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Maria Fernanda Brandão – UC3 1 Funções motoras do trato gastrointestinal Funções gerais do trato gastrointestinal Movimentação do alimento Musculatura lisa: é excitado por atividade elé- trica intrínseca contínua e lenta nas membranas das fibras musculares (ondas lentas poten- ciais em espícula/picos). Na presença do ali- mento, há um estímulo a mais, gerando movi- mento Sincício: contato entre as células permitindo ati- vação simultânea delas e no mesmo grau Secreções para digestão dos alimentos Absorção de água, eletrólitos e produtos da diges- tão Fluxo sanguíneo gastrointestinal Controle de todas as funções (sistemas nervoso e endócrino) Parede gastrointestinal Serosa Músculo longitudinal Músculo circular (envolve os tubos no sentido de- les): nela encontra-se o plexo nervoso de Meiss- ner (mais próximo da submucosa) e Mienté- rico/Auerbach (próximo da camada muscular lon- gitudinal) Submucosa Mucosa (com camada muscular da mucosa) Luz virtual: na ausência de alimento ou secreção, não há luz Sistema nervoso Ondas lentas Despolarizações das membranas que não alcan- çam o limiar de ação Células intersticiais de Cajal (ficam próximas ao plexo mioentérico): marca-passos (determinam o ritmo das contrações na presença de alimento, pois nos picos das ondas é mais fácil de alcançar o potencial de ação) elétricos das células do mús- culo liso pois possuem canais iônicos (sódio-cál- cio) que se abrem periodicamente Vão de -40 a -70 mV Potencial em ponta Estímulos Distensão (stretch) a luz virtual abre na pre- sença de alimento distendendo o músculo Acetilcolina liberada pelo sistema nervoso paras- simpático Hormônios gastrointestinais específicos Inibição: ação da norepinefrina e epinefrina Voltagem mais positiva que cerca de -40 mV Na contração: Nos picos das ondas lentas, há potencial de ação Cálcio entra nas fibras musculares em grande quantidade Há contração (não por causa das ondas lentas, e sim por causa dos picos) Contração tônica: contínua, dminuindo e aumen- tando de intensidade. Causada por potenciais de ação em picos repetidos (contínuos) e, portanto, constante entrada de cálcio Sistema nervoso entérico Sistema nervoso próprio do sistema gastrointesti- nal Localizado inteiramente na parede do trato, co- meçando no esôfago e se estendendo até o ânus Tem cerca de 100 milhões de neurônios, essenci- ais para as funções motoras e secretórias 2 Pode atuar independentemente dos nervos ex- trínsecos simpáticos e parassimpáticos, mas com ajuda deles, atua com mais intensidade Plexos Plexo mioentérico/Auerbach Externo, encontra-se entre as camadas musculares longitudinal e circular Controla os movimentos gastrointestinais Cadeia linear de neurônios interconectados ao longo de todo o TGI Estimulação Aumento da contração tônica (firme) Aumento da intensidade das contra- ções rítmicas Aumento do ritmo de contração Aumento na velocidade de condução das ondas excitatórias ao longo da parede do intestino Inibição: neurônios inibitórios (VIP). Inibição de músculos de esfíncteres (pilórico, valva ileocecal) Plexo submucoso/Meissner Interno, encontra-se na submucosa Controla as secreções e o fluxo sanguíneo Relação com o sistema nervoso autônomo: Sistema nervoso autônomo Via aferente Inervação parassimpática Neurônios pós-ganglionares (plexo mioenté- rico e submucoso) Estimulação: liberação de acetilcolina, au- mentando a motilidade do TGI e relaxa esfínc- teres Inervação simpática Liberação de noradrenalina e adrenalina Inibição da motilidade da musculatura lisa do TGI e contração dos esfíncteres Inibição dos neurônios de todo o sistema TGI 3 Via eferente Neurônios aferentes do intestino para o SNC (sensoriais), via nervos do SNA (geralmente nervo vago e nervo glossofaríngeo) Fibras nervosas sensoriais: reflexos gastrointes- tinais Irritação da mucosa intestina Distensão excessiva Hormônios Acetilcolina Excitatório liberado por fibras nervosas paras- simpáticas Contração do músculo liso da parede (abertura dos canais para desencadear despolarização) Relaxamento de esfíncteres Norepinefrina Inibitório liberado por fibras nervosas simpáticas (hiperpolarização por fechamento dos canais) Relaxamento do músculo liso das paredes Contração dos esfíncteres Gastrina Peptídeo gastrointestinal Produzidas pelas células G no antro do estômago Estimula secreção de HCl Estimulada pela distensão muscular e pela pre- sença de proteínas Secretina Peptídeo gastrointestinal Produzida pelas células S da mucosa do intestino delgado Estimula secreção de bicarbonato Estimulada pela acidez Colecistocinina (CCK) Peptídeo gastrointestinal Produzidas pelas células I da mucosa do intestino delgado Estimula secreção de bicarbonato no pâncreas e a contração da vesícula biliar Inibe o esvaziamento gástrico (menos contração muscular do estômago pois intestino precisa de tempo para digerir o que já recebeu) Peptídeo inibidor gástrico Peptídeo gastrointestinal Produzido por células K da mucosa do intestino delgado superior Diminui a atividade motora do estômago Estimula a secreção de insulina Inibe a secreção de HCl Estimulado por presença de ácidos graxos, ami- noácidos e carboidratos Motilina Peptídeo gastrointestinal Produzido por células M do duodeno superior em jejum Aumenta a motilidade gastrointestinal de maneira cíclica (a cada noventa minutos) serve para limpar o trato. É o que se entende no senso co- mum como barriga roncando Histamina Parácrino Produzida por células enterocromafins (ECL) Estimula secreção de H+ Tipos funcionais de movimentos Peristaltismo Inerente da muscula lisa intestinal Estímulo Distensão do TGI Irritação química ou física Sinais parassimpáticos Contração da parede 2 a 3 cm “atrás” deste ponto anel contrátil Movimento direcional das ondas para o ânus Plexo mioentérico é fundamental 4 Mistura Contrações constritivas intermitentes locais Muitas vezes o movimento de peristaltismo pro- move mistura junto com o fechamento dos esfínc- teres Motilidade Contração e relaxamento das paredes e esfíncte- res do TGI Tritura, mistura e fragmenta o alimento para faci- litar digestão e absorção Músculo liso (exceções: faringe, terço superior esôfago e esfíncter anal externo) circulares e lon- gitudinais Contrações fásicas Contração e relaxamento Esôfago, antro gástrico e intestino delgado Contrações tônicas Cotração contínua Região esôfago terminal, superior estômago e esfíncteres ileocecal e anal externo Ingestão de alimentos Captura de alimentos e mastigação Mastigação: Facilitar a deglutição e início da digestão mecâ- nica Mistura do alimento com a saliva Reduz o tamanho das partículas alimentares Amilase salivar: início da digestão dos carboidra- tos Componente voluntário e involuntário (reflexo iniciado pelo alimento na boca mecanorrecep- tores tronco encefálico) Deglutição: Estágio voluntário e estágio involuntário Pressão do alimento contra o palato mole Faringe: receptores somatossensoriais detec- tam a presença de alimento na boca e a laringe sobe. A epiglote passa a obstruir a traqueia para que o alimento não entre Centro da deglutição bulbar (nervo vago e glossofaríngeo) no tronco encefálico → re- flexo de deglutição Fases Oral Faríngea Esofágica: fechamento do esfíncter esofágico superior, ondas peristálticas Esôfago Transferência do alimento da faringe para o esô- fago Sobreposição da fase esofágica da deglutiçãoe motilidade esofágica Onda peristáltica e bolo alimentar se aproximam do esfíncter esofágico inferior Abertura do esfíncter esofágico inferior (nervo vago libera VIP) Relaxamento da região proximal do estômago (relaxamento receptivo) Fechamento do esfíncter esofágico inferior Estômago Relaxamento da região proximal do estômago para receber o bolo alimentar Relaxamento receptivo Reduz a pressão intra-gástrica e aumento o vo- lume do estômago proximal (1,5 L) Reflexo vagal Mecanorreceptores detectam distensão do estô- mago Transmitido ao SNC por neurônios sensoriais SNC envia informações eferentes para a pa- rede muscular lisa do estômago, provocando relaxamento (ação do VIP) 5 Contrações que reduzem o tamanho do bolo ali- mentar e fazem mistura com as secreções gástri- cas Frequência das contrações controlada pelas on- das lentas, porém moduladas por estímulo neu- roendócrino Parassimpático, gastrina e motilina: aumentam a frequência dos potenciais em espícula e força de contração Simpático, secretina e PIG: diminuem a frequên- cia dos potenciais em espícula e força de contra- ção Jejum: contrações gástricas periódicas Motilina (duodeno) Complexos mioentéricos migratórios Esvaziamento gástrico Esvaziamento do conteúdo gástrico para o duo- deno Velocidade de esvaziamento é precisamente re- gulada (tempo para neutralização do H+ no duo- deno e para digestão e absorção de nutrientes) Retropulsão (estômago contrai e joga alimento para o antro pilórico, piloro fechado joga o ali- mento de volta) até as partículas alcançarem 1mm2 Presença de lipídios estimula secreção de cole- cistocinina pelo duodeno, retardando o esvazia- mento gástrico Íons H+: receptores na mucosa duodenal detec- tam pH baixo e transmitem a informação para o músculo liso gástrico (interneurônios do plexo mioentérico), retardando o esvaziamento gás- trico Intestino delgado Intestino delgado: digestão e absorção de nutrien- tes Misturar o quimo com as enzimas digestivas e se- creções pancreáticas, expondo os nutrientes à mucosa intestinal Impelir o quimo não absorvido para o intestino grosso Período digestivo Estimulação parassimpática e inibição simpática Contrações segmentares (misturar o quimo) e peristálticas (impelir o quimo) Período interdigestivo Complexo mioentérico migratório Intestino grosso Intestino grosso: absorção de água e eletrólitos; armazenamento das fezes Movimentos de mistura, propulsão e retropulsão Conteúdo do intestino delgado entra no ceco e có- lon proximal → contração do esfíncter íliocecal Esfíncter íleocecal: Bloqueia o quimo por horas até a próxima refei- ção (reflexo gastroileal) Impede o fluxo retrógado do conteúdo fecal do cólon para o intestino delgado Defecação Fezes provocam a distensão da parede retal; si- nais aferentes passam pelo plexo mioentérico, ini- ciando as contrações no cólon descendente 6 Esfíncter anal interno relaxa por sinais inibidores do plexo mioentérico Esfíncter anal externo (músculo estriado esquelé- tico) também deve ser relaxado Fibras nervosas parassimpáticas provocam con- trações da musculatura lisa do reto, podendo ou não receber ajuda dos músculos abdominais Reflexo gastrocólico: distensão do estômago (quando há grande refeição, por exemplo)) au- menta a motilidade no cólon Reflexo íleocólico: distensão do ceco aumenta motilidade no cólon Reflexo ortocólico: quando acordamos e ficamos de pé Distúrbios de motilidade do TGI Esôfago Acalasia: peristaltismo esofágico defeituoso e falta de relaxamento do esfíncter esofágico infe- rior durante a deglutição. Acúmulo de alimento no esôfago Refluxo gastroesofagiano: incompetência do es- fíncter esofágico inferior, permitindo o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago Estômago Gastroparesia: retardo no esvaziamento gástrico e ausência de obstrução mecânica Intestino Íleo paralítico: parada temporária do peristal- tismo intestinal (ocorre frequentemente após ci- rurgia abdominal) Cólon Doença de Hitschprung (megacólon congênito): ausência congênita do plexo autônomo de Meis- sner e Mioentérico (agangliose) na parede intes- tinal Doença de Chagas (megacólon adquirido)
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