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DIREITO CIVIL – CONTRATOS DATA: 17/08/21 AULA 1: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS •CONCEITO: “acordo de vontades para o fim de adquir, resguarda, modificar ou extinguir direitos”. “declaração de vontade destinada a produzir efeitos jurídicos”. —> Natureza Jurídica: É uma classificação dos institutos dentro do direito. —> Fato Jurídico: É um ato que constitui juridicamente. —> Negócio Jurídico: Tem como produzir um efeito jurídico. —> Negócio Jurídico Bilateral (dois pontos): É preciso de dois pontos para produzir efeitos jurídicos. PRINCIPIOLOGIA: •PRINCÍPIOS CLÁSSICOS > Autonomia da Vontade e Autonomia Privada —> Ninguém é obrigado a contratar (Autonomia da Vontade); Eu posso escolher em quem contratar (Autonomia Privada). > Obrigatoriedade (Pacto Sunt Servanda) —> Uma vez contrato, é obrigado a cumprir. > Consensualismo —> O consenso é verbalmente e em papel (contrato). Basta o consenso da vontade. > Relatividade dos Efeitos dos Contratos —> Os efeitos são relativos as partes contratadas. Essencial: Posso contratar banco X para o benefício de seguro em nome de outra pessoa. • “Novos” Princípios > Boa-fé objetiva —> Não sou obrigado a cumprir um contrato abusivo, pois não é de boa-fé. > Função social do contrato —> Função social do contrato, é um princípio que determina que os contratos devem ser criados e executados cumprindo uma função social, seja esta função individual, entre as partes contratantes e os seus interesses próprios, ou uma função pública, a todas as demais pessoas, a sociedade, o interesse dela sobre o contrato. > Equilíbrio contratual •TRÍPLICE FUNÇÃO DA BOA-FÉ (i) função de interpretação da vontade contratual (art. 113 CC/02) (ii) função integrada quando aos deveres jurídicos das partes no âmbito da relação jurídica (art. 422 CC/02) —> Pela boa-fé, tenho que entregar o objeto mesmo não tendo nada escrito. (iii) função limitadora do exercício de direito (art. 187 CC/02) —> Você pode cobrar seu devedor, mas não abusar desse direito. •DESDOBRAMENTO DA BOA-FÉ OBJETIVA – CONCEITOS OU FIGURAS PARALARES a) Venire contra factum: Vedação de comportamento contraditório. —> Ex.: Você sabe que não pode dirigir o carro, pois o mesmo está sem documentos, mas mesmo assim, você dirigi. b) Supressio: Perda de um direito por não exercê-lo por razoável lapson temporal. c) Surrection: Surgimento de um direito em razão do comportamento de uma das partes (práticas, usos e costumes). d) Tu quoque: Comportamento que surpreende uma parte, colocando em desvantagem. e) Exception doli: Veda prática de condutas tendentes a prejudicar interesses de outrem. —> Não age com boa-fé, mas sim, de prejudicar a parte contrária. f) Duty to mitigate the loss: Dever de mitigar dano. —> Ex.: Seu devedor não pode ir até sua casa para te pagar, você não pode cobrar juros abusivo, você deve dar um jeito, como por exemplo, receber por pix... --------------------------------------------------------------------------------------------------- DATA: 24/08/21 FORMAÇÃO DOS CONTRATOS • Fase preliminar (Puntuação): Fase sem vinculação das partes. Ex.: negócios, realização da minuta, verificação do objeto. —> Ainda não existe contrato, sem contrato não há obrigações. —> Não existe responsabilidade contratual nesta fase. —> Existi responsabilidade se agir de má-fé. • Fase de proposta (oblação ou policitação): Oferta de contratar. Vincula o proponente. (policitante). Art. 427 e 428 CC/02. —> Pode exigir a obrigação (responsabilidade). —> Você já está vinculado na fase de proposta. > Proposta entre presentes: Uma proposta “ao vivo”. > Proposta entre ausentes: Uma proposta enviada pelo correio. • Fase de aceitação: Aquiescência do oblação (policitado) a proposta realizada e consequente FORMAÇÃO (CONCLUSÃO) do contrato. —> Acordo fechado. > Teoria da expedição: Art. 434, caput, CC/02. —> Expedição: dizer “quero a proposta”, aceitação. > Teoria da recepção: Art. 434, I, II, III, CC/02. —> Momento em que a resposta é entregue ao indivíduo. • Local da formação do contrato: Art. 435 CC/02. —> Lugar em que foi proposto. CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS • QUANDO AO MOMENTO DA FORMAÇÃO a) Consensuais: Formado pelo consenso. —> Ex.: compra e venda, locação. b) Reais: Formado pela entrega da coisa (consenso + entrega) —> Ex.: mútuo, comodato (empréstimo), depósito. —> A entrega é aceitação do contrato. • QUANTO AO SACRIFÍCIO PATRIMONIAL a) Onerosos: Ambas as partes têm sacrifício patrimonial. b) Gratuitos: Gera sacrifício para apenas umas das partes. —> Ex.: doação. • QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES a) Unilateral: Apenas umas das partes tem obrigação. b) Bilateral: Ambas as partes têm obrigações. • QUANTO AO RISCO a) Comutativos: As partes não assumem risco quanto ao objeto. b) Aleatórios: Existe assunção por alguma das partes sobre o risco. Art. 458 CC/02. —> Ex.: contrato com seguradora. • QUANTO A PARIDADE DAS PARTES a) Paritários: As partes encontram-se em igualdade de condições. b) Adesão: Art. 423 e 424 CC/02. —> Contrato já está pronto, aceita ou não aceita. • QUANTO AO MOMENTO DA EXECUÇÃO a) Instantâneos —> Execução é feita na hora. b) Diferidos —> Execução em outro momento, um ato pra frente. c) Continuados ou de trato sucessivo —> Locação, você paga mensamente, anualmente... • QUANTO A FORMA a) Formais —> A lei exigi de forma específica (escritura em papel). —> Ex.: compra de imóvel, a lei exigi a escritura pública. b) Informais —> A lei não exigi de forma específica, a compra e venda é informal, não há contrato quando se compra pão na padaria. • QUANTO A SOLENIDADE a) Solenes —> A lei exigi escritura pública. b) Não solenes —> Escritura privada. • QUANTO AO MODO a) Principais —> Autônomo - existe de forma independente. b) Acessórios —> Precisa de uma principal para existir. ESTIPULAÇÕES CONTRATUAIS EM RELAÇÃO A TERCEIRO • Estipulação em favor de terceiro (art. 436 a 438 CC/02). —> Em um contrato entre duas pessoas é colocado um terceiro para o benefício. —> Ex.: plano de saúde, seguro de vida. • Promessa de fato de terceiro (art. 439 e 440 CC/02). —> Contrato que tem por objeto a convencimento de terceiro para cumprir. —> Ex.: organizador de uma festa que se compromete a levar tal artista. • Contrato com pessoa a declarar (art. 467 a 471 CC/02). —> Contrato aonde umas das partes avisa que outra pessoa irá assumir o seu lugar. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DATA: 31/08/21 VÍCIOS REDIBITÓRIOS (GARANTIA DOS CONTRATOS) CDC: Relação de consumo = Consumidor / Fornecedor CC/02: Relação civil = Parte contratante / Parte contratada • Art. 441 CC/02 —> São defeitos da coisa. • Características —> Esse problema tem que ser: > Oculto: Aquele que não se ver. > Anterior à entrega: Um problema anterior a compra da coisa. —> Ex.: Comprei um carro que já existia um problema, mas veio aparecer após minha compra. > Posterior: Problema que veio após comprar o carro, podendo estar dentro ou fora da garantia. • Possibilidade: Art. 442 CC/02. > Redibição do contrato (resolução “finalização do contrato”). > Retorno ao status quo ante. > Manutenção do contrato. > Abatimento do preço. • No caso de conhecimento do vício pelo alienante (vendedor)? —> Art. 443, primeira parte, CC/02 - Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, arcará com a restituição + perdas e danos. • No caso de NÃO conhecimento do vício pelo alienante (vendedor)? —> Art. 443, in fine (parte final do artigo), CC/02 - Arcará com a restituição + custos contratuais apenas. • Responsabilidade posterior a entrega da coisa. —> Art. 444 CC/02 > Tradição: entrega da coisa / perecer: destruir. PRAZOS DECADENCIAIS • Redibição ou abatimento do valor > Art. 445, caput (cabeça), CC/02> Bens móveis = 30 dias > Bens imóveis = 1 ano > Contados da efetiva entrega —> Ex.: Entreguei o carro hoje, então neste começará a ser contado. OBS: Se o adquirente já estava na posse esses prazos contarão da venda, reduzido à metade. —> Ex.: Você está morando na locação a 1 ano e resolve compra o imóvel, os prazos serão reduzidos a 6 meses e 15 dias. • No caso de vícios de difícil constatação? —> Ex.: Você compra um cavalo bem de saúde, mas depois de 1 ano descobri uma doença no cavalo, isto é problema posterior. > Art. 445, § 1º CC/02 —> Não é prazo de garantia, e sim, do descobrimento do vício (problema). > Mesmo prazo para bens móveis ou imóveis > Contados da ciência (descobrimento) do vício em no máximo 180 dias se for móvel ou 1 ano se imóvel > Se houve cláusa de garantia no contrato (garantia específica) não corre os prazos da garantia legal do art. 445 CC/02, porém o alienante tem que denunciar (notificar) o vendedor dentro de 30 dias sob pela de decadência *Prazo é para segurança jurídica. EVICÇÃO (também é uma garantia) > CONCEITO: Perda, total ou parcial, de um bem para um terceiro (evictor), em virtude de decisão judicial ou ato administrativo (apreensão), por causa preexistente ao contrato > Art. 447 CC/02 • Art. 448 e 449 CC/02 - A responsabilidade pela evicção é questão dispositiva e pode ser majorada, diminuída ou até mesmo excluída pelas partes, devendo o alienante (possível evicto) ser devidamente informado sobre o risco e assumi-lo. • Responsabilidade pela evicção (direito do evicto) - Art. 450 CC/02 > Devolução do valor (valor da coisa no momento da evicção - Art. § único CC/02 > Indenização pelos frutos que tiver sido obrigado a restituir > Indenização pelas despesas do contrato > Custas judiciais e honorários de advogados > Benfeitorias úteis e necessários não abonadas (reparação da coisa) Evicção total = Direito a rescisão contratual e devolução do preço e demais direitos Evicção parcial: > Considerável = Rescisão ou restituição do preço da parte desfalcada > Não considerável = Apenas restituição do preço da parte desfalcada --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DATA: 14/09/21 *CONTINUAÇÃO DA AULA PASSADA. •Contratos aleatórios —> Aleatório é o contrato em que uma prestação deixar de existir em virtude de um acontecimento incerto e futuro. > Risco inerente —> O risco é inerente aos contratos aleatórios, que são aqueles que dizem respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não existir um dos contratantes assuma. > Aleatórios por natureza —> É o caso, no mesmo contrato de seguro, em que a contraprestação do segurador só é devida se ocorrer um evento futuro (no seguro contra incêndio, a indenização só será devida se a coisa se incendiar). > Aleatórios acidentalmente – Venda de coisa existente, mas exposta à risco ou venda de coisas futuras (art. 460, CC/02) —> Trata-se de contrato aleatório tendo por objetivo coisas existentes, mas exposta à risco. O adquirente assume o risco de não receber a coisa adquirida, ou recebê-la parcialmente, ou ainda danificada, deteriorada, ou casos de coisas futuras, quando o adquirente assume o risco de virem a existente em qualquer quantidade. —> Há necessidade preeminente de se examinar o caso concreto, se o adquirente se comprometeu a pagar em qualquer situação, independente se o resultado da coisa venha a existir ou não, ou se ele se comprometeu a pagar “desde que” haja a existência do resultado e em qualquer quantidade. A este respeito refere-se o parágrafo único do art. 459, CC/02: Parágrafo único - Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá (devolver) o preço recebido. •Contratos preliminares (Art. 462 a 466, CC/02) —> É aquele por via do qual ambas as partes ou uma delas se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato que será o principal. Os contratos preliminares têm, portanto, a função de tornar obrigatória no futuro a contratação. —> Ex.: Promessa de compra e venda —> Esse pré-contrato é feito por uma impossibilidade no momento ou quando não querem. > Pactum de contrahendo / Pré-contrato > O seu objetivo é a celebração futura de um contrato definitivo. •Extinção dos contratos > Extinção natural do contrato: Adimplemento —> Consiste no pagamento de determinada obrigação. > Causas anteriores ou contemporâneas a formação do contrato —> A anulação ocorre quando causas anteriores a formação do contrato atuam de modo a extinguir a relação contratual, determinando sua anulação. > Nulidade (nulu) - Art. 166 CC/02 > Anulabidade (anulável) - Art. 171 CC/02 •Causas supervenientes a formação dos contratos > Resiliação 😊- Art. 472 e 473 CC/02 —> É extinção dos contratos pela vontade de uma ou ambas as partes. Para que ocorra é necessário acordo das partes este sentido, partindo a vontade de um ou ambas os contratantes. > Não é problema e nem adimplemento e inadimplemento. > Unilateral —> Uma parte tem direito a extinção do contrato há qualquer momento. —> Ex.: Revogação e renúncia de mandato (contrato de representação) > Bilateral —> Só acontece com ambas as partes —> Distrato (compra e venda) > Convencional: Cláusula de arrependimento; cláusula contratual que permite a desistência do negócio. Pode haver ou não indenização. Geralmente se utiliza as arras/sinais (dinheiro), (art. 420 CC/02) como limite de indenização pela desistência. > Resolução 🙁 - Art. 474 e 475 CC/02 - Inadimplemento —> É o não cumprimento das obrigações > Cláusula resolutiva expressa ou tácita —> Cláusula resolutiva expressa é o que, está escrito no contrato, estar escrito o que acontecerá com o descumprimento do contrato (inadimplemento). —> Não depende de uma ação (processo). —> Pode haver ação para efetivar. > Tácita —> Precisa entra com ação (processo). —> No contrato não diz o que acontecerá com o descumprimento do contrato. —> Depende do juiz. —> Entende o legislador que, não cumpridas as obrigações contratuais, nasce para a outra parte (lesada) o direito de se ver resolvido o contrato. --------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DATA: 21/09/21 •Resolução por onerosidade excessiva – Art. 478 a 480 CC/02 —> Não se trata de inadimplemento —> É um direito que nasce de o devedor pedir a extinção do contrato > Art. 478 CC/02 - Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato (...) > Art. 479 CC/02 - A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as condições do contrato. —> Apenas o credor pode revisar o contrato > Art. 317 CC/02 —> Uma parte pode pedir ao juiz a revisão do contrato > Teoria da imprevisão - Rebus sic stantibus – Eventos Imprevisíveis —> É algo que não prever —> A imprevisão desequilibra as prestações —> Ex.: Pandemia; Falta de dinheiro para pagar o aluguel > Teoria da base objetiva – Art. 6, V, CDC —> Motivo do contrato —> Não depende de caso imprevisto e extraordinário e pode-se revisar o contrato posterior a ser feito com base do art. 6 do CDC •Morte do contratante – Intuitu personae —> Com a morte do contratante intuitu personae, é impossível o cumprimento da obrigação —> Se não for intuitu personae, os herdeiros podem executá-lo •Exceção (defesa) do contrato não cumprido – Art. 476 CC/02 - Excepition nom adimplenti contractus —> Não pode exigir cumprimento de obrigação da outra parte se você também não cumpriu a sua •Exceção do contrato parcialmente não cumprida – Excepition nom rite adimplenti contractus —> Apenas pagoua metade •Exceção de inseguridade – Art. 477 CC/02 —> Ex.: Você perdeu o emprego e a outra parte fica insegura para cumprir a obrigação dela, pois sabe que você, talvez não pague. Então é exigido que você cumpra primeiro a obrigação antes da outra parte •Cláusula salve et repete —> Impede a exceção —> Tem que cumprir a obrigação, independente da outra parte não ter cumprido —> Cumpra com sua parte e depois reclame