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Hipoglicemia Neonatal Referências: PEDIATRIA, Sociedade.Brasileira. D. Tratado de Pediatria, Volume 2. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2017. 9788520455876. Hipoglicemi� neonata�: revisã� d� literatur�, 2020, Brazilia� Journa� of Healt� Revie�. Medcurso, Neonatologia 2019 Roteiro 1. Estudar a definição, classificação, epidemiologia e os fatores de risco da hipoglicemia neonatal; 1.1 Definição; 1.2 Classificação; 1.3 Epidemio e fatores de risco. 2. Elucidar a etiologia e o quadro clínico da hipoglicemia neonatal; 2.1 Etiologia 2.2 Quadro clínico 3. Estudar o diagnóstico (incluindo diagnósticos diferenciais), conduta e prevenção da hipoglicemia neonatal; 3.1 Diagnóstico e diagnósticos diferenciais 3.2 Conduta 3.3 Prevenção 4. Relacionar a hipoglicemia neonatal com o aleitamento. Distúrbios do metabolismo da glicose A transição da dependência total da glicose materna para a independência fetal é um período de difícil adaptação, após a ligadura do cordão umbilical. Inicialmente, é necessário que o RN desenvolva os processos de glicogenólise e gliconeogênese hepáticos, juntamente com a dieta oral adequada, para que mantenha níveis suficientes de produção de glicose. Hipoglicemia Definição A hipoglicemia transitória é um distúrbio frequente observado nos RN, decorrente da imaturidade das vias de homeostase da glicose A Hipoglicemia persistente no período neonatal é menos comum e pode ser causada por doenças endócrinas congênitas, como hiperinsulinemia ou hipopituitarismo, ou, ainda, secundária a erros inatos do metabolismo. Não existe um consenso para que se defina níveis normais ou anormais da glicemia neonatal. Foi descrito apenas um ́ ́Limiar Operacional`` em que define o nível de glicemia que é necessário intervir, as metas terapêuticas, o estado clínico do RN, porém não define padrões normais ou anormais. → Limiares Operacionais ● RN a termo e saudável ○ menos de 24 horas de vida: 30 a 35 mg/dL na primeira medição elevando‐se para 45 mg/dL após o início da alimentação; ○ após 24 horas de vida: 45 a 50 mg/dL; ● RN com sinais ou sintomas clínicos anormais: 45 mg/dL; ● RN assintomáticos com fatores de risco para hipoglicemia: 36 mg/dL. ○ Se após a alimentação a glicemia permanecer abaixo desse nível ou surgirem sinais clínicos anormais, é necessária intervenção terapêutica; ● Qualquer RN com níveis de glicemia entre 20 e 25 mg/dL, deve‐se administrar glicose endovenosa (EV) em bolo para elevar a gliceia para >45 mg/dL. Em geral, um nível de glicose plasmática igual ou inferior a 50 mg/dL é, em prática, razoável, e um limiar seguro para avaliar um neonato para hipoglicemia. Os limites inferiores da normalidade para a glicemia sérica são: ● 28 mg/dl ( com 1-2 horas de vida – nadir fisiológico) ● 40 mg/dl (3 a 23 horas) ● 41 mg/dl (24 a 47 horas) ● 48 mg/dl (48-72 horas). Classificação ● Transitória ○ persiste por dias-semanas após o nascimento. ● Persistente ○ quando se mantém ao longo da infância. ● Fisiológic�: qued� esperad� d� glicemi� par� cerc� d� 30 m�/dL na� primeira� 1-2 hora� d� vid� � cerc� d� 45 m�/dL na� primeira� 4-6 hora� d� vid�, send� est� valo� estendid� at� apr�ximadament� 12 hora� d� vid� Categoria I - Hipoglicemia Hiperinsulinêmica - Filho de mãe diabética. - Eritroblastose fetal. - RN GIG de mãe obesa. - Hiperinsulinemia esporádica ou familiar. - Síndrome de Beckwith-Wiedemann (macrossomia, macroglossia, onfalocele, visceromegalia). Categoria II - Hipoglicemia Secundária a Aumento da Demanda Metabólica - Hemorragia Intracraniana (HIC), asfixia, malformações do SNC, encefalopatia bilirrubínica. - Relacionada à infecção: sepse. - Cardiopatia congênita cianótica; policitemia (elevado consumo pela massa eritrocitária), hiperviscosidade. - Relacionada à cessação abrupta da infusão venosa de glicose. - Relacionada à hipotermia e jejum. Categoria III - Hipoglicemia por Redução das Reservas - RN PIG. - RN PT. - Gêmeos discordantes. - Categoria IV - Hipoglicemia por Defeito Genético ou Metabólicos Primários - Deficiências enzimáticas (glicogenoses, galactosemia, tirosinemia, deficiência de glicogênio sintetase, doença do xarope de bordo). - Intolerância à frutose, acidemia metilmalônica e propiônica. Epidemiologia - Incidência: 8-10% em RN GIG. 15% dos RN PIG. Nesses dois grupos os mecanismos adaptativos não se apresentam de maneira adequada. Fatores de risco ● Neonatais - Baixa reserva de glicogênio - Pré-termos - CIUR - Doenças endócrinas congênitas - Hiperinsulinemia - Hipopituitarismo - Erros inatos do metabolismo - Aumento de demanda energética - Sepse - Hipóxia - Asfixia perinatal - hipotermia. - Policitemia - Tumores produtores de insulina - Eritroblastose fetal ● Maternos - Diabetes - hipertensão e pré-eclâmpsia Etiologia Metabolismo da glicose no RN A glicose é a mais importante fonte energética para o feto. Seu fornecimento, do organismo materno para o concepto, ocorre no período intrauterino por difusão facilitada, através da placenta. Sabe-se também que outros substratos como aminoácidos, ácidos graxos e corpos cetônicos podem também ser fontes de energia quando ocorrem alterações do estado nutricional materno (desnutrição). A partir da segunda metade da gestação, observa-se um aumento da necessidade energética do feto em decorrência de seu crescimento. Com isso, é necessária uma maior oferta de glicose por parte da mãe, que tem sua reserva naturalmente diminuída. Apesar do alto nível de insulina materna circulante, os fatores Anti-insulínicos elevados sobrepujam este efeito e disponibiliza nutrientes para o feto. Atualmente, tem-se conhecimento de que o feto também é capaz de produzir glicose e não precisa utilizar exclusivamente a de origem materna. Isso se deve à gliconeogênese hepática. Nota-se a presença de hormônios envolvidos com este processo (insulina e glucagon) já na 12ª semana de gestação. A deposição de glicogênio hepático ocorre por volta da 36ª semana. Na veia umbilical, a concentração da glicose é em torno de 70% da glicemia materna. Quando ocorre o nascimento, o suprimento de glicose, a partir da veia umbilical, cessa abruptamente. Além disso, as atividades metabólicas sofrem um importante aumento devido à respiração, contratilidade muscular, exposição ao frio. Para compensar essas modificações observadas no RN, seu organismo promove uma série de alterações metabólicas, como uma glicogenólise (degradação do glicogênio) rápida, lipólise, redução do quociente respiratório e elevação dos níveis de GH, glucagon, catecolaminas. O nível de insulina permanece baixo. Patogenia → RN pré-termos ou com crescimento intauterino restrito: baixa reserva de glicogênio hepatico, baixa reserva lipídica, atraso na gliconeogênese, além de haver um hiperinsulinismo, devido à imaturidade pancreática e a manutenção dos níveis de insulina elevados após o parto. → Mães com diabetes descontrolada: apesar da insulina da mãe não passar para o feto, o excesso de glicose materno acaba passando ao feto e promove um hiperinsulinismo rebote (hiperglicemia acaba gerando a hiperplasia e hipertrofia das ilhotas pancreáticas), e quando cessa a disponibilidade de glicose, no clampeamento do cordão, os níveis de insulina estão altos e o fornecimento de glicose cessa, promovendo a hipoglicemia. → RN GIG: apresentam tendência de hiperinsulinismo e hipoglicemia. → Hipóxia e acidose: estimulam a liberação de hormônios contrarreguladores (catecolaminas) que mobilizam o estoque de glicogênio hepático. A presença da hipóxia favorece a manutenção de um metabolismo anaeróbico, provocando consumo mais veloz dos estoques de glicose. Quadro clínico Sinais e sintomas inespecíficos, e muitos casos são assintomáticos. ● Irritabilidade ● Recusa alimentar ● sucção débil ● letargia ● cianose ● instabilidade vasomotora ● dificuldade respiratória ● convulsões ● coma (raro) ● Reflexo de moro aumentado (tremores) O� sinai� � sintoma� neuroglicopênic�� sã� be� mai� grave�, poi� sã� derivad�� d� privaçã� d� glic�s� � níve� d� sistem� nerv�s�centra�: estã� presente� ● apnei�, ● convulsã�, ● hipotermi�, ● com� ● mo�t� (s� nenhu� tratament� fo� log� conduzid�). Sã� �� sintoma� neuroglicopênci�� � grand� preocupaçã� e� s� trata� � nã� deixa� evolui� � hipoglicemi� neonata� Alguma� área� d� sistem� nerv�s� centra�, com� tálam�, mesencéfal�, tronc� cerebra� � có�te� occipita�, sã� mai� sensívei� � baix� quantidad� d� glic�s�, podend� gera� dan�� neurológic�� d� acord� co� � gravidad� � duraçã� d� hipoglicemi� neonata�, alé� d� retarda� � proliferaçã� d� astrócit�� e� recé�-nascid�� prematur��. A� sequela� neurológica� pode� ocorre� mesm� n�� cas�� d� Hipoglicemi� transitóri�. Diagnóstico Amostra deve ser coletada o mais precocemente para que a medição não seja alterada por algum nível de glicose. ● Fita reagente Necessita do uso correto da técnica. - Aquecer o pé do RN; não usar álcool isopropil na assepsia. - A fita reagente é a glicemia total, que é 15% menor que a glicemia plasmática. - O diagnóstico se dá pela glicemia plasmática. - O� aparelh�� d� test� rápid� (glic�símetr� sã� fácei� d� sere� conduzid��, poré� nã� mede� � am�str� d� plasm� � si� � d� sangu� (qu� tend� � te� um� concentraçã� meno� d� glic�s�) Em casos de hipoglicemia refratária ou que a infusão de glicose durar mais de uma semana deve ser investigado causas mais raras da hipoglicemia: - dosagem de insulina - hormônio do crescimento (GH) - cortisol - hormônio adrenocorticotrófico (ACTH): tiroxina (T4), hormônio estimulante da tireoide (TSH) - glucagon - lactato - amônia - transaminases - eletrólitos (incluindo cloro) - triagem para erros inatos do metabolismo - cromatografia de ácidos orgânicos e aminoácidos - Pesquisa de substâncias redutoras na urina. Para o diagnóstico da hipoglicemia hiperinsulinêmica, deve‐se fazer o teste de estímulo do glucagon, administrando 0,03 mg/kg de peso de glucagon EV ou intramuscular (IM), quando dosagem da glicemia < 40 mg/dL. Monitorar a glicemia a cada 10 minutos, durante 40 minutos. Se houver um aumento > 30 mg/dL em relação ao nível basal, o resultado será sugestivo de hiperinsulinismo. Se não houver aumento em 20 minutos, o teste é suspenso e retorna‐se à infusão de glicose EV. Conduta de Rastreamento Nos grupos de risco, a recomendação de controle de glicemia deve ser realizada da seguinte maneira: • RN pré‐termo e RN PIG: com 3, 6, 12 e 24 horas, e após, em intervalos de 8 a 12 horas, até 72 horas de vida; • RN de mãe diabética: com 1, 2, 3, 6, 12 e 24 horas, e após, a cada 8 horas, até 72 horas de vida • Nos demais RN de risco, com 3, 6, 12 e 24 horas, e após, a cada 8 horas, até 48 horas de vida. Quem rastrear? ● RN filho de mãe diabética e GIG: até 12 horas de vida ● PIG e prematuridade tardia: − Primeiras 24 horas de vida: glicemia 2/2h ou de 3/3h, antes de cada mamada − Após 24 horas: manter rastreio apenas se glicemia < 50 mg/dl Problema� d� rastreament�: 1. criança� pode� nã� te� fatore� d� risc�, ma� tere� � hipoglicemi� neonata� �, assi�, acaba� po� nã� entra� nu� rastrei� adequad� quand� deveri� te� sid� feit� � sequela� pode� esta� presente� n� futur� dest� crianç�. 2. criança� pode� apena� te� glic�s� dentr� d� critéri�, ma� nã� te� o� desenvolve� sintom� algu�, log� sã� tratada� intensament� � encarece� �� cuidad�� d� h�spita�, alé� d� passare� mai� temp� long� d� famíli�. 3. criança� qu� tê� glicemi� plasmátic� baix�, sã� assintomática�, d� prováve� orige� fisiológic� � qu� sã� tratada� co� dextr�s� desenvolve� mai� insulin� �, quand� � apo�t� d� dextr�s� acab� po� cont� d� fi� d� u� sup�st� tratament�, � crianç� va� te� um� alt� concentraçã� d� insulin� maio� d� qu� � adequad� par� � quantidad� d� glic�s� qu� receb� pel� alimentaçã�, tend� assi� um� hipoglicemi� neonata� d� rebot� Ideal: >45 mg/dl antes da dieta Quando e como tratar? 1. Sintomático e com glicemia < 50 mg/dl (25 mg/dL) ??: - glicose IV (bolus de glicose 10% 2 ml/kg IV e infusão contínua de glicose 8 mg/kg/min 2. Assintomáticos: ● Primeiras quatro horas de vida: 1. Alimentar ainda na primeira hora de vida e aferir glicemia capilar 30 min após a primeira alimentação 2. Se glicemia < 25 mg/dl: glicose IV 3. Se glicemia entre 25-40 mg/dl: realimentar ● 4 a 24 horas de vida: 1. Alimentação de 2/2h ou 3/3h, e aferir a glicemia capilar 2/2h ou 3/3h antes de cada refeição 2. Se glicemia < 35 mg/dl: glicose IV 3. Se glicemia entre 35-45 mg/dl: realimentar Tratamento Após o nascimento, deve ser administrada a dieta oral a cada 2-3 horas. As medições seriadas da glicemia são feitas conforme o protocolo: → Tratamento EV: é indicado quando há: ● intolerância à dieta oral ● níveis de glicemia < 25 mg/dL ● quando a dieta oral não mantém níveis adequados de glicemia; → Push de glicose: dose de 2 mL/kg (200 mg/kg de glicose a 10%), EV, em 1 minuto, seguido por terapia contínua de infusão de glicose, com taxa de infusão de glicose (TIG) de 6 a 8 mg/kg/min (soro glicosado a 10%, a 3,6 mL/kg/h). Reavaliar o nível de glicemia 20 a 30 minutos após, e a cada hora, até a estabilidade, a fim de avaliar a necessidade de tratamento adicional; → se a glicemia estabilizar em faixa aceitável: ● continuar a alimentação ● reduzir a infusão de glicose EV gradativamente, em torno de 1 mg/kg a cada 12 horas ● manter as medições da glicemia; → se houver necessidade de aumento das concentrações de glicose acima de 12,5 mg: ● considerar a necessidade de um cateter venoso central; → se o RN permanecer hipoglicêmico mesmo após receber infusão acima de 12 mg/kg de glicose por minuto: ● Considere o uso de hidrocortisona (10 mg/kg/dia, EV, em duas doses). A hidrocortisona reduz a utilização periférica da glicose, aumenta a gliconeogênese e amplia os efeitos do glucagon. Geralmente, resulta em níveis de glicose estáveis e adequados, podendo ser reduzida rapidamente; → Glucagon: dose de 0,025 a 0,3 mg/kg, EV (máximo de 1 mg/dia). Estimula a gliconeogênese em hipoglicemia refratária, mas é apenas uma medida para mobilizar a glicose por 2 a 3 horas em uma emergência, até que se possa ofertar glicose EV; → Diazóxido: utilizado em casos de hiperinsulinismo persistente, na dose de 2 a 5 mg/dose, máximo de 20 mg/kg/dia, via oral (VO), a cada 8 horas. Inibe a liberação de insulina atuando como agonista específico nos canais de potássio nas células beta‐pancreáticas normais. Pode ser utilizado EV, na dose de 10 a 15 mg/kg/dia, em três doses; → Epinefrina e o GH são usados raramente e apenas no tratamento da hipoglicemia persistente. O tratamento cirúrgico do pâncreas pode ser indicado em casos específicos. Prevenção ● diagn�stic� precoc� � adequad�, co� médic� ficand� atent� par� �� p�ssívei� �inai� � sintoma� d� hipoglicemi� neonata�. ● evita� tratament� excessiv� �� que� nã� apresenta� fato� d� risc�. ● Diet� entera� iniciad� � mai� rápid� p�ssíve�, respeitand� �� interval�� d� alimentaçã�. ● Orientaçõe� sobr� � aleitament� d� maneir� corret�, peg� adequad� � forma� dive�sa� d� ofe�ta� � leit� matern�.