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1 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA Psicopatologia CONSCIÊNCIA Estado psíquico que nos permite entrar em contato com mundo exterior e interior ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS - Glasgow Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva, desde o estado normal, vígil, desperto, até o estado de coma profundo, no qual não há qualquer resquício de atividade consciente. Graus de rebaixamento do nível de consciência: Obnubilação/turvação: o Rebaixamento da consciência em grau leve a moderado; o Há sempre diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração Sopor: o Paciente só pode ser desperto por estímulo de natureza dolorosa; o Evidentemente sonolento o Incapaz de qualquer ação espontânea o Psicomotricidade mais inibida que nos estados de obnubilação Coma: o Ausência de qualquer indício de consciência o Não é possível qualquer atividade voluntária consciente o Movimentos oculares errantes com desvios lentos e aleatórios, nistagmo, transtornos do olhar conjugado, etc O delirium diz respeito, portanto, aos vários quadros com rebaixamento leve a moderado do nível de consciência, acompanhados de desorientação temporoespacial, dificuldade de concentração, perplexidade, ansiedade em graus variáveis, agitação ou lentificação psicomotora, discurso ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, quase sempre visuais. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS Mudança parcial ou focal do campo da consciência (uma parte está preservada, e a outra, alterada) Estados crepusculares: estreitamento transitório do campo da consciência, afunilamento da consciência (que se restringe a um círculo de ideias, sentimentos ou representações de importância particular para o sujeito acometido), com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada, permitindo a ocorrência dos chamados atos automáticos; natureza mais orgânica Estado segundo: estado patológico transitório semelhante ao estado crepuscular, caracterizado por uma atividade psicomotora coordenada, a qual, entretanto, permanece estranha à personalidade do sujeito acometido e não se integra a ela; natureza mais psicogenética (choque emocionais intensos) Dissociação da consciência: fragmentação ou a divisão do 2 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano geralmente desencadeada por acontecimentos psicologicamente significativos que geram grande ansiedade para o paciente Transe: estado de dissociação da consciência que se assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, porém, pela presença de atividade motora automática e estereotipada acompanhada de suspensão parcial dos movimentos voluntários Estados hipnótico: estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada, que pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador) Experiência de quase-morte (EQM): estado especial de consciência verificado em situações críticas de ameaça grave à vida, como parada cardíaca, hipóxia grave, isquemias, acidente automobilístico grave, entre outros ATENÇÃO Direção da consciência, o estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto Torna o ser humano capaz de selecionar, filtrar e organizar as informações em unidades controláveis e significativas Consciência e atenção estão estreitamente relacionados. Tenacidade: capacidade de o indivíduo fixar sua atenção sobre determinada área ou objeto Vigilância: permite o indivíduo mudar seu foco de um objeto para outro A capacidade de focalizar a atenção relaciona-se diretamente com o número de operações mentais que precisam ser realizadas ao mesmo tempo e com a dificuldade das tarefas. A atenção seletiva limita as informações que chegam ao sistema cerebral. Além disso, aumenta a capacidade de processar e dar conta dos estímulos e das informações mais relevantes para o sujeito, fundamentais para o desempenho cognitivo e comportamental. ANORMALIDADES DA ATENÇÃO Hipoprosexia: diminuição global da atenção, com perda da capacidade de concentração Aprosexia: total abolição da capacidade de atenção Hiperprosexia: estado de atenção exacerbada Distração: hipertenacidade e hipovigilância; a atenção está tão voltada para algo que acaba deixando algumas coisas passarem despercebidas Distraibilidade: instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para fixar-se ou deter-se em qualquer coisa que implique esforço produtivo; a atenção é muito facilmente desviada As alterações da atenção podem ocorrer tanto em distúrbios neurológicos e neuropsicológicos como em transtornos mentais. Transtornos do humor (depressão e transtorno bipolar), transtorno obsessivocompulsivo (TOC), esquizofrenia e transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) são os que mais apresentam alterações da atenção. Nos quadros maníacos, há diminuição da atenção voluntária e aumento da 3 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA atenção espontânea, com hipervigilância e hipotenacidade. Nos quadros depressivos, geralmente há diminuição geral da atenção, ou seja, hipoprosexia. Em alguns casos graves, ocorre a fixação da atenção em certos temas depressivos (hipertenacidade), com rigidez e alguma diminuição da capacidade de mudar o foco da atenção (hipovigilância). ORIENTAÇÃO Capacidade de situar-se quanto a si mesmo e quanto ao ambiente A capacidade de orientar-se requer, de forma consistente, a integração das capacidades de atenção, percepção e memória. Orientação autopsíquica: orientação do indivíduo em relação a si mesmo (nome, idade, data de nascimento, profissão, estado civil, etc) Orientação alopsíquica: capacidade de orientar-se em relação ao mundo quanto ao espaço (orientação espacial) e quanto ao tempo (orientação temporal) Quanto à orientação espacial busca-se verificar se o paciente sabe: o Tipo de lugar (ex.: hospital) o Nome do lugar (ex.: hospital tal) o Onde se situa o lugar (bairro, cidade, etc) A orientação temporal indica se o paciente sabe em que momento cronológico está vivendo, a hora do dia, se é manhã, tarde ou noite, o dia da semana, o dia do mês, o mês do ano, a época do ano, bem como o ano corrente É preciso lembrar que geralmente a desorientação ocorre, em primeiro lugar, em relação ao tempo. Só após o agravamento do transtorno, o indivíduo se desorienta quanto ao espaço e, finalmente, quanto a si mesmo. A forma mais comum de desorientação é por redução do nível de consciência. Na desorientação amnéstica, o indivíduo não consegue reter as informações ambientais básicas em sua memória e perde a noção do fluir do tempo, do deslocamento no espaço, passando a ficar desorientado temporoespacialmente. SENSOPERCEPÇÃO SENSAÇÃO: fenômeno elementar gerado por estímulos originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os; as diferentes formas de sensação são geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, táteis, auditivos, olfativos, gustativos, proprioceptivos e cinestésicos. Dimensão neuronal PERCEPÇÃO: tomada da consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial. Dimensão neuropsicológica É o produto ativo, criativo e pessoal de experiências que partem de estímulos sensoriais, mas são recriadas na mente de quem percebe algo ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS DA SENSOPERCEPÇÃO Hiperestesia: percepções anormalmente aumentadas em intensidade e duração (ex.: intoxicações por alucinógenos) Hipoestesia: o mundo circundanteé percebido como mais escuro; as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho; os alimentos não têm mais sabor; e os odores perdem sua intensidade. (ex.: depressão) 4 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA Parestesias: sensações táteis desagradáveis, em geral espontâneas Disestesias: sensações anômalas, em geral dolorosas, desencadeadas por estímulos externos ALTERAÇÕES QULITATIVAS Ilusão: percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente; pode decorrer de: o Rebaxamento de nível de consciência o Fadiga grave ou intenção marcante o Estados afetivos As ilusões mais comuns são as visuais. Alucinações: percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real, sem o estímulo sensorial respectivo Alucinações auditivas são o tipo de alucinação mais frequente nos transtornos mentais Simples: se ouve apenas ruídos primários; são menos frequentes Complexa: se ouve sons mais nítidos Alucinação audioverbal – mais frequente e significativa; o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real, que geralmente ameaçam ou insultam; ocorrem com maior frequência na esquizofrenia Vozes de comando Vozes que comentam a ação Sonorização do pensamento: vivência sensorial de ouvir o pensamento, no momento em que está sendo pensado Eco do pensamento: ouvir o pensamento de forma repetida, logo após ter sido pensado Publicação do pensamento: paciente tem nítida sensação de que as pessoas ouvem o que ele pensa no exato momento em que está pensando As alucinações visuais podem ser simples (fotopsias) ou complexas (figuras e imagens de pessoas, animais, objetos inanimados) Alucinose: fenômeno pelo qual o paciente percebe uma alucinação como estranha à sua pessoa o Embora ele veja ou ouça, falta a crença, permanecendo consciente de que aquilo é um fenômeno estranho, patológico o Pode acontecer com a alucinose alcoólica Pseudo-alucinação: não apresenta os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real o Surge de um pensamento ou uma representação que, de tão intenso, ganha sensorialidade o Pode surgir em estados afetivos intensos, na fadiga, em quadros de rebaixamento do nível de consciência e em intoxicações Assim, na pseudo-alucinação, a voz (ou imagem visual) percebida é pouco nítida, de contornos imprecisos, sem vida e corporeidade. A vivência é projetada no espaço interno, são 5 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA “vozes que vêm de dentro da cabeça, do interior do corpo”. O paciente relata que “parece uma voz (ou imagem)...” ou que “...é como se fosse uma voz (ou imagem), mas não é bem uma voz”. MEMÓRIA Capacidade de registrar, manter e evocar experiências e fatos já ocorridos A capacidade de memorizar relaciona-se intimamente com o nível de consciência, com a atenção e com o interesse afetivo. A memória cognitiva é composta de três fases ou elementos básicos: Fase de registro (percepção, gerenciamento e início da fixação) Fase de conservação (retenção) Fase de evocação (também denominada de lembranças, recordações ou recuperação) Memória imediata ou de curtíssimo prazo (de poucos segundos até 1 a 3 minutos): capacidade de reter o material imediatamente após ser percebido Tem capacidade limitada e depende da concentração, da fatigabilidade e de certo treino Memória de trabalho: combinação de habilidades da atenção e da memória imediata, no qual as informações são mantidas com o objetivo de selecionar um plano de ação e realizar determinada tarefa Memória recente ou de curto prazo (de poucos minutos até 3 a 6 horas): capacidade de reter informação por curto período Também tem capacidade limitada Memória remota ou de longo prazo (de meses até muitos anos): capacidade de evocar informações e acontecimentos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo (pode durar por toda a vida) Segundo a lei de Ribot, o indivíduo que sofre uma lesão ou doença cerebral, sempre que esse processo patológico atinge seus mecanismos mnêmicos de registro e recordação, tende a perder os conteúdos da memória (esquecimento) seguindo algumas regularidades: Primeiro elementos mais recentes e, depois, os mais antigos Primeiro elementos mais complexos e, depois, os mais simples Primeiro elementos mais estranhos, menos habituais e, só posteriormente, os mais familiares Primeiro perde conteúdos mais neutros; depois os elementos afetivos e, só então os hábitos comportamentais e mentais ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS Hipermnésias: os elementos mnêmicos afluem rapidamente, em tropel, ganhando em número, perdendo, porém, em clareza e precisão o Traduz mais a aceleração geral do ritmo psíquico que uma alteração propriamente da memória Amnésia: perda da capacidade de fixar ou de manter e evocar conteúdos mnêmicos antigos o Psicogênica: perda de elementos mnêmicos focais, com valor psicológico específico (ex.: paciente esquece de um momento específico da vida, mas consegue lembrar de tudo que ocorreu ao “redor”) 6 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA o Amnésia orgânica: menos seletiva que a psicogênica Segue a lei de Ribot Amnésia anterógrada: o indivíduo não consegue mais fixar elementos mnêmicos a partir do evento que lhe causou o dano cerebral Amnésia retrógrada: o indivíduo perde a memória para fatos ocorridos antes do início da doença/trauma Após TCE é comum a ocorrência de amnésias retroanterógradas, ou seja, o que ocorreu antes e depois do evento. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS O indivíduo apresenta lembrança deformada que não corresponde à sensopercepção original Confabulações: invenções, produtos da imaginação do paciente, que completam artificialmente as lacunas de memória, produzidas, em geral, por déficit da memória de fixação o O paciente não consegue reconhecer as imagens como falsas o É possível produzi-las, direcioná-las ou estimulá-las ao perguntar ao doente se ele lembra do que fez no domingo, etc (fabulações de embaraço) o Difere das ilusões e das alucinações mnêmicas, que não podem ser produzidas, induzidas ou direcionadas pelo examinador o Pode acontecer no alcoolismo crônico (síndrome de Korsakoff) AFETIVIDADE Termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os sentimentos. Humor (estado de ânimo): tônus afetivo do indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa em determinado momento Emoções: reações afetivas agudas, momentâneas, de curta duração, desencadeadas por estímulos significativos, geralmente é a reação do indivíduo a certas excitações internas ou externas, conscientes ou inconscientes Sentimentos: estados e configurações afetivas estáveis; em relação às emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros; comumente associados a conteúdos intelectuais, dependendo da existência, na língua e na cultura, de palavras que possam codificar o estado afetivo Afeto: a qualidade e o tônus emocional que acompanha uma ideia ou representação mental; seriam o componente emocional de uma ideia Paixões: estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os demais interesses A pesquisa psicopatológica tem identificado historicamente quão penetrante é a influência da afetividade sobre toda a vida mental. ALTERAÇÕES DO HUMOR (distimia) Hipotímico/hipofórico: tristeza patológica, melancolia (depressão) Hipertímico/hiperfórico: exaltação patológica do humor, euforia (quadros maníacos) Disforia: distimia acompanhada de uma tonalidade afetiva 7 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA desagradável, mal-humorada (irritação, amargura, desgosto, agressividade) Ansiedade: estado de humor desconfortável, apreensão negativa em relação ao futuro, inquietação interna desagradável; inclui manifestações somáticas/fisiológicas e psíquicas Angústia: sensação de aperto no peito e na garganta, de compressão, sufocamento; tem conotação mais corporal e mais relacionada ao passado Medo: se refere a objetos mais precisos ALTERAÇÕES DAS EMOÇÕES E DOS SENTIMENTOS Apatia: diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva; pacientes queixam-se de não sentirem nada (muito associado a quadros depressivos) Hipomodulação do afeto: incapacidade de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial, indicando rigidez em relação ao mundo Inadequação ou paratimia: reação completamente incongruente a situações existenciais ou a determinados conteúdos ideativos; desarmonia profunda da vida psíquica Embotamento afetivo: perda profunda de todo tipo de vivência afetiva, constatável por meio da mímica, da postura e da atitude do paciente Anedonia: incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinadas atividades e experiências da vida Labilidade/incontinência afetiva: mudanças súbitas e imotivadas de um estado afetivo para outro PENSAMENTO Conceitos: se formam a partir das representações, não apresenta elementos de sensorialidade, não sendo possível contemplá-lo, nem imaginá-lo; é o elemento estrutural básico do pensamento Juízos: consiste na afirmação de uma relação entres dois conceitos; ex.: “cadeira” e “utilidade” podem formar o juízo “a cadeira é útil” Raciocínio: função que relaciona os juízos, formando um encadeamento de conhecimentos O PROCESSO DE PENSAR Curso: modo como o pensamento flui, sua velocidade e seu ritmo Forma: estrutura básica do pensamento, a “arquitetura” preenchida pelos conteúdos e interesses do indivíduo Conteúdo: aquilo que dá substância ao pensamento, seus temas predominantes, o assunto em si ALTERAÇÕES DO CURSO Aceleração (taquipsiquismo): pensamento flui de forma muito acelerada, uma idéia se sucedendo à outra rapidamente Lentificação (bradipsiquismo): pensamento progride lentamente, de forma dificultosa, com certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas Bloqueio/interceptação: o pensamento para; é percebido quando durante uma conversa, o paciente, brusca e repentinamente, interrompe o pensamento sem qualquer motivo aparente (quase exclusivo de esquizofrenia) Roubo do pensamento: nítida sensação de que seu pensamento 8 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA foi roubado de sua mente por uma força, um ente estranho, etc; frequentemento associada ao bloqueio do pensamento ALTERAÇÕES DA FORMA Fuga de ideias: secundária ao taquipsiquismo, na qual uma idéia se segue a outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e os conceitos o As palavras deixam de seguir uma lógica ou finalidade do pensamento e passam a ocorrer por assonância (p. ex., amor, flor, cor... ou cidade, idade, realidade...) Dissociação: desorganização do pensamento, na qual os pensamentos passam progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem- organizada, e os juízos não se articulam de forma coerente uns com os outros Afrouxamento das associações: afrouxamento dos enlaces associativos, embora ainda haja concatenação lógica entre a ideias Descarrilamento: pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, toma atalhos colaterais, desvios, pensamentos supérfluos, retornando aqui e acolá ao seu curso original Desagregação: profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento; ideias fragmentadas, muitas irreconhecíveis, sem qualquer articulação racional Na esquizofrenia, de modo geral, o progredir da desestruturação do pensamento segue esta sequência (em ordem de gravidade): afrouxamento das associações, descarrilamento do pensamento e, finalmente, desagregação do pensamento. ALTERAÇÕES DO CONTEÚDO Os principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos são: Persecutórios Depreciativos Religiosos Sexuais De poder, riqueza, prestígio ou grandeza De ruína ou culpa Conteúdos hipocondríacos ALTERAÇÕES DO JUÍZO Juízo deficiente ou prejudicado: juízo falso que se estabelece porque a elaboração dos juízos é prejudicada por deficiência intelectual e pobreza cognitiva do indivíduo; os conceitos são inconsistentes; e o raciocínio, pobre e defeituoso Juízo de realidade: Erro simples: se origina da ignorância, do julgar apressado e com base em premissas falsas; o São passíveis de serem corrigidos pela experiência, pelas provas e pelos dados que a realidade oferece o Ex.: preconceito Delírio DELÍRIO Características: Convicção extraordinária, certeza subjetiva praticamente absoluta – não se pode colocar em dúvida a veracidade de seu delírio Impossível modificar o delírio pela experiência objetiva, por provas explícitas da realidade, por 9 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA argumentos lógicos, plausíveis e aparentemente convincentes – irremovível Conteúdo impossível – juízo falso Produção associal, idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente – não é nem produzido, nem compartilhado ou sancionado por um grupo religioso, político ou de outra natureza Tipos de delírio segundo seus conteúdos: Persecutório: indivíduo acredita que é vítima de um complô e está sendo perseguido por pessoas conhecidas ou desconhecidas, tais como máfias, vizinhos, polícia, pais, esposa ou marido, chefe ou colegas do trabalho De referência: indivíduo apresenta a tendência dominante a experimentar fatos cotidianos fortuitos, objetivamente sem maiores implicações, como referentes à sua pessoa (ex.: deduz que a conversa de pessoas em um determinado local é sobre ele) De relação: indivíduo delirante constrói conexões significativas (delirantes) entre os fatos normalmente percebidos para explicar sua teoria De influência: indivíduo vivencia intensamente o fato de estar sendo controlado, comandado ou influenciado por força, pessoa ou entidade externa De grandeza: indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de capacidades e poderes Místico ou religioso: indivíduo afirma ser (ou estar em comunhão permanente com, receber mensagens ou ordens de) um novo messias, um Deus, Jesus, um santo poderoso ou, até, um demônio De ciúmes: indivíduo percebe-se traído pelo cônjuge de forma vil e cruel; em geral o indivíduo acometido pelo delírio de ciúmes é extremamente ligado e emocionalmente dependente do ser amado Erótico (erotomania): indivíduo afirma que uma pessoa, geralmente de destaque social (um artista ou cantor famoso, um milionário, etc.) ou de grande importância para o paciente, está totalmente apaixonada por ele e irá abandonar tudo para que possam se casar De ruína (niilista): indivíduo vive em um mundo repleto de desgraças, está condenado à miséria, ele e sua família irão passar fome, o futuro lhe reserva apenas sofrimentos e fracassos De culpa e autoacusação: indivíduo afirma, sem base real para isso, ser culpado por tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das pessoas que o cercam De negação de órgãos: relata que seu corpo está destruído ou morto, que não tem mais vários órgãos Hipocondríaco: indivíduo crê com convicção extrema que tem uma doença grave, incurável, que está contaminadopelo vírus da AIDS, que irá morrer brevemente em decorrência do câncer Os delírios mais frequentes (três quartos dos delírios) são os que têm conteúdos de perseguição, que incluem não apenas os delírios propriamente persecutórios, mas também os de referência, de relação e de influência Alucinação x Delírio Às vezes é difícil diferenciar, então sugere- se classificar por meio do caráter predominante da experiência: quando 10 RESUMO – PSIQUIATRIA por IALY FERREIRA sensorial, considera-se como alucinação, quando ideativa ou de caráter mais interpretativo, como delírio. INTELIGÊNCIA Conjunto das habilidades cognitivas do indivíduo, a resultante final dos diferentes processos intelectivos; refere-se à capacidade de identificar e resolver problemas novos, encontrando as soluções mais satisfatórias possíveis Principais habilidades incluídas: Raciocínio Planejamento Resolução de problemas Pensamento abstrato Compreensão de ideias complexas Aprendizagem rápida Aprendizagem a partir da experiência Desenvolvimento deficitário: quando desde criança o indivíduo apresenta alterações na inteligência Ex.: retardo mental – comprometimento das habilidades cognitivas que são adquiridas ao longo do desenvolvimento na infância e na adolescência Deterioração intelectual de um indivíduo: quando o paciente desenvolve alguma demência e tem sua inteligência alterada Ex.: alzheimer
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