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Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais Matéria para G2 Aula 18 - Realismo ofensivo: Mearsheimer Realismo defensivo x ofensivo Mearsheimer chama o realismo anterior ao dele de “defensivo” e se autonomeia “ofensivo”. Segundo Mearsheimer, o realismo defensivo dizia que a anarquia implicava na necessidade de sobrevivência, a anarquia não colocaria nos estados incentivo para maximizar poder porque a partir do momento que houvesse equilíbrio com o poder do outro, a guerra poderia ser evitada, porque para vencer uma guerra é preciso muito mais poder do que o outro. Haveria esse montante de poder suficiente para trazer a busca da preservação. A luta pela sobrevivência implica na necessidade permanente de maximizar poder, poiso cenário internacional é caracterizado pela incerteza. Como é que vamos saber esse montante equiparado de poder, que geraria uma “paz”? Na dúvida, você precisa se garantir de alguma forma. Nunca dá pra saber quanto de poder é suficiente. Além disso, não tem como saber a intenção do outro na relação entre os dois e nem a intenção dele voltar a desenvolver seu militarismo futuramente (AGORA ele equipara, mas nada me garante que eventualmente ele não volte a ter uma postura ofensiva que o faça passar o “nível”). Apesar dessa diferenciação, ambas são teorias estruturais. Não é a personalidade do tomador de decisão, não é a natureza humana que faz isso acontecer. É simplesmente porque no sistema anárquico eu tenho a necessidade de me auto prover e de garantir a minha sobrevivência. 5 premissas sobre o SI ???????????????????????????????????????? As potencias efetivamente agem de forma racional para Mearsheimer. Resultado: medo, auto-ajuda e maximização de poder (sendo essa última a maior diferenciação da teoria do Mearsheimer) Busca pela hegemonia: a) regional - ele não fala exatamente, mas pressupõe-se que uma hegemonia regional é territorial. Ligado por fronteiras territoriais. O medo maior é que dentro da sua região surja uma potencia insurgente contra esse hegemona regional enquanto ele tenta projetar seu poder globalmente. Afinal, apenas seu vizinho tem real capacidade pratica de ocupar seu território via forças terrestres. Essa ocupação territorial é o grande problema para Mearsheimer. Sendo o único hegemona da região - SEM QUE exista um potencial latente de algum outro Estado dar conta de influenciar a região e NENHUM outro hegemona regional em outra região que influencie a sua região - o hegemona pode então, influenciar outras regiões. b) global – definida como aquela potencia que é única e que não pode ser desafiada por nenhuma das outras. Você DETERMINA os assuntos internos do resto do mundo. Só que pra realmente dominar todas as outras e não poder ser desafiada por todas as outras, precisa de duas premissas: b.1) poder parador das aguas – justamente porque as regiões estão separadas por aguas é que há uma dificuldade gigantesca de projeção de hegemonia para outras regiões. Quando você precisa deslocar seu potencial bélico para outro lado do oceano, você tem um problema. Primeiro porque é difícil e custoso e segundo que traz vulnerabilidade, no trajeto. b.2) superioridade nuclear – você precisaria que essa potencia não fosse de forma alguma ameaçada. Isso transformaria o sistema em hierárquico. Ou seja, NÃO HÁ HEGEMONIA GLOBAL para Mearsheimer. Exemplo: Se é assim, os EUA são hegemonas regionais. Mearsheimer diz que eles tem a melhor posição possível, visto que são hegemonas regionais. Quando você é o único hegemona regional do sistema você pode influenciar os outros sistemas. Mearsheimer acha que a melhor estratégia do offshore balancing => você tem a FACULDADE de influenciar, mas não é por isso que o mais esperto é você influenciar o tempo todo (por custos, por exemplo). O offshore balancing seria a não interferência em balanças regionais que não a sua a toa, mas ficar prestando atenção no que está acontecendo nas balanças regionais de outras situações. Você só interfere se houver ameaça latente do surgimento de uma nova potencia hegemônica estatal. Qual é o grande problema disso? De você só intervir quando o pessoal não estiver dado conta do recado? O problema é que pode ser tarde demais. Poder – o que confere “poder” são as forças terrestres dele. Esses dois pontos são necessários para a hegemonia regional. a) potencial – população, riqueza... (ver no texto) tem que haver tradução deles em poder concreto. b) concreto – as forças militares, sendo as principais as forças terrestres. fatores que determinam o medo na relação entre potencias > as potencias tem mais medo dos seus vizinhos, porque eles são os que podem causar maior dano. hierarquia de objetivos > os outros interesses são subsidiários da segurança, da sobrevivencia. Estratégias de sobrevivência (a maximização de poder é o melhor meio para garantir sua sobrevivência por motivos supramencionados) para adquirir poder: Guerra (dialogo com os autores que falam que a guerra não traz benefícios, lucros. Mearsheimer acha que você diminuiu sim a possibilidade de guerra entre potencias mas isso não quer dizer que guerras não venham a trazer lucro pra você. Pode trazer lucro econômico – emprego das outras pessoas no seu território – e mais lucro territorial), chantagem (não acha que seja o suficiente para poder ter impacto estrutural), “bait and bleed” (incitamento oportunista. Fazer com que dois países entre em guerra. Incitar a guerra), sangria (tentar incitar o conflito para que ele perdure). Para conter agressores: balanceamento (melhor comportamento, ainda que também haja o pensamento de deixar para o outro resolver aqui também), buck-passing (revezamento de bastão. Ao invés de você confrontar o rival, você passa o „mico‟ adiante. Passar seu problema para o OUTRO resolver, que também tenha o mesmo antagonismo. O problema disso é o “deixa que eu deixo” e ninguém contem, ninguém contem o agressor) Estratégias a serem evitadas: bandwagoning (maria vai com as outras. O pequeno vai com o forte. O imperativo do sistema é a união ao mais forte, tendo em vista uma PROTEÇÃO dos antagonistas. Acontece que essa benevolência do hegemona pode ser passageira. É uma estratégia razoavelmente esperta para o fraco, mas para o forte não. No entanto, é „ruim‟ pro fraco porque ele não se protege do hegemona e então nunca vai virar potencia) e appeasement (você concede uma coisa ao outro para ele ser benevolente com você, não chega a ser uma aliança como o bandwagoning). Distribuições de poder possíveis: Bipolaridade Multipolaridade equilibrada – nenhum candidato a hegemona Multipolaridade desequilibrada – candidatos a hegemona Hegemonia Rio, 12 de Maio de 2011 Aula 19 – Discussões sobre unipolaridade Diferentes quanto as perspectivas de duração e quais seriam as medidas para aumentar/manter poderio americano. Falam só sobre os EUA, em especial. 1) Layne e “Ilusão Unipolar” definição de unipolaridade? O que me diz se eu tenho um mundo bipolar, unipolar...? Como calcular poder para diferenciar polo de força regional? Qual é o critério que me permite fazer isso? Unipolaridade então é a impossibilidade de que uma aliança de contra balanceamento consiga vencer os EUA. a unipolaridade não passa de um momento. A tendência do sistema é a tentativa do equilíbrio. Qualquer tentativa de poder geraria uma tentativa de balanceamento. Enquanto a unipolaridade dura, o contra balanceamento fail, mas eventualmente isso vai acontecer. o que constitui um polo? Pra ser polo precisa cumprir todos aqueles pré requisitos do Waltz (território, população, blábláblá) e ter a capacidade de projeção de poder. que fatores determinarão a mudança na polaridade do sistema? decadência de potencia unipolar - super-extensão imperial Enquanto ela está no auge, ela vai cada vez mais gastando sua defesa e entrandoem guerras para permitir sua supremacia. Gastando dinheiro e se perdendo aos poucos. O dinheiro vai todo para guerrear. - paradoxo da hegemonia (emulação) A ascensão é dada porque o hegemona inventa alguma coisa nova que inova e o faz crescer mais do que os outros. Para que ele vire hegemona ele precisa ter posse completa do estado da arte tecnológico e precisa inventar alguma coisa, precisa crescer mais do que os outros. Só que acontece que com o tempo, os Estados copiam essa nova invenção bem sucedida, esse é o paradoxo da hegemonia. Pode ser qualquer tipo de tecnologia (do Estado, econômico, etc).O hegemona vira um modelo que se expande. Se a vantagem do hegemona era porque ele era o único que tinha aquela inovação, quando ela se espalha pelo sistema, ele deixa de ter essa novidade, essa vantagem, que tinha antes. emergência de novas potências - taxa de crescimento diferenciado Precisa ter uma inovação que nenhum outro país tem que vai determinar que esse país cresce mais do que os outros. - balanceamento A toda concentração de poder sempre vai ter cedo ou tarde um movimento de balanceamento, porque os outros Estados querem impedir esse poderio único de hegemonia. Observação: conceito de soft balacing -> quando você usa outras estratégias que não a militar para vencer o hegemona. Ex: guerra do Iraque. grande estratégia recomendada aos EUA: preparar-se para a chegada inevitável da multipolaridade = independência estratégica Havia uma corrente que pregava que os EUA deviam ser benevolentes pois isso conteria a insurgência contra eles eventualmente, que deveriam usar as instituições multilaterais, etc. Mas o Layne defende que os Estados não confiam na benevolência. O balanceamento vai acontecer mesmo com a retorica benevolente americana. Se o balanceamento vai acontecer de qualquer maneira e se o sistema vai mudar, os EUA deviam se preparar para esse futuro via independência estratégica (similar ao offshore balancing). Sair das balanças regionais (para de mexer na região alheia) e só intervir nas regiões quando essas regiões estiverem prestes a ter uma hegemonia regional. Se você se insere nas outras regiões você infla o balanceamento contra você (atraindo a inimizade alheia) e gastando muito dinheiro. Se garanta agora na unipolaridade, porque má fama na multipolaridade vai ser horrível. Agindo dessa forma pode até ser que você retarde a mudança do sistema, porque você contem sua super-extensão imperial, diminuindo os gastos. 2) Wohlforth e a estabilidade da unipolaridade A unipolaridade é ESTÁVEL! 1) O sistema é unipolar = concentração de poder simétrica do único polo. É o único polo que deu conta de pontuar bem em todos os recursos de poder, que tem superioridade econômica, militar, tecnológica... Os EUA seria o único polo por avaliações quantitativas (Índice COW -> indústria, arsenal militar, outros indicadores. O problema é que os indicadores tem o mesmo peso, por isso o índice não é tão bom assim porque não analisa a simetria. O indicador dá um numero cheio não separando cada um. Wohlforth não concorda com o que Layne diz, porque este último usa o índice COW para mostrar outros sistemas unipolares que mudaram pelo balanceamento. Wohlforth defende que o com os EUA é o primeira vez que o sistema unipolar é verdadeiro, porque é a primeira vez que há uma concentração simétrica de poder) e qualitativas (a percepção dos tomadores de decisão de outros países de que os EUA é o único polo do sistema. Todo mundo tem certeza de que não dá conta de vencer os EUA. Reputação de poder.) 2) Unipolaridade é pacífica não há rivalidade hegemônica => está tão claro no sistema quem é o hegemona que ninguém ousa desafia-lo. Se sabe quem é e se sabe que fica muito caro desafiá-lo. As grandes guerras não vão acontecer porque não existe outras potencias. Existem pequenas guerras, mas grandes guerras não (isso é a critica feita a eles, porque eles excluem várias outras coisas fora do sistema hegemônico, como guerras nas periferias) instituições de segurança => essas IS acabam de alguma forma resolvendo os problemas que podem existir entre as potencias de segundo escalão. Essas potencias também não tem incentivo em pegar em armas, porque as IS resolvem o problema entre elas. Exemplo de IS é a OTAN. 3) Unipolaridade é durável Geografia => geografia americana é muito favorável, porque está entre dois oceanos. Se ele quiser simplesmente se resguardar e quiser tomar conta de si mesmo, ele pode. A dificuldade de atingir o território americano é muito grande, por causa dos oceanos, o que quer dizer que ele gasta muito menos para se defender do que países na Ásia (China, Rússia, etc). Justamente por isso que ele defende que a guerra do Iraque como retaliação ao 11/09 foi um grande erro. Dificuldade de criação de alianças => não é tao fácil assim. O balanceamento pressupõe criação de alianças. Se é ele que vai mudar mesmo o sistema, é preciso formar aliança. Acontece que o Wohlforth chama atenção pro fato que as alianças não são formadas automaticamente (a toda concentração de poder tem uma aliança pra contrabalancear? Não é bem assim!). O dilema de ação coletiva pode impedir (ou retardar) a formação da aliança. A estratégia que os EUA deve fazer também é diferente. Deveria ser o engajamento efetivo, que é o contrário da independência estratégica. Do outro lado, você impede, retarda, o surgimento de um rival, você resolve os problemas de segurança, impedindo que elas gerem arsenais para serem usadas uma contra as outras mas que futuramente podem vir a ser usados para mudar o sistema. Então, deveria se engajar mesmo nas outras balanças regionais. Nos textos não são colocados os pontos de vista (lucros e perdas. Se é bom ou ruim.) dos outros países do sistema, que não o polo, que não os EUA. Rio, 24 de Maio de 2011 Aula 20: Realismo Neo-clássico Neo-realismo (Waltz) → variável dependente = resultados sistêmicos (o que ele quer explicar) Teorias de política externa → variável dependente = comportamento estatal (o que querem explicar – precisam de uma independente para isso) Teorias reservadas por Rose: Innenpolitik, realismo ofensivo, realismo defensivo e realismo neoclássico. (o que diferencia uma teoria da outra, é a variável independente) 1. Innenpolitik → PE explicada por fatores domésticos 2. Realismo Ofensivo → estrutura dita maximização de poder 3. Realismo Defensivo → estrutura dita a busca por equilíbrio mais fatores tecnológicos e geográficos influenciam a gravidade do dilema de segurança. a. Walt e a balança de ameaça b. Glaser e o realismo contingente 4. Realismo Neo-clássico → variável independente = distribuição de poder, variáveis intervenientes presentes no plano doméstico = percepção, relação entre estado e sociedade civil. a. Zakaria e Cristensen → choques de percepção e acomodação b. Wohlforth e o comportamento das potências na GF A teoria de waltz nao consegue explicar o comportamento estatal. Entao, aquele estudioso que tiver interessado em estudar o comportamento estatal tem espaço para usar as teorias de política externa para dar conta desse estudo. A primeira teoria que rose vai usar, é a innenpolitik. Imaginar que uma variável doméstica (tipo de regime político – ditadura x democracia) vai interferir no comportamento externo. Torna as RI um domínio autônomo. As variáveis doméstyicas estao sempre relacionadas a explicaçao do comportamento estatal. A principal variável que vai buscar, é a doméstica (cultura, caráter do tomador de decisão, centralizaçao ou não do poder, divisão de classes, etc). Só a teoria de waltz que tem uma variável dependente diferente das demais, porque ele quer explicar resultados sistêmicos, e os outros que interpretarem ele, visam a explicação do comportamento estatal (variável dependente deles). Dentre essas teorias políticas que derivaramdo waltz, a diferença entre elas é a variável independente (o que vai explicar a dependente). Variável dependente da innenpolitik: fatores domésticos. Realismo ofensivo: estrutura (ditanos querem maximizar poder sempre). Realismo ofensivo e defensivo criticam a innenpolitik. A ideia é que quando se parte de variaveis domesticas voce nao consegue explicar pq dois estados que sao iguais, agem de maneira diferente, ou pq dois estados que tem fatores domesticos diferentes, agem da mesma forma em ambito internacional. Ou seja, a estrutura pode levar estados diferentes a agirem de forma igual, ou estados iguais a agirem de forma diferente. Realismo defensivo: mearsheimeir fala que waltz é defensivo pq waltz diz que o comportamento mais recorrente é o de buscar o equilibro, nao maximizar poder. Mas há outra distinção, de que, sim existe um montante de poder que é suficiente, mas tb existe um componente de fatores tecnológicos e geográficos que vao influenciar o comportamento dos estados, principalmente no dilema de seurança (definição do Rose). Para estar no realismo defensivo tem que estar nas duas definições. Critica ao Realismo defensivo: O que determina o comportamento agressivo ou satisfeito (com status quo): balanço ataque/defesa. O problema é que quando num mesmo momento histórico há o comportamento de ataque, mas tb há partes que se comportam de maneira satisfeita (enquanto, segundo a teoria, deveriam ser agressivas). Teoria da balança de ameaça (walt – realista defensivo): os estados se unem quando há concentração de ameaça, não contra concentração de poder. O que constitui a ameaça é a intenção hostil, proximidade geográfica, poder material, etc. Ele enumera fatores que explicam a ameaça. Junto com a capacidade material que esse estado que tem poder teria de ter, ele teria que ter o caráter hostil e a localidade geográfica, por exemplo. Quando os fracos se contrapõem juntos ao mais forte, ou quando os fracos se unem ao mais forte (balanceamento ou “bandwagoning”). Glaser (realista defensivo): realismo precisa explicar circunstancias em que a cooperação pode acontecer ou não. Realismo neo-clássico: retomam tendência do realismo clássico, mas não abandonam o realismo estrutural. Uma variável independente que é a estrutura do SI, uma variável interveniente que é a percepção, e a outra independente que é a questão doméstica. Outra variável interveniente: distribuição de capacidades não é suficiente. Diferença entre poder nacional é poder estatal. Pode ser que a riqueza esteja na sociedade civil e não no estado, fazendo com que seja mais dificil a preparação para uma guerra. Existe assim, um balanço entre estado e sociedade civil. Rio, 26 de Maio de 2011 Aula 21: Multilateralismo, Lisa Martin Multilateralismo como uma dentre várias formas organizacionais possíveis e não como um padrão normativo superior. Não é uma regra superior mas sim uma ESCOLHA. O multilateralismo é quase que uma norma superior porque é tida como o modo de organização adequado no pós/durante a Guerra Fria. Essas normas refletem a politica domestica dos EUA, o multilateralismo remete a uma ideia de padrão normativo superior que passa a ser seguida porque os Estados acreditam que essa é a forma mais adequada. Lisa pega essa definição do Ruggie. Diferença entre organizações multilaterais (OM) e instituições multilaterais (IM). Para contar como OM, tem que ser quantitativa (muitos Estados) e ter sede. Pra contar como uma IM quer dizer que tem que ter muitas pessoas obedecendo um conjunto de regras. IM: indivisibilidade, não descriminação e reciprocidade difusa Esse é um conceito de Ruggie. A ideia dela é você prever quando OM são uteis para os Estados. Não são todas as OM, no entanto, que vão ter IM. Indivisibilidade – se refere ao bem. O produto da ação coletiva desses Estados é indivisível. Ex: num sistema de segurança coletiva, o bem segurança seria indivisível. Não há como prover um bem pra um, sem prover pra todos. Não dá pra dar um pedaço do bem. Não descriminação – incapacidade de exclusão de membros desses arranjos de bens comuns. Reciprocidade Difusa – não há possibilidade de retaliar os Estados que desertam. Há necessidade de esperar que a instituição faça. A lealdade é para com O ARRANJO e não com o individuo. Não se age com reciprocidade unilateral, a instituição que tem que dar um jeito. Objetivo da autora: analisar quando OM e IM serão escolhidos pelos estados dadas diferentes configurações de interesse e poder. Ela faz isso via teoria dos jogos. Problema de colaboração (equilíbrio é um resultado subótimo, incentivo à deserção) = OM e IM Problemas de colaboração seriam aqueles jogos em que há incentivo alto a deserção, como o dilema do prisioneiro, onde a deserção é sempre o maior pay- off independente da jogada do outro. O equilíbrio resultante dessa estratégia é subótimo porque eles poderiam ganhar muito mais se eles colaborassem. Seria interessante uma organização por sombra do futuro, informação, etc. Ou seja, OM seriam criadas nas várias situações estratégicas que tem um dilema do prisioneiro. Em tese o bilateralismo também resolveria os problemas de cooperação (grupos pequenos e tudo). Problema de coordenação (não há incentivo à deserção, busca por “pontos focais” = OM e IM Seriam aqueles jogos que não há grande incentivo a deserção, se há informação completa. Exemplo do jogo: batalha dos sexos. O que é preciso é achar um ponto focal, uma regra de revezamento por exemplo, um acordo. Preciso achar alguma regra que está de fora do jogo para ajudar a decidir qual vai ser o equilíbrio. A ideia é que se tem que chegar numa convenção. Exemplo do plano internacional são as ondas de rádio – precisava decidir entre os países quais as frequências de rádio que iam ser usadas. Um ficaria mais satisfeito com uma onda melhor que a outra, mas o interesse de todo mundo era especialmente só definir as ondas, sem que se use a mesma onda por dois países. As ações tem que ser coordenadas, mas não tem ninguém querendo SAIR do acordo. Problemas de persuasão (assimetria de interesses e capacidades, incentivo a exploração de mais fortes) = OM , IM O problema de persuasão está relacionada a presença de um hegemona, que precisa fazer com que outros Estados colaborem. A sua vontade é cooperar com os outros atores. O hegemona vai criar a OM justamente para juntar os mais fracos. Aumentando o pay off de cooperar ou diminuir o pay off de desertar. Problemas de segurança (não há benefícios advindos da deserção, cooperação mutua traz maior payoff) = OM , IM ???????? Mas qual a relação entre a distribuição de poder no sistema e a escolha pelo multilateralismo? Hegemonas com visão de longo prazo escolherão o multilateralismo. O argumento que ela levanta é o véu da ignorância. Um hegemona com visão de longo prazo que sabe que não vai ser hegemona pro resto da vida cria um aparato institucional que depois pode vir a ajuda-lo, quando ele não for mais hegemona. A hegemonia dos EUA deu-se em meio à bipolaridade do Sistema Internacional Rio, 31 de Maio de 2011 Aula X – Custos Transacionais (Gilligan, 2009) Por que há demanda por regimes internacionais? Não seria melhor a confecção de acordos ad hoc? Esta pergunta foi realizada em 1982 por Keohane (“The Demand for international regimes”). Essa pergunta é parecida com a pergunta feita por ele em After Hegemony alguns anos depois, 85. Como é que essas instituições são criadas? Para responder ele só usa o teoria de Coase. Ou seja, invertendo-o para entender quais os atores são capazes, sendo as instituições capazes de atuar sobre todas as condições do teorema de Coase. Estabelecer base legal, provê informação e mais do que tudo, ela resolve o problema dos custos transacionais. Isso é simplesmente afirmado, como fazer isso ser comprovado na empiria? Resposta de Keohane: custos transacionais Argumento de Gilligan: a pesquisa empírica sobre o tema não conseguiu comprovar a relação entre custos transacionais e a criação de regimes ou instituições internacionais. Para operacionalizar isso em pesquisa, o que me resta é o teste da teoria. É como se a teoria estabelecesse critérios para o teste empírico. Nenhuma das teorias das RI defendem que ENTENDEM o real, apenas dão arcabouço para interpretação. Como eu sei quando a teoria é melhor que a outra? Em geral (no caso, para Waltz), quando elas ajudam a dar sentido ao mundo, que proporciona mais conhecimento sobre coisas que antes não eram conhecidas. O Gilligan quer testar o Institucionalismo, mas a ideia de teste dele é um pouco diferente. Pra ele o teste de teoria é simplesmente contrastar o modelo do Institucionalismo neoliberal aos casos empíricos. O modelo ou a proposição que ele está querendo testar é a ideia do Keohane lançada em 82 de dizer que as instituições são criadas para reduzir custos transacionais. Pra avançar esse programa de pesquisa seria preciso fazer testes empíricos que realmente foi a perspectiva de reduzir os custos transacionais que gerou a criação de uma instituição X ou Y. O argumento do Gilligan é que embora pra ele essa fosse a melhor forma de corroborar a teoria de Keohane, ele acha que não foram feitos testes suficientes para comprovar, para avançar a pesquisa. Ele proporá as possibilidades de avanço, ou seja, como realizar os testes empíricos para comprovar. Ele também é institucionalista. Dois ambientes em que ocorrem as transações = mercado + instituição Ele defende que as transações podem ocorrer em dois âmbitos: no mercado e nas instituições. Como explicar que o institucional foi o escolhido? Caíra na teoria dos jogos. A teoria dos jogos ajuda a explicar as transações do mercado, mas não a criação das instituições. O Gilligan acha que essas teorias explicam porque as teorias podem acontecer até fora do sistema institucional, portanto, não dá conta de explicar a criação de instituições. Instituições criadas quando os custos de transação são altos = contratação incompleta + investimento em ativos específicos são necessários Quando é que os custos são altos? Quanto tem contratação incompleta. Toda vez que for caro transacionar, existe a expectativa da criação de instituições para o Institucionalismo, que viriam baixar os custos. Toda vez que eu tiver possibilidade de contratação incompleta (não consigo definir todos os termos do contrato na primeira negociação), eu tenho a ideia de que os custos transacionais são altos. Os investimentos em ativos são altos, o que obviamente aumenta o custo de transação. O exemplo é a hidroelétrica. Se eles criam uma instituição eles conseguem diminuir esses custos no longo prazo. Ou seja, os custos são diminuídos se você de alguma forma se junta com outro porque ou você consegue produzir JUNTO alguma coisa ou consegue formar um mercado consumidor maior que faça com que no futuro aquele custo transacional fique mais baixo para você. Os custos podem ser altos inicialmente para formar a instituição e negociações, mas a longo prazo vão diminuir. Testes = devem comprovar a relação entre custos transacionais e a criação de regimes, mas a maioria apenas ilustra o argumento. Como é que se estabelece uma relação e não somente ilustra? Custos altos -> criação de instituições? Toda vez que for caro e difícil negociar criam-se as instituições para ajudar a negociação. A criação de novas instituições lá na EU foi feita caso a caso. A despeito de que você tinha custos transacionais altos, ao invés de criar novas instituições num marco institucional já existente, eles foram negociar ad hoc. E as instituições antigas não reduziram os custos transacionais para criação de novas instituições. Ou seja, são duas linhas de crítica. = Morawitz. Isso abalaria a ideia de que sempre que há custos transacionais elevados há também incentivo a formação de instituições. Frequencia (quando a frequência de negociação é alta. Por exemplo, depois que você faz um acordo com a outra parte, você é obrigado a encontrar com ele várias vezes. Ou seja, todas as vezes que os indicadores forem encontrados – por exemplo, se os Estados são vizinhos, a frequência de interação é alta – é mais fácil fazer uma instituição do que fazer ad hoc), complexidade (quando por exemplo a negociação é feita em línguas diferentes. O custo de negociar qualquer novo acordo continuará alto, então é mais fácil criar uma instituição) (quais os indicadores disso? Para indicar se essas variáveis estão presentes ou não) e investimentos específicos (no caso, por exemplo, do militarismo. Toda vez que tiver nova necessidade de fazer acordos, precisasse criar um ad hoc, logo, seria mais fácil uma instituição). Se os custos transacionais são maiores que os benefícios de uma instituição, obviamente não teria incentivo para criação de instituições. Os benefícios as vezes são tão altos no caso da UE que seria resolvido tanto ad hoc quanto em instituições. Dois problemas: 1) Definição dos termos Ele defende que é preciso definir um corolário em comum. O que é instituição, o que é regime? Transação? 2) Viés na seleção dos casos Aula X – Rio, 02 de Junho de 2011 Medindo a influência das instituições sobre o comportamento estatal (Mitchel) Se os Estados refletem uma configuração prévia de poder e interesses (estrutura do problema), como separar o que é efeito dessa estrutura do que é efeito das instituições sobre o comportamento estatal? O argumento realista 1°. Pode ser que esses regimes não definam completamente uma estrutura de poder, mas todas as vezes que o fraco tiver vantagem sobre o forte dentro do regime, o forte vai sair. Ou seja, quando eu tiver alguma coisa estranha dentro do regime, os Estados com condição vão pular fora do regime. Pode até ser que os ditames institucionais sejam diferentes do ditames estruturais, mas nesse caso os Estados vão pular fora dos regimes (aqueles que tem condição). 2º - endogenia. – ver mais abaixo, visto que é separada em duas partes. O primeiro foi bem trabalhado pela literatura institucionalista, mas o segundo não. Institucionais refutando o primeiro: Nem sempre o comportamento esperado em razão de uma determinada estrutura foi observado porque muitas vezes os Estados obedeceram uma instituição. A segunda ideia não havia sido muito trabalhada, então é nisso que Mitchel vai se focar. Dois tipos de endogenia (argumento realista) relativa ao membro – poder ser que o ator obedeça a instituição pelo mesmo motivo que ele entrou nela. Por exemplo, sistema de direitos humanos da ONU. Não é que a instituição tenha DITADO pra ele como se comportar, mas SIM que todos os Estados que ENTRARAM lá JÁ TINHA uma ideia de que a tortura era errado, por exemplo. Quando ele entrou, ele já queria isso. Não é a instituição que molda, os Estados só entram em instituições que ele já concorda e segue preceitos que ele já seguia antes de entrar na instituição. Refutação institucionalista: até que ponto a instituição não serve para monitorar os atos dos Estados, de forma que mesmo que eles compartilhem das ideias, não haja de forma retrograda em algum momento em específico? Relativa ao desenho institucional - a estrutura determina os desenhos desse regime e ao determinar a estrutura desses regimes, determina também o comportamento estatal. É endógeno a estrutura porque foi definido pela estrutura. Ex: toda vez que há um dilema do prisioneiro (jogo de colaboração) há crença de que o desenho institucional vai ser uma organização multilateral com monitoramento. Ou seja, a estrutura determinou o desenho do regime. O autor trabalha a endogenia do desenho institucional -> seria esta totalmente determinada pela estrutura do problema? o Resposta de Mitchel: há espaço para a escolha dos atores, para que elesnegociem esse sistema institucional. Não há passagem direta de estrutura para desenho institucional. Erros de percepção (atores que percebem a estrutura de forma diferente e que vão lutar para que essa sua percepção seja reconhecida no desenho institucional), meta-normas (tem algumas coisas que não podem ser diferentes a despeito da estrutura do problema. Ex: um ator hegemônico que cria uma instituição – não podem haver regras especificas PARA ELE toda hora, porque senão não tem incentivo, não tem sentido fazer a instituição. Ou seja, algumas coisas estão por cima dos acordos e ditam como as normas que vão ser acordadas vão ser feitos. São normas que explicam com as próximas normas vão ser feitas. Ou seja, os atores não conseguem refletir o sistema para a instituição diretamente), transformação mais lenta dos interesses codificado pelas instituições (seus interesses mudam de forma mais dinâmica que a instituição. Ou seja, sempre há um descompasso). Enfim, efeito independente é como se a instituição congelasse seu interesse inicial, quando você entrou na instituição. Se existe esse descompasso entre o que ele antes queria e o que agora quer, mas você continua na instituição, quer dizer que a instituição tem um efeito independente sobre você. Mudando as prioridades, os Estados questionam se continuar na instituição ainda é válido. Como diferentes problemas impactam sobre o desenho institucional? Dependendo do problema, a estrutura é diferente e impacta de forma diferente no desenho institucional e qual o espaço que essa estrutura deixa para o sistema institucional seja um pouco desvinculado dela. 1) Estrutura de interesses jogos assimétricos: quando há interesses diferenciados. Ex: poluição, proveniente de um rio que passa por duas cidades. Um delas não tem a menor vontade de controlar, porque isso não está o afetando, só ao outro. Nesses casos, de acordo com essa estrutura do problema, imagina-se que uma instituição vai ser criada para poder garantir que o poluidor inconsequente vai ser monitorado e punido, caso continue com o comportamento ruim. No entanto, terá que haver um incentivo para que esse poluidor entre na instituição, ou seja, terá que haver uma estrutura de remuneração do prejudicado para o poluidor. Mas qual é sua remuneração? Não fica claro, mas a estrutura forneceria as zonas de acordo possível, há espaço para criação ainda que não seja amplo. Ex: produção de sapatos x bananas (MOREIRA, Renan). Essa negociação da remuneração vai ser feita, obviamente, antes da criação da instituição. jogo de colaboração: dilema do prisioneiro. A única coisa que está determinada é que vai ter que haver monitoramento. Ex: os navios tem que parar de poluir o mar, mas o mar é gigantesco, se tem um despejo ninguém nem vai saber quem fez aquilo. Ou seja, há uma dificuldade muito grande de monitoramento e outra, porque que um Estado gastaria um monte de dinheiro tentando achar um destino melhor que não o mar se o outro não vai fazer o mesmo? Entra também um dilema da ação coletiva, porque nada garante que o outro não vai fazer a mesma coisa e logo há um incentivo constante a deserção. O regime tinha que ser dividido em duas partes: uma que controla o despejo no mar e outra que estabelecia um selo de qualidade nos navios, que impediam que o petróleo fosse lançado no mar, controlando o despejo. Do ponto de vista econômico, o mais barato é deixar de despejar ou você comprar esse filtro para tratar a água? A primeira opção. A gente esperaria então que o primeiro subregime fosse funcionar, mas o que acontece é que o segundo funciona. O primeiro subregime não tinha como prever o monitoramento adequado, justamente porque o mar é enorme e que a culpa seria muito difícil de ser apontada aos culpados. O subregime do selo foi útil porque com o filtro eles não tem JEITO de despejar o petróleo no mar. Os Estados foram incentivados a promover o sistema de selos porque apesar de caro dava aos navios uma maior tranquilidade e as checagens seriam feitas nos portos, pelos responsáveis de cada país. Ou seja, você tem que agentes particulares dentro dos vários estados fizeram monitoramento. São os mesmos atores, com mesma estrutura de poder e interesses, só que tem um descolamento entre eles e o desenho institucional. O que Mitchel prova é que 1) existe espaço para criação entre a estrutura e o desenho e 2) existindo espaço, existe também espaço para que determinados desenhos sejam melhores que outros. jogo de coordenação – a estrutura não determina completamente porque a convecção formada no âmbito dos jogos de coordenação será fruto da criatividade entre os atores. 2) Diferentes capacidades – Exemplo: OTAN criada para dar capacidades militares para os países europeus, se a partir do momento que ela foi criada os estados começam a ter mais poder do que tinham, quer dizer que a instituição foi útil. 3) Informação é um problema – Exemplo de armas nucleares, que só poderia ser útil numa instituição, porque não é claramente visível como seria por exemplo um deslocamento de tropas. No caso em que a informação não é transparente, não é vista a olho nu, só existe cooperação no âmbito institucional, necessitando de monitoramento. 4) Distribuição de normas - ????????????????????????????????????? LAYLA NÃO SABE. WTF. Implicações metodológicas – sua pesquisa empírica precisa ser diferente do que vinha sendo discutido até o momento. Como é que a estrutura do problema impacta sobre o desenho institucional? Qual é a margem que existe para a criação dos tomadores de decisão? Pensar de forma contra factual! O que que aconteceria se aquele estado não tivesse entrado naquela instituição? Você só consegue dizer que o efeito daquela instituição foi independente em relação ao estado se eu consigo provar que é justamente porque existe tal norma que o Estado passou a agir de uma determinada forma, e que ele não faria isso se não tivesse entrado na instituição. Ex: empírico: texto sobre poluição de Mitchel Aula X – Legalização e Relações Internacionais Rio, 07 de Junho de 2011 Existe a possibilidade de você estudar o mesmo fenômeno sobre perspectivas distintas. Racionalistas trabalham com a logica das consequências, ou via estado unitário (como se o estado fosse uma pessoa e tivesse interesses, uma ordem de preferencia pre determinada) ou via grupo de interesses dentro desse estado (imaginando como esse grupo de interesses pressionam esse governo de forma a fazer seu interesse valer no cenário internacional). Logica da adequação – March e Olsen – nova forma de olhar as instituições. Não a partir da ideia que existe sempre uma intenção maior por trás da criação e manutenção das instituições e uma ligação com a consequência que é a criação e a manutenção das instituições. Segundo March e Olsen, nem sempre você age depois de pensar em fazer. Muitas vezes você não pensa, você só faz, por habito, por senso comum... Ex: por que estamos aqui sentados? Por que ficamos na fila? Legalização = tipo especial de institucionalização A escolha pela legalização pode ser pautada por uma lógica das consequências ou como uma lógica das adequações. Eu posso imaginar legalização como uma forma de organização que trás lucros para os estados ou imaginar que esse formato é tido como adequado para o século XXI. A legalização vista por um Keohane da vida, vai achar que a variação entre os graus de legalização é de acordo com o interesse dos Estados. Aquele que está pautado numa lógica das consequências, não vão entender essa legalização como uma forma superior, mais adequada. Keohane acha que já que legalização é uma forma organizacional caracterizada pelas três dimensões que podem ser apresentar em graus diferentes, cabe ao institucionalista da escolha racional (consequências) explicar porque que varia, ou seja, quando é que maximiza a utilidade das partes variando isso ou aquilo.Legalização é uma escolha e não uma forma superior. Se fosse uma forma superior, seria a adequação. O Keohane continua defendendo que essa deve ser a abordagem utilizada, ainda que muitos não concordem. Três dimensões Obrigatoriedade de regras Precisão Delegação a uma terceira ponte das funções de interpretação, monitoramento e implementação Cada uma dessas dimensões pode variar. Cabe a ciência política explicar essa variação. Atenção = legalização não é apresentada como uma forma superior. 1) Obrigação = princípios de direito internacional + discurso + escolha peculiar de termos + clausulas de salvaguarda. Pacta sunt servanda. – tratados devem ser cumpridos. Acordos tornam-se leis entre as partes. Rebus sic stantibus – se o contrato é lei entre as partes, fica parecendo que é imutável, mas acontece que se as condições anteriores que fizeram as partes acordarem alguma coisa. Como as partes não conseguem prever tudo que acontecer, esse segundo princípio defende que o contrato realmente é lei, mas só se as condições do inicio do tratado não se modificarem negativamente. A ideia de obrigatoriedade remete a uma série de princípios de DI, então se esses princípios são chamados, há a ideia de legalização. Ou seja, todas as vezes que os termos escolhidos pelas partes não forem termos de interesse mais sim de legalidade, eu tenho o indício de que essa é uma instituição legalizada. Preciso ver para saber isso se há termos de direito internacional. 2) Precisão = imprecisão como proposital? E quando a imprecisão é inevitável? As regras não dão conta de ser precisas o tempo inteiro. No plano internacional, se eu deixo espaço para interpretação das partes de alguma clausula, há espaço imenso para não obediência de normas, porque cada um vai dar um conteúdo distinto a cada norma. A busca então é por maior precisão, então quanto mais precisa, maior a intenção de legalidade. Tem algumas circunstancias que a imprecisão é boa para as partes, quando elas não querem restringir sua ação futura, tem medo que as condições mudem e querem poder reinterpretar as regras. Então isso quer dizer que a imprecisão pode ser proposital. - Imediato x armas de destruição em massa Todas as vezes que a norma dá espaço para interpretação, há espaço para manipulação da própria norma. A imprevisão é inevitável quando você não consegue escrever de forma a evitar possíveis imprecisões. Porque o interprete também pode ser hábil e engenhoso para mudar a intepretação. 3) Delegação = tipos mais + acesso de atores privados + capacidade coerciva. Intepretação sobre as possíveis controvérsias que vão ser geradas por leituras diferentes das normas. Uma instancia em específico seria criada para isso. Tipos diferentes: mediação, arbitragem (mandatória ou não), cortes... Acesso de atores privados a essas instancias de julgamento. Ex: na corte internacional de justiça um ator privado não tem voz, a capacidade de atores privados pleitearem nessas cortes também diz muito sobre a vontade dos Estados de se submeter a essas cortes. O fato de um ator privado poder fazer isso, aponta o máximo da legalidade que um Estado pode oferecer. Coerção e legalidade são duas coisas que andam juntas? Keohane não fala de coerção. Elas não andam juntas. Falar de legalização é falar da presença dessas três características, elas não estão necessariamente ligadas a uma coerção. Pode haver o máximo grau de legalidade possível e não haver coerção, porque as partes acordam as coisas, instituem a instituição de forma que ela seja legal e que haja interpretação de uma instancia em específico, não havendo necessidade de coerção. A gente pensa que o que faz as pessoas obedecerem as normas é o medo da coerção, mas pode ser que não. Eles podem achar a obediência benéfica para os próprios interesses. É uma escolha. Rio, 09 de Junho de 2011 I) Teoria da Paz Democrática – Doyle Doyle observa empiricamente que o que ele chama de estados liberais não entraram em guerra entre si. Ele vai buscar descobrir porque isso aconteceu. Ele busca, então, alguns autores liberais e buscará um mecanismo causal que explique porque estados liberais não entram em guerra a principio. Três tradições liberais: 1) Schumpeter (pacifismo liberal) Interação entre capitalismo e democracia – a interação entre a expansão do capitalismo e adoção de governos liberais geraria paz porque o capitalismo seria o sistema econômico que levaria os indivíduos cada vez mais ao individualismo, que acaba valorizando a busca do interesse próprio. A busca do interesse próprio faz com que você demande ao mesmo tempo uma forma de governo que ajude você não plano político a maximizar seus interesses. Imperialismo desaparecerá = homem econômico Ou seja, o modo de organização econômico criaria um tipo de pessoa que racionaliza como o homem econômico de Smith. Então ele vai querer que o governo evite a guerra no plano externo, ou seja, esse homem criado tem o interesse máximo como a acumulação de riqueza e esta seria atrapalhada pela guerra. Logo, os indivíduos refutariam todas as vezes que fossem questionados se queriam ou não guerra. Problemas? O problema é que acordo com essa lógica os estados liberais não poderiam entrar em guerra de maneira NENHUMA, porque os indivíduos se ferrariam anyway. Mas os países liberais entraram em guerras com OUTROS países, não- liberais apesar de não entrar em guerra contra liberais, e aí? Cadê a racionalidade do Shumpeter? Incoerência entre a explicação e o mundo. 2) Maquiavel (imperialismo liberal) Relação entre república e imperialismo – naqueles governos que de alguma forma respondem a voz do povo, ou seja, as repúblicas, há a melhor das organizações para o imperialismo. Isso acontece porque segundo ele essa é a forma de organização que consegue fazer com que o ganho publico seja igual ao ganho privado. Numa forma de organização que não republicana eu não entendo as conquistas dos Estados como a minha própria conquista. Numa republica, eu consigo conquistar as pessoas e faze-las entender que é a melhor estratégia e vai trazer benefícios para todos, por causa do senso de pertencimento. A guerra envolve um esforço da população e eles só estarão dispostos a fazer isso se for motivado e entender que é uma conquista e uma luta do país como um todo. A busca da honra Os ganhos não só econômicos. Maquiavel defende que talvez esses cidadãos sejam movidos pela busca da honra e não só por fatores econômicos, sendo a honra da sua republica o equivalente a sua honra privada. Problemas? Maquiavel preveria um comportamento beliculoso das republicas, o que não acontece em todas elas. Maquiavel é o oposto do Schumpeter. Essa tendência imperialista teria que ser identificada em todos os países organizados em forma de republica, mas isso não acontece sempre, ou pelo menos não na sua maioria. Imperialismo entendido como expansão territorial. 3) Kant (internacionalismo liberal) Paz entre liberais + guerra entre liberais e não-liberais Você acredita que o outro vai resolver de forma pacifica suas controvérsias porque ele se acostumou a resolver de forma pacífica suas controvérsias no plano interno. Por isso que os liberais não brigam com os liberais porque eles acreditam que eles dão conta de resolver pacificamente. Já os não liberais, você não consegue confiar neles porque eles não tem a mesma forma de organização que não prega exatamente o respeito ao direito. Três artigos: constituição civil republicana – ideia de que primeiro haja um direito. Não é necessariamente democracia, é simplesmente que o próprio governante seja submetido aos ditames do direito, ou seja, que ele respeite a lei. Sendo assim o país não pode ser decisionista (o governante não pode fazer a lei de acordo com os casos concretos, ad hoc). Além disso, tem que haver um grau de resposta a população, não necessariamente como uma democracia, mas o individuoprecisa ter direito de falar, de expressar sua opinião. federação de repúblicas – federação de países livre. Ou seja, para que você observe a paz você precisa que esses países que estão organizados em forma de republica se unam de alguma forma. Não é que eles se unam para criar uma instituição muito bem organizada ou um super Estado. Parece um pacto de segurança coletiva: você se compromete a não agredir o outro e a ajudar caso alguém seja atingido. Essa federação republicana iria gradualmente se expandir para o sistema, porque os outros iam reparar que não estar nessa constituição não é útil. Doyle pergunta: essa expansão se dá porque somos todos bons? Não! Se dá porque fazemos uma valoração e vemos o que nos traz mais benefício. lei cosmopolita – a expansão gradual dessa federação não é porque é bonito estar em federação e paz, mas é a ideia de que aqueles que se mantem em federação tem menos problemas econômicos e maior expansão. Obediência a lei cosmopolita, ideia de transbordamento do direito. Crítica: Layne (?) faz uma critica as ideias liberais. Estuda casos em que os países estiveram a beira da guerra, mas não aconteceu. Será que é o gatilho da paz democrática que faz com que a guerra não aconteça? Ele analisa pra ver se é realmente a democracia que impede a guerra. Primeiro ele defende que é importante que a opinião pública se coloque explicitamente contra a guerra. Ex: na situação que se coloca entre o norte e sul dos EUA na guerra de secessão e o relacionamento dos EUA com o RU. Theory of world Peace. Propoe a segunda imagem de Waltz invertida: seria muito mais fácil você encontrar ditadura no Oriente Médio do que nos lugares que há paz relativa. O sistema regional é que explica o modo de governo e não o contrário. Só mudando um aspecto você não muda os outros dois, logo, não acaba com todas as possibilidades de guerra. - Opinião pública influenciando as eleições. Conclusão: não focado em instituições, mas na instituição interna dos Estados. II) Liberalismo comercial – Richardson Realismo: Mercantilismo = comércio como fonte de poder O ganho de um é a perda de outro. Você tem que querer ganhar muito mais do que outro porque fazendo isso você acumula recursos que podem ser transformados em recursos de poder. Você deve se comportar de forma mercantilista: impor tarifas e evitar que os outros imponham tarifas em você. Interdependência gera conflito Ideia do Waltz. O ideal seria que tomo mundo pudesse produzir tudo, depender do outro pode levar a um conflito para resolução de qualquer problema comercial envolvendo problemas comerciais. Existe uma forma de pensar o comércio de maneira realista, ou seja, que se coloca contraria a acepção de que um aumento nas transações comerciais geraria um aumento na paz. Acontece que a interdependência pode gerar conflito. Liberalismo Harmonia de interesses, valores criada pelo comércio = veículo de comunicação. O comercio ajudaria na comunicação. Argumento similar ao dos institucionalistas, que dizem que as instituições promovem a comunicação. Promovendo comercio há maior possibilidade de compartilhamento de valores e interesses. Menor contato entre Estado e maior contato entre pessoas Indivíduos tem maior capacidade de ter “compaixão” do que os Estados. Indivíduos compartilhariam valores e interesses. Transformações na economia global Presume um outro tipo de organização – comercio intra-firmas: uma fabrica americana que tem filial no brasil, usa matéria prima alemã para vender na China. Ou seja, as empresas deixaram de ser nacionais, unicamente ligadas a um único Estado. Esse fenômeno transformaria essa ideia de que interdependência pode levar ao conflito. Problemas? Rio, 14 de Junho de 2011 O Liberalismo de Moravcsik O Keohane não faz parte desse liberalismo que o Moravcik defende. Ele não considera que Keohane é liberal. Há um racha dentro do liberalismo, apesar do Keohane nomear o Institucionalismo dele como liberal, Moravicsik nega ao Keohane o direito de estar nessa tradição liberal. Você vai considerar que o Keohane está lá dentro se você acha que basta considerar as instituições como importantes, mas se você acha que vai além disso, já não pode considerar Keohane. Objetivo: cria um paradigma alternativo ao Institucionalismo e ao realismo O Institucionalismo trabalhado até agora não seria liberal. Os institucionalistas estariam muito mais próximos do realismo do que do liberalismo. Paradigma deve ser julgado com base em: Um paradigma não pode ser comparado a outro (Kuhn). No entanto, Moravcsik acha que é possível comparar e dizer que eles podem ser melhores. Se assemelha a Lakatos, que acredita que é possível comparar entre programas de pesquisa. Embora use o nome paradigma, Moravcsik não é kuhniano. - coerência; - qual é o escopo da teoria que você está criando? Criar fronteiras bem definidas. Não dizer que seu paradigma explica mais do que realmente ele explica. Mostrar até onde ele vai explicar exatamente, assumindo que depois disso você não tem condição de ir. - parcimônia; - com um numero de pressupostos teóricos pequenos (micro fundações), você tem que dar conta de explicar a relação entre as teorias, porque essas teorias toda tem coisas em comum. Um autor liberal seria aquele que segue a esses pressupostos teóricos. - precisão empírica; - há inconsistência entre as teorias anteriores e a precisão empírica. A teoria que eu criei tem que dar sentido a realidade e a dos outros (realistas), se distancia da realidade. - consistência multicausal. – uma teoria tem que dar conta de explicar causalidade, mas essa explicação é muito mais rica quando eu uso várias variáveis, porque X sozinho geralmente não consegue explicar Y. Deve dar conta de várias variáveis que expliquem o mesmo fenômeno. Pressupostos de uma teoria liberal: 1) Primazia dos atores sociais; - o principal ator das RI não é o Estado, mas sim são os atores sociais. Pode ser os indivíduos, organizações não governamentais, partido político, etc... Aqueles atores que tem interesses definidos. 2) Estado representa interesses de outros atores; - ou seja, ele representa os interesses dos atores sociais. Ele não acha que existe uma lista pré- determinada de preferencias. Elas mudam com o tempo. O Estado muda suas preferencias de acordo com as mudanças dos atores sociais, e isso dá grande ênfase ao que está acontecendo dentro dos Estados, porque isso impacta na atuação do Estado no plano internacional. Distribuição de capacidades interna. Quebro com o paradigma do ator unitário e as preferencias não são fixas! – essas são as grandes diferenças entre o Institucionalismo neoliberal e o liberalismo de Moravcsik. 3) Preferencias estatais constrangidas pelas preferencias de atores sociais em outros estados. Os atores sociais não são totalmente livres para fazer o que quiserem sobre suas preferencias. Não é porque eu consigo imaginar que há certa liberdade ou particularidade a cada formação de interesse estatal de acordo com a sociedade domestica que a sociedade domestica tem completa liberdade pra impactar o Estado, justamente porque elas são constrangidas por outros atores sociais, de outros lugares. Ex: acordo comercial. No marco do Keohane você vai ter que olhar para as preferencias pré-fixadas, atribui-las aos países e saber se houve problema de informação/confiança. No marco do Moravcsik eu vou ter que olhar pra dentro do Estado, vou ter que descobrir quais são os atores sociais envolvidos diretamente naquela questão e se esses atores sociais se relacionam entre os dois países, pra ver o quanto esse relacionamento pode impactar no acordo. Essa seria uma teoria sistêmica? Não é sistêmica, é reducionista. Uma teoria de política doméstica! Você tá imaginando que não existem constrangimentos externos a esses Estados. É impossível operacionalizar isso – você nunca vai entender como um Estado pode agir noâmbito internacional da mesma forma que outro, tendo processos totalmente diferentes internos. As teorias não seriam sistêmicas na medida em que não dá conta de perceber porque os estados que tem preferencias tão distintas agem da mesma forma no âmbito internacional. (Waltz) Sim, a teoria é sistêmica! Moravcsik diz que ele contempla que nas formações de preferencia esses atores sociais não convivem só com atores domésticos mas podem se envolver com outros atores, internacionais. Há possibilidade de contato entre os atores sociais de locais disitintos e não apenas no âmbito interno, logo não é domestica nem reducionista. Além disso, a teria dá conta de prever resultados sistêmicos. A partir da análise das preferencias, é capaz de se prever como os estados vão agir e dar resultados sistêmicos. Ele diz qual é o mecanismo causal que vai gerar esses resultados. Variantes da teoria liberal - ideacional – a variável mais importante é a concepção que os atores sociais tem. Quais são as ideias que esses atores sociais tem e que vão ser representados pelo Estado. Ideias sobre nação, organização politica e sobre a relação entre Estado e sociedade civil, entre Estado e mercado. Afastamento do materialismo. A diferenciação vinha via posse dos recursos materiais, mas agora a diferenciação é via o que os atores sociais querem. Não é só a materialidade que importa, mas as concepções dos atores sobre essas materialidades. Ex: ouro. Não existem nenhuma característica intrínseca a prata e ao outro que fazem com que essas duas matérias tenham diferença valorativa. O que faz o ouro ser mais valioso que a prata é a interação social, isso é uma construção social. Ideias importam -> a materialidade por ela mesma não tem sentido. O sentido é dado pelo ser humano. Dialogo muito próximo com o construtivismo, mas Moravcsik diz que ele é superior uma vez que o construtivismo não consegue dar conta da formação dos interesses dos Estados, visto que o construtivismo trata os Estados como unitários. - comercial – quando tiver mais transações entre pessoas em Estados diferentes vc não vai ter necessariamente a paz, mas o liberalismo comercial tá botando ênfase na capacidade desses atores econômicos impactarem nas preferencias estatais. Isso condiz provavelmente com a ideia de que não vai haver o uso da força. Gatilho causal dessa paz = atores econômicos vão tentar fazer com que o Estado avance sua economia! - republicano – modo de representação que inibiria a guerra. A maioria dos grupos de interesses tem voz, ou seja, há uma capacidade menor de forçar as pessoas a tomar atitudes que nem sempre são as que a agradam, já que elas também tem voz para determinar o futuro do Estado. O tipo de interesse não é muito importante, mas sim o modo: todo mundo tem voz. Criação de uma teoria multicausal - fatores liberais > preferencias estatais b fatores realistas e institucionalistas c a interação estratégica resultado sistêmico Primeiro momento da pesquisa é quando você analisa a formação das preferencias estatais via os fatores liberais. Num segundo momento, você pensa na interação estratégica entre os atores, mas essa interação não é unicamente impacto das preferencias estatais, mas também pode ser impactado pelos fatores realistas e institucionais. Tentativa de união dos paradigmas. Rio, 16 de Junho de 2011 Wallerstein - The Inter-state Structure - The Modern World System Introdução à análise de sistema mundo Categorias: - mini-sistema: - Sistema mundo - império mundial - economia mundo Wallterstein assume comunidade de análise a economia mundial, não o sistema ou Estados Essa economia mundial possuí três posições estruturais: - area core São partes do mesmo todo e não estágios do desenvolvimento - periferia - semi-periferia A Revolução Francesa não teve grande impacto na economia. Seus efeitos foram mais políticos e sociais. Difusão da Soberania Popular Aceitação da normalidade da mudança. Isso gerou uma instabilidade entre os valores do sistema mundo e os novos valores. A resposta foi a criação da geocultura do Sistema mundo mediante: - intervenção das ideologias. - Triunfo do cientificismo - Incorporação de classes emergentes Análise do sistema interestatal - Funcionam pela hegemonia não pelo império - Há ciclos hegemônicos - Um contestador busca um “império mundial” - A colisão gera uma nova ordem Enviado por Clara Savelli Iriscool 2011.2
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