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Teorias Contemporâneas II (Resumo) Sex and Death in the Rational World of Defense Intellectuals Carol Cohn . Intelectuais de defesa são homens. Eles criam a teoria que informa e legitima a prática estratégica em relação às armas nucleares nos Estados Unidos (utilização do conceito de deterrence) . Enquanto presente no mundo de análise estratégica, a autora notou a questão do gênero implícita nas relações sociais e linguagens nesse meio. Ela nota que esse mundo é praticamente todo masculino e sua linguagem (carregada de metáforas) também o é. . O projeto da autora está mais intimamente relacionado com o desenvolvimento das críticas feministas dos conceitos ocidentais dominantes de razão. Seu objetivo é: Discutir a natureza do pensamento nuclear estratégico e, em particular, a sua ênfase está no papel da linguagem especializada da área, uma linguagem que ela chama de “tecno- estratégica”. Essa linguagem reflete e molda a natureza do projeto estratégico nuclear dos EUA e tem um papel central em permitir que intelectuais de defesa pensem e ajam de certa forma. As feministas que trabalham com essa área ou a estudam deveriam prestar atenção na linguagem que escolhem usar. . Distanciamento entre imagem e realidade na linguagem tecno-estratégica. . Presença de um subtexto sexual no discurso dos profissionais de defesa. Exemplos da linguagem usada nos discursos por ela observados: . A imagem em si não se origina desses indivíduos particulares, mas de um contexto cultural mais amplo. A imagem sexual ,bem antes das questões nucleares, já fazia parte do universo da guerra.Tanto militares como fabricantes de armas estão constantemente explorando a imagem do falo e a promessa de dominação sexual que as suas armas convenientemente sugerem. ( O exemplo que ela dá sobre “Patting” - afagar/dar um tapinha afetusos nos mísseis: Afago está relacionado à intimidade, a possessão sexual, a dominação afetuosa. A emoção e o prazer nesse caso estão associados com uma visão erótica. No entanto, está também relacionado ao carinho à animais de estimação e bebês dando a idéia de que se afagarmos os mísseis, a letalidade deles desparecerá) . A virgindade no discurso nuclear ( India “perdeu a virgindade” quando explodiu uma bomba atômica/ o uso complicado da metáfora: O quanto uma mulher ainda vale a pena para um homem após ter perdido a sua virgindade?/ a barganha patriacal) . O distanciamento na linguagem : O exemplo do uso de termos domésticos e abstrações comuns. Palavras usadas para domesticar ou domar a selvageria das forças incontroláveis de destruição nuclear. O uso de acrônimos nesse mesmo sentido ( exemplo de “PAL” – acrônimo amigo para um sistema eletrônico de prevenção e “BAMBI” – acrônimo não tão legal para sistema de mísseis antibalísticos) . O projeto da bomba é associado com imagens do nascimento do homem./ a capacidade masculina de destruir a natureza com o poder de criar. . O processo de aprendizagem da linguagem de defesa em si é parte daquilo que te remove da realidade de uma guerra nuclear./ Estruturalemente, falar uma linguagem tecno-estretégica remove esses intelectuais de uma posição de vítima e os coloca na posição de planejadores, usuários,atores. Assim, eles são posicionalmente permitidos, e até mesmo forçados, a escapar dessa consciência de vítima, dos horrores e conseqüências de uma guerra nuclear. . Essa linguagem não permite que certas perguntas sejam feitas ou que certos valores sejam expressados. ( por exemplo, a palavra paz não está presente nesse discurso e o que chega mais próximo é o termo “estabilidade estratégica”; palavra paz é ligada automaticamente com algum ativista meio “miolo-mole” ou “cabeça avoada”( acho que é isso que ela quer dizer), ao invés de um profissional que merece ser levado a sério) . A realidade da qual os intelectuais de defesa falam é em si um mundo de abstrações./ Os conceitos e teorias são concepções abstratas, fora da vida real. A racionalidade é baseada em cálculos de computadores, mas os humanos não se comportam assim! No discurso tecnoestratégico, o ponto de referência (ou sujeito) não é o homem branco,não são seres humanos de fato; são armas. Fatores humanos são irrelevantes para o cálculo de perdas e ganhos. E quais são as implicações do discurso sublinhado acima? a. Não há como falar sobre mortes humanas e sociedades humanas quando você esta usando uma linguagem formulada para falar sobre armas. Morte humana é simplesmente “dano colateral”( colateral para o objeto real: armas, não pessoas) b. Não é so impossível falar sobre humanos nessa linguagem, mas em certo sentido é também ilegítimo pedir que esse paradigma reflita preocupações humanas.O isolamento do conhecimento técnico do pensamento moral,social ou psicológico, ou sentimental, é visto como legítimo e necessário. c. Esse discurso tornou-se virtualmente a única forma legítima de responder à questão de como alcançar a segurança. . Ouvir os discursos dos especialistas revela uma série de mecanismos enraizados e aceitos culturalmente que servem esse propósito e tornam possível o “pensar o impensável”. . Aprender a falar essa linguagem revela algo a respeito de como o pensamento pode ser mais abstrato, mais focado em partes separadas de seus contextos, mais atento à sobrevivência de armas do que de pessoas.Isso revela algo sobre o processo de militarização. Abaixo, o trecho em que ela descreve esse aprendizado: . Quando assumimos que aprender a linguagem e utilizá-la vai nos conferir credibilidade/legitimidade politicamente, estamos reafirmando o discurso que possuem os intelectuais de defesa a respeito de guerras e armas nucleares. O discurso tecnoestratégico funciona como uma cortina ideológica, e as razões para essas decisões de defesa se escondem por trás dela. . A questão da legitimidade está ligada à objetividade nascida no conhecimento técnico. A autora se endereça às feministas: A vozes dominantes da masculinidade militarizada e da racionalidade descontextualizada falam tão alto em nossa cultura, que será difícil fazer com que outras vozes sejam ouvidas, até que essas mais fortes percam um pouco o seu poder, até que percam a sua legitimidade. Para isso, é preciso descontruí-las. Visões alternativas precisam ser criadas, assim como novas concepções de racionalidade concebidas para o futuro. Resumo feito por Karine Barcelos IRiscool 2011.2