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EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ESCOLAR Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Ana Paula Fischer Hort Ivan Carlos Hort CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Julianne Fischer Revisão Gramatical: Marcilda da Cunha Rosa Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 379.263 A821d Hort, Ana Paula Fischer Educação especial e inclusão escolar / Ana Paula Fischer Hort; Ivan Carlos Hort. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 73 p. : il. ISBN 978-85-7830-146-0 1. Inclusão Escolar. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Ana Paula Fischer Hort Possui graduação em Normal Superior pelo Centro Universitário do Vale do Itajaí (2003). É pós-graduada em Psicopedagogia pelo Instituto Catarinense de Pós-Graduação (2005) e mestre em Educação (2008) pelo Programa de Pós- Graduação em Mestrado em Educação da Universidade Regional de Blumenau. Atualmente trabalha como empresária do ramo educacional. Tem experiência na área de Educação, nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental e no Ensino Superior, com ênfase em Educação Inclusiva, Problemas de Aprendizagem e Autismo. Principais publicações: HORT, Ana P. F., FISCHER, Julianne, MACANEIRO, J. M. Escola Regular e Escola Especial: Reinterpretando papéis. In: XIV Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino - ENDIPE, 2008, Porto Alegre. HORT, Ana P. F., MACANEIRO, J. M. Prática Pedagógica Inclusiva: Possibilidades e Desafios. In: VII Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul - AnpedSul, 2008, Itajaí. Ivan Carlos Hort Possui graduação em Bacharelado em Educação Física pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (1999), pós- graduação em Educação Física Escolar pelo Instituto Catarinense de Pós Graduação - ICPG (2002) e mestrado em Educação (2011). Atualmente é diretor no ramo Educacional, atuando com Ensino Superior. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: Educação Física e Inclusão. Principais publicações: HORT, Ivan C. Repensar a Educação Física para uma Prática Inclusiva. Dynamis - Revista Técnico-Científica, Blumenau, v. 10, n. 39, p. 34- 38, 2002. HORT, Ivan C.; HORT, A. P. F. Inteligências Múltiplas: Avaliando os alunos a fim de desenvolver suas diferentes habilidades. Leonardo Pós (Santa Catarina), v. 3, p. 15-20, 2006. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Histórico e Evolução da Educação Especial .....................9 CAPÍTULO 2 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas ...........................................................29 CAPÍTULO 3 Aspectos Necessários para Construir uma Escola Inclusiva ..................................................................................49 APRESENTAÇÃO Caro aluno(a)! Esta disciplina intitulada Educação Especial e Inclusão Escolar, a qual apresentamos neste caderno de estudos, tem fundamental importância, principalmente para quem trabalha na área da educação. Isto porque, as mudanças nas políticas públicas brasileiras em relação ao atendimento educacional às pessoas com necessidades especiais têm causado impacto e inúmeras dúvidas no meio escolar e nas instituições especializadas. Dessa forma, elaboramos este material, que está dividido em três capítulos, com objetivo de contribuir com um esclarecimento e tornar possível a prática da inclusão escolar. O primeiro capítulo objetiva descortinar a história e a evolução da educação especial, diferenciando cada fase para que você compreenda como ocorreu o processo que desencadeou o movimento de inclusão nas escolas. Neste capítulo, você vai estudar ainda sobre as transformações que vêm ocorrendo nas funções das instituições de ensino regular e especial. Sabemos que para colocar uma proposta em prática é necessário conhecer profundamente em que se baseia sua filosofia. Dessa forma, o segundo capítulo nos fornece um amplo panorama a respeito das propostas teóricas e dos documentos nacionais e internacionais que norteiam as políticas brasileiras de inclusão. Para finalizar e complementar os estudos feitos nos capítulos I e II, o terceiro capítulo explicita sobre os aspectos necessários para promover a inclusão nas instituições de ensino, desde o Projeto Político-Pedagógico até a prática do professor em sala de aula. Além disso, estudaremos sobre o Burnout docente, um fenômeno que vem sendo pesquisado e que é fruto das mudanças provocadas pelas propostas de inclusão. Convidamos você a desvelar as muitas facetas da inclusão escolar, por meio das informações contidas em cada página deste caderno, como também laçamos a você o desafio de se incluir nessa tarefa, indo além do saber, ou seja: fazer uma escola inclusiva! Os autores. CAPÍTULO 1 Histórico e Evolução da Educação Especial A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer a história da educação especial. Compreender a mudança dos papéis da escola especial e da escola regular. Diferenciar as fases históricas da educação especial. Distinguir as funções da escola especial e da escola regular. 10 Educação Especial e Inclusão Escolar 11 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 Contextualização Neste capítulo, você vai conhecer um breve histórico a respeito da trajetória da Educação Especial. Conhecer os caminhos e a evolução da Educação Espe- cial é importante, pois fará com que você reflita e compreenda os vários enfoques atribuídos às pessoas com deficiência pela sociedade, de acordo com os valores morais e éticos de cada época. Além disso, este capítulo pretende esclarecer quanto aos modelos de ed- ucação oferecidos às pessoas com deficiência, desde o período em que eram preteridas de qualquer forma de educação escolar, até os dias atuais, onde as políticas garantem o direito de educação para todos na escola regular. Por último, você vai refletir sobre as funções da escola especial, cujo ensino não é mais substitutivo ao da escola regular. Dessa forma, a escola especial rece- beu novos papéis após a implementação de leis que garantem a inclusão de todos na escola regular, principalmente o de cooperar com a educação inclusiva. Trajetória da Educação Especial: da Exclusão à Inclusão Escolar Antes de conhecer o modelo de Educação Inclusiva, que hoje é garantido por lei nas escolas de todo o país, é importante sabermos que o mesmo derivou-se de uma longa trajetória historicamente produzida. Em outras palavras, o modelo de Educação Inclusiva é fruto de mudanças históricas que foram constituídas socialmente. Para entender a gênese histórica desse modelo, é essencial que você faça uma análise das acepções e práticas que a ele servem de base. Embora os fenômenos históricos aconteçam de forma não-linear, ou seja, não ocorram de maneira contínua, no que concerne à inclusão, podemos delimitá- los, conforme Sassaki (1997), em quatro fases: exclusão, segregação ou separação, integração e inclusão. Ressaltamos que, por se tratar de mudanças de paradigmas, essas fases não ocorreram ao mesmo tempo para todos os grupossociais, já que cada população tem seu próprio momento cultural e histórico. Em relação a isso, Sassaki (1997, p. 16, grifos do autor) nos explica que: A sociedade, em todas as culturas, atravessou diversas fases no que se refere às práticas sociais. Ela começou praticando a exclusão social de pessoas que – por causa das condições atípicas – não lhe pareciam pertencer à maioria da população. Em seguida, desenvolveu o atendimento segregado dentro de instituições, passou para a prática da integração social e recentemente adotou a filosofia da inclusão social para modi- ficar os sistemas sociais gerais. 12 Educação Especial e Inclusão Escolar Entretanto, não podemos pensar nas fases mencionadas por Sassaki (1997) desvinculadas de seus momentos históricos, pois as mesmas foram norteadas por políticas públicas que enfatizavam as visões de mundo concebidas em tais momentos. Além disso, as quatro fases se referem às práticas sociais, portanto a educação, que é uma dessas práticas, está diretamente atrelada a essas mudanças. Dessa forma, quando falamos em exclusão, segregação, integração e exclusão nesse texto, estamos nos referindo ao acesso à educação. O modelo de exclusão, se comparado com os demais – da segregação, integração e inclusão –, foi o que predominou por mais tempo no que diz respeito à história social das pessoas com deficiência. Nessa fase, era natural pensar em abandono e, até, na morte dos “débeis”, pois dessa forma, o sujeito deficiente não contaminaria o resto da sociedade. Essa maneira de pensar modificou-se à medida que o Cristianismo se difundiu, gerando o pressuposto de que o deficiente é um indivíduo dotado de alma e que, portanto, necessita ser socorrido. Esse reconhecimento da deficiência aos poucos transformou a fase de exclusão em fase de segregação ou separação, quando ocorreu a institucionalização da deficiência. Institucionalização da deficiência significa, nesse caso, oferecer ensino às pessoas com deficiência em locais especializados, fora das escolas regulares. A fase de segregação ficou caracterizada pela retirada das pessoas com deficiência de suas comunidades de origem e pela manutenção das mesmas em instituições residenciais segregadas ou escolas especiais, situadas longe da localidade de suas famílias. Em outras palavras, as pessoas com deficiência tiveram acesso à educação, mas de forma segregada. Foi nessa época, mais especificamente no século XIX, que a Escola Especial passou a exercer um papel importante para as pessoas com deficiência, pois, segundo Beyer (2005, p. 14), essas escolas “integraram, pela primeira vez, as crianças com deficiência no sistema escolar”. Diferentemente do que imaginamos, a Escola Especial não foi criada para segregar as pessoas com deficiência, e sim para dar a oportunidade de ensino que o sistema regular negava a essas pessoas. Sobre a Escola Especial, Glat (1998, p. 11) explica que: A Escola Especial não foi criada para segregar as pessoas com deficiência, e sim para dar a oportunidade de ensino que o sistema regular negava a essas pessoas. 13 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 Tradicionalmente o atendimento aos portadores de deficiências era realizado de natureza custodial e assistencialista. Baseado em um modelo médico, a deficiência era vista como uma doença crônica e o deficiente como um ser inválido e incapaz, que pouco poderia contribuir para a sociedade, devendo ficar ao cuidado das famílias ou internado em instituições ‘protegidas’, segregado do resto da população. Em relação ao exposto por Glat (1998), Beyer (2005, p. 15) adverte que “as escolas especiais foram importantes historicamente, mas uma solução transitória não tem ou não deve ter caráter permanente”. Dessa forma, é importante termos consciência da importância histórica da Educação Especial, como um meio de acesso à educação pelas pessoas com deficiência, porém precisamos estar cientes de que foi uma solução passageira. Na citação de Beyer (2005) aparece o termo “integraram”. Cabe lembrar que a integração mencionada por Beyer (2005) é diferente da fase de integração em escolas regulares, pois, apesar de as pessoas com deficiência estarem integradas em um sistema de ensino, esse sistema funcionava separado do convívio social. O processo de desinstitucionalização teve início com as mudanças socioeducacionais que ocorreram nos anos de 1970, dando um novo rumo à educação de pessoas com deficiência. Desinstitucionalização é o processo que marcou a transferência gradual das pessoas com deficiência das instituições especiais para as escolas regulares. A Comissão de Warnock, que aconteceu em Londres em 1978, deu o seu apoio ao princípio da integração para alunos com necessidades educacionais especiais, distinguindo três formas principais de integração, que descreveu como: situacionais, em que unidades ou turmas especiais se encontram ligadas com escolas do ensino regular; sociais, nas quais os alunos da unidade convivem com as outras crianças e, se possível, partilham atividades organizadas fora da sala de aula; e funcionais, nas quais aqueles que têm necessidades educacionais 14 Educação Especial e Inclusão Escolar especiais assistem às aulas da escolaridade regular em regime de tempo inteiro ou de tempo parcial (WARNOCK, 1978). Nos anos subsequentes à publicação do Relatório Warnock (1978), tornou- se claro que seriam necessárias alterações substanciais no pensamento que se refere às três dimensões citadas, ou seja, situacionais, sociais e funcionais. A insatisfação com uma interpretação estreita da integração enquanto problema da minoria, na qual o sucesso significava adequar uma criança a um sistema que não fora concebido tendo em conta as suas necessidades, conferiu um impulso significativo a uma mudança na utilização da terminologia, passando a ser utilizado o termo inclusão em vez de integração. Diferente da proposta da integração que visava modificar os alunos até que pudessem se encaixar no perfil das escolas regulares, a inclusão visa que a escola se molde para atender as necessidades de cada aluno. Além disso, o termo inclusão implica o reconhecimento de que todos estão abrangidos, ou seja, o princípio da prática educativa inclusiva se aplica a todos os alunos. A Figura 1, elaborada por Beyer (2006) ilustra as quatro fases mencionadas nos parágrafos anteriores: exclusão, segregação ou separação, integração e exclusão. Figura 1 - Os processos de exclusão, separação e integração e inclusão sob a ótica de Beyer (2006) Fonte: Beyer (2006, p. 279). 15 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 Nessa fase, pessoas com deficiência estavam excluídas de todos os tipos de educação. A Figura 1 contém círculos e pontinhos que, conforme a legenda, representam respectivamente o ensino tanto na escola regular quanto na escola especial e as pessoas com necessidades especiais e as ditas normais. Com essa figura, Beyer (2006) procurou esclarecer quanto aos diferentes momentos históricos que marcaram as ações do sistema de ensino. Vamos entender melhor essa figura? Na fase de exclusão, a Figura 1 não insere as pessoas com necessidades especiais em nenhum tipo de instituição de ensino. Isso significa que, nessa fase, além de excluídas do convívio social, era negado às pessoas com deficiência o direito de estar na escola regular e de receber qualquer outra forma de educação ou estimulação, estavam excluídas de todos os tipos de educação. Na fase de segregação ou separação, a Figura 1 insere as pessoas com necessidades especiais em escolas especiais e as pessoas sem deficiência no ensino regular. Podemos compreender então, que nessa fase foram criadas as primeiras instituições de ensino e/ou estimulação para pessoas com deficiência, mas que ficavam separadas do convívio social e das escolas regulares. Na fase de integração, conformea Figura 1, as pessoas com necessidades especiais estão na mesma instituição de ensino que as pessoas sem deficiência, mas em grupos separados. Isto quer dizer que, as pessoas com deficiência podiam acessar a mesma escola que as pessoas sem, mas frequentavam classes separadas. Nessa fase foram criadas as primeiras instituições de ensino para pessoas com deficiência, mas que ficavam separadas do convívio social. As pessoas com deficiência podiam acessar a mesma escola que as pessoas sem, mas frequentavam classes separadas. Será que podemos considerar que a segregação e a integração são formas de exclusão? Sim. A segregação pode ser considerada uma forma de exclusão, pois apesar de os alunos com deficiência estarem em uma instituição de ensino, esta era separada das escolas comuns, ou seja, estavam excluídos do ensino regular. Da mesma forma, podemos considerar que a integração é uma forma de exclusão, já que os alunos, mesmo incluídos na escola regular, ficam excluídos dos grupos de alunos sem deficiência. 16 Educação Especial e Inclusão Escolar Finalmente, a Figura 1, na fase de inclusão, insere as pessoas com necessidades especiais na mesma escola e no mesmo grupo das pessoas sem deficiência. Com isso, podemos compreender que o modelo de inclusão requer mais da escola do que o modelo de integração, pois prevê um ensino que abranja a todos em uma mesma classe dentro de uma mesma escola. O modelo de inclusão requer mais da escola do que o modelo de integração, pois prevê um ensino que abranja a todos em uma mesma classe dentro de uma mesma escola. Atividade de Estudos: 1) Você acha que, a escola como está configurada atualmente, está preparada para se encaixar nos moldes do paradigma da inclusão? Aproveite este momento de reflexão e responda de acordo com as experiências vivenciadas em sua realidade, justificando sua resposta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Independentemente de sua resposta, podemos considerar que novos projetos requerem mudanças, e isso não é diferente quando tratamos do ambiente educacional. Na próxima seção, discutiremos sobre as mudanças que a última fase – inclusão – trouxe para as escolas, tanto especiais quanto regulares. Romeu Kasumi Sassaki, o qual citamos no início dessa seção, é consultor e atua 43 anos na promoção e inclusão social de pessoas com deficiência. Leia um trecho da entrevista concedida por Sassaki ao site www.educacaoonline.pro.br, que aborda sobre o tema que estamos estudando. 17 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 ENTREVISTA COM ROMEU KAZUMI SASSAKI REALIZADA PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Fala-se muito também na integração do portador de deficiência. Existe diferença entre inclusão e integração? Sim, existe, embora ambas constituam formas de inserção. A prática da integração, principalmente nos anos sessenta e setenta, baseou-se no modelo médico da deficiência, segundo o qual tínhamos que modificar (habilitar, reabilitar, educar) a pessoa com deficiência para torná-la apta a satisfazer os padrões aceitos no meio social (familiar, escolar, profissional, recreativo, ambienta). Já a prática da inclusão, incipiente na década de oitenta porém consolidada nos anos noventa, vem seguindo o modelo social da deficiência, segundo o qual a nossa tarefa é a de modificar a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes físicos etc.) para torná-la capaz de acolher todas as pessoas que, uma vez incluídas nessa sociedade em modificação, poderão ter atendidas as suas necessidades, comuns e especiais. Que tipo de ação o Senhor sugere no sentido de tomar eficaz a inclusão do aluno com deficiência na escola regular? As ações são de vários tipos e devem ser, em sua maioria, implementadas simultaneamente. Será necessária uma ampla e contínua campanha de esclarecimento do público em geral, das autoridades educacionais e dos alunos das escolas comuns e especiais e de seus familiares. Serão imprescindíveis os treinamentos dos atuais e futuros professores comuns e especiais. Esses treinamentos deverão enfocar os conceitos inclusivistas (autonomia, independência, empowerment, equiparação de oportunidades, inclusão social, modelo social da deficiência, rejeição zero e vida independente), a Declaração de Salamanca, os preceitos constitucionais brasileiros pertinentes ao direito à educação no ensino regular, os princípios da inclusão escolar, os procedimentos em sala de aula e as atividades extracurriculares que constituem as melhores práticas de ensino-aprendizagem já comprovadas por escolas inclusivas bem sucedidas. Durante e após os treinamentos, deverá ser garantido aos professores o seu acesso à literatura (livros, manuais, apostilas, relatórios e outros materiais impressos e ou audiovisuais) sobre educação inclusiva. Deverá também ocorrer uma série de modificações nos ambientes escolares e nos materiais de 18 Educação Especial e Inclusão Escolar ensino-aprendizagem, além de mudanças nos critérios de avaliação do rendimento escolar e de promoção nas séries. Onde se encontram as principais resistências no sentido de se conseguir uma efetiva inclusão? Tanto no âmbito escolar como em outros setores, as principais resistências têm como origem o desconhecimento e ou as informações equivocadas a respeito do paradigma da inclusão. Quanto à inclusão escolar, as resistências estão presentes entre as autoridades educacionais de todos os níveis, entre os professores comuns e especiais e entre famílias e alunos com e sem deficiências. Uma das grandes barreiras a serem derrubadas está nos preconceitos em relação ao tema. Como o Senhor vê o problema? Os preconceitos em relação à inclusão poderão ser eliminados ou, pelo menos, reduzidos por meio das ações de sensibilização da sociedade e, em seguida, mediante a convivência na diversidade humana dentro das escolas inclusivas, das empresas inclusivas, dos programas de lazer inclusivo. Resultados já existem que comprovam a eficácia da educação inclusiva em melhorar os seguintes aspectos: comportamentos na escola, no lar e na comunidade; resultados educacionais; senso de cidadania; respeito mútuo; valorização das diferenças individuais e aceitação das contribuições pequenas e grandes de todas as pessoas envolvidas no processo de ensino- aprendizagem, dentro e fora das escolas inclusivas. Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/HL4Q3N>. Acesso em: 15 jun. 2016. Atividades de Estudos: 1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da entrevista de Sassaki e comente sobre eles. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 19 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 Trabalhar de forma cooperativa com as escolas regulares e auxiliar no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. É importante saber que deficiência e síndrome são duas patologias diferentes. Uma pessoa com síndrome pode ter uma deficiência, mas isso não é uma regra e vice-versa. 2) Diferencie, com suas palavras, as fases de exclusão, segregação ou separação, integração e inclusão. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Escola Regular e Escola Especial: ReinterpretandoPapéis Na seção anterior, vimos que as escolas especiais surgiram para oferecer ensino às pessoas com deficiência, já que estas, até o final da década de 1980, não tinham o direito de frequentar as escolas regulares. Nesse sentido, as escolas especiais inicialmente possuíam um caráter substitutivo ao ensino regular. Você pode estar se perguntando: Se todos os alunos devem estar incluídos nas escolas regulares, qual o papel da escola especial nesse processo? As escolas especiais deixarão de existir? Após a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Educação Especial, Lei nº 9.394/96, Art. 58, parágrafo I, prevendo que, quando necessário, haveria “[...] serviço de apoio especializado, na escola regular, para atender a peculiaridades da clientela de educação especial” (BRASIL, 2006), as escolas especiais ficaram encarregadas de assumirem um novo papel na educação: trabalhar de forma cooperativa com as escolas regulares e auxiliar no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais. Dessa forma, as escolas especiais não deixarão de existir, mas deverão assumir uma nova tarefa diante das pessoas com deficiência ou síndrome. 20 Educação Especial e Inclusão Escolar De que forma isso vai acontecer? A escola especial, serviço de apoio especializado ou atendimento educacional especializado passará a oferecer serviços diferentes do oferecido no ensino escolar comum, tendo como função atender às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais e estando disponível como complemento e não como substitutivo do ensino regular. Mantoan (2007, p. 6) nos lembra que, no Ordenamento Jurídico Brasileiro, o atendimento prestado pela escola especial “existe para complementar e não para substituir o ensino escolar comum e para que os alunos com deficiência tenham acesso e freqüência à escolaridade, em escolas comuns”. Isso significa que, a escola especial deve complementar o ensino regular, oferecendo suporte tanto para os alunos com deficiência ou síndrome quanto para as escolas regulares. Quando falamos em suporte aos alunos com deficiência ou síndrome, não nos referimos a aula de reforço ou a atendimentos que preencham as lacunas deixadas pela escola regular. Segundo Batista (2006, p. 17) o suporte existe “[...] para que os alunos possam aprender o que é diferente do currículo do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência”. Por exemplo, quando um aluno com deficiência visual é incluído na escola regular, o atendimento especializado da escola especial, além de outras atividades, pode ensinar o Braille. Dessa forma, o aluno terá acesso a linguagem escrita, podendo participar das atividades na escola regular, que por sua vez, adaptará o material didático e as avaliações para o Braille. O suporte oferecido pela escola especial às escolas regulares pode acontecer de várias maneiras. Uma delas é a orientação oferecida aos professores e aos gestores educacionais por profissionais itinerantes que esclarecem sobre como garantir a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Sobre isso, Mantoan (2003, p. 55) argumenta que “Não adianta, contudo, admitir o acesso de todos às escolas, sem garantir o prosseguimento da escolaridade até o nível que cada aluno for capaz de atingir”. Nesse sentido, podemos considerar que a inclusão não termina na garantia de matrícula aos alunos com deficiência ou síndrome, mas requer também a garantia da continuidade do aluno na escola. No tocante à itinerância, Mantoan (2003, p. 87) chama a atenção para o seguinte: O professor itinerante/especialista tende a acomodar o profes- sor comum, tirando-lhe a oportunidade de crescer, de sentir a necessidade de buscar soluções e não aguardar para que alguém de fora venha regularmente, para resolver seus pro- blemas. Esse serviço reforça a idéia de que os problemas de aprendizagem são sempre do aluno e de que só o especialista consegue removê-lo com adequação e eficiência. 21 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 Atividades de Estudos: 1) Complete o quadro de acordo com o que você estudou a respeito das características das escolas especiais e das escolas regulares: A autora nos alerta que, ao contrário do que muitos pensam, os professores itinerantes não estão na escola para resolver os problemas dos professores regentes e acomodá-los, mas para auxiliá-los, criando a autonomia necessária para desenvolver um trabalho inclusivo (MANTOAN, 2003). Conforme já mencionamos, o professor itinerante tem o papel de orientar os profissionais das escolas regulares quanto à inclusão de seus alunos e não de assumir as responsabilidades do professor comum. Ante ao exposto, qual o papel da escola regular diante do modelo de inclusão? Assim como a escola especial, a escola regular também deve reinterpretar seu papel diante do paradigma da inclusão, assumindo as responsabilidades impostas pelas leis e modificando seu sistema de acordo com as orientações propostas pelas políticas de inclusão. Nos próximos capítulos, discutiremos mais atentamente as questões legais e teóricas que embasam a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares. O professor itinerante tem o papel de orientar os profissionais das escolas regulares quanto à inclusão de seus alunos e não de assumir as responsabilidades do professor comum. Papel desenvolvido antes da proposta de inclusão escolar Papel a ser desenvolvido após a proposta de inclusão escolar Escola Especial Escola Regular 22 Educação Especial e Inclusão Escolar 2) De que forma a escola especial pode cooperar com a escola regular para promover a inclusão dos alunos com deficiência ou síndrome? Crie uma situação para exemplificar sua resposta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Sugiro que você leia a entrevista intitulada ‘Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças’ que Mantoan concedeu ao site www.novaescola.org.br. Nessa entrevista a educadora comenta sobre a importância de conviver com as diferenças na escola. INCLUSÃO PROMOVE A JUSTIÇA O que é inclusão? É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores? A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os estudantes não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos. A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão uma vida cidadã pela metade. Você não pode ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, professores, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação. 23 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 O que faz uma escola ser inclusiva? Em primeiro lugar, um bom projeto pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas ebanheiros adaptados. A equipe da escola inclusiva deve discutir o motivo de tanta repetência e indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem. Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. As práticas pedagógicas também precisam ser revistas. Como as atividades são selecionadas e planejadas para que todos aprendam? Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender do seu modo, de acordo com as suas condições. E isso vale para os estudantes com deficiência ou não. Como está a inclusão no Brasil hoje? Estamos caminhando devagar. O maior problema é que as redes de ensino e as escolas não cumprem a lei. A nossa Constituição garante desde 1988 o acesso de todos ao Ensino Fundamental, sendo que alunos com necessidades especiais devem receber atendimento especializado preferencialmente na escola , que não substitui o ensino regular. Há outra questão, um movimento de resistência que tenta impedir a inclusão de caminhar: a força corporativa de instituições especializadas, principalmente em deficiência mental. Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de conscientização. A escola precisa se adaptar para a inclusão? Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que enxergam e, no contraturno, treina mobilidade, locomoção, uso da linguagem braile e de instrumentos como o soroban, para fazer contas. Tudo isso ajuda na sua integração dentro e fora da escola. Como garantir atendimento especializado se a escola não oferece condições? A escola pública que não recebe apoio pedagógico ou verba tem como opção fazer parcerias com entidades de educação especial, 24 Educação Especial e Inclusão Escolar disponíveis na maioria das redes. Enquanto isso, a direção tem que continuar exigindo dos dirigentes o apoio previsto em lei. Na particular, o serviço especializado também pode vir por meio de parcerias e deve ser oferecido sem ônus para os pais. Estudantes com deficiência mental severa podem estudar em uma classe regular? Sem dúvida. A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves. No Canadá, vi um garoto que ia de maca para a escola e, apesar do raciocínio comprometido, era respeitado pelos colegas, integrado à turma e participativo. Há casos, no entanto, em que a criança não consegue interagir porque está em surto e precisa ser tratada. Para que o professor saiba o momento adequado de encaminhá-la a um tratamento, é importante manter vínculos com os atendimentos clínico e especializado. A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada? Não. Uma boa avaliação é aquela planejada para todos, em que o aluno aprende a analisar a sua produção de forma crítica e autônoma. Ele deve dizer o que aprendeu, o que acha interessante estudar e como o conhecimento adquirido modifica a sua vida. Avaliar estudantes emancipados é, por exemplo, pedir para que eles próprios inventem uma prova. Assim, mostram o quanto assimilaram um conteúdo. Aplicar testes com consulta também é muito mais produtivo do que cobrar decoreba. A função da avaliação não é medir se a criança chegou a um determinado ponto, mas se ela cresceu. Esse mérito vem do esforço pessoal para vencer as suas limitações, e não da comparação com os demais. Um professor sem capacitação pode ensinar alunos com deficiência? Sim. O papel do professor é ser regente de classe, e não especialista em deficiência. Essa responsabilidade é da equipe de atendimento especializado. Não pode haver confusão. Uma criança surda, por exemplo, aprende com o especialista libras (língua brasileira de sinais) e leitura labial. Para ser alfabetizada em língua portuguesa para surdos, conhecida como L2, a criança é atendida por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. A função do regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Se na turma há uma criança surda e o professor regente vai dar uma aula sobre o Egito, o especialista 25 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 mostra à criança com antecedência fotos, gravuras e vídeos sobre o assunto. O professor de L2 dá o significado de novos vocábulos, como pirâmide e faraó. Na hora da aula, o material de apoio visual, textos e leitura labial facilitam a compreensão do conteúdo. Como ensinar cegos e surdos sem dominar o braile e a língua de sinais? É até positivo que o professor de uma criança surda não saiba libras, porque ela tem que entender a língua portuguesa escrita. Ter noções de libras facilita a comunicação, mas não é essencial para a aula. No caso de ter um cego na turma, o professor não precisa dominar o braile, porque quem escreve é o aluno. Ele pode até aprender, se achar que precisa para corrigir textos, mas há a opção de pedir ajuda ao especialista. Só não acho necessário ensinar libras e braile na formação inicial do docente. O professor pode se recusar a lecionar para turmas inclusivas? Não, mesmo que a escola não ofereça estrutura. As redes de ensino não estão dando às escolas e aos professores o que é necessário para um bom trabalho. Muitos evitam reclamar por medo de perder o emprego ou de sofrer perseguição. Mas eles têm que recorrer à ajuda que está disponível, o sindicato, por exemplo, onde legalmente expõem como estão sendo prejudicados profissionalmente. Os pais e os líderes comunitários também podem promover um diálogo com as redes, fazendo pressão para o cumprimento da lei. Há fiscalização para garantir que as escolas sejam inclusivas? O Ministério Público fiscaliza, geralmente com base em denúncias, para garantir o cumprimento da lei. O Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, atualmente não tem como preocupação punir, mas levar as escolas a entender o seu papel e a lei e a agir para colocar tudo isso em prática. Fonte: Disponível em: <http://novaescola.org.br/formacao/maria-teresa- egler-mantoan-424431.shtml>. Acesso em: 15 jun. 2016. 26 Educação Especial e Inclusão Escolar Atividades de Estudos: 1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da entrevista de Mantoan e comente sobre eles. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Sugerimos que você assista ao filme “O oitavo dia”. O filme retrata a época em que pessoas com deficiências ou síndromes eram deixadas por suas famílias em instituições separadas do convívio social. Além disso, o filme trata sobre o preconceito existente no contato e no relacionamento de pessoas com deficiência com pessoas ditas normais. Sinopse: Um homem com Síndrome de Down cuja mãe morreu e um ocupado homem de negócios, divorciado e sem a posse dos filhos, que não querem mais lhe ver. Os dois acabam desenvolvendo uma amizade especial quando encontram-se acidentalmente. O OITAVO DIA. Direção de Jaco van Dormael. França: Polygram / Europa Carat Home Vídeo, 1996. 1 filme (118 min), legendado. Algumas Considerações Caro acadêmico! Neste capítulo você conheceu a história da educação especial, antes mesmo de seu surgimento. Da mesma forma, compreendeu a mudança dos papéis da escola especial frente aos desafios da inclusão escolar.Em suma, refletimos sobre: 27 Histórico e Evolução da Educação Especial Capítulo 1 • As quatro fases da inclusão escolar: exclusão, segregação ou separação, integração e inclusão; • A diferença entre as propostas de integração e de inclusão escolar; • As mudanças requeridas pela inclusão escolar tanto nas escolas regulares quantos nas escolas especiais; • O antigo papel das escolas especiais, que era acolher e oferecer ensino às pessoas com deficiência ou síndrome; • A atual função das escolas especiais, ou seja, de oferecer suporte às escolas regulares para promover a inclusão de todos; • O desafio lançado às escolas regulares, isto é, receber, acolher e ensinar a todos os alunos. Referências BATISTA, Cristina Abranches Mota. Educação Inclusiva: atendimento educacional especializado para a deficiência mental. 2. ed. Brasília: MEC – SEESP, 2006. BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005. ______. Educação Inclusiva ou Integração Escolar? Implicações pedagógicas dos conceitos como rupturas paradigmáticas. In: Ensaios Pedagógicos. Brasília: MEC – SEESP, 2006. p. 277- 280. BRASIL. Educação Especial, legislação. Disponível em: <www.mec.gov.br> Acesso em: 15 out. 2006. GLAT, R. A integração social dos portadores de deficiência: uma reflexão. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998. MANTOAN, Maria Teresa Égler. O direito à diferença nas escolas – questões sobre a inclusão escolar de pessoas com e sem deficiências. Revista Educação Especial: Santa Maria: UFSM, n. 23, 2004. Disponível em: <www.ufsm.br/ce/ revista> Acesso em: 22 out. 2007. 28 Educação Especial e Inclusão Escolar ______. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 3.ed. Rio de Janeiro: WVA, 1997. WARNOCK, R. Special educational needs report of commite of enquiry into the education of handicapped children and young people. Londres: Her Magestys Office, 1978. CAPÍTULO 2 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender as propostas que fundamentam a inclusão escolar. � Conhecer os documentos nacionais e internacionais que guiam as políticas de inclusão. � Fundamentar a prática escolar inclusiva. 30 Educação Especial e Inclusão Escolar 31 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 Contextualização O modelo de inclusão escolar não surgiu repentinamente, ou seja, é fruto de uma evolução decorrente de mudanças culturais e sociais. Para compreendermos melhor a filosofia da inclusão escolar e conseguirmos colocá-la em prática, é necessário sabermos em que se baseiam suas propostas. Dessa forma, esse capítulo tem o objetivo de definir, por meio de estudos teóricos, o significado da inclusão escolar. Além disso, conheceremos os documentos nacionais e internacionais mais importantes que guiam as políticas de inclusão. As Propostas da Educação Inclusiva Nesta seção, discutiremos de maneira mais aprofundada as propostas teóricas que fundamentam o modelo de inclusão escolar, o qual você conheceu no Capítulo I. Conforme já estudamos, a inclusão escolar prevê um ensino que abranja a todos os alunos em uma única escola. Nesse sentido, conheceremos a concepção de alguns autores a respeito desse paradigma. Mittler (2003), por exemplo, considera que as salas de aula inclusivas podem possibilitar aos alunos que se situem em contextos de aprendizagem funcional e significativa. Isso quer dizer que, para Mittler (2003) a inclusão escolar traz benefícios para a aprendizagem de alunos com e sem deficiência. A inclusão escolar traz benefícios para a aprendizagem de alunos com e sem deficiência. Atividades de Estudos: 1) Mittler (2003) sugere que a inclusão traz benefícios para todos os alunos. Você saberia pontuar alguns desses benefícios? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 32 Educação Especial e Inclusão Escolar A palavra ‘todos’ na inclusão escolar se refere a todas as pessoas, sem exceção. Também Stainback e Stainback (1999, p. 21) chamam a atenção quando afirmam que “[...] o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos – independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural – em escolas e salas de aula provedoras, onde todas as necessidades dos alunos são satisfeitas”. Os autores definem que a palavra ‘todos’ na inclusão escolar se refere a todas as pessoas, sem exceção. Mantoan (2003, p. 24) igualmente defende a permanência de todos os alunos nas escolas e sugere uma reelaboração das filosofias educacionais quando afirma que “a inclusão implica uma mudança de perspectiva educacional, pois não atinge apenas alunos com deficiência e os que apresentam dificuldades em aprender, mas todos os demais, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral”. Você pode estar se perguntando: Isso significa que uma pessoa com deficiência severa também tem o direito de se matricular na escola regular? Sim! As leis garantem que todos têm o direito de frequentar a escola regular, independente de seu nível de comprometimento. Na mesma linha de pensamento dos autores mencionados, os pressupostos de Vygotski, considerado por Beyer (2006) um dos primeiros estudiosos cujas ideias abordaram conceitos centrais do projeto de inclusão escolar e a importância de a criança com deficiência frequentar ambientes sociais, inclusive a escola, já apresentava o conceito de que, para um bom desenvolvimento infantil e humano em geral, a sócio-gênese é condição fundamental. Para um bom desenvolvimento infantil e humano em geral, a sócio- gênese é condição fundamental. Vygotski já considerava importante que as crianças com deficiência frequentassem ambientes sociais, entre eles a escola. Sócio-gênese para Vygotski é a idéia de que, as interações sociais são fundamentais para a criança desenvolver estruturas humanas, como o pensamento e a linguagem. 33 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 Neste sentido, Vygotski (1997, p. 214-215) afirmava que: [...] as funções psicológicas superiores (o pensamento em conceitos, a linguagem racional, a memória lógica, a atenção voluntária, etc.) se formam durante o período histórico do de- senvolvimento da humanidade e devem sua origem, não à evo- lução biológica, [...] mas a seu desenvolvimento histórico como ser social. Beyer (2006) cita que Vygotski, ao invés de centrar a atenção na noção de defeito ou lesão, colocava o esforço em compreender de que modo o ambiente social e cultural poderia mediar as relações entre as pessoas com deficiência e o meio. De acordo com Beyer (2006, s.p.), Vygotski sempre combateu uma proposta de formação de gru- pos com igualdade nos perfis, isto é, grupos com tendência a se homogeneizarem a partir particularmente dos critérios de condição intelectual e de desempenho acadêmico. Vygotski (1997), além de ressaltar a importância das relações sociais entre pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência, também considerava fundamental que houvesse a promoção de acesso e permanência dessas crianças com deficiência no âmbito social, pois, se não houvesse essas oportunidades de participação, seus destinos seriam a segregação e o isolamento, o que desfavoreceria seu desenvolvimento. Neste sentido, compreendemos, com base em Vygotski (1997), que a segregação de uma escola especial representaria aperpetuação do déficit, da perda e da deficiência. Beyer (2006) foi um pesquisador da inclusão escolar. Em um de seus trabalhos intitulado “Por que Lev Vygotski quando se propõe uma educação inclusiva?”, o autor fez um estudo sobre a Defectologia, teoria escrita por Vygotski (1997). Se você tiver interesse por esses estudos, sugerimos que leia esses dois materiais, o artigo de Beyer (2006) e o livro de Vygotski (1997) sobre os Fundamentos da Defectologia. Além da preocupação e da concepção dos estudiosos mencionados – Mittler, Stainback e Stainback, Mantoan, Beyer e Vygotski – sobre a educação inclusiva, outro aspecto que cabe ressaltar, se refere a quais iniciativas a escola deve tomar para que possa tornar a inclusão uma realidade de seu cotidiano. Mendes (2001, p. 17) explica que: 34 Educação Especial e Inclusão Escolar Ao mesmo tempo em que o ideal da inclusão se populariza e se torna pauta de discussão obrigatória para todos os interes- sados nos direitos dos alunos com necessidades educacionais especiais, surgem as controvérsias, menos sobre seus princí- pios e mais sobre as formas de efetivá-la. Sob a perspectiva de Mendes (2001), podemos compreender que quanto mais a inclusão se torna parte da realidade escolar, mais discussões surgem em torno dessa nova filosofia, que giram em torno, principalmente, da questão prática, ou seja, da forma de realizá-la. Antes de colocarmos qualquer proposta educacional em prática precisamos conhecer profundamente sua base teórica! Esse conhecimento evita que aconteçam distorções e que o trabalho fique comprometido. Afinal, o que é inclusão? A inclusão é um processo que requer muito mais do que transferir crianças da escola especial para a escola regular ou garantir acesso à todos à escola regular. Salientamos que a palavra processo é originária do latim processus e significa, segundo o dicionário (HOUAISS, 2001, p. 2303), “uma ação continuada e prolongada de uma atividade; andamento; desenvolvimento”. Portanto, quando são incluídas crianças em escolas regulares que ainda seguem um modelo baseado na integração, ou seja, em que todas as crianças devem seguir o mesmo método pedagógico, avançar no mesmo ritmo e serem avaliadas da mesma maneira, é preciso ter a clareza de que não ocorrerá uma mudança instantaneamente. Nesse sentido, propiciar a inclusão é participar de um processo de mudança, fazendo parte da reorganização da escola, onde estar incluído significa ter o direito de aprender junto, independente das condições físicas, lingüísticas, intelectuais, sociais e emocionais. Isso significa que, além de garantir o acesso à escola, é necessário garantir o acesso aos conteúdos acadêmicos. Estar incluído em uma escola regular não significa apenas estar nessa escola, mas também fazer parte dela. 35 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 Geralmente ouvimos pessoas envolvidas com a escola afirmarem que é impossível incluir alunos com deficiência na escola regular. De certa forma, esses profissionais têm razão, pois enquanto a escola não compreender os fundamentos da inclusão e esperar que os alunos se moldem às suas metodologias, não conseguirá ser inclusiva. A respeito disso, Rodrigues (2005, p. 46) afirma que: “A inclusão encontra-se hoje conceitualmente situada entre grupos que a consideram como utópica, outros, uma mera retórica e outros ainda, ‘uma manobra de diversão’ face aos reais problemas da escola.” Neste sentido, alguns grupos de pessoas consideram a educação inclusiva utópica por diversos motivos, ressaltando que, numa sociedade excludente, não pode haver uma escola inclusiva. Pensar que a inclusão escolar pode ser utópica é compreensível, pois, diferentemente de outros países em que a proposta de inclusão iniciou com ações conjuntas de pais e professores, no Brasil, o movimento de inclusão foi articulado por estudiosos e técnicos de secretarias. Beyer (2005, p. 08) salienta que: Em vez de se constituir como um movimento gradativo de de- cisões conjuntas entre pais e educadores, com imediata re- versão em ações de implementação e adaptação das escolas e dos professores na direção do projeto inclusivo, ocorreu um movimento deslocado das bases para o topo. Da forma apontada por Beyer (2005), os pais e educadores não puderam refletir e participar das diretrizes político-pedagógicas da educação inclusiva, o que seria de extrema importância, já que eles atuam diretamente com essa questão. A falta de conhecimento e de experiências concretas de inclusão e a sensação de obrigatoriedade imposta pelas autoridades podem ter contribuído mais para a exclusão do que para a inclusão. Por outro lado, se, no Brasil, o projeto de inclusão não fosse de certa forma imposto pelas autoridades e dependêssemos de movimentos de pais e professores, talvez nunca houvesse uma mudança nessa direção. No Brasil, o movimento de inclusão foi articulado por estudiosos e técnicos de secretarias. Atividades de Estudos: 1) Inclusão escolar é utopia? A obrigatoriedade de implementação da proposta de inclusão pode ter causado o efeito oposto? Se a inclusão escolar não tivesse sido imposta por lei, as escolas estariam caminhando espontaneamente nessa direção? Baseado(a) nesses questionamentos emita sua opinião diante da discussão lançada nos parágrafos anteriores. 36 Educação Especial e Inclusão Escolar ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ A inclusão à qual fazemos referência neste Caderno de Estudo, de maneira diferente do que já ficou estigmatizado, não abarca só as pessoas com deficiência ou necessidades especiais, conforme mostra a Declaração de Salamanca (1994): [...] escolas deveriam acomodar todas as crianças, indepen- dentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas e outras. [...] incluir crianças deficien- tes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças perten- centes a minorias lingüísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos desavantajados ou marginalizados. A Declaração de Salamanca (1994) elucida que a inclusão engloba, também, os sujeitos que, de alguma forma e por algum motivo, estão sendo deixados de fora das instituições regulares de ensino. Werneck (2006), em entrevista concedida ao Portal Educacional, esclarece o motivo pelo qual a deficiência é destacada quando se fala em inclusão escolar: [...] tenho uma preocupação muito grande quando falo da es- cola. É uma instituição que todos nós, inclusive eu, ajudamos a construir e que tem de mudar, não porque não é boa para a criança com deficiência, mas porque não está boa para nin- guém. Mas, no dia em que ela for boa para uma criança com deficiência, ela vai ser boa para todo mundo, certo? Esse é o fim da linha [...]. Ainda na mesma entrevista, Werneck (2006) explica sua opinião sobre a inclusão e defende a ideia da escola inclusiva afirmando que “[...] se eu ponho uma criança com deficiência na escola, eu acelero o processo de mudança. [...] A escola inclusiva nada mais é do que uma escola de qualidade para todos. Mas um ‘todos’ que seja tudo. Um ‘tudo’ sem exceções”. Werneck (2006) e os demais autores, bem como a Declaração de Salamanca (1994) apontam aspectos variados que ratificam princípios da escola inclusiva e a fundamentam: importância das amizades e da convivência nas relações sociais entre pessoas com e sem deficiência, iniciativas da escola para torná-la inclusiva, inclusão como processo e articulação da inclusão por pais e professores. 37 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2INCLUSÃO REFLETE RIQUEZA HUMANA O que a incomodou e a fez abraçar a inclusão? Eu acho que não dá para você escolher as condições humanas que vão estar com você nos ambientes. É como se você negasse a característica mais típica da humanidade, a diversidade. Comecei a querer ir além nos meus trabalhos e, um dia, descobri que isso tinha um nome, inclusão. Em 1997, escrevi o primeiro livro publicado no Brasil sobre sociedade inclusiva, esse que é um conceito da ONU, o de sociedade inclusiva ou sociedade para todos. A propósito, o que preconiza a ONU no que se refere à sociedade inclusiva? A principal característica da inclusão é propor uma sociedade para todos, uma escola para todos, de forma incondicional. É para todos mesmo! Se alguém ficar de fora, não é mais inclusão. A inclusão propõe uma ruptura dos paradigmas que já existem, a construção de um novo trabalho, um novo lazer, uma nova escola. São propostas que vão melhorar a vida de cada um de nós porque são de alta qualidade, de alto refinamento para os relacionamentos humanos, onde quer que eles aconteçam. Eu repito: não são propostas exclusivamente para pessoas com deficiência. Se a inclusão não se aplica apenas a pessoas com necessidades especiais, por que em certos discursos dão a impressão que as duas coisas são uma só? Quando pessoas que pensam como eu — ainda são poucas no Brasil — falam de inclusão, usam a deficiência como estratégia. É por isso que ela é tão importante: a deficiência é o fim da linha, é o que sempre fica de fora. Até quando você ouve os discursos mais atualizados sobre inclusão social, da parte de militantes de esquerda — se é que ainda dá para usar essa expressão —, percebe que eles também não englobam a deficiência. Por isso, você tem que colocar a deficiência como meta quando se fala de sociedade ou escola para todos. Sugiro que você leia parte da entrevista intitulada ‘Inclusão reflete riqueza humana’ que Werneck (2006) concedeu ao site www.educacional.com.br. Nessa entrevista a jornalista esclarece sobre os Direitos Humanos. 38 Educação Especial e Inclusão Escolar Confundir integração com inclusão, achar que ela é uma proposta restrita aos deficientes... Como desfazer esse nó na escola e ajudá-la a trabalhar por uma sociedade inclusiva? Esse é o problema central: vivemos numa grande crise de comunicação. Eu noto que o avanço tecnológico nos empurra tanto que deixamos de dedicar o tempo e a reflexão que novas questões sociais merecem. Como o social não avança com a velocidade do tecnológico, as reflexões não podem ser assim tão apressadas, senão acabamos nos atropelando entre conceitos e começamos a não nos comunicar mais. Com integração e inclusão, é isso que acontece. Na maioria das vezes, as pessoas falam de uma coisa pensando que é outra. Aparentemente, podem estar contra, mas, no fundo, podem estar a favor. Muitas das discussões acontecem simplesmente porque as pessoas não percebem de que conceitos estão falando. É como se você chamasse marxismo de capitalismo e ficássemos horas discutindo (risos). É preciso muito tempo e esforço para desfazer esse nó. Às vezes, vou a uma empresa, converso horas com as pessoas sobre inclusão e aí espero, lógico, a hora certa para mostrar que estou me referindo a outra inclusão... É comum as pessoas falarem assim: “Nossa, Cláudia, só agora eu entendi. A minha inclusão era outra, era a de quem passa fome, de quem não tem onde morar”. Ou seja, a vítima do sistema, que também vive uma situação horrível, lógico. Agora, se você não acrescenta a deficiência, você não vai ao final da sua reflexão. Você também pode discutir três horas sobre crianças com deficiências, mas, se não enxergar como é a vida dessas crianças, então, não falou do problema ainda. A senhora diria que certas escolas adotam, em relação aos portadores de deficiência, um comportamento que beira a discriminação? Reclamamos o tempo todo que somos um país corrupto, que as pessoas não são sérias, que somos um país pouco ético, onde as leis não são cumpridas, onde os profissionais não estão atentos às minorias, mas a escola que temos é uma escola não ética! É uma escola que gera segregação, competição a qualquer preço e, além dessa proposta segregadora ser muito bem disfarçada, a escola, com raras exceções, tem um ambiente que não é real. É um ambiente anômalo, que não comporta todas as condições humanas. Se você tira algumas dessas condições, está criando uma farsa, e as crianças e jovens vivem nessa espécie de farsa do ponto de vista humano 39 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 — não estou querendo dizer que o professor, que o diretor é mau, mas que a instituição “escola brasileira” é baseada, na maioria das vezes, em uma humanidade que não existe, porque não representa o humano como ele é. Os jovens crescem nesse ambiente e, quando entram no ambiente de trabalho, o que se exige deles? Que sejam profissionais éticos, sensíveis, articulados, com capacidade de trabalhar em equipe, que sejam atentos às minorias... Mas como que eles vão conseguir? Existe essa mágica, de um dia para o outro você dormir e acordar diferente? Essa segregação de que a senhora fala não acontece porque a escola ainda segue o modelo de apontar o que o aluno tem de errado, o que ele tem de deficiente, em vez de incentivar o que ele tem de bom? Exatamente. A inclusão diz o seguinte: cada pessoa tem o direito de contribuir com o seu talento para o bem comum. Talentos que todos nós temos e que a escola não está preparada para perceber ainda. Eu sou filha de professores e tenho uma preocupação muito grande quando falo da escola. É uma instituição que todos nós, inclusive eu, ajudamos a construir e que tem de mudar, não porque não é boa para a criança com deficiência, mas porque não está boa para ninguém. Mas, no dia em que ela for boa para uma criança com deficiência, ela vai ser boa para todo mundo, certo? Esse é o fim da linha, o meu objetivo, a minha meta principal. E se eu ponho uma criança com deficiência na escola, eu acelero o processo de mudança. Essa coisa tem de estar muito clara: nós estamos propondo uma escola melhor para todos. Todos mesmo. A escola inclusiva nada mais é do que uma escola de qualidade para todos. Mas um “todos” que seja tudo. Um “tudo” sem exceções. Fonte: Disponível em: <www.educacional.com.br/entrevistas/ entrevista0073.asp>. Acesso em: 15 jun. 2016. Atividades de Estudos: 1) Sugiro a você que aponte os aspectos mais interessantes da entrevista de Werneck e comente sobre eles. 40 Educação Especial e Inclusão Escolar ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Documentos Internacionais e a Legislação Brasileira Essa seção destina-se a apresentar os documentos nacionais e internacionais que guiam as políticas da inclusão escolar. É importante conhecermos esses documentos para podermos buscar junto aos órgãos responsáveis os direitos e os deveres dos membros que fazem parte das instituições escolares. Destacamos alguns dos mais importantes documentos referentes a essa temática: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999). Atualmente, não é mais utilizado a palavras “portador (a)”; todavia fazemos uso desse termo neste texto, pois assim consta nos documentos pesquisados. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) estabeleceu que: “Os direitos humanos são os direitos fundamentais de todos os indivíduos. Todas as pessoas devem ter respeitadosos seus direitos humanos: direito à vida, à integridade física, à liberdade, à igualdade e à dignidade, à educação” (GIL, 2005, p. 17). Essa Declaração, apesar de não especificar o local, garante que todas as pessoas têm direito à educação. A Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 aprovou a “[...] Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien, Tailândia) e o Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas de A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) , garante que todas as pessoas têm direito à educação. 41 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 Aprendizagem”, bem como promoveu a “[...] universalização do acesso à educação” (GIL, 2005, p. 18). A Declaração de Salamanca de 1994 impulsionou o direito à educação para pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino, pois, segundo Gil (2005, p. 18), “reconhece a necessidade de providenciar educação para pessoas com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino”. A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, define o termo ‘discriminação’ que significa “[...] toda a diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência [...] que tenham efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais”. Também define que não constitui discriminação: [...] a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promover a integração social ou desenvolvimento pes- soal dos portadores de deficiência desde que a diferenciação ou preferência não limite em si mesmo o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação (BRASIL, 2006). O Brasil começou a pensar em um modelo educacional de integração a partir da década de 1970, após reivindicações de grupos de pais, profissionais e pessoas com deficiência pelo direito e pela oportunidade educativa igual para todos. Em resposta a essas reivindicações, foi criado, em 1973, no Ministério da Educação, o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), que atuou até 1986 e, posteriormente, se transformou em Secretaria da Educação Especial (SEESP), cujo objetivo principal era centralizar e coordenar as ações de política educacional voltadas para as pessoas com necessidades especiais. Os movimentos e reivindicações iniciados na década de 1970 foram intensificados nos anos de 1980, com a Constituição Federal de 1988 que, em seu Art. 206, inciso I, determinou como um dos princípios para o ensino “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 2006). O termo “igualdade” refere-se a todos; portanto, a partir dessa lei, todos passaram a ter o direito de frequentar a escola. Ainda sobre o atendimento aos alunos com necessidades especiais, a Constituição garantiu, no Art. 208, inciso III, “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 2006, grifo nosso). Segundo o documento intitulado O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede Regular, o A Declaração de Salamanca de 1994 impulsionou o direito à educação para pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino 42 Educação Especial e Inclusão Escolar advérbio grifado “refere-se a ‘atendimento educacional especializado’, ou seja, àquilo que é necessariamente diferente do ensino escolar para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência” (BRASIL, 2004, p. 08). Isto significa que o atendimento especializado não substitui a educação oferecida pela rede regular de ensino. A Constituição de 1988 garante atendimento especializado aos alunos com necessidades especiais, porém esse serviço não pode ser substitutivo ao ensino da escola regular. Em 1996, após ter assumido o compromisso com a Declaração de Salamanca (1994), o Brasil promulgou a Lei n. 9.394/96, denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) – Educação Especial que, em seu Capítulo V, Art. 58, inciso II, entrou em controvérsia com a Constituição, pois determinou que o atendimento educacional especializado fosse feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não fosse possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular (BRASIL, 2006). O referido artigo, ao determinar que o atendimento educacional especializado seja feito em escolas ou serviços especializados permite o entendimento de que a substituição do ensino regular pelo especial seja possível, o que constitui uma interpretação equivocada, tendo em vista que somente o atendimento educacional especializado pode ser oferecido fora da rede regular de ensino. Em 2001, o Brasil se tornou signatário do documento expedido, em 1999, pela Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, realizada na Guatemala. Esse documento foi aprovado pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 198, de 2001 (BRASIL, 2006), e promulgado pelo Decreto nº 3.956, igualmente em 2001 (BRASIL, 2006). De acordo com o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede Regular, a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência “tem tanto valor quanto uma lei ordinária, ou até mesmo [...] como norma constitucional, já que se refere a direitos e garantias fundamentais da pessoa humana, estando acima de leis, resoluções e decretos” (BRASIL, 2004, p. 11). Dessa forma, a Convenção da Guatemala contribuiu para dar um rumo aos desconformes legais entre a Constituição Federal de 1988, que respalda e 43 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 garante a educação para todos no ensino regular, e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), que sugere que a substituição do ensino regular pelo ensino especial seja possível. Isso porque, conforme o documento O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns na Rede Regular, “toda lei nova revoga as disposições anteriores que lhes são contrárias ou complementa eventuais omissões” (BRASIL, 2004, p. 10). Nesse sentido, os Estados Partes da Convenção da Guatemala reafirmaram que: as pessoas portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o de não ser submetido a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano. (BRASIL, 2006). Se as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos que outras pessoas, como prevê a Convenção, então podemos interpretar que esse direito se refere, também, ao de estudar na escola regular, como e com os alunos sem deficiência. Mesmo assim, sabemos que apenas a promulgação de leis não garante a implementação de um modelo inclusivo que, diferentemente da proposta de integração que busca a superação da deficiência, suscita a necessidade de mudar o sistema educacional. A lei por si só não garante que a inclusão seja implementada, é necessário criar meios que suscitem mudanças no sistema educacional. Em 2003, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Especial, assumiu o compromisso de apoiar os estados e municípios em sua tarefa de fazer com que as escolas brasileiras se tornassem inclusivas. Para tanto, criou o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que tem por objetivo compartilhar, com todos os estados brasileiros, novos conceitos, informações e metodologias pormeio de uma fundamentação filosófica que afirma uma concepção da educação especial, tendo como pressuposto os direitos humanos. Em 2008, o Ministério da Educação publicou a Política da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva com o objetivo de organizar o Atendimento Educacional Especializado aos alunos com necessidades especiais matriculados nas escolas regulares. 44 Educação Especial e Inclusão Escolar No próximo capítulo, estudaremos, além de outras questões, quais mudanças são necessárias para começarmos a tornar as escolas inclusivas, começando pela filosofia da escola, ou seja, o Projeto Político-Pedagógico até as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula. Para conhecer os documentos e a legislação brasileira de educação especial e inclusiva, acesse o site: <www.mec.gov.br> e clique no link ‘Educação Especial’. A seguir, expomos uma lista com Documentos Internacionais e Nacionais referentes a essa temática. Documentos Internacionais: • 1971 – Declaração dos Direitos das Pessoas e Mentalmente Retardadas. • 1975 – Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU). • 1980 – Carta para a Década de 80 (ONU). • 1983-1992 – Década das Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência. • 1993 – Normas sobre Equiparação de oportunidades para Pessoas com Deficiência (ONU). • 1994 – Declaração de Manágua. • 1999 – Declaração de Washington. • 2002 – Declaração de Caracas. • 2002 - Declaração de Sapporo, Japão. • 2002 – Congresso Europeu de Pessoas com Deficiência. • 2003 – Ano Europeu das Pessoas com Deficiência. • 2004 – Ano Iberoamericano da Pessoa com Deficiência. Legislação Nacional: • 1854 – Instituto Benjamin Constant (IBC). • 1857 – Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines). • 1989 – Lei N° 7.853. • 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). • 1998 – Parâmetros Curriculares Nacionais. • 1999 – Decreto N° 3.298. • 2000 – Lei N° 10.098. • 2000 – Lei N° 10.048. • 2001 – Plano Nacional de Educação. • 2001 – Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. • 2001 – Decreto N° 3.956. 45 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 • 2001 – Parecer CNE (Conselho Nacional de Educação)/CEB (Câmara de Educação Básica n° 17. • 2004 – Decreto n° 5296 de 02 de dezembro. • 2007 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. • 2008 – Decreto AEE 6.571: prevê recursos financeiros para o Atendimento Educacional Especializado na rede pública de ensino. • 2008 – Conferência Nacional da Educação Básica. • 2008 - Edital INCLUIR. • 2008 - II Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência. • 2015 - Lei nº 13.146 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. • 2015 - Nota Técnica sobre a organização do AEE na Educação Infantil. Atividades de Estudos: 1) Baseado nas leituras realizadas neste capítulo responda: A inclusão é uma proposta educacional direcionada para quem? Justifique sua resposta. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Conforme estudamos na seção 2.3 deste capítulo, os documentos mais importantes referentes à inclusão escolar são: Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) e a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999). Preencha o quadro que segue, relembrando o que cada um desses documentos garante: Documento O que garante Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 46 Educação Especial e Inclusão Escolar Conferência Mundial sobre Educação para Todos (1990) Declaração de Salamanca (1994) Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência (1999) Algumas Considerações Neste capítulo, você compreendeu as propostas que fundamentam a inclusão escolar. Além disso, você conheceu os documentos nacionais e internacionais que guiam as políticas brasileiras de inclusão. A seguir, retomaremos os principais aspectos estudados no referido capítulo. A respeito do conceito de inclusão escolar vimos que: • propiciar a inclusão escolar é participar de um processo de mudança, reorganizando a escola, onde estar incluído significa ter o direito de aprender junto, independente das condições físicas, lingüísticas, intelectuais, sociais e emocionais; • a inclusão escolar é para todos os alunos, sem exceção. Em relação às leis e documentos que embasam as políticas públicas de inclusão compreendemos que: • a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) garante que todas as pessoas têm direito à educação; 47 Inclusão Escolar: Definição, Fundamentação Teórica e Políticas Inclusivas Capítulo 2 • a Conferência Mundial sobre Educação para Todos de 1990 promoveu a “[...] universalização do acesso à educação”. (GIL, 2005, p. 18); • a Declaração de Salamanca de 1994 impulsionou o direito à educação para pessoas com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino; • a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência, define o termo ‘discriminação’ que significa “[...] toda a diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência [...] que tenham efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais”. (BRASIL, 2006). Ao final, você estudou como os órgãos governamentais brasileiros vêm se posicionando diante das propostas da educação inclusiva e quais ações estão adotando para implantá-las nas escolas, entre elas a implantação do Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade, que tem por objetivo compartilhar, com todos os estados brasileiros, novos conceitos, informações e metodologias por meio de uma fundamentação filosófica que afirma uma concepção da educação especial, tendo como pressuposto os direitos humanos. Referências BEYER, Hugo Otto. Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais. Porto Alegre: Mediação, 2005. ______. Por que Lev Vygotski quando se propõe uma educação inclusiva? Educação Especial. Disponível em: <www.ufsm.br/ce/revista>. Acesso em: 10 ago. 2006. BRASIL. O acesso de alunos com deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular. Fundação Procurador Pedro Jorge de Melo e Silva (Org.). Ministério Público Federal: 2. ed. Brasília: Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, 2004. ______. Educação Especial, legislação. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 15 out. 2006. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Princípios, Política e Prática em Educação 48 Educação Especial e Inclusão Escolar Especial. 1994. Disponível em: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em: 26 maio 2006. GIL, Marta (Coord.). Educação Inclusiva: O que o professor tem a ver com isso? São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2005. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MANTOAN, Maria Tereza Égler. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. MENDES, E. G. Construindo a Escola Inclusiva. Trabalho Apresentado, nos Seminários Avançados sobre Educação Inclusiva. UNESP de Marília, agosto de 2001. MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad. Windyz Brazão Ferreira. Porto Alegre: Artmed, 2003. RODRIGUES, David. Educação Inclusiva: mais qualidade à diversidade. In: FREITAS, Soraia; RODRIGUES David; KREBS, Ruy (Orgs). Educação inclusiva e necessidades educacionais
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