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Prévia do material em texto

Inteligência 
 
DESCRIÇÃO 
A avaliação da inteligência em seus aspectos históricos e contemporâneos. 
PROPÓSITO 
Compreender como a avaliação da inteligência originou a avaliação psicológica em geral, como os testes de 
inteligência estão entre os mais precisos da Psicologia e de que maneira a compreensão da inteligência e das 
potencialidades do ser humano é essencial para os estudantes de Psicologia. 
PREPARAÇÃO 
Não existem pré-requisitos operacionais. Entretanto, deve-se deixar claro que materiais de avaliação 
psicológica são de uso exclusivo do psicólogo. Estudantes de Psicologia podem ter acesso a eles, desde que 
supervisionados por um profissional psicólogo. Caso seja possível, embora tenha custos elevados, recomenda-
se o manuseio do material apresentado no módulo 3. 
OBJETIVOS 
 Módulo 1 
Descrever a história da avaliação psicológica da inteligência 
 Módulo 2 
Reconhecer os principais teóricos sobre inteligência, bem como suas respectivas teorias 
 Módulo 3 
Identificar os principais testes psicométricos utilizados na avaliação da inteligência 
 
INTRODUÇÃO 
A inteligência humana é um tópico especialmente importante para a Psicologia e o seu estudo originou a 
avaliação psicológica. Mais do que isso, a inteligência é uma síntese de todo o potencial humano. Pessoas mais 
inteligentes tendem a desfrutar de maior sucesso na vida, maiores salários, ocuparem posições de 
maior status na sociedade. Países com populações mais inteligentes também tendem a ser mais desenvolvidos 
social e economicamente. São tantas as vantagens proporcionadas pela inteligência que seria irracional 
ignorar o estudo desta área. 
Inicialmente, esse tema abordará os conceitos de inteligência, enfatizando sua história, incluindo teorias 
contemporâneas. Em seguida, apresentará as principais teorias e teóricos da inteligência. Por fim, serão 
discutidas as formas de avaliá-la, a partir da apresentação dos principais testes psicométricos, tanto históricos 
quanto atuais. 
 
MÓDULO 1 
Descrever a história da avaliação psicológica da inteligência 
 
DEFINIÇÃO DA INTELIGÊNCIA 
A inteligência despertou inúmeras teorias na Psicologia. Muito se diz que as pessoas mais inteligentes se 
dedicaram ao estudo da inteligência, talvez numa tentativa de compreender a si próprios. Talvez isso seja 
verdade, o que podemos acreditar observando teóricos e colegas que se dedicaram a esse estudo. Nesse caso, 
contar com os pesquisadores mais capazes pode ser uma explicação para o fato de que a teorização da 
inteligência foi se desenvolvendo mais rapidamente do que outras teorizações da Psicologia. 
Talvez os primeiros estudos científicos da inteligência tenham sido feitos por meio da psicometria. Para essa 
perspectiva, o desempenho intelectual está relacionado a fatores gerais e/ou específicos. A psicometria 
(ROAZZI; SOUZA, 2002) entende que a inteligência é uma habilidade mental inata, fixa, abstrata e geral. Seu 
grau de intensidade (seja global ou de aspectos isolados) pode ser medido pelo desempenho em testes. 
 
 WUNDT 
Diversos manuais de Psicologia mencionam o nome de Wilhelm Wundt como o pioneiro da Psicologia 
moderna. De fato, a criação do primeiro laboratório de Psicologia em Leipzig é um marco importante para esta 
ciência. Entretanto, mais do que um psicólogo, devemos considerar que Wundt foi um filósofo cujo 
pensamento se centralizava na Psicologia. 
Wundt defendia que a Filosofia e a Psicologia eram áreas inseparáveis, inclusive se manifestando de forma 
contrária à precoce aplicação deste saber. Por fim, o autor defendia que a Psicologia deveria ser uma ciência 
em busca de leis gerais que estudassem as condutas psicológicas dos seres humanos. 
 
Por que este entendimento inicial de como surgiu a psicologia wundtiana é tão importante? 
Resposta 
Porque percebem-se conceitos opostos aos necessários para o desenvolvimento de uma avaliação psicológica 
tal qual conhecemos hoje. A avaliação psicológica (ARAUJO, 2009) é uma área aplicada da Psicologia e 
depende de uma Psicologia enquanto ciência experimental. Ela é ainda uma área focada em diferenças 
individuais, sendo uma subárea da Psicologia diferencial, o que é oposto à busca por leis universais que regem 
os seres humanos, tal qual encontrado em escolas como o behaviorismo e a psicanálise. 
 
 GALTON 
Na década de 1880, Francis Galton teve uma importante contribuição no início da avaliação da inteligência. 
Sua contribuição científica, em certa parte, se assemelha à obra do seu primo, Charles Darwin. Galton criou o 
conceito de eugenia, cuja distorção foi a base para políticas nazistas. Eugenia significa apenas um processo 
espontâneo de seleção natural, no qual indivíduos inconscientemente selecionam parceiros com os genes 
mais aptos ao ambiente, fazendo com que os melhores genes prevalecessem. Ele jamais sugeriu a eliminação 
de indivíduos com genes considerados os piores por quaisquer critérios. 
No entanto, a parte importante dos estudos de Galton, na temática da inteligência, se refere a seus estudos 
antropométricos. Ele acreditava que a inteligência estava relacionada aos cinco sentidos. Uma vez que todas 
as informações que absorvemos do mundo vem através deles, pessoas que possuem esses sentidos de 
maneira mais aguçada, em tese, seriam mais inteligentes. Uma atenção especial foi dada à discriminação tátil 
e sonora. Embora errada, esta teoria é bastante lógica. Galton (PASQUALI, 2020) ainda teve um trabalho 
importante na criação e simplificação de métodos estatísticos, o que foi levado adiante pelo seu discípulo Karl 
Pearson. 
 
 CATTELL 
Orientando por Wundt, na década de 1890, teve destaque o trabalho de James McKeen Cattell (1860-1944), 
psicólogo americano que desenvolveu uso de métodos experimentais objetivos, testes mentais e aplicação 
nas áreas de educação, negócios e publicidade. Enquanto Wundt acreditava em uma Psicologia de leis 
universais, Cattell buscava examinar diferenças individuais. Nessa busca, ele criou os testes de inteligência tal 
qual conhecemos hoje, que foram aplicados em estudantes universitários dos Estados Unidos. Cattell foi o 
primeiro autor a utilizar o termo teste mental. Mesmo que sua conceituação estivesse correta, o grande 
problema desses testes estava no fato de que eles eram psicometricamente ruins. 
Ele salientou (PASQUALI, 2020) os testes baseados nos cinco sentidos, como os de Galton, que não se referiam 
à inteligência e não se correlacionavam com o desempenho acadêmico. No entanto, o teste mental de Cattell 
também não se correlacionava com o desempenho acadêmico. 
 
 BINET 
Avançando mais uma década, e atravessando o Oceano Atlântico em direção à França, temos o trabalho 
de Alfred Binet (1857-1911). Atuando na psicologia experimental, Binet fez contribuições fundamentais para 
a medição da inteligência. Ele criticava os testes de inteligência da época e acreditava que as medidas 
sensoriais não se referiam a processos mentais, enquanto os testes mentais não estavam avaliando processos 
importantes da inteligência. Binet e Simon, em 1905 desenvolveram um teste que media uma ampla gama de 
processos mentais tais como raciocínio, julgamento e compreensão. 
O fato do teste de Binet estar medindo processos cognitivos e não sensoriais, além de ser muito bom do ponto 
de vista psicométrico, contribuiu para o seu enorme sucesso. O teste, de fato, se correlaciona (PASQUALI, 
2020) ao desempenho acadêmico. Mesmo sendo um teste tão antigo, ele é utilizado atualmente. 
Binet beneficiou-se também do surgimento do conceito de quoeficiente de inteligência (QI), trazido por 
William Stern (1871-1938). Influenciado pelo trabalho de Binet e seus estudos de inteligência em crianças, 
Stern desenvolveu a ideia de expressar os resultados dos testes de inteligência na forma de um único número, 
o quociente de inteligência (QI). 
O quociente de inteligência (QI) é dado pela fórmula: 
QI = 100 X (IM/IC), na qual IM = Idade Mental e IC = Idade Cronológica 
(PASQUALI, 2020)Atenção 
O conceito de QI da época, portanto, considera se uma criança está mais avançada ou mais atrasada em seu 
desenvolvimento intelectual. Essa fórmula diverge do conceito moderno, no qual consideramos que um QI 
médio é igual 100 e cada desvio padrão acima da média soma 15 pontos, enquanto cada desvio padrão abaixo 
da média subtrai os mesmos 15 pontos. O conceito de QI, entretanto, serviu como uma luva para a correção 
do teste de Binet. 
 
 SPEARMAN 
Ainda entre 1900 e 1910, na Inglaterra, teve destaque o trabalho de Charles Spearman. Ele também foi 
discípulo de Wundt e contribuiu para o desenvolvimento de métodos estatísticos para análise de testes, 
especialmente de inteligência. Destaca-se sua conceituação da Inteligência em um fator único ou geral (g). 
Essa ideia significa que, por mais diversificada que seja a inteligência, ela converge para o mesmo fator geral 
(g). 
Exemplo 
Uma pessoa com grande habilidade matemática também tende a possuir grande habilidade linguística, e vice-
versa. Embora, à primeira vista, possa parecer estranho, essa ideia foi apoiada por modelos matemáticos 
desenvolvidos pelo próprio Spearman. O conceito de fator geral também é sustentado (PASQUALI, 2020) pelo 
atual conhecimento sobre inteligência. 
 
TESTAGEM NA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL 
Por maiores que sejam os estragos causados por guerras, esses eventos trazem grande desenvolvimento 
tecnológico para a sociedade e a criação de novas tecnologias pode ser crucial para que um país se saia 
vencedor no conflito. A avaliação da inteligência era uma das grandes novidades tecnológicas da época da 
Primeira Guerra Mundial. O conflito apenas acelerou o desenvolvimento destas técnicas. 
Os Estados Unidos entraram tardiamente nesta guerra e depararam-se com o problema de um grande 
contingente de recrutas para serem selecionados e alocados nas mais diferentes funções. Uma das soluções 
para isso estava na avaliação da inteligência. Para isso, foram criados dois tipos de testes: 
Army Alphait 
 
Army Beta 
 
Com ele, a inteligência de milhares de recrutas 
poderia ser estimada de maneira rápida e barata. E, 
assim, surgiu a primeira testagem de inteligência em 
massa da história. 
 
Ainda durante a guerra, percebeu-se que havia um 
enorme contingente de recrutas de língua 
estrangeira e analfabetos (mesmo em países 
desenvolvidos o analfabetismo era comum naquela 
época). Para eles, foi dada esta opção de teste, que 
avaliava a inteligência da mesma maneira, porém 
com figuras ao invés de palavras, inclusive nas suas 
instruções. 
 
 
A testagem militar foi um sucesso. O grupo de psicólogos que organizou esse programa (FERREIRA; SANTOS, 
2010) era composto pelos melhores psicometristas dos Estados Unidos na época, liderados por Robert M. 
Yerkes. No período de paz que se seguiu, os meios civis interessaram-se por replicar e aprimorar essa 
testagem. 
 
 TERMAN 
Lewis Madison Terman, professor da universidade de Stanford e um dos psicólogos da equipe de Yerkes, fez 
uma revisão do teste de Binet-Simon, que foi rebatizado de Stanford-Binet. Ele foi, sem dúvidas, um dos 
maiores cientistas da Psicologia entre as décadas de 1920 e 1940, tanto pela sua aplicação dos testes de 
inteligência para uma finalidade prática, como pelo seu famoso estudo longitudinal. 
Nesse estudo, que seria avançado até mesmo para os dias atuais, Terman procurou, por toda a Califórnia, no 
ano de 1921, crianças superdotadas com QI superiores a 130. Sua amostra foi composta por 1528 crianças, na 
sua maioria entre 8 e 12 anos de idade. A criança com maior QI foi uma menina com escore de 201. A média 
de QI da amostra foram impressionantes 151 pontos. Terman não estava preocupado com nenhuma 
representatividade amostral. Ele apenas queria contar com muitas pessoas bastante inteligentes. Na sua 
maioria, essas crianças eram brancas e de classe alta e foram acompanhadas durante toda a sua vida para 
realização deste estudo (que foi continuado mesmo depois da morte de Terman). Em 1996, foi aplicado o 
último questionário nos sobreviventes daquela amostra. 
Um dos grandes achados do estudo foi a constância do QI. Este estudo evidenciou que QI permanece estável 
durante toda a vida, ainda que com variações desprezíveis, que podem ser atribuídas a erro de medida dos 
testes. Assim, praticamente todas as crianças da amostra continuaram com os seus elevados escores de QI. 
Aproximadamente 70% dos homens e 67% das mulheres conseguiram graduar-se na faculdade, numa época 
em que a média da Califórnia era de apenas 8% das pessoas graduadas. Quatorze por cento dos homens e 
quatro por cento das mulheres obtiveram o grau de Ph.D. em alguma área na amostra de Terman. Entretanto, 
15% dos participantes desta amostra receberam um salário inferior à média norte-americana. Alguns desses 
sujeitos tiveram passagens pela prisão ou tornaram-se paciente psiquiátricos, alcoólatras ou homossexuais 
(repare que a homossexualidade é descrita como se fosse um traço indesejável). 
As principais conclusões desse estudo (HASTORF, 1997) definiram que a inteligência, isoladamente, não é o 
único preditor do sucesso na vida, embora tenha uma parcela bastante importante. Fatores como a 
personalidade e a felicidade também ajudam crianças superdotadas a terem seu potencial reconhecido pela 
sociedade. 
 
 THURSTONE 
Na década de 1930, as ideias de Spearman foram questionadas por Louis Leon Thurstone (1887-1955), 
psicólogo americano pioneiro no desenvolvimento da psicometria. Para Thurstone, um conjunto de 
habilidades explicaria o desempenho intelectual das pessoas. O fator geral (g) seria apenas uma conjectura 
matemática que explica a inteligência de maneira pobre e nem sempre observável. A partir dessa concepção, 
e utilizando a técnica estatística criada por ele próprio, análise fatorial múltipla, Thurstone desenvolveu uma 
teoria de inteligência com sete fatores independentes. 
Estes fatores são descritos a seguir (ALMEIDA, 2002): 
Espacial (S): Capacidade de visualização de objetos num espaço 
bi ou tridimensional. De uma maneira geral são itens 
figurativos. 
Velocidade perceptiva (P): Capacidade de, rapidamente e com acuidade, 
visualizar pequenas diferenças ou semelhanças 
entre um grupo de figuras. 
Numérico (N): Capacidade de lidar com números e efetuar 
rapidamente operações aritméticas simples. 
Compreensão verbal (V): Capacidade de compreensão de ideias expressas 
através de palavras. 
Fluência verbal (W): Capacidade de produzir rapidamente palavras a 
partir de instruções apresentadas. 
Memória (M): Capacidade de evocar estímulos como, por exemplo, 
pares de palavras ou frases, anteriormente 
apresentados. 
Raciocínio (R): Capacidade de resolver problemas, apreendendo e 
aplicando princípios, leis ou transformações. 
 
A importância do trabalho de Thurstone (PASQUALI, 2020) está justamente na idealização e demonstração 
empírica de que a inteligência possui diversas facetas, além da criação de modelos estatísticos para 
operacionalizar esta tarefa. Como se não bastasse, Thurstone ainda foi o criador da Psychometric Society e da 
revista Psychometrika, duas grandes referências da área da psicometria que existem até hoje. 
 
TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM 
A partir da década de 1950, os modelos clássicos de análise de dados (teoria clássica dos testes - TCT) 
começaram a ser questionados por algumas de suas limitações. Nessa época, os próprios testes de inteligência 
estavam sendo questionados, principalmente devido à demonstração de que eles eram dependentes da 
cultura em que eram aplicados. Assim, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) surgiu (PASQUALI, 2020) como uma 
nova maneira de fazer análises estatísticas dos testes de inteligência, sendo posteriormente aplicada a outras 
áreas. 
Basicamente, a TRI é (PASQUALI, 2007) um modelo matemático que visa explicar a probabilidade de acerto 
dos respondentes para cada item. Esse acerto é provocado pelo nível de aptidão dos sujeitos (sujeitos com 
maior aptidão ou maisinteligentes têm maior probabilidade de acertar os itens) e por 3 parâmetros dos itens: 
 Discriminação 
 O quanto aquele item consegue separar sujeitos de elevada e de baixa aptidão. 
 DIFICULDADE 
O quanto aquele item é acertado ou errado pela maioria das pessoas. 
 ACERTO AO ACASO 
Vulgarmente conhecido como chute, o quanto aquele item pode ser acertado por pessoas sem nenhuma aptidão. 
 
Você sabia 
A TRI foi um modelo matemático revolucionário para época em que foi criado. Entretanto, o seu uso apenas 
começou a ser feito a partir da década de 1980, pois os modelos eram extremamente complexos, dependendo 
de uma robusta tecnologia computacional para as análises. No Brasil, ele é utilizado na correção do Exame 
Nacional do Ensino Médio (ENEM) que, embora não seja um teste de inteligência, também está medindo 
aptidão. 
 
TEORIA CHC 
Para concluir nossa história da avaliação da inteligência, é importante mostrarmos o que há de mais atual em 
termos teóricos. Atualmente, talvez o modelo mais aceito pela comunidade científica (MCGREW, 1997) seja a 
teoria Cattell-Horn-Carroll (CHC), cujas ideias foram compiladas pelo próprio Kevin McGrew. Como pode ser 
observado a partir do nome da teoria, ela foi feita com um autor complementando a ideia do outro. 
Quando Cattell se perguntou se a inteligência é uma única entidade ou se existem várias inteligências, 
percebeu necessidade de conciliar as ideias de Spearman e Thurstone. Para este autor, existe um fator geral 
da inteligência, mas subordinado a ele havia outros dois fatores gerais, denominados inteligência fluida (Gf) e 
inteligência cristalizada (Gc). 
INTELIGENCIA FLUIDA Agrega os componentes não verbais. Ela se trata das 
operações cognitivas que realizamos diante de uma 
tarefa que não conhecemos, sendo pouco 
dependente da cultura 
INTELIGENCIA CRISTALIZADA É a capacidade para resolução de problemas 
complexos do nosso dia a dia. Essa forma de 
inteligência está mais associada à linguagem e à 
cultura, podendo ser desenvolvida também a partir 
das experiências educacionais. 
 
 
Posteriormente, o trabalho de HORN (1985) acrescentou mais oito capacidades cognitivas ao modelo Gf-Gc. 
Essas capacidades são: 
Processamento visual Gv – habilidade para sintetizar estímulos visuais 
Memória de curto prazo Gsm – apreensão e uso das informações em um 
curto período 
Armazenamento e recuperação de longo prazo Glr – fazer aumento e recuperação das informações 
Velocidade de processamento Gs – realização rápida de tarefas cognitivas simples 
Rapidez para a decisão correta CDS – velocidade para realização de tarefas de 
compreensão e raciocínio 
Processamento auditivo Ga – compreensão e síntese dos estímulos auditivos, 
bem como discriminação de sons 
Conhecimento quantitativo Gq – compreensão de conceitos e relações 
quantitativas e manipulação de símbolos numéricos 
Leitura e escrita Grw – habilidades básicas de leitura e escrita 
 
Cabe reforçar que Horn manteve os fatores das inteligências fluida e cristalizada em seu modelo. 
Carroll (1993) refinou o trabalho dos seus dois antecessores com dados empíricos. O autor se utilizou de 460 
estudos com testes de capacidades cognitivas. Muitos estudos clássicos estavam no enorme banco de dados 
de Carroll. Com este ponto de partida, foram feitas análises fatoriais de todos os itens de todos os testes. Esses 
itens se agruparam em diversos fatores de primeira ordem. A segunda análise fatorial não utilizou os itens, 
mas os fatores de primeira ordem, resultando em oito fatores de segunda ordem. Por fim, uma análise fatorial 
dos fatores de segunda ordem resultou na extração de um único fator geral (g) de terceira ordem. A teoria 
dos três estratos de Carroll se encontra no quadro a seguir: 
Teoria dos três estratos de Carrol (1994) 
Estrato I 
(Fatores de 1ª Ordem) 
Estrato II 
(Fatores de 2ª Ordem) 
Estrato III 
(Fatores de 3ª Ordem) 
 
 Raciocínioindutivo 
 Raciocínio quantitativo 
 (...) 
 
 
 
Inteligência fluida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
g (Inteligência geral 
 
 
 Compreensão verbal 
 Desenvolvimento da 
linguagem 
 (...) 
 
 
 
Inteligência cristalizada 
 
 Memória associativa 
 Memória visual 
 (...) 
 
 
Memória e aprendizagem 
 
 Relações espaciais 
 Percepção de formas 
 (...) 
 
 
 
Percepção visual 
 
 Discriminação de sons 
 Discriminação musical 
 (...) 
 
 
 
Percepção auditiva 
 
 
 
 Originalidade 
 Fluência verbal 
 (...) 
 
 
 
Capacidade de evocação 
 
 Aptidão numérica 
 Velocidade perceptiva 
 (...) 
 
 
 
Velocidade cognitiva 
 
 Tempo de reação 
 Velocidade de processamento 
semântico 
 (...) 
 
 
 
Velocidade de decisão 
Fonte: ALMEIDA (2002) 
 
As diferenças entre os modelos de Carroll e Cattell-Horn (SCHELINI, 2006), além da presença das camadas do 
modelo de Carroll, estão no fato de que Carroll removeu os fatores gerais de conhecimento quantitativo e de 
leitura e escrita, ficando subordinados respectivamente à inteligência cristalizada e à inteligência fluida. Carroll 
ainda unificou as memórias e armazenamentos de curto e de longo prazo em um único fator geral (capacidade 
de evocação). 
A compilação desses métodos, entretanto, que ganhou maior relevância na Psicologia. Diferentes modelos de 
configuração da estrutura da inteligência (MCGREW, 1997) foram testados, visando integrar os estudos de 
Carroll com os de Cattell-Horn. Os dados utilizados foram 37 medidas da Bateria Psicoeducacional Woodcock 
Johnson Revisada (que veremos a seguir), aplicada em 1291 sujeitos. Os estudos concluíram que a estrutura 
de dez fatores gerais propostas por Cattell-Horn encontrou melhor ajuste. Entretanto, os fatores específicos 
de primeira ordem propostas por Carroll continuaram no modelo, subordinados ou fatores Gerais de Cattell-
Horn; bem como o fato de que os fatores gerais estão subordinados há um grande fator de terceira ordem. 
 
MÓDULO 2 
Reconhecer os principais teóricos sobre inteligência, bem como suas respectivas teorias 
 
AS TRÊS DIMENSÕES DA INTELIGÊNCIA DE GUILFORD 
Uma teoria fundamental no campo da Inteligência afirma (GUILFORD, 1977) que a inteligência é um conjunto 
de habilidades, e não um fator único. Esse modelo é bastante complexo, pois contém 120 fatores, o que pode 
desencorajar a sua compreensão. No entanto, devemos considerar que essas dimensões são frutos do que é 
descrito em apenas três facetas. Essas facetas envolvem informações do Conteúdo, que se refere a entrada 
das informações; dos Processos ou Operações, que são elementos cognitivos; e do Produto, que são o 
resultado comportamental das operações mentais realizadas. 
Mesmo sendo um modelo da década de 1950, a teoria descreve o processamento humano de maneira 
semelhante ao processamento de um computador, que possui uma entrada (input), um processamento, e 
uma saída (output). Assim ele se apresenta: 
 
CONTEÚDO 
 Figural: esta é a informação visual que capturamos, ou seja, as imagens. 
 Simbólico: também é informação visual, mas, neste caso, são elementos usados como sinais de uma 
linguagem para representar um conceito ou ideia e que não fazem sentido por si mesmos. 
 Semântica: conteúdos mentais ligados ao significado dos símbolos. 
 Comportamental: todos esses dados provenientes da conexão com o ambiente ou com outras 
pessoas. Inclui gestos, desejos, intenções ou atitudes. 
 
PROCESSOS 
 Cognição: consciência ou entendimento da informação. Baseia-se na capacidade de extrair o 
significado das informações coletadas. 
 Memória: baseia-se na retenção de informações para operar em algum momento com ela. 
 Produção convergente: criação de alternativas possíveis com base nas informações obtidas 
anteriormente. Envolve a aglutinação de informações anteriores para selecionar a resposta 
apropriada. 
 Produção divergente: é um ato de criação de alternativas diferentes daquelas que são habituais e 
contidas no relatório, que se baseia na geração de uma nova resposta a partir dos dadosobtidos. 
 Avaliação: fazer comparações entre os diferentes conteúdos que permitem estabelecer 
relacionamentos. 
 
PRODUTOS 
 Unidades: respostas simples e básicas. Uma palavra, ideia ou ação elementar. 
 Classes: conceituações ou organizações de unidades similares em algum sentido. 
 Relacionamentos: esta é a ideia de uma conexão entre as diferentes informações tratadas. Por 
exemplo, um raio está ligado ao trovão. 
 Sistemas: organizações de informações diversas que interagem entre si. 
 Transformações: qualquer modificação realizada em relação às informações coletadas. 
 Implicações: estabelecimento de conexões entre informações sugeridas por um elemento específico 
sem que essa conexão apareça especificamente como informação. Relações de causalidade ou 
covariação são estabelecidas entre elementos. 
Tal modelo pode ser resumido na figura a seguir. As três dimensões (conteúdo, processos e produtos) são 
representadas nos eixos de um paralelepípedo. Cada pequeno cubo dentro desse paralelepípedo representa 
uma combinação de conteúdo, processo e produto, compondo uma das 120 dimensões da Inteligência: 
 
Modelo de inteligência de Guilford. 
 
O FATOR GERAL DE SPEARMAN 
Charles Spearman, reconhecido como o idealizador da análise fatorial, desencadeou nos anos de 1920 e 1930 
todo um trabalho de fundamentação teórica e empírica da perspectiva psicométrica, também conhecida como 
teoria do fator geral, teoria dos dois fatores ou bifatorial. Segundo esta teoria, a inteligência pode ser 
compreendida tanto em função de um único fator geral, que está subjacente ao desempenho em todos os 
testes de habilidades mentais, como em função de um conjunto de fatores específicos, cada um dos quais 
estaria envolvido no desempenho em apenas um único tipo de teste de habilidade mental (por exemplo: 
raciocínio numérico). 
Segundo Spearman (SILVA, 2014), toda atividade intelectual é composta por dois fatores, um fator geral (g), 
comum a toda atividade mental, e um fator específico (s), característico desta atividade individualizada. Os 
fatores específicos são de interesse apenas casual devido às suas limitações e pouca aplicabilidade, mas o 
fator geral constitui-se num componente genuíno para se entender a inteligência. 
Aplicados dois ou mais testes cognitivos, os resultados dos sujeitos em cada teste estariam determinados por 
dois tipos de fatores: 
Fator (s) 
 
Fator (g) 
 
É a própria especificidade do teste. 
 
É o grau pelo qual o teste mede (g). 
 
 
Portanto, qualquer teste mede (g), mesmo que em graus diferentes. Assim, se reconhece o carácter absoluto 
e permanente do fator (g), em contraste com a relatividade dos fatores específicos. Spearman acreditava que 
o (g) fosse devido à “energia mental” de natureza simultaneamente fisiológica e psicológica, ou algumas vezes 
denominada por ele de energia nervosa ou cortical. 
 
A TEORIA TRIÁRQUICA DE STERNBERG 
Robert Sternberg possui vasto conhecimento em diversas áreas, incluindo teorias sobre amor (STERNBERG, 
1986), e ainda é um dos pioneiros na Psicologia cognitiva. O maior reconhecimento do autor, no entanto, está 
no campo da inteligência. A Teoria da Inteligência de Sternberg trouxe uma grande inovação para o campo. 
Isso ocorreu porque se trata de uma teoria que não pode ser avaliada pelos testes psicológicos. Na verdade, 
essa teoria é uma crítica à compreensão da inteligência como vinha sendo feita até o momento. Sternberg 
apresentou domínios que não podiam ser avaliados pelos testes. A referida teoria é conhecida como teoria 
triárquica ou triádica da inteligência. 
As três inteligências (STERNBERG, 1985) são: 
 Inteligência analítica 
Essa forma de inteligência se concentra na proficiência acadêmica. O talento analítico é influente em ser capaz 
de separar problemas e ver soluções nem sempre vistas. Infelizmente, os indivíduos apenas com esse tipo não 
são tão hábeis em criar suas próprias ideias exclusivas. Essa forma de superdotação é o tipo que é testado com 
mais frequência. 
 Inteligência criativa 
Essa forma de inteligência se concentra na capacidade de ser intelectualmente flexível e inovador. Ela trata 
principalmente de quão bem uma tarefa é executada em relação a quão familiar ela é. Pessoas com elevada 
inteligência criativa são capazes de resolver problemas diante de uma situação nova, ou jamais experienciada 
anteriormente. Pessoas que são hábeis em gerenciar uma situação nova podem assumir a tarefa e encontrar 
novas maneiras de resolvê-la, de maneira que as demais pessoas não conseguiriam. 
 Inteligência Prática 
Trata-se da atividade mental envolvida na obtenção de adequação ao contexto. A partir da inteligência prática, 
os indivíduos criam um ajuste ideal entre eles e seu ambiente. Esse tipo de inteligência também pode ser 
chamado de "malandragem". Essa inteligência pode ser facilmente observada em indivíduos que se saem bem 
nas suas atividades cotidianas, mas não nas acadêmicas. Por exemplo, podemos ter um excelente mecânico 
de automóveis que não tenha feito qualquer curso de mecânica. 
 
Um indivíduo não se restringe a ter excelência em apenas uma dessas três inteligências. Muitas pessoas 
podem possuir uma boa integração de todas elas. Talvez pelo fato de que a teoria seja uma crítica à visão 
convencional de inteligência, ela também possui limitações e recebe crítica de alguns pesquisadores. A 
principal crítica (GOTTFREDSON, 2003) está no fato da pouca demonstração empírica, ou da inviabilidade de 
se fazer essa demonstração. Outra crítica é a de que a inteligência prática é mais uma forma de 
comportamento do que uma nova inteligência. 
 
GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 
A teoria das inteligências múltiplas desenvolveu-se a partir dos estudos do psicólogo norte-americano Howard 
Gardner. Ela se baseia nos achados da neuroanatomia relativos à localização cerebral das funções psíquicas. 
Como cada parte do cérebro desempenha uma função diferente, Gardner propôs que pessoas que tivessem 
desenvolvida aquela parte do cérebro teriam uma inteligência relacionada a esta parte. As inteligências 
descritas por Gardner (GARDNER, 1994; SOUZA, 2015) são as seguintes: 
 Inteligência linguística 
A inteligência linguística se refere à capacidade de comunicação seja ela oral, escrita, gestual etc. Quem 
domina melhor essa capacidade de comunicação possui uma inteligência linguística superior. Algumas 
profissões enfatizam esse tipo de inteligência como, por exemplo, os políticos, escritores, poetas, jornalistas… 
Esta inteligência está localizada basicamente nas áreas de Broca e de Wernicke no cérebro. 
 Inteligência lógico-matemática 
Este tipo de inteligência está ligado à capacidade de raciocínio lógico e resolução de problemas matemáticos. 
A velocidade para resolver estes problemas é o indicador que determina quanta inteligência lógico-
matemática a pessoa tem. O famoso teste de quociente de inteligência (QI) é baseado neste tipo de 
inteligência e, em menor proporção, na inteligência linguística. Cientistas, economistas, acadêmicos, 
engenheiros e matemáticos muitas vezes se destacam neste tipo de inteligência. Com relação à localização, 
pode ser atribuída à parte pré-frontal do cérebro. 
 Inteligência espacial 
A capacidade de observar o mundo e os objetos em diferentes perspectivas está relacionada à inteligência 
espacial. Pessoas que se destacam nessa inteligência, geralmente têm habilidades que lhes permitem criar 
imagens mentais, desenhar e identificar detalhes, além de um sentimento pessoal de estética. Com essa 
inteligência desenvolvida, encontramos pintores, fotógrafos, designers, publicitários, arquitetos, e outras 
profissões que exigem criatividade, além de jogadores de xadrez. Essa inteligência se encontra no lobo 
parietal. 
 Inteligência musical 
Indivíduos com maior inteligência musical são aqueles capazes de tocar instrumentos, discriminar sons, ler e 
compor peças musicais com facilidade. Algumas áreas do cérebro, como o lobo temporal,vinculado à audição, 
executam funções relacionadas ao desempenho e à composição da música. 
 Inteligência corporal e sinestésica 
Essa inteligência envolve as capacidades motoras e corporais. A capacidade de usar ferramentas é considerada 
uma manifestação da inteligência sinestésica corporal, que é extremamente importante para o 
desenvolvimento da humanidade. Algumas profissões que exigem habilidades corporais sinestésicas são: 
dançarinos, atores, atletas, cirurgiões e artistas plásticos. O correlato neurológico desta inteligência está no 
giro pré-central do cérebro (córtex motor). 
 Inteligência intrapessoal 
A inteligência intrapessoal é a capacidade de compreender e controlar as próprias emoções interiores. As 
pessoas que se destacam neste tipo de inteligência são capazes de acessar seus sentimentos e refletir sobre 
eles. Essa inteligência também lhes possibilita aprofundar a visão e compreender as razões sobre o porquê de 
uma pessoa ser do jeito que é. Ela é fundamental no ambiente de psicoterapia, tanto para o psicólogo quanto 
para o paciente. 
 Inteligência interpessoal 
É uma inteligência que nos possibilita interpretar palavras, gestos, objetivos e metas subentendidos em cada 
discurso. A inteligência interpessoal aprimora a nossa capacidade de empatia. É basicamente a capacidade de 
se relacionar com os outros. É uma inteligência muito valiosa para as pessoas que trabalham com grandes 
grupos. Professores, psicólogos, terapeutas, advogados e educadores são profissões que se utilizam da 
inteligência interpessoal. 
 Inteligência naturalística 
Esta inteligência foi adicionada mais tarde ao estudo original de Inteligências múltiplas. Gardner achou 
necessário incluir nesta categoria porque é uma das inteligências essenciais para a sobrevivência do ser 
humano e de outras espécies. A inteligência naturalística é a capacidade de detectar, diferenciar e categorizar 
as questões relacionadas com a natureza, como espécies animais e vegetais ou fenômenos relacionados ao 
clima, geografia ou fenômenos naturais. 
 
Existem diversas críticas à teoria das inteligências múltiplas de Gardner, tal como ampliar demais o conceito 
de inteligência. Assim, dentro desta teoria, quaisquer características humanas seriam inteligências. As 
habilidades corporais-cinestésicas, por exemplo, embora tenham um componente cognitivo, dependem em 
grande parte do resto do corpo humano para o seu perfeito funcionamento. A inteligência naturalística é mais 
uma questão de opinião política do que propriamente uma inteligência. Mesmo que todas as habilidades 
sejam importantes, nem todas são necessariamente inteligências. 
 
GOLEMAN E A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 
Paralelamente à teoria das inteligências múltiplas, a inteligência emocional vem ganhando especial destaque 
e difusão internacional. Embora o conceito tenha obtido destaque popular na obra de Daniel Goleman, alguns 
estudiosos afirmam que o conceito de inteligência emocional é, na verdade, similar à inteligência social 
(inteligências Inter e intrapessoal), introduzida por GARDNER (1994). Entretanto, a inteligência emocional 
atingiu um corpo teórico próprio, sendo atualmente considerada uma subárea relevante dentro do estudo da 
inteligência e da própria Psicologia. 
O início do estudo das emoções, ou pelo menos o primeiro grande avanço na área, deu-se com Charles Darwin. 
Embora o cientista tenha tido grande destaque com a teoria evolutiva, descrita na obra A origem das 
espécies seu livro menos conhecido, A expressão das emoções no homem e nos animais (DARWIN, 2009), 
também trouxe grandes polêmicas e mudanças para a sociedade da época. A ideia apresentada era de que os 
seres humanos não são seres privilegiados: animais também possuem emoções. Mais do que isso, a expressão 
dessas emoções se dá de maneira muito semelhante. Esse foi um dos primeiros livros da história publicados 
com imagens, mostrando essa semelhança na expressão das emoções entre humanos e animais. 
A visão das emoções como uma capacidade, porém, se deu mais recentemente, apenas na década de 1990. 
Ela foi definida como uma subforma da Inteligência Social, descrita por Thorndicke em 1936. O lançamento 
do livro Inteligência Emocional, de Daniel Goleman (1995) popularizou muito a ideia desse tipo de inteligência. 
A partir desse livro, a área virou conteúdo de outros livros de autoajuda, cursos de coach e avaliação desta 
característica em seleções de emprego. Entretanto, os conceitos trazidos por Goleman descrevem a 
inteligência emocional como algo no domínio da personalidade ou de formas de comportamento. 
A discussão sobre a Inteligência Emocional ser uma inteligência ou algum domínio da personalidade e/ou 
forma de comportamento é muito importante para a área. Se não atendermos a três critérios rigorosos 
(MAYER; CARUSO; SALOVEY, 1999), não estaríamos estudando inteligência emocional, mas somente emoções. 
Os critérios são: 
 Conceitual 
A inteligência emocional deve refletir uma performance mental e não de formas de comportamento. 
 Correlacional 
A Inteligência Emocional deve apresentar maior correlação com testes de inteligência tradicionais do que com 
testes de personalidade. 
 Desenvolvimental 
A inteligência emocional deve aumentar ao longo do tempo, sendo que crianças mais velhas devem ter uma 
média maior de inteligência emocional. 
Uma avaliação da inteligência emocional (WOYCIEKOSKI; HUTZ, 2009) deve priorizar questões com certo e 
errado ao invés de escalas de autorrelato. A inteligência emocional é um bom preditor de desempenho no 
trabalho, quando avaliada por variáveis de desempenho. Estudos (COBÊRO; PRIMI; MUNIZ, 2006) vem 
demonstrando que a inteligência emocional é, de fato, um subtipo de inteligência, e não uma faceta da 
personalidade. 
 
MÓDULO 3 
Identificar os testes na avaliação da inteligência 
 
INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA INTELIGÊNCIA 
Antes de iniciar a temática central deste módulo, é preciso destacar que, de acordo com o código de ética 
profissional do psicólogo (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005), a avaliação psicológica é uma atividade 
privativa do psicólogo. Portanto, as descrições de teste psicológicos somente devem ser lidas por psicólogos 
ou estudantes da área. Este módulo não pode ser acessado por estudantes de outra área, bem como parentes 
e amigos. 
 
O compartilhamento de informações sobre os testes constitui uma falta ética grave. A ciência para se construir 
um teste psicológico é cara, demorada e dispendiosa. Todo esse esforço é inútil se o teste for compartilhado. 
A manutenção do sigilo dos testes psicológicos é algo que fortalece a profissão de psicólogo. 
 
Para haver condições de uso, um teste psicológico deve demostrar evidências empíricas de bom 
funcionamento. Tais evidências são compiladas em um manual e analisadas pela comissão consultiva em 
Avaliação Psicológica, que recorre a pareceristas ad hoc para avaliar os testes. Somente poderão ser utilizados 
testes psicológicos que constem como favoráveis em uma lista organizada pelo Sistema Avaliação de Testes 
Psicológicos (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2020). A única exceção a esta regra é o uso para a finalidade 
de pesquisa, que não depende de reconhecimento do SATEPSI. 
 
Atenção 
Essas diretrizes foram previstas na resolução 002/2003 (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2003) e 
corroboradas pela resolução 009/2018 (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2018). 
 
Diferentemente de testes de personalidade e de outras facetas psicológicas, testes de inteligência são 
compostos por itens cuja reposta pode ser certa (geralmente codificada com 1) ou errada (geralmente 
codificada com 0). Mesmo assim, eles podem ser construídos de diferentes maneiras. 
Este módulo apresentará conteúdo básico sobre os diferentes testes de inteligência e suas características. 
 
STANFORD-BINET 
A escala Stanford-Binet é provavelmente o teste mais antigo ainda em uso na Psicologia. Embora possa 
parecer que seja uma limitação, isso faz com que grandespossibilidades de pesquisa sejam feitas a partir dessa 
antiguidade. O uso da escala Stanford-Binet permite a comparação de dados coletados hoje com dados 
coletados há mais de um século. 
Resumindo, a escala teve a sua primeira versão feita por Binet e Simon (1905), na França. Terman adaptou a 
escala em Stanford, sendo o autor da primeira edição da escala com a utilização do nome Stanford-Binet em 
1916. A partir daí, tivemos a segunda edição em 1937, a terceira em 1973, a quarta em 1986, e a quinta e mais 
atual edição em 2003. 
 
Saiba mais 
A versão atual (chamada de SB5 ou SB:V) possui diversas diferenças com relação à primeira. A principal delas 
foi a tentativa de adequar a escala ao modelo CHC. Abrangência de idade também é uma das grandes 
potencialidades da SB5. Ela possui normas para avaliar sujeitos entre 2 e 85 anos. A amostra do estudo de 
levantamento de evidências de validade foi composta por 4.800 sujeitos norte-americanos. 
 
A versão atual da escala (JANZEN; OBRZUT; MARUSIAK, 2004) utiliza a fórmula moderna do QI (na qual a média 
é 100 e cada desvio padrão soma ou subtrai 15 pontos). Ela ainda possui uma versão verbal e uma não verbal, 
ambas com os mesmos fatores (raciocínio fluido, conhecimento, raciocínio quantitativo, raciocínio 
visiospacial, e Memória de trabalho). A escala foi feita para ser utilizada no contexto da testagem adaptativa 
por computador. No entanto, mesmo com dados robustos de validade e precisão, não são conhecidos estudos 
brasileiros com a escala. Portanto, ela não pode ser utilizada no Brasil, exceto para pesquisas. 
 
ARMY ALPHA E ARMY BETA 
Assim como escala Stanford-Binet, os testes Army Alpha e Army Beta também possuem grande importância 
histórica. Apesar de não serem utilizados atualmente, ambos os testes foram precursores de itens e formatos 
de testes atuais, sendo aplicados em mais de 1 milhão e 500 mil pessoas durante a Primeira Guerra Mundial. 
A testagem foi considerada muito bem-sucedida e adaptações foram desenvolvidas e utilizadas no meio civil, 
tanto em escolas como em organizações. 
O Army Alpha era composto por 212 itens verdadeiro-falso e de múltipla escolha, divididos em oito 
subescalas: 
 SUBESCALAS DO TESTE ARMY ALFA 
(a) Instruções orais, que avaliavam a capacidade de seguir instruções simples. 
(b) Problemas aritméticos. 
(c) Problemas de julgamento prático. 
(d) Itens sinônimos-antônimos. 
(e) Sentenças desordenadas, que exigiam que os sujeitos reorganizassem os fragmentos em sequências 
completas. 
(f) Conclusão de série de números, que exigia que os examinandos inferissem e completassem padrões em 
séries de números. 
(g) Analogias. 
(h) Informação, um subteste de conhecimentos gerais. Os objetivos mais básicos do Army Alpha eram 
determinar se os recrutas sabiam ler inglês e ajudar a designar novos soldados para tarefas e treinamento que 
fossem consistentes com suas habilidades. Várias das escalas e formatos de teste desenvolvidos por Yerkes e 
seus colegas para o Army Alpha são precursores de testes ainda em uso atualmente. 
 
Muitos recrutados não puderam responder a testes escritos, por isso o Army Beta foi desenvolvido para avaliar 
as habilidades de candidatos de baixa alfabetização ou sem domínio do idioma inglês. As instruções para o 
teste Beta foram dadas em pantomima, ou seja, usando figuras e outro material simbólico para ajudar a 
orientar os exames para as tarefas que compunham este teste. O Army Beta incluía sete subescalas: 
 
 SUBESCALAS DO TESTE ARMY BETA 
(a) Labirinto, que exigia olhar para um labirinto gráfico e identificar o caminho a ser seguido. 
(b) Análise de cubos, que exigia a contagem de cubos na imagem. 
(c) Série X-O, que exigia a leitura da série de símbolos para identificar padrões. 
(d) Símbolo de dígito, que exigia dígitos e símbolos correspondentes. 
(e) Verificação numérica, que exigia a leitura e correspondência de símbolos gráficos em formas numéricas. 
(f) Conclusão da imagem, que exigia que os examinandos identificassem as características necessárias para 
concluir uma imagem parcial. 
(g) Construção geométrica, que exigia que os examinandos manipulassem formas para completar um padrão 
geométrico. 
 
COLÚMBIA 
A Escala de Maturidade Mental Colúmbia está na terceira edição (CMMS – 3), sendo um teste psicológico que 
visa avaliar a capacidade de raciocínio geral de crianças de três a dez anos de idade. A vantagem está na 
atratividade da escala, sendo composta por cartões coloridos em tamanho grande. Assim, o Colúmbia não 
necessita de respostas escritas, orais e pouco depende da motricidade dos participantes. Pode ser 
administrado com facilidade em crianças com diferenças culturais, cognitivas ou físicas. 
 
Atenção 
O desempenho do teste não está atrelado ao desenvolvimento da linguagem. Pode ainda ser utilizada em 
avaliações clínicas e escolares ou em outros contextos nos quais se faça necessária a avaliação da capacidade 
de raciocínio geral. O teste Colúmbia (FERNANDES; PULLIN, 1981) é prático, de fácil aplicação, correção e 
interpretação. Ele avalia a capacidade de discernir as relações entre diversos símbolos. 
 
MATRIZES PROGRESSIVAS DE RAVEN 
As matrizes progressivas de Raven são testes de habilidade não verbal usados para avaliar o raciocínio 
abstrato. Foram desenvolvidas originalmente por John C. Raven em 1936. O teste é progressivo, pois as 
perguntas ficam mais difíceis à medida que avança. A tarefa é determinar o elemento que falta em um padrão 
que geralmente é apresentado na forma de uma matriz, daí o nome de matrizes de Raven. 
Dado que o teste é não verbal, é considerado um formato que também reduz o viés cultural. Alguns 
pesquisadores afirmam erroneamente que este teste está medindo o fator (g) da inteligência de Spearman. 
Entretanto, o fator (g) deve ser extraído de múltiplos fatores, e todos os itens do Raven são muito parecidos 
um com o outro. Trata-se de um teste muito popular para estimar a inteligência fluida em grup 
 
Saiba mais 
O teste possui diversas versões. As matrizes progressivas de Raven (FLORES-MENDOZA et al, 2014) foram 
publicadas em 1938. Todas as perguntas eram padrões pretos com um fundo branco. Havia 60 questões 
dispostas em cinco conjuntos, dentro de cada conjunto os itens foram apresentados em dificuldade crescente 
(progressiva). 
 
As Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (BANDEIRA et al, 2004) foram projetadas para pessoas com baixa 
capacidade geral devido à idade (idosos, jovens) ou deficiências mentais. Elas contêm os dois primeiros 
conjuntos das matrizes padrão com um conjunto adicional de 12 itens inseridos entre os dois. As perguntas, 
no entanto, foram apresentadas principalmente em um fundo colorido, para torná-las visualmente 
estimulantes. Para adultos, o teste provavelmente será considerado fácil demais. 
A forma avançada das matrizes (ROSSETI et al, 2009) possui 48 itens, apresentada como um conjunto de 12 
(conjunto I), e outro de 36 (conjunto II). Os itens são apresentados em preto sobre fundo branco semelhante 
à versão padrão e se tornam cada vez mais difíceis ao longo do teste. Esses itens são adequados para adultos 
e adolescentes com inteligência acima da média. 
 
ESCALAS WECHSLER 
As escalas de inteligência Wechsler são procedimentos padronizados administrados individualmente, usados 
para a avaliação da capacidade intelectual ao longo da vida. O teste é muito parecido com uma caixa de 
brinquedos, sua aplicação é bastante lúdica. Dependendo das características do avaliado e do número de 
subtestes usados, o procedimento pode levar de 1 a 2 horas para ser administrado. A pontuação de certos 
componentes dos testes requer julgamento e treinamento significativo. 
 
Saiba mais 
Existem algumas versões diferentes das escalas Wechsler para acomodar indivíduos de diferentes idades, 
sendo as principais a Escala de Inteligência de Adultos Wechsler (WAIS) — idade entre 16 e 90 anos — e a 
Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC) — para criançasde 6 a 17 anos. Cada uma dessas escalas 
foi revisada periodicamente, portanto existem várias edições de cada uma delas. 
 
As atuais edições são o WAIS-IV (no Brasil é o WAIS-III) e o WISC-IV. Além disso, existe uma versão abreviada 
do WAIS e do WISC, a Escala Abreviada de Inteligência Wechsler (WASI), que pode ser usada como uma 
avaliação mais curta da capacidade intelectual. Todas as versões descritas estão aprovadas pelo SATEPSI. 
Cada escala Wechsler (GOLDSTEIN; MAZEFSKY, 2013) consiste em conjuntos de subtestes para avaliar 
diferentes aspectos da inteligência, e as pontuações do índice são calculadas a partir dos subtestes individuais. 
As pontuações são codificadas com uma média de 100 pontos, sendo 15 o desvio padrão, em intervalo de 40–
160. Algumas faixas qualitativas (termos descritivos) são fornecidas para o índice e pontuações de QI, variando 
de “retardo mental moderado” (40–54) a “muito superior” (130). Os subtestes estão em uma métrica de 
pontuação em escala, com 10 como a média, 3 como o desvio padrão, em um intervalo de 1–19. Há um 
conjunto básico de subtestes em cada escala e um número variável de subtestes opcionais. As versões mais 
atuais da escala Wechsler fazem parte de uma mudança para torná-las cada vez mais compatíveis com a teoria 
CHC. 
A seguir, abordaremos as duas edições dos testes utilizando a escala Wechsler aplicados no Brasil: 
 WAIS III 
É composto por 14 subescalas: Completar Ffiguras, Vocabulário, Códigos, Semelhanças, Cubos, Aritmética, 
Raciocínio matricial, Dígitos, Informação, Arranjo de figuras, Compreensão, Procurar símbolos, Sequência de 
números e letras, e Armar objetos. (VALENTINI et al, 2015) 
 WAIS IV 
É composto por 15 subtestes, sendo 10 principais e 5 suplementares, e dispõe de quatro índices, a saber: 
Índice de Compreensão Verbal, Índice de Organização Perceptual, Índice de Memória Operacional e Índice de 
Velocidade de Processamento, além do QI Total. Está composto por 15 subtestes, divididos entre Índices 
Fatoriais e Quociente de Inteligência Geral. Os subtestes do WISC-IV são: Informação, Semelhanças, 
Aritmética, Vocabulário, Compreensão, Dígitos, Completar Figuras, Código, Cubos, Procurar Símbolos, 
conceitos figurativos, sequência de números e letras, raciocínio matricial, raciocínio com palavras e 
cancelamento (DIAS-VIANA; GOMES, 2019; MACEDO; MOTA; METTRAU, 2017). 
 
O WASI, como mencionado, (YATES t al, 2006) é uma versão abreviada, que fornece informações sobre os QIs 
total, de execução e verbal a partir de quatro subtestes (Vocabulário, Cubos, Semelhanças e Raciocínio 
matricial). Existe ainda a opção de avaliar a inteligência com apenas dois subtestes (Vocabulário e Raciocínio 
matricial). Ele pode ser utilizado para indivíduos entre 6 e 89 anos de idade. 
Resumindo, as escalas Wechsler são instrumentos confiáveis e tradicionais para avaliação da inteligência. Seu 
aspecto é lúdico e seu uso recomendável principalmente na versão infantil (WISC). Os aspectos contrários à 
sua utilização estão na necessidade de treinamento do aplicador, no tempo de aplicação e nos custos dessas 
escalas. 
 
Você sabia 
A inteligência aumenta de geração para geração, sendo este fenômeno conhecido como Efeito Flynn. 
Ao analisar os manuais americanos para testes de QI, os quais colocavam lado a lado os testes antigos e os 
novos, o psicólogo James Flynn, em 1982, percebeu que ao fazer o teste antigo, os participantes conseguiram 
uma pontuação maior do que a obtida ao fazer o teste novo. 
Fonte: BBC News Brasil 
 
SON-R 
O SON-R 2½-7 é um teste não verbal de inteligência, composto por quatro subtestes: 
Mosaicos, Categorias, Situações e Padrões. Eles devem ser administrados nesta ordem: os subtestes 
Categorias e Situações compõem a Escala de Raciocínio, enquanto os subtestes Mosaicos e Padrões compõe 
a Escala de Execução. Ele possui esse nome porque sua faixa etária vai dos dois anos e meio aos 7 anos de 
idade. Confira: 
 Categorias 
Possui 15 itens. Nos primeiros sete, quatro ou seis cartões precisam ser postos na categoria correta. Os itens 
seguintes são de múltipla escolha, nos quais a criança deve escolher, dentre cinco objetos, os dois que são 
adequados à categoria em análise. 
 Situações 
Possui 14 itens. Na primeira parte, são apresentadas metades de quatro figuras. Depois de ter recebido os 
cartões com as metades faltantes, a criança precisa colocar a metade certa, completando corretamente o 
desenho. A segunda parte traz itens que consistem no desenho de uma situação em que uma ou duas peças 
estão faltando. 
 Mosaicos 
É composto por 15 itens. A criança deve copiar padrões de mosaicos com quadrados vermelhos, amarelos e 
vermelhos/amarelos. 
 Padrões 
Possui 16 itens. Pede-se que a criança que copie uma forma, que lhe é apresentada, utilizando um lápis. 
 
Alguns exemplos de itens dos quatro subtestes podem ser encontrados no Manual and Research Report do 
SONR 2½-7, disponível virtualmente. Mesmo que existam, no resto do mundo, versões do SON para outras 
faixas etárias, optou-se por descrever apenas o SONR 2½-7, pois é o único que se encontra aprovado pelo 
SATEPSI e disponível para a utilização dos psicólogos brasileiros (LAROS; JESUS; KARINO, 2013). 
 
BPR 
Teste desenvolvido paralelamente em Portugal e no Brasil. A Bateria de Provas de Raciocínio (BPR-5) encontra-
se subdividida de acordo com o nível de dificuldade dos itens nos cinco testes. Ela possui uma versão A, que 
se destina a alunos da 6ª, 7ª e 8ª série do ensino fundamental, e uma versão B, para alunos da 1ª, 2ª e 3ª série 
do ensino médio. 
A BPR-5 (ALMEIDA et al, 2010) é um instrumento para auxiliar os profissionais no psicodiagnóstico, seleção 
profissional, orientação profissional, avaliação escolar entre outras áreas nas quais se faz necessária a 
utilização deste instrumento para verificar o funcionamento cognitivo geral. 
As aptidões avaliadas são: 
 Raciocínio abstrato (RA) 
Avalia a capacidade de estabelecer relações abstratas em situações novas para as quais se possui pouco ou 
nenhum conhecimento previamente aprendido. Está associado à inteligência fluida (Gf). Nesta prova, a 
novidade das tarefas decorre das figuras geométricas diferentes de item para item ao longo do teste. 
 Raciocínio verbal (RV) 
Avalia a extensão do vocabulário e a capacidade de estabelecer relações abstratas entre conceitos verbais. 
Assim, mesmo que o RV possua alguma associação com a inteligência fluida, é uma prova de inteligência 
cristalizada (Gc), pois demanda a utilização de conceitos anteriormente aprendidos. 
 Raciocínio espacial (RE) 
Avalia a capacidade de visualização, isto é, de formar representações mentais visuais e manipulá-las, 
transformando-as em novas representações. Além de estar relacionada à capacidade de processamento visual 
(Gv), possui componentes da inteligência fluida. 
 Raciocínio numérico (RN) 
Avalia a capacidade de raciocinar indutiva e dedutivamente com símbolos numéricos em problemas 
quantitativos. Também avalia o conhecimento de operações aritméticas básicas. Além da inteligência fluida 
(Gf), este teste avalia o conhecimento quantitativo do aluno (Gq). 
 Raciocínio mecânico (RM) 
Avalia conhecimentos práticos de mecânica e física, adquiridos em experiências cotidianas e práticas. Este 
teste também avalia a inteligência cristalizada (Gc). No entanto, o processamento visual (Gv) e a inteligência 
fluida (Gf) também fazem parte do RM. 
 
Como pôde ser observado, a BPR-5 avalia a inteligência em diversos aspectos. Mesmo que não o faça de 
maneira completa, a BPR-5 compreende a inteligência à luz do modelo CHC. 
 
WOODCOCK-JOHNSON 
Atualmente, a Bateria Woodcock-Johnson-III (WJ-III) é considerada a que melhor atende ao modelo CHC, 
sendo, portanto, a mais completa para explicar o funcionamento intelectual. A Bateria WJ-III possui duas 
formas: a primeira direcionada à avaliação das habilidades cognitivas (forma padrão) e a segunda à avaliação 
do rendimento acadêmico. As pesquisasrealizadas com ambas as formas da WJ-III sugerem sua validade de 
construto. Na verdade, as maiores evidências da solidez da Teoria CHC usaram o WJ-III como instrumento de 
pesquisa. 
Outro excelente dado são as evidências de sua validade preditiva. Respondentes com elevados escores na WJ-
III tendem a ter maior rendimento em leitura e escrita e em matemática. Tais estudos confirmam a 
importância da Bateria WJ-III para o conhecimento do funcionamento cognitivo. Embora já tenha sido 
estudada no Brasil, a maioria das pesquisas (WECHSLER; VENDRAMINI; SCHELINI, 2007) foi realizada quase 
que somente em amostras norte-americanas. O teste ainda não foi avaliado pelo SATEPSI para uso no Brasil. 
Nesse tema, foi apresentado apenas um resumo de alguns considerados como os principais, mas é sempre 
bom lembrar que existe uma gama extensa de outros testes de inteligência. Essa lista conteve testes atuais e 
clássicos com importante papel histórico. Ao escolher um teste para aplicação, é crucial a consulta à lista do 
SATEPSI. Tal lista, além de mostrar se o teste é recomendado ou não pelo Conselho Federal de Psicologia, 
pode dar sugestões de instrumentos à sua avaliação. 
 
Os testes de inteligência originaram a avaliação psicológica como área. Eles estão entre os mais variados e 
precisos da psicologia. Mesmo assim, o trabalho a ser feito na área ainda é grande e são necessários mais 
testes para avaliar as diferentes teorias da inteligência no Brasil. Destaca-se, ainda, a importância do modelo 
CHC. Os testes modernos estão procurando adequar-se a ele, de maneira a ampliar as facetas avaliadas na 
inteligência. 
 
CONCLUSÃO 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Neste tema, aprendemos sobre a inteligência e maneiras de avaliá-las. Passamos pela história da avaliação 
psicológica e chegamos na ciência moderna da inteligência. A teoria Cattell-Horn-Carroll (CHC) é um modelo 
que, mesmo pouco conhecido entre muitos psicólogos, embasa a maioria dos testes psicológicos e tem sido 
respeitada entre os pesquisadores que se dedicam à área. Entretanto, mesmo conceitos mais populares, como 
as inteligências múltiplas de Gardner e a inteligência emocional de Goleman são importantes contribuições, 
que nos fazem repensar o que é inteligência. 
No que tange à utilização dos testes de inteligência, aprendemos que o CFP regulamenta a utilização destes 
instrumentos, visto que são de uso exclusivo da Psicologia. Alguns dos testes de inteligência utilizados 
atualmente tem como base instrumentos desenvolvidos no início do século XX, como a escala Stanford-Binet 
e os testes Army Alpha e Beta. Verificamos também que os testes podem se caracterizar em versões verbais 
ou não verbais, medir diferentes fatores, além de ter como população alvo, crianças, jovens e/ou adultos. A 
escolha por qual teste utilizar, dependerá do objetivo ao qual se aplica. 
A inteligência como área de estudo apresenta muitas curiosidades, o que a torna fascinante. Mesmo nos 
levando aos primórdios da Psicologia, ainda há muita coisa a ser explorada e descoberta sobre a inteligência 
humana.

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