas tecnologias de forma estratégica e alinhada aos seus objetivos, os indivíduos poderão trocar informações e “produzir” os conhecimentos necessários para auxiliar a organização a responder rapidamente às mudanças impostas pelo seu ambiente. Cada componente, dentro dessa estrutura, tem sua importância dentro da organização, e como já foi dito, trocam informações entre si através das TIC. Para entender a importância de cada componente, muito brevemente, destacarei seu papel dentro desse modelo de organização. Estrutura e Cultura Entender a estrutura organizacional e a cultura da organização é uma das necessidades intrínsecas dos colaboradores, principalmente do gestor da informação, pois a forma como as organizações estão estruturadas e, também, de qual cultura derivam, influenciam na forma como a informação e o conhecimento fluem nessa estrutura, possibilitando, inclusive, identificar sistemas, modelos e indivíduos responsáveis pela sua produção e disseminação, ou seja, as fontes de informação. A cultura das empresas também é determinante para orientar como a TI está sendo, e como deveria ser usada para dar suporte aos SI e SIBC. Portanto, para entender como uma organização usa SI você precisa conhecer sobre a estrutura, cultura e, até mesmo a história, da organização. Enfatiza-se que a estrutura organizacional é a base sobre a qual grupos de pessoas combinam, coordenam e controlam recursos e atividades a fim de 21 agregarem valor a produtos e/ou serviços, de forma coordenada com o ambiente de atuação da organização. Portanto, para que isso ocorra, é necessário a organização informar-se sobre seu ambiente e sobre ela mesma. Para isso deve haver uma consistente gestão da informação e do conhecimento organizacional, sustentada por modelos tecnológicos que permitam acesso democrático às fontes de informação e conhecimento, previamente mapeadas, protegidas e disponibilizadas para acesso pelos seus colaboradores. Estratégias As estratégias organizacionais, geralmente definidas em seu Planejamento Estratégico Organizacional ou Planejamento de Negócios, direcionam a organização no sentido de aproveitar seus recursos humanos, materiais, de equipamentos, financeiros e, principalmente, o recurso da informação, norteando a gestão da organização e mostrando qual o melhor caminho a ser seguido para enfrentar os constantes desafios originados de ameaças, oportunidades, forças e fraquezas. Estratégia organizacional, em poucas palavras, consiste no planejamento e execução de processos que permitam alcançar objetivos previamente estabelecidos no planejamento estratégico. Para tanto, a organização precisa contar com informações e conhecimentos relevantes e, principalmente, saber comunicá-los no momento certo, para a pessoa certa. Conforme Kaplan e Norton (1997), “[...] a implantação de estratégia se faz por meio de planos de ação e projetos”. Infere-se, diante disso, que a implantação das estratégias ocorre a partir dos esforços dos colaboradores do nível tático, e que sua execução ocorre pelos esforços dos colaboradores dos níveis operacionais. Portanto, é de extrema importância que as informações sobre estratégias globais, missão, visão e valores que estão contidas no planejamento estratégico, e que foram definidas pelo nível estratégico de forma clara e concisa, sejam comunicadas e conhecidas pelos colaboradores nos níveis operacionais. Processos Empresariais (e gerenciais) Um processo empresarial, em seu nível mais baixo, consiste num grupo de tarefas inter-relacionadas logicamente, que fazem uso dos recursos da organização, para gerar resultados definidos, em apoio aos seus objetivos. Os processos empresariais refletem as maneiras específicas pelas quais as organizações coordenam o trabalho, a informação e o conhecimento. Os processos empresariais bem desenvolvidos e executados podem tornar a organização mais eficiente e competitiva. (LAUDON e LAUDON, 1999). A Figura 5 representa a lógica dos processos de negócios de uma organização e a circulação de informação e conhecimento entre eles, enfatizando a importância dainformação nas organizações. 22 Figura 5: Circulação de Informação e Conhecimento nos processos organizacionais Fonte: autoral As informações circulantes entre os processos de negócios são provenientes de fontes explicitas de conhecimento (manuais técnicos, livros, revistas especializadas, manuais de procedimentos e de processos, fluxogramas, workflow, etc.), e de conhecimentos que não estão explicitados pois residem na memória dos colaboradores, ou seja, o conhecimento tácito. Essa combinação de informações e conhecimentos circulam pelo ambiente interno e externo da organização, possibilitando a criação de novos conhecimentos que são aplicados na condução operacional, tática e estratégica dos negócios. Portanto, a combinação do conhecimento organizacional explícito com o tácito resulta no conhecimento estratégico, e ambos são objetos da gestão do conhecimento, nas organizações, desde que estas a tenha implantada. Corroborando a importância da informação nos processos organizacionais, temos em Silva (2019), No que diz respeito ao desenvolvimento dos sistemas de informação, o que se requer, inicialmente, é a compatibilidade da infraestrutura do sistema de informações com a demanda por informações e comunicação. Também é requerido que o sistema de informações implantado seja integrado e alinhado com os processos e que haja a avaliação da satisfação dos usuários dos serviços de informação e comunicação (FNQ, 20161:62). SI e SIBC nas organizações devem estar amparados por uma infraestrutura tecnológica que permita a disponibilização da informação no momento que o usuário necessita dela, e que elas estejam integradas e alinhadas com os objetivos e processos de negócios. Processos empresariais são, portanto, importantes fontes de geração, retenção e circulação de informação e conhecimento, tanto tácito quanto 23 explícito. Sua execução exige, além de recursos materiais e tecnológicos, também os recursos humanos, muitas vezes de diferentes especialidades funcionais. Essa combinação de recursos proporciona ao indivíduo o acesso a uma importante parcela do conhecimento circulante na organização. Indivíduos e papéis nas organizações Considerando que você chegou até este ponto, então, deve estar claro para você que a informação (e o conhecimento) constitui recurso estratégico para as empresas e por isso é considerada o principal ativo circulante para a maioria delas. Em cenários de mudanças constantes como estes que as organizações enfrentam atualmente, sem dúvida elas precisam contar com colaboradores exercendo papéis chaves dentro do ambiente organizacional, e que entendam a importância do compartilhamento de informações e conhecimentos para alcançarem êxito em suas atividades e contribuírem para o sucesso da organização. Portanto, em um ambiente organizacional é preciso conhecer “quem é quem” dentro da estrutura organizacional e, principalmente, conhecer os papéis que cada um desempenha dentro do contexto organizacional, para que as informações possam fluir de forma adequada e estratégica entre esses colaboradores. Segundo Nadler et al. (2001), “na década de 80 surgiram várias forças pressionando as empresas e provocando transformações no cenário mundial dos negócios, exigindo uma rápida adaptação das empresas, e consequentemente dos indivíduos que dela participam, para garantia de sua sobrevivência”. Ainda, para Nadler et al. (2001), “as empresas que sobrevivem são as que têm capacidade de reagir a esses desafios. As empresas que têm êxito são as que preveem a mudança e desenvolvem antecipadamente as suas estratégias.” Portanto, informar-se sobre si própria e sobre seu ambiente, utilizar de maneira adequada e gerenciada as TIC, motivar e engajar seus colaboradores aos propósitos da organização, e mais, implementar modelos e políticas motivadoras de gestão do conhecimento são algumas formas das empresas reagirem às pressões ambientais. Tipologia da informação nas organizações As empresas, independentemente de seu segmento de mercado, de seu “core business” e porte, sempre usufruíram da INFORMAÇÃO tendo como objetivo, entre outros, uma melhor produtividade, redução de custos, ganho de Market share, aumento de agilidade, competitividade e apoio mais eficiente aos processos de tomada de decisão. Percebe-se que a informação flui por todos os lados em uma organização e, portanto, ela deve ser entendida do ponto de vista da sua relevância, do seu valor e, principalmente, da forma como pode ser compartilhada dentro e fora da organização. Portanto, as informações circulantes dentro da organização são, de maneira geral, quanto ao seu conteúdo classificadas conforme mostrado nos quadros 1, sendo que essa classificação deve ser dos conhecimentos dos gestores empresariais para, principalmente, preservarem e protegerem as informações que são utilizadas por eles. 24 Quadro 1 – Classificação da informação quanto ao seu conteúdo Tipo de Informação Significado Confidencial ou Sensível É uma informação crítica (sensível) para os negócios da organização, de seus clientes e parceiros. São informações que só podem ser compartilhadas por pessoas autorizadas, pois são informações que, se utilizadas indevidamente pode ocasionar impactos de ordem técnica, operacional, financeira, de imagem e, ainda, sanções administrativas, civis e criminais à organização ou aos seus clientes e parceiros. Essa classe de informação é restrita a um grupo específico de pessoas, tanto do quadro da organização quanto dos seus clientes e parceiros. Exemplo: Informações sobre a fórmula e processos de produção de um novo medicamento. Sigilosa É uma informação submetida temporariamente à restrição de acesso público e interno, pela organização, com o intuito de preservar temporariamente seu conteúdo. Exemplo: Informações sobre o reajuste salarial dos funcionários e benefícios negociados com o sindicato da categoria. Interna É uma informação da organização e que ela não tem interesse em divulgar pois somente serve para finalidades internas e de trabalho diário. O acesso a esse tipo de informação por parte de pessoas externas à organização deve ser evitado. O vazamento desse tipo de informação poderá trazer danos à imagem da organização, porém, com intensidade menor que a de uma informação confidencial. Uma informação interna, geralmente, pode ser acessada sem restrições por todos os colaboradores e parceiros da organização. Exemplo: Informações sobre procedimentos para requisição de matéria-prima para a produção. Pública É uma informação que pode ser divulgada ao público em geral, sendo seu caráter informativo, comercial ou promocional. Essa classe de informação é, geralmente, destinada ao público externo, sendo comunicada nos mais diversos formatos e meios de comunicação. Sua comunicação pode ocorrer de forma liberal pela organização ou pelo cumprimento de medidas judiciais que exijam sua publicação. Exemplo: Informações sobre “quem somo” disponível no site da organização. Fonte: autoral Os primeiros SIBC comerciais surgidos na década de 60-70 apresentavam dados com granularidade muito fina, ou seja, os dados eram impressos em relatórios com alto nível de detalhamento (grandes volumes de papéis) e baixo de sumarização. Isso tornava difícil e complicado o uso desses dados, por parte dos gestores, pois esses colaboradores, além de não disporem de tempo para “trabalhar” (sumarizar, 25 inserir em tabelas, etc.) os dados, são acostumados a visualizá-los de forma sumarizada, consolidada, e em alto grau de abstração, geralmente em formato de gráficos e tabelas. O motivo dessa dificuldade era porque os primeiros SIBC somente processavam transações correntes da organização (Sistemas de Processamento de Transações – SPT), armazenando-as e emitindo relatórios transacionais,ou seja, fornecendo apenas informações transacionais em alto nível de detalhamento, geralmente, no formato impresso. A partir de meados da década de 70 surgem os primeiros SIBC gerenciais denominado: Sistema de Informação Gerencial (SIG), que recebendo os dados do SPT, processam e os apresentam aos gestores com maior granularidade, ou seja, menor detalhamento e alto grau de sumarização. Essa classificação da informação, mostrada no quadro 2 persiste até hoje, onde nos módulos de Sistemas de Planejamento de Recursos Empresariais (ERP) existem os sub-módulos que processam transações, e os que processam informações gerenciais. Maiores detalhes sobre essa classe de SIBC serão apresentados no capítulo 3. Quadro 2 – Classificação da informação quanto a sua granularidade Tipo de Informação Significado Informação Transacional Compreendem todas as informações contidas em um único processo de negócios ou unidade de trabalho, e seu propósito principal é apoiar a realização de tarefas operacionais diárias. As empresas capturam e armazenam informações transacionais em banco de dados e as usam quando estão executando tarefas operacionais e decisões repetitivas [...]. (BALTZAN; PHILIPS, 2012, p. 144). Informação Analítica Compreendem todas as informações organizacionais, e seu propósito principal e dar suporte à realização de tarefas de análise gerencial. A informação analítica é usada para a tomada de decisões importantes ad hoc, tal como decidir se a organização deveria construir uma nova fábrica ou contratar mais pessoal para as vendas. (BALTZAN; PHILIPS, 2012, p. 144). A informação analítica, também referenciada como informação gerencial, ou informação para a tomada de decisão, é a informação que tem como característica ser relevante não somente para colaboradores do nível operacional da organização, mas principalmente para aqueles que tomam decisões, tanto no nível tático (gerencial) quanto estratégico. Fonte: autoral Além da classificação quanto ao seu conteúdo e sua granularidade, outra classificação importante de uma informação diz respeito a sua relevância, especialmente quando ela é utilizada nos processos de tomada de decisões. Para entender o que é uma informação relevante sugiro que você leia atentamente o conteúdo do próximo item, que apresenta as principais características dessa classificação da informação. 26 Características da informação relevante Empresários, presidentes de grandes organizações, gerentes, enfim aqueles que decidem dentro de uma organização, constantemente precisam de informações para tomada de decisões. Se uma informação não apresenta características que a torna relevante, tais como ser precisa, completa, confiável, etc., decisões errôneas ou equivocadas podem ser tomadas, custando à organização milhares ou milhões de reais em prejuízos. Além disso, se a informação não é pertinente aos negócios ou à determinada situação, não é provida no momento certo ou é complexa demais para ser entendida, ela pode ter pouco ou nenhum valor para a organização. Para que as decisões tomadas atinjam os objetivos, elas devem, entre outros, estarem baseadas em informações consistentes e relevantes. Para ser valiosa, a informação deve ser relevante, e para isso deve ter determinadas características. No quadro abaixo, serão apresentadas algumas das principais características de uma informação relevante. Quadro 3: Principais características da informação relevante Característica Explicação/Exemplo Precisa Uma informação que tem como característica ser precisa é aquela que não apresenta erros, pois foi gerada a partir de dados consistentes e íntegros, geralmente oriundos de SIBC. Exemplo: uma informação sobre estoques, cujos dados são obtidos diretamente das saídas geradas por SIBC, é considerada uma informação precisa, pois o seu processamento pelo SIBC garante a integridade e consistência dos dados. Portanto, uma informação precisa é importante para a tomada de decisões. Completa Uma informação é considerada completa quando ela contempla todos os dados importantes para o processo de tomada de decisões. O mecanismo de feedback, já visto anteriormente na Figura 2, permite saber se uma informação está ou não completa. Exemplo: um relatório gerencial contendo informações sobre vendas, que não inclui estatísticas, projeções e tendências, tanto em formato de tabelas como de gráficos, não é considerado completo, ou seja, não contém informações que a completa. Econômica Uma informação econômica não deve ser confundida com uma informação sobre assuntos econômicos. A característica de ser econômica diz respeito ao custo da sua produção, que deve ser relativamente econômico. O valor da informação e o custo da sua produção devem ser constantemente analisados e balanceados, pelo tomador de decisão. Embora, na maioria das vezes o custo de produção da informação seja desconhecido para quem a está recebendo, é importante observar essa característica, pois pode não ser de interesse de um tomador de decisão pagar caro por uma informação que não trará retornos, principalmente, financeiros para a organização. 27 Exemplo: um gestor de compras solicita, para a área de TI da organização, a geração de um relatório comparativo de orçamentos, justificando uma economia temporária de R$ 30.000,00 com o auxílio desse relatório. Considerando a complexidade de geração desse relatório, a área de TI estimou em R$ 50.000,00 os serviços necessários para a produção desse relatório. Nesse caso a informação que será provida para o gestor não é econômica, ou seja, o custo para sua produção excede o benefício que ela trará. Flexível Uma informação é considerada flexível quando pode ser utilizada para diversas finalidades, e por diversos setores dentro da organização. Exemplo: um relatório contendo informações sobre estoque disponível no momento, que podem ser utilizadas por vendedores, gerentes de produção, gerentes financeiros, gerentes de compras, etc., para análises e tomadas de decisões. Confiável Esta característica está relacionada com o método de coleta de dados e com a origem, ou a fonte dos dados, que irão gerar a informação. A fonte de dados citada na informação deve ser confiável e garantir a consistência e veracidade deles. Quando uma informação confiável é recebida ela pode gerar dependência por parte dos consumidores dessa informação. Exemplo: um boato vindo de uma fonte desconhecida não é informação confiável. Todavia, um relatório contendo informações precisas que foram geradas a partir de dados fornecidos por SIBC, por exemplo, pode tornar-se confiável e, portanto, o receptor fica sempre dependendo desse relatório. Simples Uma informação simples deve conter dados necessários e confiáveis, porém deve ser apresentada de forma simples ou com baixa complexidade. Excesso de informação pode ocasionar sobrecarga na sua apresentação, tornando obscuro aquilo que realmente é importante e confundindo o tomador de decisões. Exemplo: a informação ideal para quem toma decisões, dentro das organizações, deve caber em uma folha de papel, geralmente sendo apresentada em formato gráfico e/ou em tabelas. Em tempo Esta característica está relacionada com o recebimento da informação no tempo oportuno, ou seja, a informação é recebida sempre que for necessária. Para tomadas de decisão, a informação deve refletir situações recentes. Exemplo: o gestor da produção precisa saber, hoje, a quantidade de peças rejeitadas em um processo produtivo que ocorreu no dia anterior, para tomar uma decisão de trocar ferramenta ou máquinas. Se essa informação chega para ele somente depois de amanhã, ela pode não ser mais relevante. Verificável Informação que apresenta essa característica é aquela que pode ser verificada para certificar-se de sua autenticidade, ouseja, é possível efetuar referência cruzada com várias fontes da mesma informação. Exemplo: uma informação que apresenta dados estatísticos em período eleitoral pode ser cruzada com informações oriundas de diversas outras fontes da mesma informação (empresas de pesquisas). 28 Abrangente Uma informação abrangente deve contemplar todo o contexto onde foi gerada, e onde ela pretende influenciar. Exemplo: uma informação sobre a evolução da tecnologia do Big Data, deve conter informações sobre o contexto da área de Banco de Dados, e das TI relacionadas, tais como: IA, Segurança da Informação, Modelagem de Dados, etc., pois abrangerá todo o contexto onde pretende influenciar. Relevante Uma das principais características da informação relevante é justamente ser relevante, ou seja, é importante e essencial para aqueles que tomam decisões. Exemplo: a informação sobre o aumento dos preços da celulose é relevante para o produtor de papel, e sem relevância para um fabricante de componentes de chips para celulares. Fonte: autoral É importante ressaltar que uma informação pode apresentar uma ou mais dessas características, porém não todas. Identificar as características de uma informação relevante é tarefa daqueles que buscam a melhor informação para auxiliá- lo em seus objetivos de criação de conhecimento, ou mesmo para a tomada de decisão. Portanto, antes de buscar informações devemos ter bastante claros os objetivos que nos levaram a essa busca, ou seja, o que pretendemos fazer com essas informações, pois isso nos leva a buscar informações relevantes. PENSE Para você ter certeza de que você assimilou as principais características de uma informação relevante, leia o artigo (informação) contido neste quadro, e classifique essa informação, que você está recebendo, como sendo relevante conforme três características entre as apresentadas acima. Inteligência artificial vai mudar 100% dos empregos na próxima década, diz CEO da IBM Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos. 17/04/2019 - 08H01 - ATUALIZADA ÀS 12H10 - POR PATRÍCIA BASILIO (*) A CEO e presidente da IBM, GinniRometty, tem uma importante mensagem para profissionais de todo o mundo: a transformação digital deve ser um dos maiores desafios da atual geração. Segundo estimativa da executiva, 100% dos empregos sofrerão mudanças por causa da inteligência artificial (IA) já na próxima década. E Ginni não está exagerando. O Fórum Econômico Mundial estima que a quarta revolução industrial deve movimentar US$ 100 trilhões nos próximos 10 anos em todos os setores, indústrias e regiões do mundo. "Enfrentamos uma transformação iminente e profunda da força de trabalho nos próximos cinco a dez anos, à medida que o analytics e a inteligência artificial mudam os cargos de empresas de todos os setores", disse Rometty à CNBC. O alerta de Ginni se dá em um momento em que as habilidades em inteligência artificial e os estudos sobre futuro do trabalho são demandados com urgência. O setor de tecnologia responde por 10% do PIB dos EUA e é o que cresce mais rápido no país. No entanto, não há profissionais qualificados para preencher os 500 mil empregos disponíveis na área, segundo pesquisa da Future ofWork da Consumer Technology Association. Brasil na retaguarda 29 Apesar de não viver a mesma realidade dos EUA, o Brasil está em situação semelhante, afirma Dora Kaufman, pesquisadora de inteligência artificial da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Estudo divulgado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações aponta que uma estratégia digital bem-sucedida pode acrescentar 5,7% a mais no PIB brasileiro — o equivalente a US$ 115 bilhões. "Mais do que emprego, a inteligência artificial vai mudar a sociedade e as relações humanas. Funções mecânicas e repetitivas serão eliminadas e novas funções surgirão. O problema é que não serão criadas vagas suficientes para substituir as que desaparecerão". O futurista Fabio Pereira é mais otimista. Autor do livro "Consciência Digital", pela editora Caroli, ele acredita que milhões de empregos serão gerados a partir da união homem-máquina. "Pesquisas já mostram que a inteligência humana aumentada pela IA traz resultados mais eficazes do que cada uma delas separadamente", afirma. Esses empregos, contudo, só serão ocupados se os profissionais forem colaborativos, criativos, comunicativos e críticos. Dora concorda e vai além. Ela destaca a necessidade de qualificação da mão de obra para as novas funções que estão sendo criadas. Segundo ela, o mercado de trabalho não está evoluindo conforme a demanda e, por isso, muitos profissionais estão desempregados. "Não adianta a empresa pegar um caixa de supermercado e colocar para supervisionar um robô. É necessário preparação", diz. A professora da PUC-SP acrescenta que o próprio ensino básico do país não está preparado para a transformação digital, uma vez que ainda tem raízes na indústria. "Algumas empresas estão se preparando e qualificando os próprios profissionais, mas a necessidade é muito maior que essa. A demanda é global." (*) Patrícia Basilio – Jornalista de Negócios e Inovação da Editora Globo Fonte: https://epocanegocios.globo.com/Tecnologia/noticia/2019/04/inteligencia-artificial-vai- mudar-100-dos-empregos-na-proxima-decada-diz-ceo-da-ibm.html As seguintes características são observadas nessa informação: Flexível: pois pode ser usada por empresas, profissionais das mais diversas áreas e, também, por instituições de ensino, interessadas em investir em inovações e, principalmente, em novas formações profissionais. Confiável: Além da fonte citada no final do texto, a informação apresenta dados oriundos de outras fontes também confiáveis. Essas fontes de informação podem gerar dependência pelo usuário. Relevante: É uma informação importante para tomadores de decisões. Simples: A informação é apresentada de forma simples e fácil entendimento (baixa complexidade). Verificável: A fonte do artigo é citada e confiável (Revista Época® da editora Globo®). Abrangente: Deve contemplar todo o universo onde foi gerada e onde pretende influenciar. (relacionada com o universo da IA) Se você selecionou pelo menos três dentre essas características, então parabéns! Você entendeu o que é uma informação relevante. Até este ponto procurei trazer alguns conceitos importantes sobre dado e, principalmente, sobre informação. Todavia esse é um tema muito complexo, tanto que existe uma ciência cujo objeto é a informação, ou seja, a Ciência da Informação, que traz outras definições e estuda profundamente a informação. Entretanto, as abordagens sobre informação tratadas até o momento já permitem que você possa entender os conceitos sobre o conhecimento que serão abordados a seguir. Vamos em frente e bons estudos! 30 O que é Conhecimento? Alguns conceitos sobre conhecimento: “Ato ou efeito de Conhecer [...] Ideia, noção, informação, notícia. Consciência da própria existência" (Michaelis). Enquanto a informação resulta de um processo que seleção e agrupamento sistemático de dados, para atingir determinado objetivo, podemos genericamente afirmar que o conhecimento resulta do estabelecimento de relações críticas entre informações recebidas e armazenadas anteriormente, e as informações atuais, por meio de processos valorativamente e logicamente elaborados. (BIANCHI. 2008, p.50) Conhecimento é um fluxo de acontecimentos, isto é, uma sucessão de eventos que se realizam fora do estoque (do saber), na mente de algum ser pensante e em um determinado espaço social. É um caminho subjetivo e diferenciado para cada indivíduo. (BARRETO, 2002). “Conhecimento é a consciência e entendimento de um conjunto de informações e formas de torná-las úteis para apoiar uma tarefa específica ou tomar uma decisão.”
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