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Me. Ramon Lima Belém – Pa 2021 Fisioterapia aplicada aos Idosos portadores de disfunções neurológicas Alterações neurológicas do envelhecimento normal • O cérebro do idoso apresenta alterações significativas na função fisiológica, principalmente relacionadas com o comprometimento da memória, o retardo das funções centrais e a diminuição do peso cerebral. Achados neurológicos • As alterações do envelhecimento, possuem estreita relação com os achados do exame neurológico do idoso: • Força muscular diminuída, • Marcha retardada com diminuição de movimentos associados, • Reflexos profundos hiporresponsivos, • Alterações de sensibilidade. Estão associadas às modificações no nível anatômico macroscópico, celular e molecular do sistema nervoso (SN) Memória • Em relação ao psiquismo, os distúrbios de memória são os mais comuns, conhecidos como “esquecimento benigno do idoso”. • A aquisição de novas informações e a sua conversão pela memória de trabalho em memória de longa duração diminuem significativamente com a idade. • Além disso, à medida que envelhecem, as pessoas apresentam dificuldade para dormir, aumento da insônia e interrupções do sono. • Vários estudos anatomopatológicos e diversas imagens demonstraram • Consistente diminuição do peso e do volume totais do cérebro • relacionada com o envelhecimento, evidenciado por circunvoluções mais finas, sulcus alargados e ventrículos dilatados. • Essa atrofia não é uniforme, pois há perda de volume maior em lobos frontais e temporais. • à medida que envelhecemos ocorre alteração na capacidade funcional normal do neurônio. • Tais alterações podem ser decorrentes de modificações no nível celular e molecular, ou seja, na citoarquitetura dos neurônios, assim como em sua capacidade de transmissão. • Degeneração importante da ramificação dendrítica, reduzindo significativamente sua velocidade de ativação e alterando sua plasticidade. • A sinaptogênese diminuída relacionada com a idade pode ser responsável pela perda ou pela atrofia neuronal que ocorre nas estruturas corticais ou subcorticais, • Essas alterações descritas anteriormente, associadas à degeneração da mielina, poderiam causar diferenças observáveis na velocidade de condução neuronal, evidenciada por meio de lentificação no ritmo eletroencefalográfico, porém sem demonstração de deterioração mental. • A velocidade de condução nervosa no idoso pode ser de 10 a 15% mais lenta Nível celular Nível molecular • Bioquimicamente, também são demonstradas diminuições na produção, na liberação e no metabolismo dos neurotransmissores, bem como reduções significativas das concentrações de mensageiros secundários e de enzimas envolvidas nas cascatas de transdução de sinais. • Alteração na estabilidade da molécula de RNA mensageiro (mRNA), • Entre as proteínas afetadas, encontram - se as enzimas destinadas a sequestrar os radicais livres e a regular a homeostase do cálcio. Alterações das atividades funcionais relacionadas com a idade – Aspectos primários • Heterogeneidade entre os idosos, resultando num importante conceito de que o declínio na capacidade física não seja inerente a todos os idosos. • Parece ser importante, portanto, abordar os aspectos primários relacionados com o envelhecimento, admitindo uma interação entre predisposição genética e fatores ambientais. • Dessa forma, instabilidades e quedas podem, inclusive, funcionar como sinais rastreadores de saúde prejudicada e declínio da função. • Examinar os fatores intrínsecos relacionados com as quedas e com as instabilidades significa relatar as mudanças que ocorrem nos sistemas motor e sensorial, bem como em centros superiores de adaptação. Controle postural • Equilíbrio – definido como a capacidade de controlar o deslocamento do centro de gravidade sobre a base de suporte, podendo ser classificado em estático e dinâmico. • O sistema de controle postural utiliza-se do sistema sensorial para obter informações contínuas sobre a posição e a trajetória do corpo. • Esse sistema sensorial compreende os sistemas visual, somatossensorial e vestibular. • As informações são integradas, permitindo ao sistema nervoso emitir respostas motoras organizadas e executadas pelo sistema efetor composto de músculos e articulações. Alterações das atividades funcionais relacionadas com a idade – Aspectos primários Estruturar uma abordagem preventiva com a finalidade de reconhecer os fatores de risco relacionados com as quedas significa reconhecer que esses fatores estão integrados, ou seja, são multicausais. Em relação ao sistema musculoesquelético, a principal característica é a diminuição de força muscular. Mesmo considerando a tensão muscular dependente da habilidade funcional a ser executada, tal redução de força muscular, frequentemente determina limitação funcional. Esse fato associa-se ao conceito de que a unidade funcional do movimento, a articulação, também perde flexibilidade, provocando desvio do alinhamento postural, acarretando maior desequilíbrio muscular. Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos primários • Essas alterações do sistema neuromuscular decorrem, principalmente, do impedimento para a organização da ativação de sinergias musculares em resposta à instabilidade, bem como, das limitações na habilidade de movimentos adaptados ao equilíbrio em resposta às mudanças nas demandas de tarefa e ambiente. • A manutenção do equilíbrio e seu restabelecimento após perturbações externas dependem também da integridade fisiológica do sistema sensorial. Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • Doenças neurológicas de relevância fisioterapêutica que podem acometer a população idosa, em ordem decrescente de ocorrência. Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • Acidente vascular encefálico (AVE): • pode ser definido como qualquer alteração na qual uma área cerebral é, transitória ou definitivamente, • afetada por isquemias ou sangramentos decorrentes de processos patológicos nos vasos cerebrais. • O AVE isquêmico representa a grande maioria dos casos, podendo ser consequência de oclusão arterial por coágulos que se formam tanto na luz dos vasos (trombose arterial) como em qualquer outra região corpórea, migrando posteriormente até o encéfalo (embolia cerebral). • O AVE hemorrágico ocorre em cerca de 10% dos casos de AVC, em geral, decorrente de condições patológicas vasculares prévias como aneurismas e malformações arteriovenosas Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • Essa desordem isquêmica ou hemorrágica no fluxo sangüíneo cerebral, de caráter transitório ou definitivo, ocasiona dano tecidual provavelmente resultante de processos patológicos complexos como: • excitotoxicidade (despolarização generalizada dos neurônios relacionada com liberação excessiva de glutamato), despolarizações peri-infarto, inflamação e apoptose neuronal (morte neuronal programada). • Com o tempo a lesão estrutural se consolida, podendo ocorrer aumento da necrose por recrutamento da zona de penumbra, associado à regressão dos sintomas • Doença de Alzheimer: na etiologia das demências essa assume relevância devido a sua alta incidência e ao comprometimento motor, apesar deste ser consequência das alterações de memória. • Alguns autores sugerem que o AVE pode disparar uma cascata de eventos que resultem em doença de Alzheimer em indivíduos susceptíveis. • Patologicamente essa doença caracteriza-se pela presença de placas senis, emaranhados neurofibrilares e perda neuronal no hipocampo e córtex cerebral em situação difusa. • Apesar da constatação de níveis anormais de beta-amilóide, permanece controverso se esta proteína é neurotóxica e causa destruição neuronal ou se é um sub-produto. • Manifestações motoras clínicas também podemocorrer inicialmente, sendo caracterizadas por apraxias (dificuldade em executar tarefas na ausência de déficit motor como fraqueza ou espasticidade), agnosia espacial (dificuldade de localização espacial) e afasia (distúrbio da expressão ou da compreensão da linguagem). Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • Doença de Parkinson (DP): está compreendida dentro da síndrome parkinsoniana, que pode apresentar diversas etiologias; porém a prevalência da doença de Parkinson, de origem idiopática, aumenta em cerca de dez vezes na população acima de 60 anos. • Essa doença caracteriza-se pela destruição de neurônios dopaminérgicos localizados na substância negra, provocando um quadro clínico constituído por acinesia, rigidez, tremor e instabilidade postural. A rigidez e o tremor são considerados sintomas positivos resultante de liberação de outras estruturas do cérebro normalmente moduladas pelos núcleos da base, enquanto a acinesia e a bradicinesia são as características primordiais da perda da função programadora desses núcleos sobre as áreas motoras, Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • A DP pode apresentar-se sob três formas: tétrade sintomática parkinsoniana são elas: rigidez, bradicinesia, tremor de repouso e instabilidade postural, caracterizada pela presença marcante de acinesia e rigidez; e tremor dominante, também denominada por alguns autores de hipercinética. • Apesar dos termos acinesia e bradicinesia serem frequentemente usados como sinônimos, é necessário distingui-los. Assim, acinesia pode ser definida como incapacidade na iniciação do movimento ou demora no tempo de reação, enquanto bradicinesia se refere à lentidão no movimento. Alterações das atividade funcionais relacionadas com a idade – Aspectos secundários • Neoplasias ou tumores cerebrais: a maioria dos tumores cerebrais ocorre na infância e mais tardiamente na velhice. Dois terços dos tumores em idosos possuem localização supratentorial, ou seja, a maior freqüência de lesões, nessa faixa etária, ocorre em regiões hemisféricas. • causa dos tumores cerebrais é desconhecida, relacionando- se com fatores hereditários ou secundários a trauma craniocerebral ou doença inflamatória. • O comportamento clínico de um tumor cerebral depende da origem celular e do grau de agressividade. Dessa forma, os tumores podem ser classificados como primários (70 a 75%) ou secundários (metastáticos, 25 a 30%). • Entre os tumores primários mais comuns estão aqueles originários de células da glia, responsáveis pela substância de suporte do SNC. Dessa forma, os gliomas geralmente produzem sintomas que são de natureza focal como resultado de infiltração, destruição ou pressão local sobre o cérebro. Intervenções fisioterapêuticas • Tratamento fisioterápico relacionado com os aspectos primários: • Assim, por meio dessa avaliação será possível passar orientações quanto ao ambiente como remover tapetes, evitar que o idoso utilize escadas, alertar o idoso quando o piso estiver molhado, dispor os utensílios mais frequentemente utilizados pelo idoso em locais mais acessíveis • Quanto aos aspectos relacionados com o controle postural, esses autores consideram relevante identificar os fatores de risco, visto que, na população idosa comumente ocorrem déficits multissensoriais (sistemas vestibular, somatossensorial e visual) e neuromusculares (sistema musculoesquelético e condução nervosa) • É importante ressaltar que a intervenção fisioterapêutica no idoso tem como principal objetivo restaurar ou manter a funcionalidade. Avaliação física do idoso 1. utilização de diferentes aferências sensoriais, 2. exercícios aeróbios e de fortalecimento muscular possui como justificativa a especificidade do treinamento; 3. O treinamento do controle postural baseado em estímulo sensorial provoca melhor reeducação do equilíbrio por atuar sobre a programação motora Intervenções fisioterapêuticas • Tratamento fisioterápico relacionado com os aspectos secundários: • o fisioterapeuta deve ter em mente a compreensão e a percepção do movimento normal, tornando-o mais habilidoso em observar quais condições caracterizam as incapacidades do paciente, ou seja, identificar como uma postura ou um movimento difere do normal e porque o paciente pode ter dificuldade com as habilidades funcionais. Intervenções fisioterapêuticas • Prevenção de tais complicações, orientando o paciente sobre as predisposições de sua patologia. • No caso de um paciente limitado funcionalmente devido a um AVE, as principais predisposições mórbidas são: hipertensão, diabetes, doença arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica, falência cardíaca congestiva e artrite. • inibição da espasticidade e facilitação do movimento normal; • imagem proprioceptiva normal do movimento e maior habilidade no reaprendizado do movimento seletivo. Intervenções fisioterapêuticas Intervenções fisioterapêuticas • a partir da observação de fraqueza muscular associada à restrição articular ou à espasticidade, há necessidade em restaurar a amplitude de movimento articular e sequencialmente restabelecer o desempenho muscular necessário para execução de atividades funcionais. • associação de várias técnicas como mobilização articular, facilitação neuromuscular proprioceptiva e eletroestimulação funcional. Intervenções fisioterapêuticas • uso de estímulos visuais, auditivos e vestibulares com o intuito de facilitar o movimento ou a associação de duas tarefas simultaneamente, • ensinar o paciente a obter informações adequadas a partir dos sistemas restantes, por exemplo, pedir que o idoso acenda as luzes antes de levantar-se da cama, • aplicação de pesos para aumentar a resistência ao movimento e, assim, transmitir mais estímulos sensoriais, de mobilização específica para reeducação do controle proximal, e de exposições excessivas às situações perturbadoras de equilíbrio. • As estratégias adotadas para melhora do controle postural incluem melhora do alinhamento postural vertical por meio de estímulos verbais ou visuais, • melhora do controle postural dinâmico, ou seja, durante movimentos do corpo, seja de membros superiores visando melhora do controle de tronco superior ou de membros inferiores, melhorando a utilização de estratégias para evitar quedas. Intervenções fisioterapêuticas Intervenções fisioterapêuticas • O tratamento de pacientes idosos requer uma abordagem ampla incluindo prevenção, reabilitação e maximização das habilidades funcionais. Atualmente existe um crescente número de estudos demonstrando que muitos dos declínios no desempenho neurológico pode ser revertido ou estabilizado
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