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D I P E A R T R I T E R E U M A T Ó I D E C O R R I M E N T O V A G I N A L Vulvovaginites e vaginoses são as causas mais comuns de corrimento vaginal patológico, são afecções do epitélio estratificado da vulva e/ou vagina, que acometem a mucosa glandular, onde as causas mais comuns são infecções por clamídia e gonococo - no entanto, os agentes etiológicos mais frequentes são fungos, aumento de bactérias anaeróbicas, tricomonas (protozoário) ou aumento exacerbado da flora de lactobacilos. A cardiomiopatia de estresse ou síndrome do coração partido é caracterizada por uma disfunção transitória do coração (VE) ocasionada por descarga excessiva de adrenalina na corrente circulatória que pode ser desencadeada por estresse emocional, provoca sintomas semelhantes ao de um infarto (dor no peito, falta de ar ou cansaço) que surgem após uma separação ou falecimento de um familiar. LAYANE SILVA avaliação microscópica de preparação salina da secreção vaginal; liberação de aminas voláteis produzidas pelo metabolismo anaeróbio; determinação do pH vaginal. grandes bastonetes gram-positivos (Lactobacillus spp.) pequenos bastonetes com resultado variável pelo Gram (G. vaginalis ou Bacteroides spp.) bastonetes curvos de Gram variável (Mobiluncus spp.). Metronidazol (Flagyl): 500 mg, VO, 2x/dia, por 7 dias; Metronidazol gel a 0,75% (metrogel vaginal): 5 g (1 aplicador inteiro intravaginal, 1 x/dia, por 5 dias; Clindamicina creme a 2% (Cleocin, Clindesse): 5 g (1 aplicador inteiro) intravaginal, na hora de deitar, por 7 dias. Também chamada de vaginite por Haemophilus, vaginite por Corynebacterium, vaginite por Gardnerella ou anaeróbia e vaginite inespecífica - é uma síndrome clínica comum e complexa, que reflete anormalidade na flora vaginal, passando a haver supercrescimento de espécies anaeróbias, incluindo Gardnerella vaginalis, Ureaplasma urealyticum, Mobiluncus spp., Mycoplasma hominis e Prevotella spp., também está associada à ausência ou redução de espécies normais de Lactobacillus produtores de peróxido de hidrogênio - supões que haja influência da alcalinização repetida da vagina, decorrente de coitos frequentes ou do uso de duchas vaginais, tem-se que após desaparecimento dos lactobacilos normais produtores de peróxido de hidrogênio, é difícil restabelecer a flora vaginal normal, e a recorrência de VB é comum. FATORES DE RISCO: essa síndrome não é considerada doença sexualmente transmissível (DST), apesar de muitos fatores de risco estarem associados à atividade sexual - entre eles estão: sexo oral, duchas, raça negar, tabagismo, sexo durante a menstruação, dispositivo intrauterino, relação sexual em idade precoce, múltiplos ou novos parceiros sexuais, atividade sexual com outras mulheres. DIAGNÓSTICO: entre os sintomas, destacam-se descarga vaginal sem irritação, mau cheiro (odor de peixe podre), secreção cinza e formam uma fina camada de revestimento das paredes vaginais, pH > 4,5, o exame microscópio mostra número elevado de células-alvo e notável ausência de leucócitos e acréscimo de KOH às secreções vaginais (teste das aminas). Os critérios diagnósticos clínicos incluem: A preparação salina da secreção vaginal, para o exame “a fresco”, contém amostra da secreção misturada a gotas de soro fisiológico em uma lâmina de microscópio - as clue cells indica VB, são células epiteliais vaginais contêm bactérias aderidas, que criam uma borda celular pontilhada mal definida. Whiff test: adição de hidróxido de potássio (KOH) a 10% a uma amostra fresca de secreção vaginal libera aminas voláteis com odor de peixe - a alcalinidade do fluido seminal e a do sangue são responsáveis pela queixa de odor ofensivo após relação sexual e durante a menstruação. Nas pacientes com VB, o pH vaginal está > 4,5 em função da redução na produção de ácido pelas bactérias. Escore de Nugent: sistema empregado para diagnosticar VB utilizando o exame microscópico de esfregaço de secreção vaginal corado pelo Gram, cuja pontuação é calculada avaliando-se a predominância de 3 tipos de morfologia e coloração bacterianas (pontuação entre 7-10 indicam VB): 1. 2. 3. COMPLICAÇÕES: vaginite, endometrite, endometrite pós-abortamento, doença inflamatória pélvica (DIP) não associada à N. gonorrhoeae ou à Chlamydia trachomatis e infecções pélvicas agudas após cirurgia pélvica - há associação entre VB e maior risco de doença inflamatória pélvica (DIP), DIP pós-aborto, infecções pós-operatórias da cúpula vaginal após histerectomia e anormalidades da citologia cervical, além disso, gestantes com VB correm risco de ruptura prematura das membranas, trabalho de parto e parto pré-termo, corioamnionite e endometrite pós-cesariana. TRATAMENTO: Tinidazol 2 g por via oral, diariamente, durante 3 dias ou Clindamicina 300 mg por via oral durante 7 dias - 80-90% em 1 semana, mas em 3 meses, há 30% de recorrência da flora alterada - outras formas de tratamento inclui introdução de lactobacilos, gel vaginal acidificante e uso de probióticos. pH vaginal: varia entre 4 e 4,5, resulta da produção de ácido láctico, ácidos graxos e ácidos orgânicos por espécies de Lactobacillus, outras bactérias podem contribuir com ácidos orgânicos produzidos com catabolismo de proteínas, e bactérias anaeróbias contribuem com fermentação de aminoácidos. O glicogênio presente na mucosa vaginal fornece nutrientes para muitas espécies no ecossistema vaginal e é metabolizado produzindo ácido láctico - à medida que o conteúdo de glicogênio das células epiteliais vaginais diminui após a menopausa, essa redução do substrato para produção de ácido eleva o pH (6 a 7,5). ciclo menstrual: causa alterações transitórias na flora em função das alterações hormonais, o fluxo menstrual pode servir como fonte de nutrientes para várias espécies de bactérias, resultando em aumento do seu crescimento - além disso, secreções vaginais podem aumentar no meio do ciclo menstrual pelo aumento do muco cervical. o tratamento com antibióticos de amplo espectro pode produzir sintomas da infecção por Candida albicans ou outras espécies de Candida ao eliminar espécies competitivas da flora. histerectomia com remoção do colo uterino altera flora do trato reprodutivo inferior, com aumento da prevalência de Bacteroides fragilis, Escherichia coli e Enterococcus. FLORA VAGINAL NORMAL: a flora vaginal da mulher normal, em idade reprodutiva, assintomática, inclui espécies aeróbias ou facultativas e espécies anaeróbias obrigatórias, estas predominam e superam as aeróbias na proporção de 10 para 1, mantendo relação simbiótica com o hospedeiro e sofrendo modificações dependendo do microambiente, assim, localizam- se onde suas necessidades são supridas, e a evolução do processo infeccioso depende da capacidade destrutiva do hospedeiro humano. Alguns microrganismos produzem substâncias (ácido láctico e peróxido de hidrogênio), que inibem organismos não nativos, as bacteriocinas desempenham papel similar e incluem peptídeos (acidocina e lactacina), e algumas espécies microbianas tem capacidade de produzir aderências proteicas e de se prender às células epiteliais vaginais - para proteção contra muitas substâncias tóxicas, a vagina secreta inibidor da protease dos leucócitos, que protege tecidos locais contra produtos inflamatórios tóxicos e infecções. Assim, a secreção vaginal normal é constituída de: secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas vulvares, de Bartholin e de Skene, transudato da parede vaginal, células vaginais e cervicais esfoliadas, muco cervical, líquidos endometriais e da tuba e microrganismos com seus produtos metabólicos - o tipo e quantidade de células esfoliadas, muco cervical e líquidos são determinados por processos bioquímicos influenciados pelos níveis hormonais. O tecido descamado da vagina é formado por células epiteliais vaginais sensíveis a quantidades variáveis de estrogênio e progesterona: (1) células superficiais, o principal tipo celular nas mulheres em idade fértil, predominam quando há estimulação estrogênica, (2) células intermediárias predominam na faselútea pela estimulação progestogênica, e (3) células parabasais predominam na ausência de um desses hormônios, principalmente em mulheres na pós-menopausa que não estejam recebendo TRH. Desse modo, as secreções vaginais normais têm consistência flocular e cor branca, em geral localizadas na porção da vagina situada em nível inferior (fórnix posterior), cujo exame pode ser feito por preparação a fresco, evidenciando muitas células epiteliais superficiais, poucos leucócitos (< 1 por célula epitelial) e pequeno número ou ausência de células-alvo (clue cells), e a coloração pelo Gram mostra células epiteliais superficiais normais e predomínio de bacilos gram- positivos (lactobacilos). FLORA ALTERADA: a alteração em qualquer elemento dessa ecologia pode modificar a prevalência de várias espécies, além disso, há outros eventos que alteram a flora do trato reprodutivo e podem induzir infecção na paciente. CORRIMENTO FISIOLÓGICO VAGINOSE BACTERIANA LAYANE SILVA Trichomonas pacientes com infecção por tricomonas devem ser testadas para DSTs e parceiros sexuais devem ser avaliados e encaminhados para exames. Terapia primária: Metronidazol 2 g, dose única, VO ou Tinidazol 2 g, dose única, VO. Regime alternativo: Metronidazol 500 mg, VO, 2 x/dia, por 7 dias. pacientes com cepas altamente resistentes ao Metronidazol, podem utilizar Tinidazol, na dose de 500 mg, VO, 3 vezes ao dia, por 7 dias, ou 4 vezes ao dia, por 14 dias. DST não viral, mais comumente diagnosticada em mulheres, uma vez que a maioria dos homens é assintomática, cuja incidência aumenta com a idade da paciente, em geral, a presença de Trichomonas vaginalis é marcador do comportamento sexual de alto risco, e a coinfecção com patógenos sexualmente transmissíveis é comum, em especial N. gonorrhoeae, tem-se que a taxa de transmissão é alta, 70% dos homens contraem a doença após uma única exposição a uma mulher infectada, o que sugere que a taxa de transmissão do homem para mulher é maior. O Trichomonas vaginalis tem predileção pelo epitélio escamoso, e lesões podem facilitar acesso para outras espécies sexualmente transmissíveis - a transmissão vertical durante o parto pode persistir por 1 ano. Protozoários anaeróbios com flagelo anterior (móveis), ovais, ligeiramente maiores que um leucócito e sexualmente transmitido, existe na forma de trofozoíta, é um anaeróbio capaz de gerar hidrogênio para se combinar ao oxigênio e criar um ambiente anaeróbico. QUADRO CLÍNICO: o período de incubação do T. vaginalis varia de 3 dias a 4 semanas, pode estar na vagina, uretra, ectocérvice e bexiga, podendo persistir por meses ou anos em pacientes assintomáticas - tem-se que os fatores imunes locais e a quantidade de protozoários inoculados influenciam o surgimento dos sintomas. A manifestação inclui leucorreia vaginal cheirosa, purulenta, fina e amarela ou verde, disúria, dispareunia, prurido vulvar e dor, vulva eritematosa, edemaciada e escoriada pode haver eliminação de hemorragias subepiteliais ou “manchas vermelhas” na vagina e colo uterino, pH vaginal elevado (> 5) e colpite macular ("colo em framboesa") - o exame microscópico mostra tricomonas móveis e aumento do número de leucócitos e o teste das aminas pode ser positivo. DIAGNÓSTICO: identificação microscópica de parasitas em um preparado salino da secreção, os tricomonas tornam-se menos móveis com o frio, e as lâminas devem ser observadas em até 20 minutos - como alternativas tem-se a cultura em meio Diamante, testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAATs), teste rápido para tricomonas e rastreamento por esfregaço de Papanicolau. TRATAMENTO: esquema com 7 dias de tratamento usando Metronidazol, os efeitos adversos incluem gosto metálico na boca e reação do tipo dissulfiram (náusea e vômitos), se combinado com álcool. TRICOMONÍASE Candida albicans. A infecção por fungo geralmente é causada por Candida albicans, encontrada na vagina de pacientes assintomáticas e é um comensal de boca, reto e vagina, ocasionalmente podem estar envolvidas outras espécies de Candida (C. tropicalis e C. glabrata), comum em climas quentes, pacientes obesas, quadros de imunossupressão, DM, gravidez e uso recorrente de antibióticos de amplo espectro - estima-se que 75% das mulheres tenham pelo menos 1 episódio de candidíase vulvovaginal (CVV) durante a vida, e 45% terão 2 ou mais episódios. As extensas áreas de prurido e inflamação frequentemente associadas à invasão mínima das células epiteliais do sistema genital inferior sugerem a participação de toxina ou enzima extracelular na patogenia, assim, o fenômeno de hipersensibilidade pode ser responsável pelos sintomas irritativos associados à CVV. Responsável por 85 a 90% das infecções vaginais por leveduras, é um gênero de fungos dimórficos (leveduras e hifas), pode estar presente na vagina como fungo filamentoso (pseudo-hifas) ou levedura germinada com micélios, assim existem na forma de blastosporos, responsáveis pela transmissão e colonização assintomática, e de micélios, que são produzidos pela germinação dos blastosporos e estimulam a colonização, além de facilitarem a invasão tecidual. CLASSIFICAÇÃO: não complicada (esporádica ou infrequente, leve a moderada, provável agente infectante é a C. albicans e mulher não imunocomprometida) ou complicada (infecção recorrente por cândida, infecção grave, candidíase não albicans, diabetes não controlado, imunosupressão, debilidade e gravidez). CANDIDÍASE VULVOVAGINAL elementos fúngicos estão presentes em 80% dos caso, teste das aminas é negativo, é recomendável fazer cultura para fungos. a terapia oral com azóis foi associada à elevação nas enzimas hepáticas, por isso deve-se evitar o tratamento oral prolongado, priorizando o tratamento tópico 1 ou 2 vezes por semana. FATORES DE RISCO: uso de antibióticos, gravidez e diabetes - a gravidez e o diabetes estão associados à diminuição qualitativa da imunidade celular, acarretando maior incidência de candidíase. DIAGNÓSTICO: avaliação clínica, os sintomas são prurido vulvar, dor, eritema vulvar e edema com escoriações, corrimento vaginal semelhante ao queijo cottage, que varia de aquoso a espesso homogêneo, pH vaginal normal (< 4,5) e exame microscópico da leucorreia vaginal, após aplicação de solução salina ou KOH a 10%, identifica levedura - pode haver úlceras vaginais, dispareunia, queimação vulvar, irritação, disúria quando a micção expõe à urina o epitélio vulvar e vestibular inflamado, eritema e edema da pele da vulva, lesões periféricas pustulopapulares bem- delimitadas e na vagina pode haver eritema com corrimento esbranquiçado e aderente. TRATAMENTO: azóis são eficazes em infecções não complicadas, já as mulheres com > 4 infecções por cândida em 1 ano são classificadas como portadoras da doença complicada e culturas devem ser obtidas para confirmar o diagnóstico, caso sejam espécies de Candida não albicans adicona-se Fluconazol oral, 1-3 vezes por semana. O tratamento primário para a prevenção de infecção recorrente é feito com Fluconazol oral, 100- 200 mg/semana, por 6 meses - em caso de infecção recorrente por não albicans, usa-se 1 cápsula contendo 600 mg de gelatina de ácido bórico por via intravaginal diariamente durante 2 semanas. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL RECORRENTE: define-se por 4 ou mais episódios em 1 ano, há sintomas irritativos persistentes no vestíbulo e na vulva, a queimação substitui o prurido como principal sintoma, o diagnóstico deve ser confirmado por microscopia direta das secreções vaginais e cultura para fungos., o tratamento é feito pela indução de remissão dos sintomas crônicos com Fluconazol (150 mg a cada 3 dias por 3 doses) e as pacientes devem ser mantidas com dose supressora do fármaco (fluconazol, 150 mg/semana) durante 6 meses. A B O R D A G E M À S I S T S O atendimento de pacientes com DST visa interromper a cadeia de transmissão de forma efetiva e imediata, evitar complicações e cessação imediata dos sintomas, deve-se prover diagnóstico sindrômico, implementar tratamento imediato, realizar aconselhamento paraestimular a adesão ao tratamento, para redução de riscos, busca, orientação e tratamento de parceiros e incentivo ao uso de preservativos. O exame físico e a anamnese do paciente e de seus contatos sexuais devem constituir-se nos principais elementos dos diagnósticos das DST, incluindo exame clínico-genital minucioso buscando outras DST, educação para redução de riscos, orientação sobre cuidados higiênicos, oferecimento do teste de sífilis, hepatite B e anti-HIV, aconselhamento, estímulo à adesão ao tratamento, promoção do uso de preservativos, busca de parceiros sexuais e a notificação do caso - além da pesquisa e observação de achados de outras doenças, por meio de: inspeção geral, controle de PA, palpação de mamas, toque retal e citologia oncótica de colo de útero se necessário. EXAME FÍSICO Exame estático: observar disposição dos pêlos, conformações anatômicas, distrofias, discromias, tumorações, ulcerações etc. Exame dinâmico: utilizar luvas de procedimento, descartáveis, deve- se colocar os dedos indicador e médio na região das glândulas de Bartholin (5 a 7 horas) e tracioná-las para baixo e para fora, com isso pode-se entreabrir a vulva, que ficará completamente exposta, solicitando-se à paciente para aumentar a pressão intra-abdominal. Exame especular: coloca-se espéculo esterilizado a 75o, pressionando a parede posterior da vagina, usando o dedo indicador e médio para expor o intróito vaginal, observar coloração e pregueamento vaginal, aspecto do colo uterino e muco cervical, notar secreções, tumorações, ulcerações e roturas - efetuar coleta de material quando há secreção, lesões vegetantes ou ulceradas e fazer o teste de Schiller (lugol) para evidenciar lesões do colo e ectopias. Observar pele (palma das mãos e planta dos pés), mucosas orofaríngea e dos genitais e palpar os gânglios dos segmentos corporais (cabeça, tronco e membros), lesões (ulceradas ou não, baixo ou alto relevo, hiperêmica, hipercrômica, circular, irregular, circinada etc.), no abdômen, dorso, couro cabeludo e região perineal. EXAME GENITAL: LAYANE SILVA Toque vaginal: usar o dedo indicador para deprimir o períneo posterior, o que contribui para relaxamento da musculatura, introduz- se os dedos médios e indicador (lubrificados), sentindo elasticidade vaginal, tumorações e/ou abaulamentos, consistência e tamanho do colo e aberturas do canal cervical, movendo-se o colo, traciona-se os ligamentos cardinais e largo, evidenciando processos inflamatórios. Toque bimanual: posiciona-se a outra mão na parede abdominal da paciente e a mão vaginal empurra colo e útero para cima para que o fundo do mesmo possa ser palpado entre a mão abdominal e a vaginal, e assim, notar seu tamanho, consistência, mobilidade, regularidade de sua forma, ângulo em relação ao colo e à vagina e sensibilidade da paciente. As regiões anexas são palpadas inserindo os dedos vaginais lateralmente ao colo, até o fundo do fórnix, e tracionando estruturas na pelve com a mão abdominal, já as estruturas anexas (ligamento largo, trompa e ovário) são palpadas entre as duas mãos, assim, deve- se procurar por massas e alterações da sensibilidade - identificar tamanho, forma, consistência e sensibilidade de qualquer massa. Toque retal: palpa-se canal anal à procura de massas, principalmente septo retrovaginal, ligamentos uterossacrais, fundo de saco e fundo uterino posterior. D I P microbiologia e patogênese. A doença inflamatória pélvica (DIP) é processo inflamatório de natureza infecciosa que pode atingir estruturas do trato genital superior, como útero, tubas uterinas, ovário e estruturas anexas, provocando endometrite, salpingite, ooforite, abscesso tubo-ovariano e peritonite, é determinada por ascensão do agente infeccioso vaginal ou cervical, de forma espontânea ou devido a procedimentos como inserção de DIU, biópsia de endométrio e curetagem - tem como sequelas: infertilidade por problemas tubários, gravidez ectópica e dor pélvica crônica. A salpingite clássica é secundária à infecção por N. gonorrhoeae, mas C. Trachomatis e T. vaginalis são comumente isoladas, assim, na flora do trato reprodutivo inferior de pacientes com DIP e VB predominam espécies anaeróbias, por isso, acredita-se que a infecção do trato superior seja causada por bactérias oriundas do trato reprodutivo inferior que ascendem para o trato superior, onde os gonococos podem causar resposta inflamatória direta na ectocérvice, endométrio e tubas uterinas. ETIOLOGIA Chlamidia trachomatis: especialmente em mulheres de 20-24 anos, 70% dos casos são assintomáticos, 15-80% evoluem para DIP e 10-20% terão infertilidade tubária, sua resposta imunológica está envolvida na fisiopatologia da evolução para DIP e infertilidade, pois o polimorfismo genético na produção de citocinas e tipo de antígeno leucocitário humano parecem associar-se à evolução, independentemente de antimicrobianoterapia, visto que o microrganismo produz toxina responsável pelas lesões e evolução para infertilidade. Mycoplasma: importante agente de DIP, identificado em endométrio e trompas de pacientes com DIP e sendo associado à infertilidade. a investigação para DIP deve iniciar a) em qualquer momento em que o exame especular ou manual for realizado; b) quando apresentar queixas vagas de desconforto abdominal, dor dorsal, spotting e dispareunia; c) antes de procedimentos transcervicais. Os agentes etiológicos envolvidos na DIP são os principais responsáveis por uretrites, cervicites e vulvovaginites como Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, além de Mycoplasma hominis, Mycoplasma genitalium, Ureaplasma urealyticum, Gardnerella vaginalis, Bacteróides spp. Outras bactérias anaeróbias responsáveis por vaginoses podem levar à DIP, como cocos Gram-positivos (p.e Streptococus agalactiae, Streptococcus do grupo A, Sthaphylococcus sp.) e Enterobacteriaceas (p.e, E. coli), geralmente tem etiologia polimicrobiana - sugere-se que a presença de agentes de vaginose bacteriana (Lactobacillus produtores de peróxido de hidrogênio, Gardnerella vaginalis, Mycoplasma hominis, bastonetes Gram-negativos e Ureaplasma urealyticum) aumentam risco de DIP. FATORES DE RISCO: podem ser relacionados ao comportamento sexual (jovens de 10-19 anos, solteiras, parceiros múltiplos, novo parceiro recente, história pregressa ou infecção por agentes de IST, não utilização de métodos de barreira, parceiro sexual com uretrite ou gonorreia) e à manipulação e instrumentação uterina (interrupção da gravidez, uso de DIU, histerossalpingografia, fertilização in vitro ou inseminação) - além de outros fatores como: ducha, uso abusivo de substâncias, situação socioeconômica desfavorável, diagnóstico anterior de DIP e teste endocervical positivo para Neisseria gonorrhoeae ou Chlamydia trachomatis. (DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA) FISIOPATOLOGIA Ocorre ascensão dos microorganismos pelo trato genital, ultrapassando o orifício interno do colo uterino e atingindo trato genital superior, o que é facilitado no período perimenstrual e pós menstrual imediato devido à maior fluidez do muco cervical, contratilidade uterina típica do período, o que leva a ‘sucção’ de conteúdo vaginal, e discreta abertura do colo. O processo infeccioso se inicia no endométrio, levando à endometrite, marcada pela presença de plasmócitos no estroma endometrial e ao exame físico por dor à mobilização do colo uterino e dor infraumbilical, em seguida, a progressão da infecção atinge as trompas, levando a lesão do epitélio ciliar que associada a reação inflamatória ocasiona edema com infiltrado leucocitário e leva à dor à palpação anexial. A inflamação tubária leva a formação de aderências a qual justifica a dor pélvica crônica, e pode ocorrer oclusão do lúmen tubário, que pode estar associado à infertilidade por fator tubário e ao risco aumentado de gestação ectópica. Na sequência, a infecção atinge ovários formando abscessos tubo-ovarianos os quais podem se abrir para cavidade peritoneal pélvica, levando à peritonite e podendo levar a formação de abscessos em outras regiões (fundo desaco de Douglas, entre alças intestinais ou no espaço subdiafragmático). Além disso, pode haver formação de pequenos abscessos na superfície hepática constituindo a Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (SFHC), cuja fase aguda é marcada por exsudado purulento visível na cápsula de Glisson associada a edema, constituindo uma peri-hepatite, já na fase crônica há aderências típicas entre parede abdominal anterior e superfície hepática, descritas como em ‘corda de violino’, provocando dor pleurítica e em hipocôndrio direito. QUADRO CLÍNICO As principais manifestações clínicas são: dor à mobilidade cervical, dor uterino ou anexial ao exame bimanual e evidência de infecção do trato genital - o corrimento vaginal secundário a endometrite, cervicite ou vaginose não é específico, mas sua ausência tem alto valor preditivo negativo - outras alterações incluem: dor abdominal baixa (bilateral), febre (38°C), sangramento não habitual (como metrorragia), disúria, dispaureunia, início da dor associada à menstruação, náuseas e vômitos. Assim, o diagnóstico diferencial inclui outras afecções abdominais, especialmente apendicite, gravidez ectópica (exclusão sempre necessária), endometriose (sintomatologia associa-se ao ciclo menstrual), complicações de cisto ovariano (manifestações agudas) e dor funcional (manifestações crônicas). A evolução subclínica dificulta o diagnóstico e leva a sequelas em longo prazo como gravidez ectópica, infertilidade tubária, abscesso tubo-ovariano e dor pélvica crônica. SINTOMAS E SINAIS FÍSICOS: dor abdominal baixa e/ou pélvica, secreção vaginal ama- rela, menorragia, febre, calafrios, anorexia, náuseas, vômitos, diarreia, dismenorreia e dispareunia - também podem ter sintomas de infecção urinária, leucorreia ou ectocervicite mucopurulenta. No exame pélvico bimanual, mulheres com DIP aguda tem sensibilidade à palpação dos órgãos pélvicos, a dor à mobilização cervical (DMC) é induzida pelo deslocamento rápido do colo uterino, no sentido lateral, feito pelos dedos no exame vaginal - sinal de pelviperitonite (“descompressão brusca” vaginal). Se a paciente tiver peritonite pélvica secundária a bactéria e resíduos purulentos originados das fímbrias das tubas uterinas, a movimentação rápida do colo uterino e peritônio provocada pela manobra provavelmente irá causar resposta dolorosa. Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: inflamação da cápsula hepática, que pode ocorrer na DIP, pode levar a dor no quadrante superior direito. CLASSIFICAÇÃO Leve: apenas os anexos estão espessados e dolorosos ao toque. Moderada: apresentam envolvimento do peritônio pélvico e repercussões de infecções sistêmicas. Graves: comprometimento peritoneal difuso, manifestações sistêmicas e abscessos tubo-ovarianos. A classificação clínico-laparoscópica de DIP pode ser dividida em: Estágio I: endometrite/salpingite sem peritonite; Estágio II: salpingite aguda com peritonite; Estágio III: salpingite aguda com oclusão tubária ou abscesso tubo- ovariano; Estágio IV: abscesso tubo-ovariano roto. PROPEDÊUTICA A suspeita clínica deve ser confirmada, sempre que possível, pela identificação dos agentes etiológicos por intermédio de exames complementares específicos e sorologias para avaliar coinfecção por outros agentes, como VDRL, hepatite B e C e vírus da imunodeficiência humana - a reação em cadeia de polimerase tem sido usada para identificação de agentes etiológicos. LAYANE SILVA A propedêutica para avaliação do comprometimento sistêmico do paciente e do trato genital feminino contribui para diagnóstico diferencial, inclui hemograma completo, velocidade de hemossedimentação (VHS) ou proteína C reativa (PCR) - indicam o seguimento de leucócitos e evolução da resposta inflamatória - radiografia simples do abdome; urina rotina e urocultura, teste de gravidez, biópsia de endométrio - revela evidência histopatológica de endometrite - ecografia - pode revelar tubas espessadas, com líquido em seu interior em cavidade pélvico ou tubo- ovariano (identifica abscesso tubo-ovariano) - ou ressonância abdominopélvica e laparoscopia - padrão-ouro, pode revelar anormalidades anatômicas sugestivas de DIP, como trompas de falópio edematosas, frequentemente com exsudato na terminação das fimbrias, além de adesões ao redor de tubas que podem estar presentes. CRITÉRIOS: o diagnóstico de DIP pode ser definido com 3 critérios maiores + 1 menor ou 1 critério elaborado. A R T R I T E R E U M A T Ó I D E Doença inflamatória sistêmica crônica, de etiologia desconhecida, que acomete primariamente o tecido sinovial, tem prevalência de 1% dos adultos em todo o mundo, diminui a sobrevida e afeta significativamente a qualidade de vida da maioria dos pacientes, visto que apresentam alguma manifestação sistêmica, como fadiga, febre baixa, anemia e elevação dos reagentes de fase aguda (velocidade de hemossedimentação ou proteína C reativa), embora tenha como alvo primário a membrana sinovial, assim, o tecido sinovial prolifera descontroladamente, resultando em produção excessiva de líquido, destruição da cartilagem, erosão do osso marginal e frouxidão e dano aos tendões e ligamentos. EPIDEMIOLOGIA: tem prevalência de 0,5-1% dos adultos, sendo 2 a 3 vezes maior nas mulheres, pode ocorrer em qualquer idade, mas o aparecimento antes dos 45 anos em homens é incomum, a incidência anual é de 40/100.000 para mulheres e cerca da metade disso para homens, sugere-se que a incidência da AR nas mulheres aumenta com a idade até aproximadamente 50 anos e se estabiliza, e é muito menor nos homens jovens (1/3) e se aproxima das mulheres com 65 anos - observa-se que a incidência da AR, particularmente da AR com fator reumatoide (FR) negativo, pode estar diminuindo, e o componente genético na AR é significativo para a distribuição geográfica da doença. FISIOPATOLOGIA GENÉTICA: tem papel significativo na determinação do risco de desenvolvimento da AR e do risco de gravidade da doença - há taxa de 15- 20% de concordância entre gêmeos monozigóticos e 5% entre gêmeos dizigóticos. Assim, é uma doença multigênica com contribuições importantes de genes tanto do sistema HLA como não HLA (antígeno leucocitário humano -HLA), na qual há associação de alelos HLA, especialmente HLA-DR4, com maior risco de desenvolver AR na forma mais grave, em função da sequência específica de aminoácidos na terceira região hipervariável da cadeia DRβ1 - as moléculas de HLA-DR se situam na superfície das células apresentadoras de antígeno e permitem às células T reconhecer o antígeno apresentado no contexto do DR, cujas regiões hipervariáveis realizam o reconhecimento de antígenos. A sequência de aminoácidos associada à AR é epítopo compartilhado ou alelo de risco, que pode auxiliar a compreensão do antígeno ou dos antígenos que são importantes para desencadear a AR mais grave e com mais manifestações extra-articulares. Além disso, um polimorfismo funcional do gene que codifica a proteína intracelular tirosina fosfatase não receptora tipo 22 (PTPN22) tem sido relacionado à AR e com diversas outras doenças autoimunes, como DM tipo I, lúpus sistêmico eritematoso, doença de Graves e tireoidite de Hashimoto. ETIOLOGIA: o desenvolvimento da AR necessita da interação complexa de fatores genéticos e ambientais com o sistema imune e, por último, atinge os tecidos sinoviais do corpo, em geral, alterações imunológicas antecedem as manifestações clínicas, visto que podem ser encontrados autoanticorpos, principalmente anticorpos antipeptídios citrulinados (ACPA) e fator reumatoide (FR). uso de contraceptivos orais está associado a diminuição na incidência de AR pelo alto conteúdo de estrogênio, que gera um efeito protetor. tabagismo em sido associado a um aumento significativo no risco de desenvolvimento da AR para pacientes com ACPA positivo, é fator de risco para AR nos pacientes portadores do epítopo compartilhado, e tem sido associado à pouca resposta ao tratamento. entre os fatores desencadeantes também inclui-se bactérias (Mycobacteria, Streptococcus, Mycoplasma, Escherichia coli, Helicobacter pylori),vírus (da rubéola, vírus Epstein- Barr, parvovírus) e superantígenos. fatores desencadeantes infecciosos estão associados a febre reumática, artrite reativa (síndrome de Reiter) e artrite de Lyme. artrite reativa ocorre quando algum dos agentes infecciosos entra em contato com determinados órgãos ou sistemas (vias gastrointestinais ou geniturinárias) de indivíduos com determinado componente genético (HBL-B27), sendo a idade e o sexo do indivíduos (maturidade do sistema imune fundamentais para desenvolvimento da doença. acredita-se que infecções envolvendo sistema imune inato tem efeito causal na fase precoce subclínica da evolução da AR, e estão ausentes quando a doença clínica se desenvolve. quanto ao sistema imune celular e humoral, tem-se que as células T (Th1 e Th17) parecem predominar nos tecidos sinoviais, e quando ativadas por um antígeno apresentado pelos macrófagos, células B ou sinoviócitos no contexto do HLA-DR, secretam citocinas que estimulam a proliferação sinovial. no sistema imune humoral, o FR é o marcador sorológico da AR, que possui correlação com doença mais grave, inclusive com erosões ósseas e presença de manifestações extra-articulares - a produção do FR pode aumentar a ativação do complemento e resultar na liberação de enzimas lisossomais, cininas e radicais livres de oxigênio. PATOGÊNESE: complexa, envolve múltiplos mecanismos desencadeantes (tabagismo, infecção, mimetismo molecular, complexos imunes, alteração do repertório e/ou da reatividade das células T) que variam de acordo com a herança genética. FISIOPATOLOGIA: os tecidos sinoviais são alvo primário do processo inflamatório autoimune da AR, se iniciada, os tecidos sinoviais tornam-se local de interação complexa entre células T, células B, macrófagos e células sinoviais, resultando em proliferação dos tecidos sinoviais (sinovite), que acarreta a produção de quantidade excessiva do líquido sinovial e infiltração do pannus no osso e cartilagem adjacentes - além disso, resulta na destruição da cartilagem e do osso marginal e no estiramento ou ruptura da cápsula articular, dos tendões e ligamentos, causando nos pacientes as deformidades e incapacidade. LAYANE SILVA A AR pode afetar qualquer articulação sinovial (diartrodial), tem início nas articulações metacarpofalangeanas (MCF), interfalangeanas proximais (IFP) e metatarsofalangeanas (MTF), punhos, joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris e ombros - posteriormente, acomete articulações temporomandibulares, cricoaritenoides e esternoclaviculares, e pode atingir a porção superior da coluna cervical, (articulação C1- C2). MANIFESTAÇÕES ARTICULARES Em paciente com AR há maior risco de osteoporose e o tratamento precoce ajuda a limitar o número de articulações envolvidas. MÃOS: principal área acometida pela AR, seu dano e disfunção contribui significativamente com o quadro de incapacidade, inicia com edema das IFP e MCF, raramente envolve articulações interfalangeanas distais (IFD), é comum haver desvio ulnar das MCF e as deformidades em “pescoço de cisne” (hiperextensão das IFP) nas doenças avançadas, deformidades em boutonnière (ou botoeira) ocorrem em função da hiperflexão das articulações IFP e à medida que a doença permanece ativa, a função da mão se deteriora lentamente - assim, a perda súbita da função de um dedo isolado resulta da ruptura de tendão. PÉS: articulações MTF são acometidos precocemente, erosões radiográficas ocorrem nas fases iniciais, podendo anteceder ou surgir junto com as das mãos, é comum a subluxação dos artelhos, causando duplo problema de ruptura da pele e úlceras no topo dos dedos dos pés, pode ocorrer locomoção dolorosa devido à perda do coxim gorduroso que normalmente protege as cabeças das articulações MTF. PUNHOS: as articulações do punho estão comprometidas, há desvio radial e, em caso de envolvimento grave, podem progredir para subluxação volar, na fase inicial, há proliferação sinovial nos punhos e em torno deles pode comprimir o nervo mediano, causando síndrome do túnel do carpo, posteriormente, esta proliferação sinovial pode invadir os tendões e levar à ruptura de tendões extensores. GRANDES ARTICULAÇÕES: é comum o envolvimento de joelho, tornozelo, cistos de Baker podem dissecar e expandir para tecidos da panturrilha ou podem romper-se com extravasamento para panturrilha, e produzir sensação de plenitude ou massa poplítea. a ruptura do cisto, com extravasamento do conteúdo inflamatório, causa dor e edema significativos (síndrome de pseudotromboflebite). o tratamento visa a interrupção do processo inflamatório no joelho através de injeção intra-articular de corticosteróides. cotovelo, quadril e ombro, a superfície articular é acometida de forma simétrica - no caso do joelho, os compartimentos medial e lateral estão gravemente diminuídos. Os cistos sinoviais podem ocorrer em qualquer articulação e são massas flutuantes macias, quando o joelho produz excesso de líquido sinovial que acumula no espaço poplíteo (cisto poplíteo ou cisto de Baker), que podem pressionar nervo, artéria ou veia poplíteas. subluxação C1-C2 é pequena e assintomática, mas pode ser grave e causar comprometimento da medula cervical e óbito. articulações cricoaritenoides provocam abdução e adução das cordas vocais, causando sensação de plenitude, volume na garganta, rouquidão e, se as cordas estiverem paralisadas na posição fechada, pode causar obstrução respiratória aguda alta, com ou sem estridor. PESCOÇO: coluna cervical e especialmente articulações C1-C2 são comumente atingidas, podem haver erosões ósseas e o dano ligamentar causando subluxação. OUTRAS ARTICULAÇÕES: podem comprometer articulações temporomandibulares, cricoaritenoides e esternoclaviculares. Frequentemente, há manifestações sistêmicas da AR como fadiga, perda de peso e febre baixa e outras manifestações extra-articulares, são mais comuns em pacientes com fator reumatoide ou anticorpos ACPA +. MANIFESTAÇÕES EXTRA-ARTICULARES PELE: em 1/4 dos pacientes com FR positivo há nódulos subcutâneos - em pacientes com FR negativo, deve ser investigado gota tofácea crônica - podem ocorrer em qualquer ponto do corpo sendo mais frequentes no tecido subcutâneo nas superfícies extensoras (antebraço) sobre articulações ou pontos de pressão, tem consistência firme à palpação, indolores e com histopatologia característica, em geral, resultam da vasculite de pequenos vasos - nodulose reumatoide, síndrome caracterizada por nodulose apesar da terapia com metotrexato. COMPROMETIMENTO CARDÍACO: há morbidade e mortalidade aumentadas por doença coronariana, em função das medicações usadas no tratamento da AR e o estilo de vida sedentário (fatores de risco), são comuns derrames pericárdicos assintomáticos ou pode causar pericardite fibrinosa ou constritiva. Esporadicamente, nódulos reumatóides podem ocorrer no sistema de condução e causar bloqueio cardíaco. Derrames pleurais: comum em homens, são pequenos e assintomáticos, o líquido pleural na AR se caracteriza por baixos níveis de glicose e de pH. Nódulos reumatoides: podem ocorrer no pulmão, comum em homens, são sólidos, mas podem calcificar, formar cavitações ou tornar-se infectados - raramente podem se romper e causar pneumotórax e, se os pacientes forem expostos à poeira do carvão podem ocorrer áreas mais densas, difusas, nodulares (síndrome de Caplan). fibrose intersticial difusa ocorre na AR e pode progredir para lesões em favo de mel com dispneia crescente - raramente, pode haver bronquiolite obliterante com ou sem pneumonia, com pior prognóstico, comum em associação com a terapia com D-penicilamina ou sais de ouro. MANIFESTAÇÕES PULMONARES: derrames pleurais, nódulos reumatóides e doença pulmonar parenquimatosa. MANIFESTAÇÕES OFTALMOLÓGICAS: ceratoconjuntivite seca (olho seco), decorrente da síndrome de Sjögren secundária, pode haver xerostomia (boca seca), edema de glândulas parótidas ou linfadenopatia, além de esclerite dolorosa, om progressão para o afilamento da esclera (observação da pigmentação subjacente), que pode progredir paraperfuração da órbita (escleromalacia perfurante) - raramente, a tendinite do músculo oblíquo superior pode resultar em visão dupla (síndrome de Brown). LAYANE SILVA MANIFESTAÇÕES NEUROLÓGICAS: síndromes compressivas de nervos periféricos, incluindo a síndrome do túnel do carpo (nervo mediano no punho) e a síndrome do túnel do tarso (aprisionamento do nervo tibial anterior no tornozelo); vasculite pode provocar mononeurite múltipla com vários problemas neurológicos adicionais; subluxação de C1-C2 pode causar mielopatia - raramente, há nódulos reumatoide no SNC. SÍNDROME DE FELTY: tríade de AR, esplenomegalia e neutropenia, ocorre em pacientes com doença grave, com FR positivo, e pode causar hepatomegalia, trombocitopenia, linfadenopatia e febre - se houver neutropenia grave (<500 células/μL), acompanhada de infecções bacterianas recorrentes ou úlceras crônicas nas pernas de difícil cicatrização pode ser indicada esplenectomia. Alguns pacientes possuem no sangue periférico predomínio de grandes linfócitos granulares com uma ausência quase completa de neutrófilos (síndrome dos grandes linfócitos granulares), tem bom prognóstico e responde à terapia com metotrexato. na artrite inflamatória, é comum o relato de rigidez nas articulações que piora pela manhã ou após períodos prolongados de repouso, perdurando por horas e aliviando com calor e atividade. A maioria dos pacientes com AR tem início insidioso de dor, rigidez ou edema, ou uma combinação dos três em várias articulações ao longo de semanas a meses, que pode ser acompanhado de manifestações sistêmicas, como fadiga, febre baixa e perda de peso, além disso, pode haver monoartrite ou oligoartrite persistente por períodos prolongados, antes de manifestar um padrão mais típico de envolvimento articular - raramente há características extra-articulares da AR antes do aparecimento dos sintomas articulares. Caracteristicamente, os sintomas começam nas pequenas articulações das mãos (articulações IFP e MCF) e nos dedos dos pés (articulações MTF), poupando as articulações interfalangeanas distais (IFD) e as pequenas articulações dos dedos dos pés, mais tarde, migram para grandes articulações: punhos, joelhos, cotovelos, tornozelos, quadris e ombros, sendo marcada por inflamação (edema e/ou calor) no exame das articulações. QUADRO CLÍNICO CLASSIFICAÇÃO: há 5 critérios clínicos, definidos pelo médico durante o exame físico ou conversando com o paciente, e 2 critérios que requerem exames laboratoriais ou radiografias - sendo que os 4 primeiros precisam estar presentes por pelo menos 6 semanas, pois várias condições podem causar poliartrites de curso autolimitados e presença de FR, incluindo síndromes virais. que dura 2-3 semanas. O objetivo é estabelecer o diagnóstico e começar a terapia com DMCD dentro dos 3 primeiros meses da doença, visto que a identificação dos anticorpos ACPA, mesmo nas primeiras semanas da doença, é sugestiva de AR mais agressiva. DIAGNÓSTICO ACHADOS LABORATORIAIS: há presença do FR em 80% dos pacientes, que é um anticorpo que reconhece como antígeno a porção Fc da imunoglobulina G (IgG), fortemente associado à doença articular mais grave e manifestações extra-articulares; há anticorpos ACPA em 70% dos pacientes, tem alta especificidade e aprecem antes do diagnóstico clínico, sendo relacionados à doença erosiva grave - além disso, a AR está associada a anticorpos antinucleares (30%) e anticorpos anticitoplasma de neutrófilos do tipo perinuclear (30%). A maioria dos pacientes tem anemia crônica, cujo grau é proporcional à atividade da doença, e a terapia que controla a doença normaliza os níveis de hemoglobina, pode ser causada por deficiência de ferro devido à perda de sangue gastrointestinal - pode haver trombocitose com contagem de plaquetas normal quando a inflamação é controlada. Reagentes de fase aguda, VHS e níveis de proteína C-reativa acompanham a atividade da doença e sua elevação persistente indica pior prognóstico (destruição articular e mortalidade). Contagem de leucócitos pode estar elevada, ou, na síndrome de Felty, diminuída, e pode haver eosinofilia. O líquido sinovial na AR é caracterizado por contagem de glóbulos brancos entre 5000- 100.000 por mm3, com predominância de leucócitos polimorfonucleares. no idoso com AR de início fulminante, deve-se investigar sinovite simétrica soronegativa remitente com edema depressível (síndrome RS3PE - remitting RF-negative symmetrical synovitis with pitting edema) e síndromes paraneoplásicas. gota tofácea crônica pode mimetizar AR nodular grave. hipotireoidismo pode causar manifestações reumáticas, ou ocorrer associado à AR. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: na fase inicial da evolução da doença, avaliar síndromes virais autolimitadas, especialmente vírus das hepatites B e C, parvovírus, rubéola (infecção ou vacinação) e Epstein-Barr, e a qualquer momento, investigar lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriásica e artrite reativa. Para isso deve-se usar uma anamnese dirigida e exame físico para buscar características clínicas associadas a essas doenças, como erupções eritematosas, úlceras orais, alterações nas unhas, dactilites, uretrites e problemas renais, pulmonares, gastrointestinais ou oftalmológicos.
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