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Avaliação inicial História clínica A partir dos dados coletados na anamnese do paciente, é possível que afastemos condições orgânicas que poderiam ser confundidas com transtornos psíquicos de origem, de fato, psíquica. Exame físico · Nesse momento, devemos avaliar pulso e pressão (que, a depender dos valores, podem levar a alterações neurocognitivas), rosto e pescoço (observar exoftalmo, bócio -> relação com doenças tireoidianas; icterícia -> fala a favor de obstruções ou lesões hepáticas; nistagmo e ptose palpebral -> relacionadas a alterações neurológicas), hálito (cetônico ou urêmico, por ex), corpo (flapping, tremores, circulação colateral, ascite, edema de membros inferiores -> afastar causas orgânicas que podem gerar, também, transtornos psíquicos). · Suspeitar de organicidade quando houver início abrupto; quando for o primeiro episódio; em pacientes geriátricos (ex.: mulheres idosas que fazem quadro de infecção urinária podem cursar, também, com sintomas confusionais); observar condições clínicas de base (se estiverem descompensadas, podem levar a transtornos mentais orgânicos); presença ou não de lesões visíveis. Obs.: O início de um transtorno psiquiátrico é mais insidioso. · Sintomas neurológicos suspeitos de doença orgânica (para descartar doenças psiquiátricas): · Perda de consciência; · Convulsão; · TCE; · Alteração do campo visual; · Diminuição da concentração (esse sintoma pode coexistir em quadros psiquiátricos ou orgânicos); · Sonolência; · Desorientação; · Déficit de memória; · Alteração da fala e da marcha. Obs.: Os três últimos sintomas também podem se apresentar em ambos os quadros, psíquico ou orgânico. Quadro clínico do delirium · Impactos nas áreas da consciência, atenção, cognição(memória recente, desorientação, disartria, disgrafia, disnomia) e percepção (interpretação delirante, ilusão e alucinação); · Secundária a um comprometimento orgânica. > Condição médica geral; > Intoxicação; > Abstinência. · EEG com lentificação difusa. Há uma exceção para pacientes que se encontram na abstinência de álcool ou de hipnóticos (depressores do SNC; se a substância é retirada de forma abrupta/rapidamente, o SNC fica com maior atividade) -> atividade mais rápida no EEG. Obs.: Todo delirium tem uma causa orgânica. · Características associadas: - Perturbação do ciclo sono-vigília; inversão ou sono interrompido; - Atividade psicomotora: > Hiperativo: alucinações, delírios, agitação e desorientação; > Hipoativo: confusão e sedação. - Perturbações emocionais: ansiedade, medo, irritabilidade, raiva, euforia, labilidade afetiva e apatia. · Condição médica: - SNC: TCE, convulsões, estado pós-ictal, doença vascular, doença degenerativa (ex.: demências), encefalite anti-NMDA (pode simular uma doença psiquiátrica); - Metabólicos: insuficiência renal, insuficiêncial hepática, hipoglicemia, hiper ou hipotireoidismo, distúrbio hidroeletrolítico; - Transtornos cardiopulmonares: IAM, ICC, arritmias, insuficiência respiratória; - Sistêmica: infecção, neoplasias e síndromes paraneoplásicas, estado pós-operatório, doenças autoimunes (ex.: lúpus eritematoso sistêmico). · Intoxicação ou abstinência - Substâncias: álcool, substâncias psicoativas (cocaína, alucinógenos, anfetaminas, cannabis, inalantes, hipnóticos), anticolinérgicos (relacionada ao delirium, sobretudo em pacientes idosos), corticosteroides; - Toxinas: anticolinesterase, organofosforados, monóxido de carbono, solventes orgânicos; - Abstinência: delirium tremens. Espectro da esquizofrenia e outros transtornos psicóticos (Segundo a DSM-V) · Transtorno de personalidade esquizotípica; · Transtorno delirante: erotomaníaco, grandioso, ciumento, persecutório, somático, misto; · Transtorno psicótico breve; · Transtorno esquizofreniforme; · Esquizofrenia; · Transtorno esquizoafetivo; · Transtorno psicótico secundário a outra condição médica; · Catatonia associada a outro transtorno psíquico; · Transtorno catatônico secundário a outra condição médica; · Catatonia não especificada. · Nesse espectro, deve haver anormalidades em um ou mais dos seguintes domínios: - Delírios; - Alucinações; - Desorganização do pensamento; - Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo a catatonia); - Sintomas negativos: expressão emocional diminuída, avolia (ausência de vontade). · Na esquizofrenia propriamente dita, há a presença, por um período de mais de um mês (contínuo, com os sintomas; a doença deve durar, pelo menos, 6 meses, para que o diagnóstico seja fechado), de, pelo menos, dois dos sintomas citados no tópico anterior. - O nível de funcionamento ou autocuidado deve estar muito prejudicado; - Período de 6 meses com sintomas – mesmo que atenuados. Subtipos de esquizofrenia · ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE - É a mais comum; - Delírios, em geral, paranoides (perseguição, autorreferência, grandeza); - Alucinações auditivas (ameaças, ordens); - Percepções delirantes. · ESQUIZOFRENIA HEBEFRÊNICA - Desorganização (segundo o DSM-V); - Início na adolescência; - Afeto superficial e inadequado; - Risos imotivados (sardônicos, irônicos); - Pensamento desorganizado com divagações (ex.: o paciente começa a falar de um assunto, se perde, dá voltas no mesmo foco temático...); - Tendência ao isolamento; - Comportamento sem sentido. · Para haver catatonia, devem existir, pelo menos, 3 dos sintomas abaixo: - Estupor (estado em que há inconsciência parcial, com suspensão da atividade física e psíquica, e que é caracterizado por imobilidade do rosto, olhar sem vida, vago e sem expressão, silêncio obstinado e recusa de alimentos. É uma situação intermediária entre a obnubilação e o coma); - Flexibilidade cérea (coloca-se o paciente ou o seu membro numa determinada posição e ele assim permanece); - Mutismo; - Negativismo; - Postura; - Maneirismos; - Estereotipias; - Agitação; - Caretas; - Ecolalia (repetição de palavras ou frases); - Ecopraxia (repetição involuntária ou imitação dos movimentos/gestos de outra pessoa). · ESQUIZOFRENIA CATATÔNICA - É caracterizada, sobretudo, por perturbações psicomotoras (agitação extrema ou estupor catatônico + flexibilidade cérea); - O paciente também pode cursar com obediência automática ou mesmo com negativismo, opondo-se ao comando dado. Fisiopatologia da esquizofrenia · Vias dopaminérgicas a) Via mesolímbica; b) Via mesocortical; c) Via túberoinfundibular; d) Via nigroestriatal. Obs.: As vias túbero-infundibular e nigro-estriatal não têm relação direta com a esquizofrenia, mas têm relação com efeitos colaterais de antipsicóticos, sobretudo os de 1ª geração (típicos). Já as vias mesolímbica e mesocortical têm relação com a esquizofrenia, da seguinte maneira: · Mesolímbica (hiperativa) -> muita dopamina -> relação com sintomas motores (positivos); · Mesocortical (hipoativa) -> pouca dopamina -> relação com sintomas negativos (apragmatismo etc). Obs.: Os efeitos colaterais parkinsonianos (ex.: sintomas extrapiramidais) se devem a um hipofuncionamento da via nigroestriatal -> uma das vias que atua na modulação do movimento.