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livroEDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR

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Prévia do material em texto

EDUCAÇÃO ESPECIAL E 
INCLUSÃO ESCOLAR
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Ana Paula Fischer Hort
 Ivan Carlos Hort
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Julianne Fischer
Revisão Gramatical: Marcilda da Cunha Rosa
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
 379.263
 A821d Hort, Ana Paula Fischer
 Educação especial e inclusão escolar / Ana Paula Fischer 
Hort; Ivan Carlos Hort. Indaial : UNIASSELVI, 2017.
 73 p. : il.
 
 ISBN 978-85-7830-146-0
 1. Inclusão Escolar.
 I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. 
Ana Paula Fischer Hort
Possui graduação em Normal Superior pelo Centro 
Universitário do Vale do Itajaí (2003). É pós-graduada em 
Psicopedagogia pelo Instituto Catarinense de Pós-Graduação 
(2005) e mestre em Educação (2008) pelo Programa de Pós-
Graduação em Mestrado em Educação da Universidade Regional de 
Blumenau. Atualmente trabalha como empresária do ramo educacional. 
Tem experiência na área de Educação, nas Séries Iniciais do Ensino 
Fundamental e no Ensino Superior, com ênfase em Educação Inclusiva, 
Problemas de Aprendizagem e Autismo.
 
Principais publicações: 
HORT, Ana P. F., FISCHER, Julianne, MACANEIRO, J. M. Escola Regular 
e Escola Especial: Reinterpretando papéis. In: XIV Encontro Nacional 
de Didática e Prática de Ensino - ENDIPE, 2008, Porto Alegre. 
HORT, Ana P. F., MACANEIRO, J. M. Prática Pedagógica 
Inclusiva: Possibilidades e Desafios. In: VII Seminário de 
Pesquisa em Educação da Região Sul - AnpedSul, 2008, 
 Itajaí.
Ivan Carlos Hort
 Possui graduação em Bacharelado em Educação Física 
pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1999), pós-
graduação em Educação Física Escolar pelo Instituto Catarinense 
de Pós Graduação - ICPG (2002) e mestrado em Educação (2011). 
Atualmente é diretor no ramo Educacional, atuando com Ensino Superior. 
Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Física, 
atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Física e Inclusão.
Principais publicações:
HORT, Ivan C. Repensar a Educação Física para uma Prática Inclusiva. 
Dynamis - Revista Técnico-Científica, Blumenau, v. 10, n. 39, p. 34-
38, 2002.
HORT, Ivan C.; HORT, A. P. F. Inteligências Múltiplas: Avaliando 
os alunos a fim de desenvolver suas diferentes habilidades. 
Leonardo Pós (Santa Catarina), v. 3, p. 15-20, 2006.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTULO 1
Histórico e Evolução da Educação Especial .....................9
CAPÍTULO 2
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica 
e Políticas Inclusivas ...........................................................29
CAPÍTULO 3
Aspectos Necessários para Construir uma Escola 
Inclusiva ..................................................................................49
APRESENTAÇÃO
Caro aluno(a)! Esta disciplina intitulada Educação Especial e Inclusão Escolar, 
a qual apresentamos neste caderno de estudos, tem fundamental importância, 
principalmente para quem trabalha na área da educação. Isto porque, as mudanças 
nas políticas públicas brasileiras em relação ao atendimento educacional às pessoas 
com necessidades especiais têm causado impacto e inúmeras dúvidas no meio 
escolar e nas instituições especializadas. Dessa forma, elaboramos este material, 
que está dividido em três capítulos, com objetivo de contribuir com um esclarecimento 
e tornar possível a prática da inclusão escolar.
O primeiro capítulo objetiva descortinar a história e a evolução da educação 
especial, diferenciando cada fase para que você compreenda como ocorreu o 
processo que desencadeou o movimento de inclusão nas escolas. Neste capítulo, 
você vai estudar ainda sobre as transformações que vêm ocorrendo nas funções das 
instituições de ensino regular e especial.
Sabemos que para colocar uma proposta em prática é necessário conhecer 
profundamente em que se baseia sua filosofia. Dessa forma, o segundo capítulo nos 
fornece um amplo panorama a respeito das propostas teóricas e dos documentos 
nacionais e internacionais que norteiam as políticas brasileiras de inclusão.
Para finalizar e complementar os estudos feitos nos capítulos I e II, o terceiro 
capítulo explicita sobre os aspectos necessários para promover a inclusão nas 
instituições de ensino, desde o Projeto Político-Pedagógico até a prática do professor 
em sala de aula. Além disso, estudaremos sobre o Burnout docente, um fenômeno 
que vem sendo pesquisado e que é fruto das mudanças provocadas pelas propostas 
de inclusão.
Convidamos você a desvelar as muitas facetas da inclusão escolar, por meio 
das informações contidas em cada página deste caderno, como também laçamos 
a você o desafio de se incluir nessa tarefa, indo além do saber, ou seja: fazer uma 
escola inclusiva!
Os autores.
CAPÍTULO 1
Histórico e Evolução da 
Educação Especial
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
	Conhecer a história da educação especial.
	Compreender a mudança dos papéis da escola especial e da escola 
regular.
	Diferenciar as fases históricas da educação especial.
	Distinguir as funções da escola especial e da escola regular.
10
 Educação Especial e Inclusão Escolar
11
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
Contextualização
Neste capítulo, você vai conhecer um breve histórico a respeito da trajetória 
da Educação Especial. Conhecer os caminhos e a evolução da Educação Espe-
cial é importante, pois fará com que você reflita e compreenda os vários enfoques 
atribuídos às pessoas com deficiência pela sociedade, de acordo com os valores 
morais e éticos de cada época. 
Além disso, este capítulo pretende esclarecer quanto aos modelos de ed-
ucação oferecidos às pessoas com deficiência, desde o período em que eram 
preteridas de qualquer forma de educação escolar, até os dias atuais, onde as 
políticas garantem o direito de educação para todos na escola regular.
Por último, você vai refletir sobre as funções da escola especial, cujo ensino 
não é mais substitutivo ao da escola regular. Dessa forma, a escola especial rece-
beu novos papéis após a implementação de leis que garantem a inclusão de todos 
na escola regular, principalmente o de cooperar com a educação inclusiva.
Trajetória da Educação Especial: da 
Exclusão à Inclusão Escolar
Antes de conhecer o modelo de Educação Inclusiva, que hoje é garantido por 
lei nas escolas de todo o país, é importante sabermos que o mesmo derivou-se 
de uma longa trajetória historicamente produzida. Em outras palavras, o modelo 
de Educação Inclusiva é fruto de mudanças históricas que foram constituídas 
socialmente. Para entender a gênese histórica desse modelo, é essencial que 
você faça uma análise das acepções e práticas que a ele servem de base.
Embora os fenômenos históricos aconteçam de forma não-linear, ou seja, 
não ocorram de maneira contínua, no que concerne à inclusão, podemos delimitá-
los, conforme Sassaki (1997), em quatro fases: exclusão, segregação ou 
separação, integração e inclusão. Ressaltamos que, por se tratar de mudanças 
de paradigmas, essas fases não ocorreram ao mesmo tempo para todos os grupossociais, já que cada população tem seu próprio momento cultural e histórico. Em 
relação a isso, Sassaki (1997, p. 16, grifos do autor) nos explica que:
A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases 
no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando 
a exclusão social de pessoas que – por causa das condições 
atípicas – não lhe pareciam pertencer à maioria da população. 
Em seguida, desenvolveu o atendimento segregado dentro 
de instituições, passou para a prática da integração social e 
recentemente adotou a filosofia da inclusão social para modi-
ficar os sistemas sociais gerais.
12
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Entretanto, não podemos pensar nas fases mencionadas por Sassaki (1997) 
desvinculadas de seus momentos históricos, pois as mesmas foram norteadas 
por políticas públicas que enfatizavam as visões de mundo concebidas em tais 
momentos. Além disso, as quatro fases se referem às práticas sociais, portanto 
a educação, que é uma dessas práticas, está diretamente atrelada a essas 
mudanças. Dessa forma, quando falamos em exclusão, segregação, integração e 
exclusão nesse texto, estamos nos referindo ao acesso à educação. 
O modelo de exclusão, se comparado com os demais – da segregação, 
integração e inclusão –, foi o que predominou por mais tempo no que diz respeito 
à história social das pessoas com deficiência. Nessa fase, era natural pensar em 
abandono e, até, na morte dos “débeis”, pois dessa forma, o sujeito deficiente 
não contaminaria o resto da sociedade. Essa maneira de pensar modificou-se à 
medida que o Cristianismo se difundiu, gerando o pressuposto de que o deficiente 
é um indivíduo dotado de alma e que, portanto, necessita ser socorrido. 
Esse reconhecimento da deficiência aos poucos transformou a fase 
de exclusão em fase de segregação ou separação, quando ocorreu a 
institucionalização da deficiência.
Institucionalização da deficiência significa, nesse caso, 
oferecer ensino às pessoas com deficiência em locais especializados, 
fora das escolas regulares.
A fase de segregação ficou caracterizada pela retirada das pessoas com 
deficiência de suas comunidades de origem e pela manutenção das mesmas 
em instituições residenciais segregadas ou escolas especiais, situadas longe 
da localidade de suas famílias. Em outras palavras, as pessoas com deficiência 
tiveram acesso à educação, mas de forma segregada. 
Foi nessa época, mais especificamente no século XIX, que a 
Escola Especial passou a exercer um papel importante para as pessoas 
com deficiência, pois, segundo Beyer (2005, p. 14), essas escolas 
“integraram, pela primeira vez, as crianças com deficiência no sistema 
escolar”. Diferentemente do que imaginamos, a Escola Especial não 
foi criada para segregar as pessoas com deficiência, e sim para dar a 
oportunidade de ensino que o sistema regular negava a essas pessoas. 
Sobre a Escola Especial, Glat (1998, p. 11) explica que:
A Escola Especial 
não foi criada para 
segregar as pessoas 
com deficiência, 
e sim para dar 
a oportunidade 
de ensino que o 
sistema regular 
negava a essas 
pessoas.
13
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
Tradicionalmente o atendimento aos portadores de deficiências 
era realizado de natureza custodial e assistencialista. Baseado 
em um modelo médico, a deficiência era vista como uma 
doença crônica e o deficiente como um ser inválido e incapaz, 
que pouco poderia contribuir para a sociedade, devendo 
ficar ao cuidado das famílias ou internado em instituições 
‘protegidas’, segregado do resto da população.
Em relação ao exposto por Glat (1998), Beyer (2005, p. 15) adverte que “as 
escolas especiais foram importantes historicamente, mas uma solução transitória 
não tem ou não deve ter caráter permanente”. Dessa forma, é importante termos 
consciência da importância histórica da Educação Especial, como um meio de 
acesso à educação pelas pessoas com deficiência, porém precisamos estar 
cientes de que foi uma solução passageira. 
Na citação de Beyer (2005) aparece o termo “integraram”. Cabe 
lembrar que a integração mencionada por Beyer (2005) é diferente da 
fase de integração em escolas regulares, pois, apesar de as pessoas 
com deficiência estarem integradas em um sistema de ensino, esse 
sistema funcionava separado do convívio social. 
O processo de desinstitucionalização teve início com as mudanças 
socioeducacionais que ocorreram nos anos de 1970, dando um novo rumo à 
educação de pessoas com deficiência. 
Desinstitucionalização é o processo que marcou a 
transferência gradual das pessoas com deficiência das instituições 
especiais para as escolas regulares.
A Comissão de Warnock, que aconteceu em Londres em 1978, deu o seu 
apoio ao princípio da integração para alunos com necessidades educacionais 
especiais, distinguindo três formas principais de integração, que descreveu como: 
situacionais, em que unidades ou turmas especiais se encontram ligadas com 
escolas do ensino regular; sociais, nas quais os alunos da unidade convivem 
com as outras crianças e, se possível, partilham atividades organizadas fora da 
sala de aula; e funcionais, nas quais aqueles que têm necessidades educacionais 
14
 Educação Especial e Inclusão Escolar
especiais assistem às aulas da escolaridade regular em regime de tempo inteiro 
ou de tempo parcial (WARNOCK, 1978).
Nos anos subsequentes à publicação do Relatório Warnock (1978), tornou-
se claro que seriam necessárias alterações substanciais no pensamento que se 
refere às três dimensões citadas, ou seja, situacionais, sociais e funcionais. A 
insatisfação com uma interpretação estreita da integração enquanto problema da 
minoria, na qual o sucesso significava adequar uma criança a um sistema que 
não fora concebido tendo em conta as suas necessidades, conferiu um impulso 
significativo a uma mudança na utilização da terminologia, passando a ser utilizado 
o termo inclusão em vez de integração. Diferente da proposta da integração que 
visava modificar os alunos até que pudessem se encaixar no perfil das escolas 
regulares, a inclusão visa que a escola se molde para atender as necessidades de 
cada aluno. Além disso, o termo inclusão implica o reconhecimento de que todos 
estão abrangidos, ou seja, o princípio da prática educativa inclusiva se aplica a 
todos os alunos.
A Figura 1, elaborada por Beyer (2006) ilustra as quatro fases mencionadas nos 
parágrafos anteriores: exclusão, segregação ou separação, integração e exclusão.
Figura 1 - Os processos de exclusão, separação e 
integração e inclusão sob a ótica de Beyer (2006)
Fonte: Beyer (2006, p. 279).
15
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
Nessa fase, pessoas 
com deficiência 
estavam excluídas 
de todos os tipos de 
educação.
A Figura 1 contém círculos e pontinhos que, conforme a legenda, representam 
respectivamente o ensino tanto na escola regular quanto na escola especial e 
as pessoas com necessidades especiais e as ditas normais. Com essa figura, 
Beyer (2006) procurou esclarecer quanto aos diferentes momentos históricos que 
marcaram as ações do sistema de ensino.
Vamos entender melhor essa figura? 
Na fase de exclusão, a Figura 1 não insere as pessoas com 
necessidades especiais em nenhum tipo de instituição de ensino. 
Isso significa que, nessa fase, além de excluídas do convívio social, 
era negado às pessoas com deficiência o direito de estar na escola 
regular e de receber qualquer outra forma de educação ou estimulação, 
estavam excluídas de todos os tipos de educação.
Na fase de segregação ou separação, a Figura 1 insere as 
pessoas com necessidades especiais em escolas especiais e as 
pessoas sem deficiência no ensino regular. Podemos compreender 
então, que nessa fase foram criadas as primeiras instituições de ensino 
e/ou estimulação para pessoas com deficiência, mas que ficavam 
separadas do convívio social e das escolas regulares. 
Na fase de integração, conformea Figura 1, as pessoas com 
necessidades especiais estão na mesma instituição de ensino que as 
pessoas sem deficiência, mas em grupos separados. Isto quer dizer que, 
as pessoas com deficiência podiam acessar a mesma escola que as 
pessoas sem, mas frequentavam classes separadas.
Nessa fase foram 
criadas as primeiras 
instituições de 
ensino para pessoas 
com deficiência, 
mas que ficavam 
separadas do 
convívio social.
As pessoas com 
deficiência podiam 
acessar a mesma 
escola que as 
pessoas sem, 
mas frequentavam 
classes separadas.
Será que podemos considerar que a segregação e a integração 
são formas de exclusão? Sim. A segregação pode ser considerada 
uma forma de exclusão, pois apesar de os alunos com deficiência 
estarem em uma instituição de ensino, esta era separada das 
escolas comuns, ou seja, estavam excluídos do ensino regular. Da 
mesma forma, podemos considerar que a integração é uma forma de 
exclusão, já que os alunos, mesmo incluídos na escola regular, ficam 
excluídos dos grupos de alunos sem deficiência. 
16
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Finalmente, a Figura 1, na fase de inclusão, insere as pessoas 
com necessidades especiais na mesma escola e no mesmo grupo 
das pessoas sem deficiência. Com isso, podemos compreender que 
o modelo de inclusão requer mais da escola do que o modelo de 
integração, pois prevê um ensino que abranja a todos em uma mesma 
classe dentro de uma mesma escola.
O modelo de 
inclusão requer 
mais da escola do 
que o modelo de 
integração, pois 
prevê um ensino 
que abranja a todos 
em uma mesma 
classe dentro de 
uma mesma escola.
Atividade de Estudos:
1) Você acha que, a escola como está configurada atualmente, 
está preparada para se encaixar nos moldes do paradigma da 
inclusão? Aproveite este momento de reflexão e responda de 
acordo com as experiências vivenciadas em sua realidade, 
justificando sua resposta.
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Independentemente de sua resposta, podemos considerar que novos 
projetos requerem mudanças, e isso não é diferente quando tratamos do ambiente 
educacional. Na próxima seção, discutiremos sobre as mudanças que a última 
fase – inclusão – trouxe para as escolas, tanto especiais quanto regulares.
Romeu Kasumi Sassaki, o qual citamos no início dessa seção, é consultor e 
atua 43 anos na promoção e inclusão social de pessoas com deficiência. Leia um 
trecho da entrevista concedida por Sassaki ao site www.educacaoonline.pro.br, 
que aborda sobre o tema que estamos estudando.
17
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
ENTREVISTA COM ROMEU KAZUMI SASSAKI 
REALIZADA PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, 
DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
Fala-se muito também na integração do portador de 
deficiência. Existe diferença entre inclusão e integração?
Sim, existe, embora ambas constituam formas de inserção. A 
prática da integração, principalmente nos anos sessenta e setenta, 
baseou-se no modelo médico da deficiência, segundo o qual tínhamos 
que modificar (habilitar, reabilitar, educar) a pessoa com deficiência 
para torná-la apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social 
(familiar, escolar, profissional, recreativo, ambienta). Já a prática da 
inclusão, incipiente na década de oitenta porém consolidada nos anos 
noventa, vem seguindo o modelo social da deficiência, segundo o 
qual a nossa tarefa é a de modificar a sociedade (escolas, empresas, 
programas, serviços, ambientes físicos etc.) para torná-la capaz de 
acolher todas as pessoas que, uma vez incluídas nessa sociedade 
em modificação, poderão ter atendidas as suas necessidades, 
comuns e especiais.
Que tipo de ação o Senhor sugere no sentido de tomar 
eficaz a inclusão do aluno com deficiência na escola regular?
As ações são de vários tipos e devem ser, em sua maioria, 
implementadas simultaneamente. Será necessária uma ampla 
e contínua campanha de esclarecimento do público em geral, 
das autoridades educacionais e dos alunos das escolas comuns 
e especiais e de seus familiares. Serão imprescindíveis os 
treinamentos dos atuais e futuros professores comuns e especiais. 
Esses treinamentos deverão enfocar os conceitos inclusivistas 
(autonomia, independência, empowerment, equiparação de 
oportunidades, inclusão social, modelo social da deficiência, rejeição 
zero e vida independente), a Declaração de Salamanca, os preceitos 
constitucionais brasileiros pertinentes ao direito à educação no 
ensino regular, os princípios da inclusão escolar, os procedimentos 
em sala de aula e as atividades extracurriculares que constituem 
as melhores práticas de ensino-aprendizagem já comprovadas por 
escolas inclusivas bem sucedidas. Durante e após os treinamentos, 
deverá ser garantido aos professores o seu acesso à literatura (livros, 
manuais, apostilas, relatórios e outros materiais impressos e ou 
audiovisuais) sobre educação inclusiva. Deverá também ocorrer uma 
série de modificações nos ambientes escolares e nos materiais de 
18
 Educação Especial e Inclusão Escolar
ensino-aprendizagem, além de mudanças nos critérios de avaliação 
do rendimento escolar e de promoção nas séries.
Onde se encontram as principais resistências no sentido de 
se conseguir uma efetiva inclusão?
Tanto no âmbito escolar como em outros setores, as principais 
resistências têm como origem o desconhecimento e ou as 
informações equivocadas a respeito do paradigma da inclusão. 
Quanto à inclusão escolar, as resistências estão presentes entre as 
autoridades educacionais de todos os níveis, entre os professores 
comuns e especiais e entre famílias e alunos com e sem deficiências. 
Uma das grandes barreiras a serem derrubadas está 
nos preconceitos em relação ao tema. Como o Senhor vê o 
problema?
Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados 
ou, pelo menos, reduzidos por meio das ações de sensibilização da 
sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade 
humana dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos 
programas de lazer inclusivo. Resultados já existem que comprovam 
a eficácia da educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos: 
comportamentos na escola, no lar e na comunidade; resultados 
educacionais; senso de cidadania; respeito mútuo; valorização das 
diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e 
grandes de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino-
aprendizagem, dentro e fora das escolas inclusivas.
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/HL4Q3N>. Acesso em: 15 jun. 2016.
Atividades de Estudos:
1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da 
entrevista de Sassaki e comente sobre eles.
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19
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
Trabalhar de 
forma cooperativa 
com as escolas 
regulares e auxiliar 
no processo de 
inclusão de alunos 
com necessidades 
especiais.
É importante saber que deficiência e síndrome são duas 
patologias diferentes. Uma pessoa com síndrome pode ter uma 
deficiência, mas isso não é uma regra e vice-versa.
2) Diferencie, com suas palavras, as fases de exclusão, segregação 
ou separação, integração e inclusão.
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Escola Regular e Escola Especial: 
ReinterpretandoPapéis
Na seção anterior, vimos que as escolas especiais surgiram para oferecer 
ensino às pessoas com deficiência, já que estas, até o final da década de 1980, 
não tinham o direito de frequentar as escolas regulares. Nesse sentido, as escolas 
especiais inicialmente possuíam um caráter substitutivo ao ensino regular. Você 
pode estar se perguntando: Se todos os alunos devem estar incluídos nas escolas 
regulares, qual o papel da escola especial nesse processo? As escolas especiais 
deixarão de existir?
 Após a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional – Educação Especial, Lei nº 9.394/96, Art. 58, parágrafo 
I, prevendo que, quando necessário, haveria “[...] serviço de apoio 
especializado, na escola regular, para atender a peculiaridades da 
clientela de educação especial” (BRASIL, 2006), as escolas especiais 
ficaram encarregadas de assumirem um novo papel na educação: 
trabalhar de forma cooperativa com as escolas regulares e auxiliar no 
processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. Dessa 
forma, as escolas especiais não deixarão de existir, mas deverão assumir uma 
nova tarefa diante das pessoas com deficiência ou síndrome.
20
 Educação Especial e Inclusão Escolar
De que forma isso vai acontecer?
A escola especial, serviço de apoio especializado ou atendimento 
educacional especializado passará a oferecer serviços diferentes do oferecido 
no ensino escolar comum, tendo como função atender às peculiaridades dos 
alunos com necessidades especiais e estando disponível como complemento e 
não como substitutivo do ensino regular. Mantoan (2007, p. 6) nos lembra que, 
no Ordenamento Jurídico Brasileiro, o atendimento prestado pela escola especial 
“existe para complementar e não para substituir o ensino escolar comum e para 
que os alunos com deficiência tenham acesso e freqüência à escolaridade, em 
escolas comuns”. Isso significa que, a escola especial deve complementar 
o ensino regular, oferecendo suporte tanto para os alunos com deficiência ou 
síndrome quanto para as escolas regulares.
Quando falamos em suporte aos alunos com deficiência ou síndrome, não 
nos referimos a aula de reforço ou a atendimentos que preencham as lacunas 
deixadas pela escola regular. Segundo Batista (2006, p. 17) o suporte existe “[...] 
para que os alunos possam aprender o que é diferente do currículo do ensino 
comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas 
pela deficiência”. Por exemplo, quando um aluno com deficiência visual é incluído 
na escola regular, o atendimento especializado da escola especial, além de outras 
atividades, pode ensinar o Braille. Dessa forma, o aluno terá acesso a linguagem 
escrita, podendo participar das atividades na escola regular, que por sua vez, 
adaptará o material didático e as avaliações para o Braille.
O suporte oferecido pela escola especial às escolas regulares pode acontecer 
de várias maneiras. Uma delas é a orientação oferecida aos professores e aos 
gestores educacionais por profissionais itinerantes que esclarecem sobre 
como garantir a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Sobre isso, 
Mantoan (2003, p. 55) argumenta que “Não adianta, contudo, admitir o acesso 
de todos às escolas, sem garantir o prosseguimento da escolaridade até o nível 
que cada aluno for capaz de atingir”. Nesse sentido, podemos considerar que 
a inclusão não termina na garantia de matrícula aos alunos com deficiência ou 
síndrome, mas requer também a garantia da continuidade do aluno na escola. 
No tocante à itinerância, Mantoan (2003, p. 87) chama a atenção para o 
seguinte: 
O professor itinerante/especialista tende a acomodar o profes-
sor comum, tirando-lhe a oportunidade de crescer, de sentir 
a necessidade de buscar soluções e não aguardar para que 
alguém de fora venha regularmente, para resolver seus pro-
blemas. Esse serviço reforça a idéia de que os problemas de 
aprendizagem são sempre do aluno e de que só o especialista 
consegue removê-lo com adequação e eficiência.
21
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
Atividades de Estudos:
1) Complete o quadro de acordo com o que você estudou a respeito 
das características das escolas especiais e das escolas regulares: 
 A autora nos alerta que, ao contrário do que muitos pensam, os 
professores itinerantes não estão na escola para resolver os problemas 
dos professores regentes e acomodá-los, mas para auxiliá-los, criando 
a autonomia necessária para desenvolver um trabalho inclusivo 
(MANTOAN, 2003). Conforme já mencionamos, o professor itinerante 
tem o papel de orientar os profissionais das escolas regulares quanto 
à inclusão de seus alunos e não de assumir as responsabilidades do 
professor comum.
Ante ao exposto, qual o papel da escola regular diante do modelo 
de inclusão?
Assim como a escola especial, a escola regular também deve reinterpretar 
seu papel diante do paradigma da inclusão, assumindo as responsabilidades 
impostas pelas leis e modificando seu sistema de acordo com as orientações 
propostas pelas políticas de inclusão. Nos próximos capítulos, discutiremos mais 
atentamente as questões legais e teóricas que embasam a inclusão de pessoas 
com deficiência nas escolas regulares.
O professor 
itinerante tem o 
papel de orientar 
os profissionais das 
escolas regulares 
quanto à inclusão 
de seus alunos e 
não de assumir as 
responsabilidades 
do professor 
comum.
Papel desenvolvido antes da 
proposta de inclusão escolar
Papel a ser desenvolvido após a 
proposta de inclusão escolar
Escola Especial
Escola Regular
22
 Educação Especial e Inclusão Escolar
2) De que forma a escola especial pode cooperar com a escola 
regular para promover a inclusão dos alunos com deficiência ou 
síndrome? Crie uma situação para exemplificar sua resposta.
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Sugiro que você leia a entrevista intitulada ‘Inclusão é o privilégio de conviver 
com as diferenças’ que Mantoan concedeu ao site www.novaescola.org.br. 
Nessa entrevista a educadora comenta sobre a importância de conviver com as 
diferenças na escola. 
INCLUSÃO PROMOVE A JUSTIÇA
O que é inclusão?
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, 
assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas 
diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, 
sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que 
têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas 
as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro 
motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no 
ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já 
inclusão é estar com, é interagir com o outro.
Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores?
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O 
grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os 
estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita 
dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que 
são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor 
que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não 
ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida 
cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem 
considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. 
Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a 
todos o direito à educação.
23
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
O que faz uma escola ser inclusiva?
Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa 
pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, 
inclusão é mais do que ter rampas ebanheiros adaptados. A equipe 
da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e 
indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os 
pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história 
e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas 
também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas 
e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas 
diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos 
tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade 
para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E 
isso vale para os estudantes com deficiência ou não.
Como está a inclusão no Brasil hoje?
Estamos caminhando devagar. O maior problema é que 
as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa 
Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino 
Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais 
devem receber atendimento especializado preferencialmente na 
escola , que não substitui o ensino regular. Há outra questão, um 
movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: 
a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em 
deficiência mental. Muita gente continua acreditando que o melhor 
é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino 
adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm 
o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de 
conscientização.
A escola precisa se adaptar para a inclusão?
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer 
atendimento educacional especializado paralelamente às aulas 
regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, 
por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no 
contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e 
de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda 
na sua integração dentro e fora da escola.
Como garantir atendimento especializado se a escola não 
oferece condições?
A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem 
como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, 
24
 Educação Especial e Inclusão Escolar
disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem 
que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na 
particular, o serviço especializado também pode vir por meio de 
parcerias e deve ser oferecido sem ônus para os pais.
Estudantes com deficiência mental severa podem estudar 
em uma classe regular?
Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de 
discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm 
deficiências graves. No Canadá, vi um garoto que ia de maca para 
a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos 
colegas, integrado à turma e participativo. Há casos, no entanto, em 
que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa 
ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de 
encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os 
atendimentos clínico e especializado.
A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser 
diferenciada?
Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em 
que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e 
autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante 
estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. 
Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles 
próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram 
um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais 
produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir 
se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. 
Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, 
e não da comparação com os demais.
Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com 
deficiência?
Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não 
especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de 
atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança 
surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua 
brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua 
portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por 
um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função 
do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os 
profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda 
e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista 
25
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre 
o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, 
como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, 
textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo.
Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a 
língua de sinais?
É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba 
libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter 
noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para 
a aula. No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa 
dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até 
aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção 
de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras 
e braile na formação inicial do docente.
O professor pode se recusar a lecionar para turmas 
inclusivas?
Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes 
de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é 
necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por 
medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles 
têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por 
exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados 
profissionalmente. Os pais e os líderes comunitários também 
podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o 
cumprimento da lei.
Há fiscalização para garantir que as escolas sejam 
inclusivas?
O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em 
denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da 
Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente 
não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o 
seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática.
Fonte: Disponível em: <http://novaescola.org.br/formacao/maria-teresa-
egler-mantoan-424431.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2016.
26
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Atividades de Estudos:
1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da 
entrevista de Mantoan e comente sobre eles.
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Sugerimos que você assista ao filme “O oitavo dia”. O filme 
retrata a época em que pessoas com deficiências ou síndromes eram 
deixadas por suas famílias em instituições separadas do convívio 
social. Além disso, o filme trata sobre o preconceito existente no 
contato e no relacionamento de pessoas com deficiência com 
pessoas ditas normais.
Sinopse: Um homem com Síndrome de 
Down cuja mãe morreu e um ocupado homem de 
negócios, divorciado e sem a posse dos filhos, 
que não querem mais lhe ver. Os dois acabam 
desenvolvendo uma amizade especial quando 
encontram-se acidentalmente. 
O OITAVO DIA. Direção de Jaco van Dormael. França: Polygram / 
Europa Carat Home Vídeo, 1996. 1 filme (118 min), legendado.
Algumas Considerações 
Caro acadêmico! Neste capítulo você conheceu a história da educação 
especial, antes mesmo de seu surgimento. Da mesma forma, compreendeu a 
mudança dos papéis da escola especial frente aos desafios da inclusão escolar.Em suma, refletimos sobre:
27
Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 
• As quatro fases da inclusão escolar: exclusão, segregação ou separação, 
integração e inclusão;
• A diferença entre as propostas de integração e de inclusão escolar;
• As mudanças requeridas pela inclusão escolar tanto nas escolas regulares 
quantos nas escolas especiais;
• O antigo papel das escolas especiais, que era acolher e oferecer ensino 
às pessoas com deficiência ou síndrome;
• A atual função das escolas especiais, ou seja, de oferecer suporte às 
escolas regulares para promover a inclusão de todos;
• O desafio lançado às escolas regulares, isto é, receber, acolher e ensinar 
a todos os alunos.
Referências
BATISTA, Cristina Abranches Mota. Educação Inclusiva: atendimento 
educacional especializado para a deficiência mental. 2. ed. Brasília: MEC – 
SEESP, 2006.
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com 
necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
______. Educação Inclusiva ou Integração Escolar? Implicações pedagógicas 
dos conceitos como rupturas paradigmáticas. In: Ensaios Pedagógicos. Brasília: 
MEC – SEESP, 2006. p. 277- 280. 
 
BRASIL. Educação Especial, legislação. Disponível em: <www.mec.gov.br> 
Acesso em: 15 out. 2006.
GLAT, R. A integração social dos portadores de deficiência: uma reflexão. Rio 
de Janeiro: Sette Letras, 1998.
MANTOAN, Maria Teresa Égler. O direito à diferença nas escolas – questões 
sobre a inclusão escolar de pessoas com e sem deficiências. Revista Educação 
Especial: Santa Maria: UFSM, n. 23, 2004. Disponível em: <www.ufsm.br/ce/
revista> Acesso em: 22 out. 2007.
28
 Educação Especial e Inclusão Escolar
______. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: 
Moderna, 2003.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 
3.ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
WARNOCK, R. Special educational needs report of commite of enquiry into 
the education of handicapped children and young people. Londres: Her 
Magestys Office, 1978.
CAPÍTULO 2
Inclusão Escolar: Definição, 
Fundamentação Teórica e Políticas 
Inclusivas
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
� Compreender as propostas que fundamentam a inclusão escolar.
� Conhecer os documentos nacionais e internacionais que guiam as políticas de 
inclusão.
� Fundamentar a prática escolar inclusiva.
30
 Educação Especial e Inclusão Escolar
31
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
Contextualização
O modelo de inclusão escolar não surgiu repentinamente, ou seja, é fruto de 
uma evolução decorrente de mudanças culturais e sociais. Para compreendermos 
melhor a filosofia da inclusão escolar e conseguirmos colocá-la em prática, é 
necessário sabermos em que se baseiam suas propostas.
Dessa forma, esse capítulo tem o objetivo de definir, por meio de estudos 
teóricos, o significado da inclusão escolar. Além disso, conheceremos os documentos 
nacionais e internacionais mais importantes que guiam as políticas de inclusão.
As Propostas da Educação Inclusiva
Nesta seção, discutiremos de maneira mais aprofundada as propostas 
teóricas que fundamentam o modelo de inclusão escolar, o qual você conheceu 
no Capítulo I. Conforme já estudamos, a inclusão escolar prevê um ensino que 
abranja a todos os alunos em uma única escola. Nesse sentido, conheceremos a 
concepção de alguns autores a respeito desse paradigma.
Mittler (2003), por exemplo, considera que as salas de aula 
inclusivas podem possibilitar aos alunos que se situem em contextos 
de aprendizagem funcional e significativa. Isso quer dizer que, para 
Mittler (2003) a inclusão escolar traz benefícios para a aprendizagem 
de alunos com e sem deficiência.
A inclusão escolar 
traz benefícios para 
a aprendizagem de 
alunos com e sem 
deficiência.
Atividades de Estudos:
1) Mittler (2003) sugere que a inclusão traz benefícios para todos os 
alunos. Você saberia pontuar alguns desses benefícios?
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32
 Educação Especial e Inclusão Escolar
A palavra ‘todos’ 
na inclusão escolar 
se refere a todas 
as pessoas, sem 
exceção.
Também Stainback e Stainback (1999, p. 21) chamam a atenção 
quando afirmam que “[...] o ensino inclusivo é a prática da inclusão de 
todos – independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica 
ou origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas 
as necessidades dos alunos são satisfeitas”. Os autores definem que 
a palavra ‘todos’ na inclusão escolar se refere a todas as pessoas, sem exceção. 
Mantoan (2003, p. 24) igualmente defende a permanência de todos os alunos 
nas escolas e sugere uma reelaboração das filosofias educacionais quando afirma 
que “a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge 
apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades em aprender, 
mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”.
Você pode estar se perguntando: Isso significa que uma pessoa 
com deficiência severa também tem o direito de se matricular na escola 
regular? Sim! As leis garantem que todos têm o direito de frequentar a 
escola regular, independente de seu nível de comprometimento.
Na mesma linha de pensamento dos autores mencionados, 
os pressupostos de Vygotski, considerado por Beyer (2006) um dos 
primeiros estudiosos cujas ideias abordaram conceitos centrais do 
projeto de inclusão escolar e a importância de a criança com deficiência 
frequentar ambientes sociais, inclusive a escola, já apresentava o 
conceito de que, para um bom desenvolvimento infantil e humano em 
geral, a sócio-gênese é condição fundamental.
Para um bom 
desenvolvimento 
infantil e humano 
em geral, a sócio-
gênese é condição 
fundamental.
Vygotski já considerava importante que as crianças com 
deficiência frequentassem ambientes sociais, entre eles a escola.
Sócio-gênese para Vygotski é a idéia de que, as interações 
sociais são fundamentais para a criança desenvolver estruturas 
humanas, como o pensamento e a linguagem.
33
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
Neste sentido, Vygotski (1997, p. 214-215) afirmava que:
[...] as funções psicológicas superiores (o pensamento em 
conceitos, a linguagem racional, a memória lógica, a atenção 
voluntária, etc.) se formam durante o período histórico do de-
senvolvimento da humanidade e devem sua origem, não à evo-
lução biológica, [...] mas a seu desenvolvimento histórico como 
ser social. 
Beyer (2006) cita que Vygotski, ao invés de centrar a atenção na noção de 
defeito ou lesão, colocava o esforço em compreender de que modo o ambiente 
social e cultural poderia mediar as relações entre as pessoas com deficiência e o 
meio. De acordo com Beyer (2006, s.p.), 
Vygotski sempre combateu uma proposta de formação de gru-
pos com igualdade nos perfis, isto é, grupos com tendência a 
se homogeneizarem a partir particularmente dos critérios de 
condição intelectual e de desempenho acadêmico. 
Vygotski (1997), além de ressaltar a importância das relações sociais 
entre pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, também considerava 
fundamental que houvesse a promoção de acesso e permanência dessas crianças 
com deficiência no âmbito social, pois, se não houvesse essas oportunidades 
de participação, seus destinos seriam a segregação e o isolamento, o que 
desfavoreceria seu desenvolvimento. Neste sentido, compreendemos, com base 
em Vygotski (1997), que a segregação de uma escola especial representaria aperpetuação do déficit, da perda e da deficiência.
Beyer (2006) foi um pesquisador da inclusão escolar. Em um de 
seus trabalhos intitulado “Por que Lev Vygotski quando se propõe uma 
educação inclusiva?”, o autor fez um estudo sobre a Defectologia, teoria 
escrita por Vygotski (1997). Se você tiver interesse por esses estudos, 
sugerimos que leia esses dois materiais, o artigo de Beyer (2006) e o 
livro de Vygotski (1997) sobre os Fundamentos da Defectologia. 
Além da preocupação e da concepção dos estudiosos mencionados – Mittler, 
Stainback e Stainback, Mantoan, Beyer e Vygotski – sobre a educação inclusiva, 
outro aspecto que cabe ressaltar, se refere a quais iniciativas a escola deve tomar 
para que possa tornar a inclusão uma realidade de seu cotidiano. Mendes (2001, 
p. 17) explica que:
34
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Ao mesmo tempo em que o ideal da inclusão se populariza e 
se torna pauta de discussão obrigatória para todos os interes-
sados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais 
especiais, surgem as controvérsias, menos sobre seus princí-
pios e mais sobre as formas de efetivá-la.
Sob a perspectiva de Mendes (2001), podemos compreender que quanto 
mais a inclusão se torna parte da realidade escolar, mais discussões surgem 
em torno dessa nova filosofia, que giram em torno, principalmente, da questão 
prática, ou seja, da forma de realizá-la. 
Antes de colocarmos qualquer proposta educacional em 
prática precisamos conhecer profundamente sua base teórica! Esse 
conhecimento evita que aconteçam distorções e que o trabalho fique 
comprometido.
Afinal, o que é inclusão? 
A inclusão é um processo que requer muito mais do que transferir crianças 
da escola especial para a escola regular ou garantir acesso à todos à escola 
regular. Salientamos que a palavra processo é originária do latim processus e 
significa, segundo o dicionário (HOUAISS, 2001, p. 2303), “uma ação continuada e 
prolongada de uma atividade; andamento; desenvolvimento”. Portanto, quando são 
incluídas crianças em escolas regulares que ainda seguem um modelo baseado 
na integração, ou seja, em que todas as crianças devem seguir o mesmo método 
pedagógico, avançar no mesmo ritmo e serem avaliadas da mesma maneira, é 
preciso ter a clareza de que não ocorrerá uma mudança instantaneamente. Nesse 
sentido, propiciar a inclusão é participar de um processo de mudança, fazendo 
parte da reorganização da escola, onde estar incluído significa ter o direito de 
aprender junto, independente das condições físicas, lingüísticas, intelectuais, 
sociais e emocionais. Isso significa que, além de garantir o acesso à escola, é 
necessário garantir o acesso aos conteúdos acadêmicos. 
Estar incluído em uma escola regular não significa apenas estar 
nessa escola, mas também fazer parte dela.
35
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
Geralmente ouvimos pessoas envolvidas com a escola afirmarem que é 
impossível incluir alunos com deficiência na escola regular. De certa forma, esses 
profissionais têm razão, pois enquanto a escola não compreender os fundamentos 
da inclusão e esperar que os alunos se moldem às suas metodologias, não 
conseguirá ser inclusiva. A respeito disso, Rodrigues (2005, p. 46) afirma que: “A 
inclusão encontra-se hoje conceitualmente situada entre grupos que a consideram 
como utópica, outros, uma mera retórica e outros ainda, ‘uma manobra de diversão’ 
face aos reais problemas da escola.” Neste sentido, alguns grupos de pessoas 
consideram a educação inclusiva utópica por diversos motivos, ressaltando que, 
numa sociedade excludente, não pode haver uma escola inclusiva. 
Pensar que a inclusão escolar pode ser utópica é compreensível, 
pois, diferentemente de outros países em que a proposta de inclusão 
iniciou com ações conjuntas de pais e professores, no Brasil, o 
movimento de inclusão foi articulado por estudiosos e técnicos de 
secretarias. Beyer (2005, p. 08) salienta que:
Em vez de se constituir como um movimento gradativo de de-
cisões conjuntas entre pais e educadores, com imediata re-
versão em ações de implementação e adaptação das escolas 
e dos professores na direção do projeto inclusivo, ocorreu um 
movimento deslocado das bases para o topo.
Da forma apontada por Beyer (2005), os pais e educadores não puderam 
refletir e participar das diretrizes político-pedagógicas da educação inclusiva, o que 
seria de extrema importância, já que eles atuam diretamente com essa questão. 
A falta de conhecimento e de experiências concretas de inclusão e a sensação 
de obrigatoriedade imposta pelas autoridades podem ter contribuído mais para 
a exclusão do que para a inclusão. Por outro lado, se, no Brasil, o projeto de 
inclusão não fosse de certa forma imposto pelas autoridades e dependêssemos 
de movimentos de pais e professores, talvez nunca houvesse uma mudança 
nessa direção.
No Brasil, o 
movimento de 
inclusão foi articulado 
por estudiosos 
e técnicos de 
secretarias.
Atividades de Estudos:
1) Inclusão escolar é utopia? A obrigatoriedade de implementação 
da proposta de inclusão pode ter causado o efeito oposto? Se 
a inclusão escolar não tivesse sido imposta por lei, as escolas 
estariam caminhando espontaneamente nessa direção? 
Baseado(a) nesses questionamentos emita sua opinião diante da 
discussão lançada nos parágrafos anteriores.
36
 Educação Especial e Inclusão Escolar
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A inclusão à qual fazemos referência neste Caderno de Estudo, de maneira 
diferente do que já ficou estigmatizado, não abarca só as pessoas com deficiência 
ou necessidades especiais, conforme mostra a Declaração de Salamanca (1994):
[...] escolas deveriam acomodar todas as crianças, indepen-
dentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, 
emocionais, lingüísticas e outras. [...] incluir crianças deficien-
tes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças 
de origem remota ou de população nômade, crianças perten-
centes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais, e crianças 
de outros grupos desavantajados ou marginalizados.
A Declaração de Salamanca (1994) elucida que a inclusão engloba, também, 
os sujeitos que, de alguma forma e por algum motivo, estão sendo deixados 
de fora das instituições regulares de ensino. Werneck (2006), em entrevista 
concedida ao Portal Educacional, esclarece o motivo pelo qual a deficiência é 
destacada quando se fala em inclusão escolar: 
[...] tenho uma preocupação muito grande quando falo da es-
cola. É uma instituição que todos nós, inclusive eu, ajudamos 
a construir e que tem de mudar, não porque não é boa para a 
criança com deficiência, mas porque não está boa para nin-
guém. Mas, no dia em que ela for boa para uma criança com 
deficiência, ela vai ser boa para todo mundo, certo? Esse é o 
fim da linha [...].
Ainda na mesma entrevista, Werneck (2006) explica sua opinião sobre a 
inclusão e defende a ideia da escola inclusiva afirmando que “[...] se eu ponho 
uma criança com deficiência na escola, eu acelero o processo de mudança. [...] A 
escola inclusiva nada mais é do que uma escola de qualidade para todos. Mas um 
‘todos’ que seja tudo. Um ‘tudo’ sem exceções”.
Werneck (2006) e os demais autores, bem como a Declaração de Salamanca 
(1994) apontam aspectos variados que ratificam princípios da escola inclusiva e 
a fundamentam: importância das amizades e da convivência nas relações sociais 
entre pessoas com e sem deficiência, iniciativas da escola para torná-la inclusiva, 
inclusão como processo e articulação da inclusão por pais e professores.
37
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2INCLUSÃO REFLETE RIQUEZA HUMANA
O que a incomodou e a fez abraçar a inclusão?
Eu acho que não dá para você escolher as condições humanas 
que vão estar com você nos ambientes. É como se você negasse a 
característica mais típica da humanidade, a diversidade. Comecei a 
querer ir além nos meus trabalhos e, um dia, descobri que isso tinha 
um nome, inclusão. Em 1997, escrevi o primeiro livro publicado no 
Brasil sobre sociedade inclusiva, esse que é um conceito da ONU, o 
de sociedade inclusiva ou sociedade para todos. 
A propósito, o que preconiza a ONU no que se refere à 
sociedade inclusiva?
A principal característica da inclusão é propor uma sociedade 
para todos, uma escola para todos, de forma incondicional. É 
para todos mesmo! Se alguém ficar de fora, não é mais inclusão. 
A inclusão propõe uma ruptura dos paradigmas que já existem, a 
construção de um novo trabalho, um novo lazer, uma nova escola. 
São propostas que vão melhorar a vida de cada um de nós porque 
são de alta qualidade, de alto refinamento para os relacionamentos 
humanos, onde quer que eles aconteçam. Eu repito: não são 
propostas exclusivamente para pessoas com deficiência.
Se a inclusão não se aplica apenas a pessoas com 
necessidades especiais, por que em certos discursos dão a 
impressão que as duas coisas são uma só? 
Quando pessoas que pensam como eu — ainda são poucas no 
Brasil — falam de inclusão, usam a deficiência como estratégia. É por 
isso que ela é tão importante: a deficiência é o fim da linha, é o que 
sempre fica de fora. Até quando você ouve os discursos mais atualizados 
sobre inclusão social, da parte de militantes de esquerda — se é que 
ainda dá para usar essa expressão —, percebe que eles também não 
englobam a deficiência. Por isso, você tem que colocar a deficiência 
como meta quando se fala de sociedade ou escola para todos. 
Sugiro que você leia parte da entrevista intitulada ‘Inclusão reflete riqueza 
humana’ que Werneck (2006) concedeu ao site www.educacional.com.br. Nessa 
entrevista a jornalista esclarece sobre os Direitos Humanos.
38
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Confundir integração com inclusão, achar que ela é uma 
proposta restrita aos deficientes... Como desfazer esse nó na 
escola e ajudá-la a trabalhar por uma sociedade inclusiva?
Esse é o problema central: vivemos numa grande crise de 
comunicação. Eu noto que o avanço tecnológico nos empurra 
tanto que deixamos de dedicar o tempo e a reflexão que 
novas questões sociais merecem. Como o social não avança 
com a velocidade do tecnológico, as reflexões não podem 
ser assim tão apressadas, senão acabamos nos atropelando 
entre conceitos e começamos a não nos comunicar mais. 
Com integração e inclusão, é isso que acontece. Na maioria das 
vezes, as pessoas falam de uma coisa pensando que é outra. 
Aparentemente, podem estar contra, mas, no fundo, podem estar 
a favor. Muitas das discussões acontecem simplesmente porque 
as pessoas não percebem de que conceitos estão falando. É como 
se você chamasse marxismo de capitalismo e ficássemos horas 
discutindo (risos). É preciso muito tempo e esforço para desfazer esse 
nó. Às vezes, vou a uma empresa, converso horas com as pessoas 
sobre inclusão e aí espero, lógico, a hora certa para mostrar que 
estou me referindo a outra inclusão... É comum as pessoas falarem 
assim: “Nossa, Cláudia, só agora eu entendi. A minha inclusão era 
outra, era a de quem passa fome, de quem não tem onde morar”. Ou 
seja, a vítima do sistema, que também vive uma situação horrível, 
lógico. Agora, se você não acrescenta a deficiência, você não vai ao 
final da sua reflexão. Você também pode discutir três horas sobre 
crianças com deficiências, mas, se não enxergar como é a vida 
dessas crianças, então, não falou do problema ainda.
A senhora diria que certas escolas adotam, em relação 
aos portadores de deficiência, um comportamento que beira a 
discriminação?
Reclamamos o tempo todo que somos um país corrupto, que 
as pessoas não são sérias, que somos um país pouco ético, onde 
as leis não são cumpridas, onde os profissionais não estão atentos 
às minorias, mas a escola que temos é uma escola não ética! É uma 
escola que gera segregação, competição a qualquer preço e, além 
dessa proposta segregadora ser muito bem disfarçada, a escola, com 
raras exceções, tem um ambiente que não é real. É um ambiente 
anômalo, que não comporta todas as condições humanas. Se você 
tira algumas dessas condições, está criando uma farsa, e as crianças 
e jovens vivem nessa espécie de farsa do ponto de vista humano 
39
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
— não estou querendo dizer que o professor, que o diretor é mau, 
mas que a instituição “escola brasileira” é baseada, na maioria das 
vezes, em uma humanidade que não existe, porque não representa 
o humano como ele é. Os jovens crescem nesse ambiente e, quando 
entram no ambiente de trabalho, o que se exige deles? Que sejam 
profissionais éticos, sensíveis, articulados, com capacidade de 
trabalhar em equipe, que sejam atentos às minorias... Mas como que 
eles vão conseguir? Existe essa mágica, de um dia para o outro você 
dormir e acordar diferente?
Essa segregação de que a senhora fala não acontece 
porque a escola ainda segue o modelo de apontar o que o aluno 
tem de errado, o que ele tem de deficiente, em vez de incentivar 
o que ele tem de bom?
Exatamente. A inclusão diz o seguinte: cada pessoa tem o direito 
de contribuir com o seu talento para o bem comum. Talentos que todos 
nós temos e que a escola não está preparada para perceber ainda. 
Eu sou filha de professores e tenho uma preocupação muito grande 
quando falo da escola. É uma instituição que todos nós, inclusive eu, 
ajudamos a construir e que tem de mudar, não porque não é boa para 
a criança com deficiência, mas porque não está boa para ninguém. 
Mas, no dia em que ela for boa para uma criança com deficiência, 
ela vai ser boa para todo mundo, certo? Esse é o fim da linha, o meu 
objetivo, a minha meta principal. E se eu ponho uma criança com 
deficiência na escola, eu acelero o processo de mudança. Essa coisa 
tem de estar muito clara: nós estamos propondo uma escola melhor 
para todos. Todos mesmo. A escola inclusiva nada mais é do que 
uma escola de qualidade para todos. Mas um “todos” que seja tudo. 
Um “tudo” sem exceções.
Fonte: Disponível em: <www.educacional.com.br/entrevistas/
entrevista0073.asp>. Acesso em: 15 jun. 2016.
Atividades de Estudos:
1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da 
entrevista de Werneck e comente sobre eles.
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 Educação Especial e Inclusão Escolar
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Documentos Internacionais e a 
Legislação Brasileira
Essa seção destina-se a apresentar os documentos nacionais e internacionais 
que guiam as políticas da inclusão escolar. É importante conhecermos esses 
documentos para podermos buscar junto aos órgãos responsáveis os direitos e os 
deveres dos membros que fazem parte das instituições escolares.
Destacamos alguns dos mais importantes documentos referentes a essa 
temática: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Conferência 
Mundial sobre Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) 
e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999).
Atualmente, não é mais utilizado a palavras “portador (a)”; 
todavia fazemos uso desse termo neste texto, pois assim consta nos 
documentos pesquisados. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabeleceu 
que: “Os direitos humanos são os direitos fundamentais de todos os 
indivíduos. Todas as pessoas devem ter respeitadosos seus direitos 
humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igualdade e 
à dignidade, à educação” (GIL, 2005, p. 17). Essa Declaração, apesar 
de não especificar o local, garante que todas as pessoas têm direito à 
educação. 
A Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 aprovou a 
“[...] Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien, 
Tailândia) e o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de 
A Declaração 
Universal dos Direitos 
Humanos (1948) , 
garante que todas as 
pessoas têm direito à 
educação. 
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Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
Aprendizagem”, bem como promoveu a “[...] universalização do acesso à 
educação” (GIL, 2005, p. 18).
A Declaração de Salamanca de 1994 impulsionou o direito à 
educação para pessoas com necessidades educacionais especiais na 
rede regular de ensino, pois, segundo Gil (2005, p. 18), “reconhece a 
necessidade de providenciar educação para pessoas com necessidades 
educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino”.
A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as 
Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, 
define o termo ‘discriminação’ que significa “[...] toda a diferenciação, exclusão ou 
restrição baseada em deficiência [...] que tenham efeito ou propósito de impedir ou 
anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de 
deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais”. Também 
define que não constitui discriminação:
[...] a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte 
para promover a integração social ou desenvolvimento pes-
soal dos portadores de deficiência desde que a diferenciação 
ou preferência não limite em si mesmo o direito à igualdade 
dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal 
diferenciação (BRASIL, 2006).
O Brasil começou a pensar em um modelo educacional de integração a 
partir da década de 1970, após reivindicações de grupos de pais, profissionais 
e pessoas com deficiência pelo direito e pela oportunidade educativa igual para 
todos. Em resposta a essas reivindicações, foi criado, em 1973, no Ministério da 
Educação, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), que atuou até 
1986 e, posteriormente, se transformou em Secretaria da Educação Especial 
(SEESP), cujo objetivo principal era centralizar e coordenar as ações de política 
educacional voltadas para as pessoas com necessidades especiais. 
Os movimentos e reivindicações iniciados na década de 1970 foram 
intensificados nos anos de 1980, com a Constituição Federal de 1988 que, 
em seu Art. 206, inciso I, determinou como um dos princípios para o ensino “a 
igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 2006). O 
termo “igualdade” refere-se a todos; portanto, a partir dessa lei, todos passaram a 
ter o direito de frequentar a escola. 
Ainda sobre o atendimento aos alunos com necessidades especiais, 
a Constituição garantiu, no Art. 208, inciso III, “atendimento educacional 
especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular 
de ensino” (BRASIL, 2006, grifo nosso). Segundo o documento intitulado O Acesso 
de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede Regular, o 
A Declaração de 
Salamanca de 
1994 impulsionou o 
direito à educação 
para pessoas com 
necessidades 
educacionais 
especiais na rede 
regular de ensino
42
 Educação Especial e Inclusão Escolar
advérbio grifado “refere-se a ‘atendimento educacional especializado’, ou seja, 
àquilo que é necessariamente diferente do ensino escolar para melhor atender às 
especificidades dos alunos com deficiência” (BRASIL, 2004, p. 08). Isto significa 
que o atendimento especializado não substitui a educação oferecida pela rede 
regular de ensino.
A Constituição de 1988 garante atendimento especializado aos 
alunos com necessidades especiais, porém esse serviço não pode 
ser substitutivo ao ensino da escola regular.
Em 1996, após ter assumido o compromisso com a Declaração de Salamanca 
(1994), o Brasil promulgou a Lei n. 9.394/96, denominada Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional (LDBN) – Educação Especial que, em seu Capítulo 
V, Art. 58, inciso II, entrou em controvérsia com a Constituição, pois determinou 
que o atendimento educacional especializado fosse feito em classes, escolas 
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas 
dos alunos, não fosse possível a sua integração nas classes comuns do ensino 
regular (BRASIL, 2006). O referido artigo, ao determinar que o atendimento 
educacional especializado seja feito em escolas ou serviços especializados 
permite o entendimento de que a substituição do ensino regular pelo especial 
seja possível, o que constitui uma interpretação equivocada, tendo em vista que 
somente o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da 
rede regular de ensino.
Em 2001, o Brasil se tornou signatário do documento expedido, em 1999, 
pela Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, realizada na Guatemala. 
Esse documento foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto 
Legislativo nº 198, de 2001 (BRASIL, 2006), e promulgado pelo Decreto nº 
3.956, igualmente em 2001 (BRASIL, 2006). De acordo com o documento O 
Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede 
Regular, a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência “tem tanto valor quanto 
uma lei ordinária, ou até mesmo [...] como norma constitucional, já que se refere 
a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, estando acima de leis, 
resoluções e decretos” (BRASIL, 2004, p. 11).
Dessa forma, a Convenção da Guatemala contribuiu para dar um rumo 
aos desconformes legais entre a Constituição Federal de 1988, que respalda e 
43
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
garante a educação para todos no ensino regular, e a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (1996), que sugere que a substituição do ensino regular pelo 
ensino especial seja possível. Isso porque, conforme o documento O Acesso de 
Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede Regular, “toda lei 
nova revoga as disposições anteriores que lhes são contrárias ou complementa 
eventuais omissões” (BRASIL, 2004, p. 10). Nesse sentido, os Estados Partes da 
Convenção da Guatemala reafirmaram que:
as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos 
humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que 
estes direitos, inclusive o de não ser submetido a discriminação 
com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade 
que são inerentes a todo ser humano. (BRASIL, 2006).
Se as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos que outras 
pessoas, como prevê a Convenção, então podemos interpretar que esse direito 
se refere, também, ao de estudar na escola regular, como e com os alunos sem 
deficiência. Mesmo assim, sabemos que apenas a promulgação de leis não 
garante a implementação de um modelo inclusivo que, diferentemente da proposta 
de integração que busca a superação da deficiência, suscita a necessidade de 
mudar o sistema educacional. 
A lei por si só não garante que a inclusão seja implementada, 
é necessário criar meios que suscitem mudanças no sistema 
educacional.
Em 2003, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação 
Especial, assumiu o compromisso de apoiar os estados e municípios em sua 
tarefa de fazer com que as escolas brasileiras se tornassem inclusivas. Para tanto, 
criou o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que tem por objetivo 
compartilhar, com todos os estados brasileiros, novos conceitos, informações 
e metodologias pormeio de uma fundamentação filosófica que afirma uma 
concepção da educação especial, tendo como pressuposto os direitos humanos. 
Em 2008, o Ministério da Educação publicou a Política da Educação Especial 
na Perspectiva da Educação Inclusiva com o objetivo de organizar o Atendimento 
Educacional Especializado aos alunos com necessidades especiais matriculados 
nas escolas regulares.
44
 Educação Especial e Inclusão Escolar
No próximo capítulo, estudaremos, além de outras questões, quais mudanças 
são necessárias para começarmos a tornar as escolas inclusivas, começando pela 
filosofia da escola, ou seja, o Projeto Político-Pedagógico até as metodologias de 
ensino utilizadas em sala de aula. 
Para conhecer os documentos e a legislação brasileira de 
educação especial e inclusiva, acesse o site: <www.mec.gov.br> e 
clique no link ‘Educação Especial’. A seguir, expomos uma lista com 
Documentos Internacionais e Nacionais referentes a essa temática.
Documentos Internacionais:
• 1971 – Declaração dos Direitos das Pessoas e Mentalmente Retardadas.
• 1975 – Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU).
• 1980 – Carta para a Década de 80 (ONU).
• 1983-1992 – Década das Nações Unidas para as Pessoas com 
Deficiência.
• 1993 – Normas sobre Equiparação de oportunidades para Pessoas com 
Deficiência (ONU).
• 1994 – Declaração de Manágua.
• 1999 – Declaração de Washington.
• 2002 – Declaração de Caracas.
• 2002 - Declaração de Sapporo, Japão.
• 2002 – Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência.
• 2003 – Ano Europeu das Pessoas com Deficiência.
• 2004 – Ano Iberoamericano da Pessoa com Deficiência.
Legislação Nacional:
• 1854 – Instituto Benjamin Constant (IBC).
• 1857 – Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).
• 1989 – Lei N° 7.853.
• 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
• 1998 – Parâmetros Curriculares Nacionais.
• 1999 – Decreto N° 3.298.
• 2000 – Lei N° 10.098.
• 2000 – Lei N° 10.048.
• 2001 – Plano Nacional de Educação.
• 2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação 
Básica.
• 2001 – Decreto N° 3.956.
45
Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
• 2001 – Parecer CNE (Conselho Nacional de Educação)/CEB (Câmara de 
Educação Básica n° 17.
• 2004 – Decreto n° 5296 de 02 de dezembro.
• 2007 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva.
• 2008 – Decreto AEE 6.571: prevê recursos financeiros para o Atendimento 
Educacional Especializado na rede pública de ensino.
• 2008 – Conferência Nacional da Educação Básica.
• 2008 - Edital INCLUIR.
• 2008 - II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
• 2015 - Lei nº 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
• 2015 - Nota Técnica sobre a organização do AEE na Educação Infantil.
Atividades de Estudos:
1) Baseado nas leituras realizadas neste capítulo responda: A 
inclusão é uma proposta educacional direcionada para quem? 
Justifique sua resposta.
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2) Conforme estudamos na seção 2.3 deste capítulo, os documentos 
mais importantes referentes à inclusão escolar são: Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (1948), a Conferência Mundial 
sobre Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca 
(1994) e a Convenção Interamericana para a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de 
Deficiência (1999). Preencha o quadro que segue, relembrando o 
que cada um desses documentos garante:
Documento O que garante
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948)
46
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Conferência Mundial sobre Educação para Todos 
(1990)
Declaração de Salamanca (1994)
Convenção Interamericana para a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa 
Portadora de Deficiência (1999)
Algumas Considerações 
Neste capítulo, você compreendeu as propostas que fundamentam a inclusão 
escolar. Além disso, você conheceu os documentos nacionais e internacionais 
que guiam as políticas brasileiras de inclusão. A seguir, retomaremos os principais 
aspectos estudados no referido capítulo.
A respeito do conceito de inclusão escolar vimos que:
• propiciar a inclusão escolar é participar de um processo de mudança, 
reorganizando a escola, onde estar incluído significa ter o direito de 
aprender junto, independente das condições físicas, lingüísticas, 
intelectuais, sociais e emocionais;
• a inclusão escolar é para todos os alunos, sem exceção.
Em relação às leis e documentos que embasam as políticas públicas de 
inclusão compreendemos que:
• a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) garante que todas 
as pessoas têm direito à educação;
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Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação 
Teórica e Políticas Inclusivas
 Capítulo 2 
• a Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 promoveu a 
“[...] universalização do acesso à educação”. (GIL, 2005, p. 18);
• a Declaração de Salamanca de 1994 impulsionou o direito à educação 
para pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular 
de ensino;
• a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas 
de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, define o 
termo ‘discriminação’ que significa “[...] toda a diferenciação, exclusão 
ou restrição baseada em deficiência [...] que tenham efeito ou propósito 
de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das 
pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas 
liberdades fundamentais”. (BRASIL, 2006).
Ao final, você estudou como os órgãos governamentais brasileiros vêm se 
posicionando diante das propostas da educação inclusiva e quais ações estão 
adotando para implantá-las nas escolas, entre elas a implantação do Programa 
Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que tem por objetivo compartilhar, com 
todos os estados brasileiros, novos conceitos, informações e metodologias por 
meio de uma fundamentação filosófica que afirma uma concepção da educação 
especial, tendo como pressuposto os direitos humanos.
Referências
BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com 
necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005.
______. Por que Lev Vygotski quando se propõe uma educação inclusiva? 
Educação Especial. Disponível em: <www.ufsm.br/ce/revista>. Acesso em: 10 
ago. 2006.
BRASIL. O acesso de alunos com deficiência às Escolas e Classes Comuns 
da Rede Regular. Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (Org.). 
Ministério Público Federal: 2. ed. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do 
Cidadão, 2004. 
______. Educação Especial, legislação. Disponível em: <www.mec.gov.br>. 
Acesso em: 15 out. 2006.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Princípios, Política e Prática em Educação 
48
 Educação Especial e Inclusão Escolar
Especial. 1994. Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 26 
maio 2006.
GIL, Marta (Coord.). Educação Inclusiva: O que o professor tem a ver com 
isso? São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2005. 
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: 
Objetiva, 2001.
MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como 
fazer? São Paulo: Moderna, 2003.
MENDES, E. G. Construindo a Escola Inclusiva. Trabalho Apresentado, nos 
Seminários Avançados sobre Educação Inclusiva. UNESP de Marília, agosto de 
2001.
MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz Brazão 
Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003.
RODRIGUES, David. Educação Inclusiva: mais qualidade à diversidade. In: 
FREITAS, Soraia; RODRIGUES David; KREBS, Ruy (Orgs). Educação inclusiva 
e necessidades educacionais

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