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Artigo sobre Direito do Esquecimento

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DIREITO AO ESQUECIMENTO: UM CONFLITO ENTRE A DIGNIDADE DO 
INDÍVIDUO E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO DA 
COLETIVIDADE 
 
Caio Felipe Larry Barriga Uchôa 
1
 
Cleude dos Santos Fonseca
 2 
Dayse das Dores Silva Ferreira Bogea
 3 
Keyson Luís dos Santos Galvão
 4 
Luís Ricardo Pires Lima
 5 
Raimundo Nonato Sousa Gomes
6 
RESUMO 
Há uma grande discussão no tocante a entendimentos no que se refere a liberdade de 
expressão/informação e os atributos do indivíduo tais como: a intimidade, a privacidade e a honra. 
Nesse sentido, o presente artigo justifica-se na tentativa de compreender os diferentes entendimentos 
e/ou posicionamentos acerca dessa questão. Para tanto, surge a seguinte problemática: Até que ponto o 
direito ao esquecimento é um direito no que tange a preservação ou não dos atributos individuais da 
pessoa humana? A partir dessa indagação, traça-se como objetivos essenciais na tentativa de responder 
tal problemática, a saber: compreender que a Personalidade e Dignidade são atributos próprios do ser 
humano; entender até que ponto, conhecer fatos, notícias e acontecimentos da vida pessoal do indivíduo 
são realmente de interesse coletivo; e por fim, analisar dois casos concretos dessas nuances, de forma a 
construir uma opinião consistente, mas não conclusiva. Desta feita, a consolidação dessa proposta 
repousa em um trabalho de cunho bibliográfico, que logicamente não pretende analisar todos os aspectos 
do tema. Pretende-se portanto, pontuar aspectos principais das relações com esse direito. Assim sendo, 
o Supremo Tribunal Federal entende que é incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito 
ao esquecimento, assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a 
divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação 
social – analógicos ou digitais. 
 
Palavras – chave: Dignidade da pessoa humana; Direito da Personalidade; Liberdade de expressão e 
informação. 
 
1INTRODUÇÃO 
 
O direito ao esquecimento é um tipo de direito que o indivíduo possui de não 
permitir e/ou desejar que uma notícia, acontecimento, mesmo que verdadeiro e que se passou 
em um dado momento de sua vida pessoal ou profissional, venha a ser divulgado, tal qual, possa 
 
1 Técnico em administração; Acadêmico do curso de Direito. E-mail: caiofelipe.larry@gmail.com 
2 Pós-graduação em Docência do Ensino Superior – Faculdade Cândido Mendes. Licenciatura em Letras - UEMA; 
Acadêmica do Curso de Direito. E-mail: cleudefonseca@bol.com 
3 Pós-graduação em Supervisão Escolar - IESF; Licenciatura em matemática – UEMA; Acadêmica do curso de 
Direito. E-mail: suedlorena17@gmail.com 
4 Bacharel em Gestão Empresarial- Universidade Estadual do Vale do Acaraú - UVA; Acadêmico do Curso de 
Direito. E-mail: keyssongalvao@hotmail.com 
5 Bacharel em Administração - CEERSEMA. Acadêmico do Curso de Direito. E-mail: asafericardo@gmail.com 
6 Pós-graduação em Supervisão Escolar - IESF; Licenciatura em Letras – INSTITUTO APICE; Acadêmica do 
curso de Direito. E-mail: raimundononatogomes61@gmail.com 
 
mailto:caiofelipe.larry@gmail.com
mailto:cleudefonseca@bol.com
mailto:suedlorena17@gmail.com
mailto:keyssongalvao@hotmail.com
mailto:asafericardo@gmail.com
mailto:raimundononatogomes61@gmail.com
 
 
 
 
 
de alguma forma submeter-lhe a constrangimento, transtorno ou sofrimento tanto pessoal como 
familiar. 
O fundamento legal, no Brasil, repousa dentro da Constituição de forma legal, uma 
vez que, considera-se um direito à privacidade, a intimidade e a honra, em que os mesmos são 
assegurados na Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, X) e pelo Código Civil/02, artigo 
21. Ainda corroborando nesse sentido têm-se ainda que o mesmo decorre da dignidade da 
pessoa humana, conforme preceitua o artigo 1º, III, da Constituição Federal/1988. 
Notadamente, há uma grande discussão no tocante a entendimentos no que se refere 
a liberdade de expressão/informação e os atributos do indivíduo tais como: a intimidade, a 
privacidade e a honra. Nesse sentido, o presente artigo justifica-se na tentativa de compreender 
os diferentes entendimentos e/ou posicionamentos acerca dessa questão. 
Para tanto, surge a seguinte problemática: Até que ponto o direito ao esquecimento 
é um direito no que tange a preservação ou não dos atributos individuais da pessoa humana? A 
partir dessa indagação, traça-se como objetivos essenciais na tentativa de responder tal 
problemática, a saber: compreender que a Personalidade e Dignidade são atributos próprios do 
ser humano; entender até que ponto, conhecer fatos, notícias e acontecimentos da vida pessoal 
do indivíduo são realmente de interesse coletivo; e por fim, analisar dois casos concretos dessas 
nuances, de forma a construir uma opinião consistente, mas não conclusiva. 
Desta feita, a consolidação dessa proposta repousa em um trabalho de cunho 
bibliográfico, que logicamente não pretende analisar todos os aspectos do tema. Pretende-se 
portanto, pontuar aspectos principais das relações com esse direito. 
 
2 DIREITO DA PERSONALIDADE 
 
Nesse interim, o direito surgiu como uma forma de organização dos seres humanos, 
buscando regular a conduta humana, tendo-os como centro do direito, e apesar da dignidade e 
da individualidade ser algo intrínseco dos indivíduos, o direito precisa ter em seu ordenamento 
jurídico algo que busca proteger esses direitos da pessoa humana como ser existente, e esses 
são os direitos da personalidade. 
 
“Portanto, é possível afirmar que o direito ao respeito da dignidade da pessoa humana 
concretiza de fato e de direito uma limitação à liberdade individual de dispor 
[plenamente] dos próprios direitos, incluindo os da personalidade (vida, liberdade, 
integridade etc.), tutelando o indivíduo contra si mesmo. Dessa forma, o Estado é 
obrigado a agir para garantir um conteúdo mínimo e igualitário à esfera jurídica de 
cada pessoa, abrangendo o direito à vida, à saúde, à integridade, à imagem e à honra, 
 
 
 
 
 
às liberdades, à reserva sobre a intimidade da vida privada, por exemplo.”. 
(MARIGHETTO, 2019) 
 
Os direitos da personalidade são definidos pelo Código Civil como o direito 
irrenunciável e intransmissível, não podendo sofrer limitação voluntária. Essa personalidade 
não é a personalidade humana, mas sim a personalidade jurídica que reflete esses direitos a 
partir do momento que o ordenamento jurídico os recolhe. 
Os direitos da personalidade foram introduzidos no Brasil com a Constituição 
Federal de 1988, tendo entre seus direitos fundamentais, a dignidade da pessoa humana, o que 
fez a semente desse direito crescer no Código Civil de 2002. 
 
“O novo Código Civil começa proclamando a ideia de pessoa e os direitos da 
personalidade. Não define o que seja pessoa, que é o indivíduo na sua dimensão 
ética, enquanto é e enquanto deve ser. A pessoa, como costumo dizer, é o valor-
fonte de todos os valores, sendo o principal fundamento do ordenamento jurídico; 
os direitos da personalidade correspondem às pessoas humanas em cada sistema 
básico de sua situação e atividades sociais.”. (REALE, 2004) 
 
Na lei, cada direito da personalidade é feito para tutelar um valor fundamental e 
exigem respeito à proteção da integridade física e psíquica, como por exemplo, o corpo, o risco 
de vida, o nome, a imagem, a honra e a vida privada. 
E por esse fato, entende-se que as pessoas e/ou qualquer forma de organização não 
podem usar esses direitos para menosprezar ou expor outras pessoas de forma que ameace sua 
condição de dignidade e individualidade. 
 
3 A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: ATRIBUTOS INDIVIDUAIS COMO 
INTIMIDADE, PRIVACIDADE E A HONRA 
 
 A dignidade da pessoa humana é um valor resultante dos grandes feitos de uma 
população que ao longo dos tempos, passou humilhações e perda de sua honra, que por meio 
da ditaduramilitar, sofreu torturas e desrespeitos, que levaram a inúmeras lutas e desejos que 
resultaram na Constituição Federal de 1988, em que a natureza da pessoa passa a ser 
dignificada, confutando arbitrariedades que eram cometidas; conquista esta, cujo valor é 
imensurável, e que é o norte da Constituição. 
 
 “Nós representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado democrático, destinado a assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
 
 
 
 
 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República 
Federativa do Brasil”. (CF/1988, p.07). 
 
 Houve em nosso país, épocas de abusos sofridos pelo indivíduo de forma 
severa, desumana pela ditadura militar, porém, com a Constituição Federal de 1988, o valor da 
dignidade da pessoa humana interveio como encabeçamento do ordenamento jurídico e do novo 
constitucionalismo representou uma forma de garantir a supremacia constitucional sobre todo 
ordenamento jurídico do país. 
 
3.1 Princípios constitucionais e preservação da dignidade humana 
 
 O ser humano possui sua individualidade e características que o diferencia uns 
dos outros e estabelece uma conexão entre valores morais e a sua dignidade. Nesse prisma, 
segundo Moraes, a dignidade da pessoa humana encaminhadora da valorização do indivíduo 
em seu ambiente coletivo. 
Alexandre de Moraes, (2003, p.129) a conceitua da seguinte forma: 
 
 A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que 
se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria 
vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, 
constituindo-se em um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, 
de modo que apenas excepcionalmente possam ser feitas limitações ao exercício dos 
direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem 
todas as pessoas enquanto seres humanos. 
 
 Buscando garantir o direito à honra da pessoa, caso sofra um dano moral, é 
fundamental refletir sobre os valores intrínsecos do indivíduo, sendo valorizado como um ser 
social. Desta forma, os princípios gerais do direito condicionam e orientam o ordenamento 
jurídico em sua compreensão e precisam ser orientados de forma coercitiva na emissão do que 
está regulamentado. 
 
[...] o Direito brasileiro consagrou-os como último elo a que o juiz deverá recorrer, na 
busca da norma aplicável a um caso concreto. Os princípios gerais de direito 
garantem, em última instância, o critério do julgamento.’’ (NADER,2008, p.199) 
 
 
 
 
 
 
 O princípio da dignidade da pessoa humana originou-se na concepção do 
cristianismo, em que o homem é visualizado como resultado da ação divina, digno da concepção 
e ação de ser trado com o devido respeito. Dessa forma, Moraes (2003, p.77) diz que: 
 
 Foi o Cristianismo que, pela primeira vez, concebeu a ideia de uma dignidade pessoal, 
atribuída a cada indivíduo. O desenvolvimento do pensamento cristão sobre a 
dignidade humana deu-se sob um duplo fundamento: o homem é um ser originado por 
Deus para ser o centro da criação; como ser amado por Deus, foi salvo de sua natureza 
originária através da noção de liberdade de escolha, que o torna capaz de tomar 
decisões contra o seu desejo natural. 
 
 É indispensável, um esquadrinhamento ao direito à honra do indivíduo que possa 
ser vítima de um dano moral, valorizando o mesmo, como ser social, deixando-o em par 
igualdade aos demais indivíduos não lhe dando ocasião de ser pensado somente como uma 
estatística quantitativa populacional. 
 O valor do ser humano, a sua honra, a sua dignidade, independentemente de qualquer 
requisito, é algo individual, inabdicável e intransferível, algo que constitui a pessoa; é válido 
proferir que, é a constatação do seu ínsito princípio ético e moral, condizente aos princípios 
éticos dos outros seres da mesma espécie. 
 Diante de tudo mencionado, entende-se que a Dignidade da Pessoa Humana é uma 
concepção carente de seguimento, uma vez que, no Brasil, esta, consta no auge dos princípios 
da Constituição Federal. Os princípios são segmentos que orientam a estruturação jurídica e 
possíveis conflitos de diretrizes, direcionando-as para melhores soluções estabelecidas na 
Constituição. 
 
4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO E INFORMAÇÃO 
 
No que diz respeito à liberdade de expressão e informação, pode-se afirmar que a 
mesma tem uma nítida correlação entre os direitos fundamentais, mesmo com aqueles os quais 
ainda não foram explicitamente plantados no ordenamento jurídico. 
Não obstante a proteção da intimidade e da vida privada, almejados pelo direito 
ao esquecimento. Desse modo, surge o problema de entendimento: Qual o limite que separa 
o direito ao esquecimento da censura, vedada pela ordem jurídica brasileira? 
De fato, mesmo fazendo parte de um ordenamento dentro do direito positivo, tais 
direitos não são devidamente respeitados, isso é o que constatamos a cada vez que assistimos 
 
 
 
 
 
a um telejornal ou até mesmo na nossa comunidade, mais e mais exemplos de casos de uma 
violação sistemática dessa liberdade. 
A justificativa para o reconhecimento de limites ao direito de liberdade de expressão 
deve basear se, primeiramente, na coesão do sistema jurídico, no propósito de viabilizar a 
coexistência de direitos aparentemente incompatíveis. Em decorrência, presume se, que a 
proteção constitucional de um direito não pode estabelecer a impossibilidade de sua restrição 
quando o abuso em seu exercício implicar a violação de outros direitos fundamentais. 
(TORRES, 2013, p. 70 e 71) 
No âmbito internacional, a convenção americana sobre direitos humanos (art. 13, 
§2º a e b) e o pacto internacional sobre direitos civis e políticos (art. 19, §3º a e b) determinam 
que o exercício da liberdade de expressão poderá estar sujeito a certas restrições, desde que 
previstas em lei e que se façam necessárias para: assegurar o respeito dos direitos e da reputação 
das demais pessoas; proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública. 
A liberdade de expressão e informação são asseguradas pela constituição, dessa 
forma, por outro lado, os casos de violação da privacidade e da intimidade são puníveis e 
passíveis de indenização por danos morais e materiais. 
É um valor da democracia, por isso, quanto mais democrática é uma nação, mais 
livre é o seu povo, tendo a liberdade de expressão um importante papel na legitimação do 
processo democrático. Mas isso não significa que se revista de caráter absoluto: um direito 
fundamental encontra limites nos demais direitos fundamentais protegidos pelo ordenamento 
jurídico de cada Estado. 
A seguir, passamos a apresentar dois casos concretos com divergentes 
entendimentos. 
 
5 CASOS CONCRETOS 
 
Os casos a seguir foram extraídos de achados em websites7 que apresentam 
entendimentos contrários sobre o direito ao esquecimento, como se vê a seguir. 
 Chacina da Candelária (REsp 1.334.097) 
 
7 Texto extraído de: https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319988819/o-que-consiste-o-direito-ao-
esquecimento 
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319988819/o-que-consiste-o-direito-ao-esquecimento
https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319988819/o-que-consiste-o-direito-ao-esquecimento
 
 
 
 
 
Determinado homem foi denunciado por ter, supostamente, participado da 
conhecida “chacina da Candelária” (ocorrida em 1993 no Rio de Janeiro). Ao finaldo 
processo, ele foi absolvido. 
Anos após a absolvição, a rede Globo de televisão realizou um programa chamado 
“Linha Direta”, no qual contou como ocorreu a “chacina da Candelária” e apontou o nome 
desse homem como uma das pessoas envolvidas nos crimes e que foi absolvido. 
O indivíduo ingressou, então, com ação de indenização, argumentando que sua 
exposição no programa, para milhões de telespectadores, em rede nacional, reacendeu na 
comunidade onde reside a imagem de que ele seria um assassino, violando seu direito à paz, 
anonimato e privacidade pessoal. Alegou, inclusive, que foi obrigado a abandonar a 
comunidade em que morava para preservar sua segurança e a de seus familiares. 
A 4ª Turma do STJ reconheceu que esse indivíduo possuía o direito ao 
esquecimento e que o programa poderia muito bem ser exibido sem que fossem mostrados o 
nome e a fotografia desse indivíduo que foi absolvido. Se assim fosse feito, não haveria ofensa 
à liberdade de expressão nem à honra do homem em questão. 
O STJ entendeu que o réu condenado ou absolvido pela prática de um crime tem 
o direito de ser esquecido, pois se a legislação garante aos condenados que já cumpriram a 
pena o direito ao sigilo da folha de antecedentes e a exclusão dos registros da condenação no 
instituto de identificação (art. 748 do CPP), logo, com maior razão, aqueles que foram 
absolvidos não podem permanecer com esse estigma, devendo ser assegurado a eles o direito 
de serem esquecidos. 
Como o programa já havia sido exibido, a 4ª Turma do STJ condenou a rede Globo 
ao pagamento de indenização por danos morais em virtude da violação ao direito ao 
esquecimento. 
 Caso Aída Curi (REsp 1.335.153) 
O segundo caso analisado foi o dos familiares de Aída Curi, abusada sexualmente 
e morta em 1958 no Rio de Janeiro. 
A história desse crime, um dos mais famosos do noticiário policial brasileiro, foi 
apresentada pela rede Globo, também no programa “Linha Direta”, tendo sido feita a 
divulgação do nome da vítima e de fotos reais, o que, segundo seus familiares, trouxe a 
lembrança do crime e todo sofrimento que o envolve. 
Em razão da veiculação do programa, os irmãos da vítima moveram ação contra 
a emissora, com o objetivo de receber indenização por danos morais, materiais e à imagem. 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10602347/artigo-748-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/c%C3%B3digo-processo-penal-decreto-lei-3689-41
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/865642274/recurso-especial-resp-1335153-rj-2011-0057428-0
 
 
 
 
 
A 4ª Turma do STJ entendeu que não seria devida a indenização, considerando 
que, nesse caso, o crime em questão foi um fato histórico, de interesse público e que seria 
impossível contar esse crime sem mencionar o nome da vítima, a exemplo do que ocorre com 
os crimes históricos, como os casos “Dorothy Stang” e “Vladimir Herzog”. 
Mesmo reconhecendo que a reportagem trouxe de volta antigos sentimentos de 
angústia, revolta e dor diante do crime, que aconteceu quase 60 anos atrás, a Turma entendeu 
que o tempo, que se encarregou de tirar o caso da memória do povo, também fez o trabalho 
de abrandar seus efeitos sobre a honra e a dignidade dos familiares. 
Na ementa, restou consignado: 
“(...) o direito ao esquecimento que ora se reconhece para todos, ofensor e 
ofendidos, não alcança o caso dos autos, em que se reviveu, décadas depois do crime, 
acontecimento que entrou para o domínio público, de modo que se tornaria impraticável a 
atividade da imprensa para o desiderato de retratar o caso Aída Curi, sem Aída Curi.” 
Assim sendo, já em Fevereiro de 2021, o Supremo Tribunal Federal decidiu sobre 
tal questão como veremos a seguir. O texto apresentado a seguir foi retirado de website8: 
Por decisão majoritária, nesta quinta-feira (11), o Supremo Tribunal Federal (STF) 
concluiu que é incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento 
que possibilite impedir, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados 
verídicos em meios de comunicação. Segundo a Corte, eventuais excessos ou abusos no 
exercício da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, com 
base em parâmetros constitucionais e na legislação penal e civil. 
O Tribunal, por maioria dos votos, negou provimento ao Recurso Extraordinário 
(RE) 1010606, com repercussão geral reconhecida, em que familiares da vítima de um crime 
nos anos 1950 no Rio de Janeiro buscavam reparação pela reconstituição do caso, em 2004, no 
programa “Linha Direta”, da TV Globo, sem a sua autorização. Após quatro sessões de debates, 
o julgamento foi concluído hoje, com a apresentação de mais cinco votos (ministra Cármen 
Lúcia e ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Luiz Fux). São 
destacados alguns pontos durante a votação, conforme o entendimento dos magistrados. 
 
1 Solidariedade entre gerações 
 
 
8 Texto extraído de: http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=460414&ori=1 
http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=460414&ori=1
 
 
 
 
 
Ao votar pelo desprovimento do recurso, a ministra Cármen Lúcia afirmou que não 
há como extrair do sistema jurídico brasileiro, de forma genérica e plena, o esquecimento como 
direito fundamental limitador da liberdade de expressão “e, portanto, “como forma de coatar 
outros direitos à memória coletiva”. Cármen Lúcia fez referência ao direito à verdade histórica 
no âmbito do princípio da solidariedade entre gerações e considerou que não é possível, do 
ponto de vista jurídico, que uma geração negue à próxima o direito de saber a sua história. 
“Quem vai saber da escravidão, da violência contra mulher, contra índios, contra gays, senão 
pelo relato e pela exibição de exemplos específicos para comprovar a existência da agressão, 
da tortura e do feminicídio?”, refletiu. 
 
2 Ponderação de valores 
 
No voto em que acompanhou o relator, ministro Dias Toffoli, pelo desprovimento 
do RE, o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que a liberdade de expressão é um direito de 
capital importância, ligado ao exercício das franquias democráticas. No seu entendimento, 
enquanto categoria, o direito ao esquecimento só pode ser apurado caso a caso, em uma 
ponderação de valores, de maneira a sopesar qual dos dois direitos fundamentais (a liberdade 
de expressão ou os direitos de personalidade) deve ter prevalência. “A humanidade, ainda que 
queira suprimir o passado, ainda é obrigada a revivê-lo”, concluiu. 
 
3 Exposição vexatória 
 
Por outro lado, o ministro Gilmar Mendes votou pelo parcial provimento do RE, 
acompanhando a divergência apresentada pelo ministro Nunes Marques. Com fundamento nos 
direitos à intimidade e à vida privada, Mendes entendeu que a exposição humilhante ou 
vexatória de dados, da imagem e do nome de pessoas (autor e vítima) é indenizável, ainda que 
haja interesse público, histórico e social, devendo o tribunal de origem apreciar o pedido de 
indenização. O ministro concluiu que, na hipótese de conflito entre normas constitucionais de 
igual hierarquia, como no caso, é necessário examinar de forma pontual qual deles deve 
prevalecer para fins de direito de resposta e indenização, sem prejuízo de outros instrumentos 
a serem aprovados pelo Legislativo. 
 
4 Ares democráticos 
 
 
 
 
 
 
O ministro Marco Aurélio também seguiu o relator. A seu ver, o artigo 220 da 
Constituição Federal, que assegura a livre manifestação do pensamento, da criação, da 
expressão e da informação, está inserido em um capítulo que sinaliza a proteção de direitos. 
“Não cabe passar a borracha e partir para um verdadeiro obscurantismo e um retrocesso em 
termos de ares democráticos”, avaliou. Segundo o ministro, os veículos de comunicação têm o 
dever de retratar o ocorrido.Por essa razão, ele entendeu que decisões do juízo de origem e do 
órgão revisor não merecem censura, uma vez que a emissora não cometeu ato ilícito. 
 
5 Fato notório e de domínio público 
 
Para o presidente do STF, ministro Luiz Fux, é inegável que o direito ao 
esquecimento é uma decorrência lógica do princípio da dignidade da pessoa humana, e, quando 
há confronto entre valores constitucionais, é preciso eleger a prevalência de um deles. Para o 
ministro, o direito ao esquecimento pode ser aplicado. Mas, no caso dos autos, ele observou 
que os fatos são notórios e assumiram domínio público, tendo sido retratados não apenas no 
programa televisivo, mas em livros, revistas e jornais. Por esse motivo, ele acompanhou o 
relator pelo desprovimento do recurso. 
Não participou do julgamento o ministro Luís Roberto Barroso, que declarou sua 
suspeição, por já ter atuado, quando era advogado, em outro processo da ré em situação parecida 
com a deste julgamento. 
 
Tese 
A tese de repercussão geral firmada no julgamento foi a seguinte: 
“É incompatível com a Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento, 
assim entendido como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos 
ou dados verídicos e licitamente obtidos e publicados em meios de comunicação social – 
analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e 
de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros constitucionais, 
especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade 
em geral, e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível”. 
 
CONCLUSÃO 
 
 
 
 
 
 
Os direitos da personalidade são definidos pelo Código Civil como o direito 
irrenunciável e intransmissível, não podendo sofrer limitação voluntária. Essa personalidade 
não é a personalidade humana, mas sim a personalidade jurídica que reflete esses direitos a 
partir do momento que o ordenamento jurídico os recolhe. Na lei, cada direito da personalidade 
é feito para tutelar um valor fundamental e exigem respeito à proteção da integridade física e 
psíquica, como por exemplo, o corpo, o risco de vida, o nome, a imagem, a honra e a vida 
privada. 
 O ser humano possui sua individualidade e características que o diferencia uns 
dos outros e estabelece uma conexão entre valores morais e a sua dignidade. Buscando garantir 
o direito à honra da pessoa, caso sofra um dano moral, é fundamental refletir sobre os valores 
intrínsecos do indivíduo, sendo valorizado como um ser social. 
No que diz respeito à liberdade de expressão e informação, pode-se afirmar que a 
mesma tem uma nítida correlação entre os direitos fundamentais, mesmo com aqueles os quais 
ainda não foram explicitamente plantados no ordenamento jurídico. Dessa forma, as normas 
de proteção aos direitos fundamentais garantem a tutela da liberdade de expressão sem, no 
entanto, esquecer -se do princípio da dignidade da pessoa humana e proteção aos demais 
direitos fundamentais que possam, porventura, colidir com o direito à liberdade de expressão. 
Portanto, o Supremo Tribunal Federal conclui que é incompatível com a 
Constituição Federal a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de 
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente 
obtidos e publicados em meios de comunicação social – analógicos ou digitais. 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Constituição. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado 
Federal, 1988. 
 
MARIGHETTO, Andrea. A dignidade humana e o limite dos direitos da personalidade. 
Consultor Jurídico (ConJur), 2019. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2019-ago-
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2021. 
 
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 
p. 129. 
 
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NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 30ª ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 
2008. 
 
REALE, Miguel. Os Direitos da Personalidade. Site Miguel Reale, 2004. Disponível em: 
http://www.miguelreale.com.br/artigos/dirpers.htm. Acesso em: 15 mar. 2021. 
 
SUPREMO TRIBUBAL FEDERAL. Informativo n. 345, 12 de Fevereiro de 2021. 
Disponível:http://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=460414&ori=1
Acesso em: 10.04.2021 
 
TORRES, Fernanda Carolina. O direito fundamental à liberdade de expressão e sua 
extensão, 2013. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/ Acesso 
em: 24 de março de 2021. 
 
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ao-esquecimento 
 
 
 
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https://draflaviaortega.jusbrasil.com.br/noticias/319988819/o-que-consiste-o-direito-ao-esquecimento
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