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Síndromes Relacionadas ao Sono

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UCT XVII - Ambulatório 丨Antonio Hugo Perri da Silva - T II ⚕
Psiquiatria - VI Período
Síndromes Relacionadas ao Sono: ,
➥ Características:
- Existe grande variedade de padrões de sono
- Alguns problemas relacionados ao sono podem
ocorrer como depressão, ansiedade e alterações
cognitivas, além de poder agravar TT pré
existentes
➥ Classificação:
1. transtorno de insônia;
2. transtorno de hipersonolência;
3. síndrome das pernas inquietas;
4. transtornos do sono relacionados à respiração
(apneias do sono);
5. transtornos do sono-vigília do ritmo circadiano
(tipo fase do sono atrasada e fase do sono
avançada);
6. narcolepsia;
7. parassonias (sonambulismo, terror noturno,
bruxismo).
➥ Diagnóstico:
- Clínico (Anamnese referente ao sono e a
sonolência)
- Laboratório de sono, utilizando a polissonogra�a
- Exames como eletroencefalograma, ECG,
eletrooculograma, avaliação do �uxo aéreo oral e
nasal, gases sanguíneos e monitorização de
movimentos corporais
Transtorno de Insônia: .
➥ Características:
- Sintoma mais comum em saúde mental
- Acomete 1\3 da população adulta
- É de�nido como di�culdade em adormecer (insónia
inicial) em permanecer adormecido ou por
despertares frequentes (sono entrecortado) ou
despertar muito precoce (acordado entre 3 às 5)
e não conseguindo voltar a dormir
- Independente da redução da quantidade do sono
deve ser avaliado a qualidade e sensação de sono
reparador
➥ Epidemiologia:
- Está relacionado com outros TT psiquiátricos
como TT depressivo maior, ansiedade …. ou
doenças como obesidade, síndromes dolorosas,
RGE …..
- Acomete mais mulheres
- Idosos e pessoas de baixo nível econômico,
divorciados, viúvos
- A queixa de insônia em mais de três vezes por
semana foi relatada por 35% das pessoas no BR
- Altos índices de insônia subjetiva (relatada pelos
pacientes) e insônia objetiva (con�rmada pela
polissono)
➥ Etiologia:
- Pode estar relacionada com hábitos inadequados
de dormir, como dormir muito durante o dia ou
acordar em horas diferentes a cada dia, tomar
1
café, comer excessivamente a noite, ingerir
álcool ou realizar tarefas tensas no período
noturno
➥ Diagnóstico:
- Di�culdades em dormir por pelo menos 3 noites
por semanas por pelo menos 3 meses
- Deve ser descartado efeito de substâncias ou
condições médicas (dor, IC)
➥ Conduta:
Transtorno de Hipersonolência: .
➥ Características:
- Paciente relata sonolência excessiva mesmo
dormindo pelo menos 7 horas por dia
- Ocorre períodos recorrentes de sono durante o
dia, ou de cair no sono ou de sentir que o sono não
é reparador
- Não se sentir totalmente acordado depois de um
despertar bruto
- Paciente consegue dormir rapidamente e há boa
e�ciência do sono mantém ele bem, porém pode
ter di�culdade em acordar pela manhã, podendo
aparecer confuso ou atáxico (desequilíbrio motor
ao acordar)
- Ao despertar do sono da noite (ou depois de um
cochilo), o indivíduo pode apresentar declínio da
habilidade motora, lapsos de memória,
desorientação no tempo e no espaço e sensação de
atordoamento.
Síndrome das Pernas Inquietas: .
➥ Características:
- Caracterizada pela necessidade de mover as
pernas acompanhada pela sensação de
desconforto nelas ou “dentro” delas (mais
raramente, pode acometer os braços e todo o
corpo).
- Podem ocorrer sensações parestésicas
(formigamentos, sensação de peso ou de pinicar,
etc.) nas pernas, entre o tornozelo e o joelho.
- Esse desconforto se intensi�ca com o repouso e
melhora com o movimento.
- A sensação se agrava durante período de repouso
ou inatividade
- Piora no �nal da tarde ou à noite, prejudicando
gravemente o sono.
- A necessidade de movimentar as pernas é
aliviada, completa ou parcialmente, pelo
movimento.
- Para o diagnóstico, ela deve ocorrer por pelo
menos três vezes por semana e persistir por pelo
menos três meses
- Estima-se que a síndrome das pernas inquietas
ocorra em 1,5 a 5% da população, aumentando
com a idade.
- Sexo feminino, envelhecimento, história familai,
alterações no gene BTBD9 são fatores de risco
- Boa resposta a agentes dopaminérgicos
(levodopa, bromocriptina, pergolida)
- São comuns mioclonias noturnas que são
movimentos das pernas repetitivos e
estereotipados que predominam durante o estágio
2 do sono não REM
2
TT. Relacionado a Respiração: .
⤷ APNEIA DO SONO
- É caracterizada pela ocorrência de pausas resp.
curtas de 10 a 50 seg. durante o sono
- Apresenta ronco, queda na saturação e breve
despertar
➥ Apneia e Hipopneia Obstrutiva do
sono:
- É causada pela obstrução por colabamento
periódico da VAS
- Associado com sobrepeso, pescoço curto e
alterações estruturais da orofaringe (palato
rebaixado)
- Roncos altos, interrompidos por pausas resp.
- É acompanhada de sonolência diurna de media
intensidade, fadiga e sensação de sono não
reparador
- Havendo os sintomas de roncos e/ou respiração
difícil durante a noite, deve também haver,
evidências polissonográ�cas de pelo menos cinco
apneias/hipopneias obstrutivas por hora de sono.
- Se não houver os sintomas relatados, caso a
polissonogra�a identi�que 15 ou mais
apneias/hipopneias por hora de sono, faz-se
também o diagnóstico de apneia/hipopneia
obstrutiva do sono,
- Mais comum em homens, idosos, tabagistas e
obesos
➥ Apneia Central do sono:
- Caracteriza-se por episódios repetidos de apneia
(pausas respiratórias breves) e hipopneia
enquanto o paciente dorme, causados pela
variabilidade no esforço respiratório
(involuntário).
- É um transtorno do controle (involuntário)
ventilatório, em eventos que ocorrem em padrão
periódico ou intermitente.
- O paciente apresenta despertares frequentes
durante a noite, às vezes associados com
sensação de sufocamento.
- As principais queixas são de sono não reparador,
sonolência, insônia e cansaço pela manhã.
- O sobrepeso não é tão frequente, e o ronco,
quando observado, não é de forte intensidade.
- Quando a apneia central do sono acomete pessoas
com insu�ciência cardíaca, acidente vascular
cerebral ou insu�ciência renal, pode apresentar
um padrão respiratório denominado respiração de
Cheyne-Stokes. Esta se caracteriza por um
padrão periódico do tipo crescendo-decrescendo
no volume corrente de ar que ocorre com
frequência de pelo menos cinco eventos por hora,
acompanhados de despertares frequentes
- Também se descreve a hipoventilação relacionada
ao sono (HRS), na qual a polissonogra�a revela
respiração no sono reduzida associada a níveis
elevados de CO2. Com frequência, as pessoas com
HRS relatam sonolência excessiva durante o dia,
excitações e despertares frequentes durante o
sono, cefaleias matutinas e insônia
TT. do Sono-Vigília: .
- Padrão persistente ou recorrente de perturbação
do sono por alterações sistema circadiano por
alterações endógenas e os horários de sono e de
vigília impostos ou normatizados pelo ambiente
físico (luminosidade) e social,
➥ Tipo fase do sono atrasada e tipo
fase do sono avançada:
- Se manifesta por histórias de atraso no horário
principal do sono (mais que 2 hr) em relação aos
horários desejados de dormir e despertar, levando
a insônia e sonolência excessiva durante o dia
- Tende a ser mais prevalente em adolescentes
- Curso persistente com duração superior a 3
meses
3
- O indivíduo não consegue dormir na mesma hora
que seus familiares ou pares, podendo atrasar o
sono de todos
- Tem que despertar em horários com
compromissos levando a fadiga e sonolência ao
longo do dia
- O transtorno tipo fase do sono avançada se
caracteriza pelos horários de adormecer e
despertar estarem várias horas avançadas em
relação aos horários desejados ou convencionais.
São os indivíduos chamados “tipos matutinos”,
com horários de dormir de 2 a 4 horas mais cedo
que o habitual em seu grupo.
- O transtorno se relaciona, além de a fatores
neurobiológicos, ao padrão cultural de
adolescentes e jovens, como os estímulos
excitantes de participação noturna na internet,
em videogames e redes sociais.
- Os fenômenos de transtornos do sono
relacionados ao trabalho em turnos (shift work
disorder) e às grandes viagensaéreas (fenômeno
do jet lag)
Narcolepsia: .
- Caracteriza-se por ataques ou períodos
recorrentes de necessidade irresistível de dormir,
cair no sono ou cochilar em um mesmo dia.
- Os ataques do transtorno devem ocorrer por pelo
menos três vezes por semana, durante pelo
menos três meses
- Os ataques de narcolepsia são ataques diurnos de
sono REM, com sonolência intensa e abrupta,
como se a atividade neuro�siológica
característica desse tipo de sono “invadisse” a
vigília
- Manifesta-se clinicamente por ataques de
cataplexia, que é uma crise breve (de segundos a
minutos) de perda bilateral de tônus muscular,
com manutenção da consciência, geralmente
desencadeados por risos ou brincadeiras. O
indivíduo cai repentinamente ao chão.
- Crianças podem ter uma forma parcial da
cataplexia, com hipotonia sem queda, abertura da
mandíbula e projeção da língua
- ara o diagnóstico, também é importante veri�car
a de�ciência do neuropeptídeo produzido na área
hipotalâmica lateral, hipocretina-1, no líquor
(líquido cerebrospinal).
- Os níveis de hipocretina-1 devem ser iguais ou
inferiores a um terço dos valores obtidos em
indivíduos saudáveis.
- A polissonogra�a do sono noturno demonstra
latência do sono REM inferior ou igual a 15
minutos.
- Podem ocorrer também alucinações hipnagógicas
(ao adormecer) ou hipnopômpicas (ao despertar)
- Ela ocorre devido à perda de cerca de 70 mil
neurônios hipotalâmicos produtores de
neuropeptídeos denominados hipocretinas,
particularmente da hipocretina-1. Isso está
associado a um mecanismo autoimune, pois foram
identi�cadas alterações e marcadores genéticos e
imunológicos (HLA subtipo DR2 e DQ602) nos
indivíduos com narcolepsia
Parassonias: .
- Caracterizam-se por eventos comportamentais
ou �siológicos anormais associados a estágios
especí�cos do sono ou da transição sono-vigília,
alterações do despertar ou despertar incompleto
➥ Sonambulismo:
- TT de despertar do sono não REM caracterizado
por levantar-se da cama durante o sono com
olhar �xo e rosto vazio.
- O indivíduo não responde aos esforços de
comunicação feitos pelos outros e pode executar
comportamentos complexos durante o episódio,
geralmente iniciados na fase 3 ou 4 do sono não
REM (sono profundo, de ondas lentas).
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- O comportamento complexo pode incluir atos
automáticos como andar, trocar de roupa e urinar
no armário.
- O indivíduo pode ser acordado apenas com muita
di�culdade.
- É relativamente comum na infância e na
adolescência (principalmente em crianças entre 4
e 8 anos), tendendo a desaparecer na fase adulta.
➥ Terror Noturno:
- Caracteriza-se por despertar de uma fase de
sono profundo (sono de ondas lentas, geralmente
na fase 4) com um grito lancinante, de pânico,
acompanhado de manifestações de medo intenso e
sintomas autonômicos (taquicardia, respiração
rápida, sudorese e midríase).
- A crise costuma durar de 5 a 20 minutos. Não se
trata de um pesadelo (que é um tipo de sonho,
ocorrendo mais frequentemente na fase REM).
- Em geral, após o grito, o indivíduo se senta na
cama, agitado e, aparentemente, com muito medo,
apresentando midríase e taquipneia, depois volta
a dormir.
- Há poucas respostas aos esforços dos outros de
confortar a pessoa.
- Tanto para o sonambulismo como para o terror
noturno, no dia seguinte, o indivíduo não se
lembra de nada ou quase nada do que ocorreu,
havendo, portanto, amnésia em relação ao
episódio
➥ Sonilóquio:
- Falar dormindo
- É a produção de sons, palavras ou mesmo frases
durante a noite, sem a tomada momentânea de
consciência do indivíduo que as produz e sem a
lembrança, no dia seguinte, de ter falado ou do
conteúdo daquilo que foi dito.
- A paralisia do sono consiste em um despertar (ou
adormecer) incompleto.
- O indivíduo, ao despertar (ou ao adormecer),
apresenta fraqueza muscular importante e é
incapaz de realizar atividade motora voluntária.
- Por alguns segundos, sente-se muito angustiado
por não poder mover um só dedo, apesar de já
estar consciente; logo, então, desperta.
- Podem ocorrer alucinações hipnagógicas
(alucinações geralmente visuais, ao adormecer)
ou hipnopômpicas (o mesmo, ao despertar).
➥ Bruxismo:
- Pode ser considerado um transtorno do despertar
parcial, a partir de um período de sono profundo
(fase 3 ou 4).
- Dormindo, o indivíduo range vigorosamente os
dentes, devido à atividade rítmica do músculo
masseter.
- As consequências são desgaste dos dentes, dor
local, cefaleias, disfunção da articulação
temporomandibular e sono de má qualidade
➥ Enurese Noturna:
- Também ocorre durante o sono profundo,
geralmente em crianças com mais de 4 anos de
idade (até essa idade, a enurese não é considerada
anormal).
- Acomete mais crianças de até 6 anos (25% dos
meninos e 15% das meninas) e ocorre em 2% dos
adultos.
- Há micção involuntária durante a noite, em geral
no primeiro terço (com mais frequência no
estágio 2 do sono não REM), devido ao
relaxamento do es�ncter urinário.
- Tanto tendência hereditária (há muita
recorrência familiar do transtorno) como
con�itos emocionais (insegurança, hostilidade,
medo, separação ou doença dos pais ou avós)
estão associados à enurese na infância.
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- A condição tende a desaparecer com o passar dos
anos; porém, um número considerável de crianças
enuréticas sente muita vergonha, culpa ou
ansiedade por apresentar tal transtorno.
➥ Pesadelos:
- São sonhos ansiosos, com conteúdos ameaçadores
e terrorí�cos, que ocorrem, na maior parte das
vezes, durante o sono REM, no terço �nal da noite.
- O indivíduo pode acordar durante o episódio e,
muitas vezes, lembrar-se com clareza de seu
conteúdo no dia seguinte.
- Os pesadelos podem estar associados a con�itos
emocionais inconscientes ou conscientes,
períodos de ansiedade e tensão, preocupações e
temores antigos ou atuais.
- Deve-se buscar diferenciar claramente os
pesadelos (sono REM, último terço da noite) do
terror noturno (sono profundo, primeiro terço da
noite).
- Quando há recorrência dos pesadelos,
extremamente disfóricos, com sensação de
ameaça à sobrevivência ou à integridade física, e a
experiência causa sofrimento signi�cativo ou
prejuízo no funcionamento social, pro�ssional ou
em outras áreas da vida do indivíduo, o DSM-5
propõe denominar transtorno do pesadelo.
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