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TVP e Embolia Conceitos e Definições: -A 1ª descrição de TVP foi realizada por Guilherme de Saint Pathus, em 1270. -Trombose Venosa Profunda (TVP): formação aguda de trombos em veias profundas, sendo o principal sítio os MMII e as veias pélvicas. -Embolia Pulmonar (EP): oclusão parcial ou completa das veias pulmonares, por êmbolos provenientes de veias trombosadas. -Tromboembolismo Venoso (TEV): trombose venosa profunda e embolia pulmonar. -Insuficiência Venosa Crônica (IVC): doença caracterizada pela hipertensão venosa crônica em MMII, secundária à TVP e também chamada de Síndrome Pós-Trombótica (SPT). Epidemiologia: -900.000 casos/ano/EUA. -1 a 3 casos por 1000 habitantes/ ano nos EUA e Europa. -No Brasil, a cada ano há 28.000 internações no SUS, com 4.247 óbitos. -10,6% EP em necropsias no HCFMB. -1,5% de prevalência na população de úlceras venosas, sendo 60% secundárias à TVP. -EP é a 3ª causa de mortalidade cardiovascular e a 1ª causa de morte evitável intra-hospitalar. -TEV: causa importante de queda da qualidade de vida; Anatomia: -Mais comum em veias dos MMII, porém acomete também as veias dos MMSS e as veias de outros órgãos. -A embolia pulmonar pode acometer veias centrais dos pulmões (hilares) ou veias lobares e segmentares. -A circulação do pé é mais superficial, por isso é possível observá-las frequentemente, além disso formam um plexo venoso. -As veias profundas da perna de entrelaçam na artéria e nos músculos, o que recebe o nome de coração venoso, pois quando há movimentação, há auxílio do retorno venoso. -As veias possuem valvas, que direcionam o fluxo de sangue, diminuindo o seu refluxo. Porém em tais regiões há turbilhonamento do sangue, que deixa de ser um fluxo linear, o que associado a outros fatores podem propiciar a formação de trombos, os quais podem se soltar e formar êmbolos. -A única maneira de um êmbolo proveniente de uma TVP chegar ao cérebro e causar é AVC ocorre em razão de uma comunicação (forame oval) entre o coração direito e o coração esquerdo. Fisiologia: -Equilíbrio entre fatores pró-coagulantes, fatores anticoagulantes e fibrinolíticos. Biomecânica Venosa: -Sistema de capacitância venosa: controle do volume sanguíneo e do tônus. -Manter o débito cardíaco e compensar as mudanças posturais. -Paredes mais final, com camada muscular pouco definida e adventícia mais desenvolvida. Endotélio: -Camada interna dos vasos sanguíneos. -Somando seu peso no adulto chega a aproximadamente 1Kg e a uma área de 4 a 7 mil m². -Determinante primário da fisiopatologia ou um alvo de dano colateral na maioria dos processos patológicos. -Regulador da homeostase trombose X trombólise. A cascata de coagulação está relacionada ao endotélio e sua lesão, levando ao fator tissular, que ativa as vias de coagulação, as quais acontecem pela ativação do fator VIII e fator X, que forma, complexo protrombinase, que ativa a trombina (fator II), o qual faz com que o fibrinogênio forme a fibrina. A trombina também age na ativação da plasmina, a qual degrada os produtos de coágulos da fibrina. Tríade de Virchow (1844): -Lesão do Endotélio Vascular: -Fatores externos (traumas). -Ativação de células endoteliais por citocinas e mediadores de liberação local ou à distância. -Isquemia relativa secundária à estase e as hiperdilatação venosa dos seios valvares. -Estase Venosa: -Isoladamente é incapaz de causar trombos; -Amplifica os efeitos trombogênicos por dificultar o clearance e por aproximar os elementos figurados do endotélio lesado. -Hipercoagulabilidade: -Equilíbrio trombo-fibrinolítico. -Liberação do fator de formação tissular pelo endotélio lesado, levando a formação do trombo. -Ativação da cascata de coagulação e da fibrinólise com o desequilíbrio procoagulante definido por condições permanentes (trombofilias) ou adquiridas (fatores de risco). Fatores de Risco: Idade: -Aumento da incidência. -Aumento dos níveis dos marcadores da ativação da trombina → estado pró-trombótico. -É raro em crianças. Imobilização: -Estase em veias da panturrilha (soleares e gastrocnêmias). -Pico acontece entre 3 dias a 2 semanas. -Em necropsias: 15% de TVP em imobilizações até 7 dias e de 70 a 94% de 2 a 12 semanas. Viagens: -Síndrome da Classe Econômica: diminuição dos espaços entre as cadeiras. -Principalmente associada a outros fatores de risco (TVP prévia, trauma recente, varizes, obesidade, imobilidade) e aumenta com o tempo de viagem. -Uso de compressão elástica, movimentação ativa e hidratação. Varizes: -Fator de risco em viagens. -Pós-operatório, Pós-AVC, Pós-IAM. -Tromboflebites prévias aumentam em 4x o risco de TVP. Malignidade: -20% de TVP - câncer em 1 ano. -Aumenta em 4x o risco de TVP. -Multifatorial (compressão tumoral, imobilidade, trombocitose ligada ao câncer). -Resposta sistêmica pró-trombótica: citoquinas, inibidores da fibrinólise, procoagulantes, TNF e fator tissular. Cirurgias: -Dependente do tipo, extensão do trauma cirúrgico, duração do procedimento e da imobilidade pós-operatória. -50% iniciam na sala cirúrgica. 50% nos primeiros 3 a 5 dias, podendo permancer por até 6 semanas. -Incidência: 19% CG, 24% neurocirurgias, 51% artroplastia de quadril e 61% artroplastia de joelho. Trauma: -Incidência variável, dependendo do estado do paciente. -Fatores associados: idade, transfusão sanguínea, fraturas de fêmur e tíbia, lesão medular, permanência hospitalar por mais de 7 dias, etc. Gestação: -6 a 10x mais risco. -Representa 10% do óbito materno. -2 a 3x mais no puerpério (cesáreas). -97% ocorre em MI esquerdo, em razão do útero estar apoiado sobre as veias e sobre a Artéria Ilíaca. -Estado de hipercoagulabilidade da gestação. Terapia Hormonal: -Fator isolado ou associado a trombofilias (fator V). -Independe do tempo de uso e normaliza após a suspensão. -Estrógeno: diminui a PAI-1 (enzima que altera a parte da fibrinólise), aumenta a viscosidade sanguínea, fibrinogênio, fator II e X, adesão e agregação plaquetária. Lupus: -Associado à presença de Ac antifosfolípides, anticardiolipina e ao anticoagulante lúpico. Tipos Sanguíneos: -Tipo A tem mais incidência que o tipo O. Fatores Geográficos e Étnicos: -TVP pós-operatório 2x mais na Europa que na América do Norte. EUA central > EUA costeiro. -Fator V de Leiden é 8,8% mais presente em europeus. Síndrome de May-Thurner (Cockett): -Compressão da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca esquerda. -Hipertensão venosa de MIE associada ou não à TVP iliofemoral. Aprisionamento da Veia Poplítea: -Associado ou não ao aprisionamento da artéria poplítea. -Anomalias anatômicas da inserção da cabeça medial ou lateral do gastrocnêmio. -Incidência de 70% em mulheres. Diagnóstico: -TVP - Clínico: -50% dos pacientes são assintomáticos. -A dor é insidiosa, depende do esforço. -Pode haver presença de edema assimétrico. -A dorsiflexão é dolorosa (Sinal de Homans). -Empastamento muscular da panturrilha (Sinal de Bandeira). -Dor à compressão da musculatura da panturrilha sobre o osso (Sinal de Bancroft). -Distensão das Veias Superficiais (veias sentinelas de Pratt). -Febre baixa, mal estar inespecífico. Há progressão dos sintomas Phlegmasia Alba Dolens: -Edema difuso e Intenso e palidez. -Dor moderada: aumento da pressão do compartimento. Phlegmasia Cerulea Dolens: -Exacerbação da Alba. -Cianose, petéquias, diminuição de pulsos e síndrome compartimental -Leva o paciente ao choque. -Pode evoluir com gangrena venosa e consequente amputação. -Embolia Pulmonar: -Dispneia -Dor torácica (irritação pleural ou tipo angina). -Síncope ou pré-síncope. -Hemoptise, taquicardia, taquipneia -Turgor de jugular -Febre -Choque cardiogênico. -Exames Laboratoriais: TVP EP Dímero D: Dímero D -Inespecífico DHL -Pode estar aumentado em Câncer, inflamação, trauma, etc. TGO -Em casos de baixa e intermediária probabilidade pode ajudar a excluir Troponina Para > 50 anos = idade x 10 mg/L PeptídeosNatriurético Leucocitose e Hipoxemia Dímero D: mensura os produtos de degradação da fibrina. TVP EP Escores de Wells Escores de Wells Duplex Scan: CT Protocolo TEP Multislice -Análise morfofuncional Raios-X -Compressibilidade do vaso Cintilografia V/Q -Fasicidade respiratória Angiografia Flebografia: padrão ouro RNM Diagnóstico Diferencial: Distensão Muscular; Trauma Linfedema Rotura muscular (hematoma subfascial) Lipedema Rotura de cisto sinovial Insuficiência Venosa Crônica Artrite, sinovite e miosite Compressão Venosa Extrínseca Celulite, linfangite Edema Sistêmico Flebites Edema Postural Insuficiência Arterial Fístulas Arteriovenosas Tratamento: Profilaxia: -Anticoagulação. -Fibrinólise. -Cuidados locais, analgesia. -Compressão elástica. -Lembrar que a trombose, a síndrome pós-trombótica e até a embolia pulmonar são diferentes fases da mesma doença. Anticoagulantes: -Via Parenteral ou Oral. Heparina Não-Fracionada: -Intravenosa em bomba de infusão. -Inativação da trombina e do fator Xa, redução da ativação plaquetária mediada pela trombina (ativação da antitrombina). -Dose de ataque = 80UI/Kg -Dose de manutenção = 18 UI/Kg/h → monitorar TTPA (45 a 70 segundos). HBPM: Via subcutânea. -Enoxaparina (Clexane ®) peso em mg = dose de 12/12 h peso em mg X 1,5 = dose 1 x ao dia. -Não precisa de monitorização laboratorial. Antagonista da Vitamina K: Via oral. -Warfarina (Marevan ®) -Ação pela inibição da produção dos fatores vitamina K dependentes (fator II, fator X, proteína C e S). -Ação pró-coagulante nos primeiros 3 dias. -Monitorização contínua pelo TP (INR entre 2 e 3). DOAC - Direct Oral Anticoagulants: -Via oral. -Ação direta do fator Xa ou no fator II. -Mais estáveis, com menor taxa de sangramento. -Ajuste na insuficiência renal (CI < 30 ml/min) - menos para apixabana. Fibrinólise: -Sistêmica ou local. -48 h do início dos sintomas até 14 dias. -50 /100mg RTPS em 2 horas. Trombectomia Aspirativa: -Aspiração do trombo para evitar que ele se solte. Trombectomia Cirúrgica: -Trombos que estão na artéria pulmonar. Filtro de Veia Cava Inferior: -Evita a EP, mas não a trombose. Síndrome Pós-Trombótica (SPT): -A TVP inicia em veias da perna, com 50% evoluindo para resolução espontânea, porém 20% com extensão proximal. -20 a 50 % têm SPT, que piora com a recorrência. Alterações progressivas: -17% 2 anos -24% 5 anos -30% 08 anos -4% Úlceras em 20 anos. Sintomas: -Cãibras -Prurido -Fadiga -Claudicação venosa -Parestesias -Edema com piora vespertina -Dor intratável -Úlceras venosas. -5 a 9: leve. -10 a 14: moderada. -15 a 33: grave. Profilaxia: Medidas Gerais: -Hidratação adequada. -Analgesia. -Deambulação precoce. -Movimentação ativa dos membros. Medidas Mecânicas: -Ativas: compressão pneumática intermitente -Passivas: compressão elástica. Medidas Farmacológicas: -Heparina -AAS -DOACS Meias Elásticas: -São meias antitrombóticas. -Reduzem a área das veias e aumentam o fluxo. -8 a 23 mmHg no tornozelo - diminui 8 mmHg na fossa poplítea. -Contraindicado em doença arterial periférica (ITB<0,8), dermatite, ICC. -Dificuldades no tamanho e na padronização da compressão graduada.
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