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Competências 
socioemocionais
E s p E c i a l
Como trabalhar essas competências 
para favorecer a aprendizagem e o 
desenvolvimento integral dos alunos 
Índice 
1. por que investir em formação 
continuada em competências 
socioemocionais? ................................ 4
2. acolhimento: como fortalecer os 
vínculos e engajar os alunos ........... 20
3. adaptação: as competências 
socioemocionais como suporte para o 
ensino remoto ou misto .................. 33
4. Equidade: o papel das 
socioemocionais na redução das 
desigualdades .................................... 55
5. para se aprofundar no tema ....... 68
3
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4
1. Por que investir em 
formação continuada 
em competências 
socioemocionais?
Quando se organiza programas voltados 
às socioemocionais, todos têm a ganhar 
– professores, alunos e a própria gestão. 
Saiba o que levar em consideração 
nesse momento, e o passo a passo para 
consolidar, na sua escola, iniciativas 
envolvendo essas competências
Victor santos | 09 de junho de 2021
Im
ag
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ag
es
5
De todas as transformações 
provocadas pela pandemia da 
covid-19, uma das maiores revoluções 
aconteceu na área da Educação. 
as escolas, baseadas em trocas 
presenciais entre os alunos e 
os educadores, eram bastante 
‘analógicas’ e transferiram suas 
atividades para o contexto remoto 
e digital. Os professores precisaram 
se reinventar e gestores escolares 
se organizaram para não perder 
alunos que, por sua vez, enfrentaram 
dificuldades de acesso às tecnologias, 
em muitos casos precisando da 
entrega de materiais impressos. 
Esses e outros percalços ocorreram 
em meio a uma pandemia que, até 
junho de 2021, levou mais de 470 mil 
brasileiros à morte; muitos deles, 
certamente, pessoas próximas de 
educadores e estudantes.
6
“a vivência da pandemia e do ensino 
remoto ou híbrido são as questões 
do momento, e justamente por 
serem dificuldades, exigem de nós 
diferentes recursos emocionais 
para lidar com cada uma delas”, 
sintetiza Rosane Voltolini, psicóloga 
e especialista em saúde mental 
coletiva, que atua na coordenação 
e implementação de programas 
internacionais por meio da 
associação pela saúde Emocional 
de crianças (asEc). assim, nesse 
momento tão complexo, ganharam 
ainda mais evidência as tão faladas 
competências socioemocionais.
Mas afinal, o que são essas 
competências? Quais são os 
maiores benefícios e pontos de 
atenção no trabalho com elas na 
7
escola? E como a gestão pode 
implantar programas de formação 
em competências socioemocionais? 
NOVa EscOla conversou com 
quatro educadoras que ajudaram a 
ampliar a compreensão do conceito 
e detalharam como consolidar 
programas nessa área.
Competências 
socioemocionais: 
definição e importância 
no ambiente educacional
atuando há 13 anos no 
desenvolvimento de competência 
socioemocionais em diferentes 
faixas etárias, a psicóloga Rosane 
Voltolini as define como sendo “um 
conjunto de habilidades para lidar com 
nossas emoções durante os desafios 
8
cotidianos, e que estão ligadas à nossa 
capacidade de conhecer, conviver 
e ser”. segundo ela, em situações 
desafiadoras, essas competências nos 
ajudam a encontrar soluções mais 
assertivas e eficazes”.
a especialista Danila Di pietro, 
formadora de professores em 
escolas públicas e particulares, 
pesquisadora na área de psicologia 
Moral e suas relações com 
competências socioemocionais, 
integrante do Grupo de Estudos 
e pesquisas em Educação Moral 
(GEpEM) da Unesp/Unicamp, 
comenta que, ao longo dos seus 
estudos, constatou que “existem 
muitos conceitos, definições 
e propostas de conjuntos de 
competências socioemocionais, 
o que mostra que não se tratam 
9
de propostas definitivas, e sim, 
construídas.” [leia sobre algumas 
propostas no box].
Ela explica que “competências 
socioemocionais são a manifestação 
de conhecimentos, habilidades e 
atitudes que envolvem as dimensões 
social, emocional e intelectual”, e 
enfatiza, baseada em sua experiência 
acadêmica e profissional, que 
“essas competências devem ser 
selecionadas a partir de uma análise 
ética, de uma reflexão moral, 
para então poderem responder a 
demandas do cotidiano”. segundo a 
pesquisadora, as socioemocionais 
são importantes mas não suficientes 
para dar conta das relações 
humanas na escola: enquanto elas 
auxiliam no como agir, a moral ajuda 
no por que agir, levando o sujeito a 
10
escolher atitudes justas, solidárias 
ou respeitosas.
“Apesar de serem muitas as definições 
e correntes, o fato do trabalho com 
socioemocionais nas escolas ter 
sido tão alardeado e popularizado 
nos últimos anos foi importante 
para reforçar que a escola não é 
local apenas de desenvolvimento 
intelectual, mas também de 
desenvolvimento humano, nos planos 
individual e coletivo”, ressalta Danila. 
com a pandemia, habilidades sociais 
e emocionais vem sendo cada vez 
mais requisitadas, deixando claro que 
a escola não pode abrir mão delas.
competências socioemocionais, 
ambiente escolar e formação 
de professores
11
a presença das socioemocionais 
nas escolas públicas realmente 
agregou em muitos aspectos, de 
acordo com duas gestoras ouvidas 
por NOVa EscOla. “a gente já 
vêm trabalhando com questões 
socioemocionais há uns cinco anos”, 
comenta Denise Nery, diretora da 
Escola Municipal Vitalina Rossi, de 
Ensino Fundamental 2, em poços 
de caldas (MG). “para nós, sempre 
foi um ponto relevante. sem elas, a 
aprendizagem não flui”.
se já era importante antes, no pós-
pandemia será fundamental. “a 
escola terá muitas coisas a abordar: 
a questão do luto, porque muitos 
perderam pais ou pessoas queridas; 
o próprio medo dessa reabertura 
que se aproxima; e ainda, o que os 
estudantes esperam para o futuro. 
12
Todos esses elementos passam pelas 
socioemocionais”, descreve Denise. 
“É essencial pensar em primeiro 
lugar nas formações dos professores. 
se eles não estiverem bem 
emocionalmente, como vão acolher os 
alunos? por isso, minha escola partiu 
do acolhimento ao professor”.
a gestora procura fazer parcerias 
com universidades. assim, alunas 
de psicologia da pUc de poços de 
Caldas fizeram cinco encontros 
focados no estresse emocional 
dos professores, perpassando 
por questões como luto, solidão 
e ansiedade. “Era tudo o que 
estávamos sentindo durante a 
pandemia, então professores se 
sentiram amparados”. Nos encontros 
semanais de formação com a sua 
equipe de educadores, Denise 
13
também enfatiza o trabalho com 
socioemocionais. “Busco incorporar 
nas reuniões temas trazidos pelos 
próprios educadores. Foram eles que 
sugeriram discutirmos a solidão, e 
construímos uma formação baseada 
no livro paisagens da solidão, do 
Yves de la Taille, que nos trouxe 
bons momentos de reflexão”.
Reflexões envolvendo professores e 
gestão por meio das socioemocionais 
também fazem parte das dinâmicas 
da coordenadora pedagógica Maria 
Helena Ferreira lima, da rede do 
ceará, estado que possui parceria 
em formações em socioemocionais 
com o instituto ayrton senna. Em 
tempos presenciais, a coordenadora 
pedagógica da Escola de Ensino 
Médio (EEM) José cláudio de 
araújo, em Mucambo (cE) relembra 
14
que desenvolveu, em cinco dias 
alternados, a chamada ‘maratona 
de socioemocionais’ com seus 
professores, em que cada uma 
das cinco macrocompetências 
foi explorada por eles em alguns 
desafios. Um exemplo: praticar a 
autogestão por meio da organização 
de um espaço doméstico ou do 
próprio armário na escola. “É 
necessário gastar algum tempo 
para que o professor tenha vivência 
e experiências e consiga, depois, 
levar isso aos seus alunos”. segundo 
Maria Helena, a gestão precisa estar 
afinada com essa capacitação. 
“precisamos demonstrar que temos 
fragilidades e estamos preocupadas 
com a nossa própria formação 
pessoal. assim estimulamos o 
desenvolvimento da equipe”, diz. a 
coordenadora cearense organizou 
15
uma atividade remota que funcionou 
ao mesmo tempo com professorese alunos, sob o tema “O que nos 
move?”. além de provocar troca 
de ideias, sinalizou a todos que é 
preciso ir em frente, escolhendo um 
rumo, mesmo em situações de crise. 
Mesmo tendo organizado essas 
formações, as duas gestoras 
salientam uma dificuldade relacionada 
à própria bagagem acadêmica. “Nós, 
pedagogos, não somos formados 
para formar, é um desafio”, comenta 
a diretora Denise Nery. “acredito que 
trazemos lacunas da nossa formação 
inicial, e até uma certa fragilidade 
no autoconhecimento, que é ponto 
de partida para o trabalho com 
socioemocionais”, observa 
Maria Helena.
16
Como planejar uma 
formação continuada 
em competências 
socioemocionais?
a seguir, elencamos tópicos 
considerados importantes pelas 
quatro profissionais entrevistadas 
no planejamento de uma formação 
– lembrando que não se trata de um 
passo a passo estruturado, e sim, 
de recomendações para auxiliar na 
construção do percurso.
Olhar para o contexto – o 
planejamento de uma formação 
continuada parte sempre da 
necessidade de cada rede e 
instituição. “É preciso considerar 
o chão da escola, para então 
trabalharmos com o que temos 
17
dentro da nossa realidade”, enfatiza 
a coordenadora Maria Helena;
Acolhimento – a capacitação em 
socioemocionais precisa de um 
olhar inicial cuidadoso em relação 
aos professores. “É interessante 
se perguntar: como faço para que 
a equipe se sinta confortável para 
compartilhar experiências e construir 
vínculos entre si?”, destaca Maria 
Helena. a psicóloga e especialista 
Rosane Voltolini reforça que “é 
preciso, nesse momento, oferecer 
espaços de escuta aos seus 
profissionais”;
Definir a finalidade das 
competências e as necessidades 
da escola – esse ponto, segundo 
a pesquisadora Danila Di pietro, 
18
é crucial. “Questione-se: por que 
a escola está promovendo essa 
formação entre professores, e 
assumindo uma demanda como 
essa? O que a gente precisa 
aprender sobre isso? Trata-se de 
uma escolha política das escolas, e 
o cruzamento das respostas desses 
questionamentos ajuda a realmente 
estabelecer um plano de formação”, 
pontua;
Proporcionar a base teórica – 
como já destacado anteriormente, 
são múltiplas as perspectivas 
e metodologias envolvendo 
socioemocionais. as quatro 
especialistas ressaltam que é 
preciso decidir o que será estudado 
e buscar referências, seja em 
leituras e estudos, ou mesmo 
com consultorias e treinamentos 
19
externos, quando possível;
Vincular à prática - feita a reflexão 
teórica, surge o momento de realizar 
o diálogo com a realidade da escola, 
que já foi devidamente analisada. 
“Uma boa pergunta norteadora é: 
quais as decisões coletivas nossa 
escola vai tomar com base nesses 
estudos?”. a coordenadora Maria 
Helena aponta que a socialização de 
experiências entre os pares é muito 
importante, de forma que ao longo 
dessas dinâmicas os professores 
se vejam como corresponsáveis do 
processo de formação;
Fechamento - uma vez que os 
professores já aprenderam e 
aprimoraram as suas competências 
socioemocionais, é válido estabelecer 
combinados, como uma agenda de 
encontros, para que esse processo 
20
continue em andamento, consolidando 
o desenvolvimento contínuo e o 
reconhecimento da equipe.
Por fim, é importante ter em mente 
que só passando por processos 
formativos em que possam debater 
e vivenciar o trabalho com essas 
competências, os professores 
conseguirão oferecer aos alunos o 
suporte necessário. “se professores 
e alunos não estiverem bem, 
não vai ter como pensar na parte 
pedagógica na retomada presencial. 
Estamos voltando de um momento 
muito difícil, pelo qual ninguém 
tinha passado, então não dá para 
ser de qualquer maneira. É preciso 
escuta e acolhimento, e por isso as 
socioemocionais serão protagonistas”, 
conclui a diretora Denise.
21
As teorias que embasam 
as socioemocionais
Entre as muitas linhas teóricas e 
perspectivas que existem, duas 
das mais difundidas no Brasil 
são a da organização americana 
collaborative for academic, social, 
and Emotional learning (casel), 
de chicago (EUa), e a corrente 
denominada Big Five Factors (cinco 
Grandes Fatores de personalidade).
O casel trabalha com cinco 
competências principais. as duas 
primeiras, autoconsciência e 
autogestão, se situam no campo do 
‘eu’ (tentando responder perguntas 
como quem eu sou? O que faz 
sentido para mim?); as competências 
seguintes, consciência social e 
habilidades de relacionamento, já 
22
fazem um deslocamento de olhar para 
o coletivo; e a quinta competência, 
tomada de decisão responsável, 
propõe ao sujeito pensar de maneira 
crítica (veja a representação gráfica 
do casel aqui). O uso dessas cinco 
competências é balizado pela 
regulação dos valores morais.
Já o Big Five leva em conta cinco 
grandes dimensões, consideradas 
características da personalidade dos 
indivíduos, as macrocompetências 
autogestão, abertura ao novo, 
amabilidade, engajamento com os 
outros e resiliência emocional. Essas 
cinco agrupam 17 competências. Elas 
englobam fatores como determinação 
e responsabilidade, assertividade, 
empatia e respeito, tolerância ao 
estresse, e outras características que 
você pode ver aqui.
23
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24
2. Acolhimento: como 
fortalecer os vínculos 
e engajar os alunos
A escuta ativa e propostas focadas no 
desenvolvimento de competências 
socioemocionais são estratégias para 
estimular crianças e adolescentes 
a permanecer na escola
paula salas | 16 de junho de 2021
Im
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25
a professora Marcela saramela 
recebeu uma ligação com um pedido 
de ajuda da mãe de um dos seus 
alunos do 3º ano do Fundamental, 
da Escola Municipal Jael Da silva 
Barradas, em Boa Vista (RR). Ela e o 
marido estavam desempregados e 
iriam morar em uma fazenda, mas 
não queriam que o filho ficasse 
sem atividades por não ter acesso a 
internet. a educadora ouviu e disse 
que adiantaria seu planejamento 
para que na próxima sexta-feira a 
mãe pudesse retirar as atividades 
impressas. a cada semana, ela 
ia para um lugar próximo onde 
conseguia internet para enviar as 
fotos das atividades para a correção 
da professora e baixar as da semana 
seguinte. "Eu tenho feito assim 
com ela. isso é acolher. saber que 
você está lá para ouvir, apoiar, 
26
ajudar da forma que for possível, 
incentivar", resume a educadora. 
Essa relação de troca e abertura com 
as famílias e os alunos é fundamental 
durante a pandemia. "Todo dia eu 
pergunto como todos estão, se 
não postam as atividades, eu ligo 
para perguntar [se está tudo bem, 
se aconteceu algo]. Foi um vínculo 
de confiança que criei com eles 
através do diálogo", conta Marcela.
Não é de hoje que a educadora 
preocupa-se com o lado emocional 
dos pequenos. "as emoções são 
importantes para o aprendizado, para a 
vida [dos alunos] e para minha atuação 
como professora", conta. No presencial, 
ela usava a contação de histórias 
e fazia uma observação atenta da 
turma para perceber necessidades 
de intervenção. "as crianças ganham 
27
confiança quando demonstramos 
que estamos abertos. Elas mesmo 
pedem para conversar comigo [sobre 
os problemas que enfrentam ou 
algo que estão sentindo]", relata 
a professora de Boa Vista.
Essa abertura e contato com os 
sentimentos não acontece apenas com 
os mais novos. a escuta ativa foi uma 
estratégia importante que se tornou 
rotina no colégio Municipal Evência 
Brito, em Ribeira do pombal (Ba). 
"Trabalhamos não só os conteúdos, 
mas cuidamos deles como pessoas", 
afirma Kelly Souza de Oliveira, 
professora de língua portuguesa 
para o Fundamental 2 na instituição. 
A verificação de como estavam 
era contínua. Quem não se sentia 
confortável em compartilhar no grupo 
28
do Whatsapp da turma, conversava 
em particular com a educadora. 
Esse trabalho fez parte de uma 
iniciativa de toda a rede municipal, 
em parceria com a Nossa Escola 
pesquisa sua Opinião (Nepso), de 
fortalecimento dos laços, de escuta 
e foco nas emoções durantea 
pandemia, no qual foram realizadas 
pesquisas, utilizando formulários do 
Google que eram divulgados pelos 
grupos do Whatsapp, para saber o 
acesso às atividades remotas, suas 
dificuldades e seu estado emocional. 
participaram 301 alunos da rede, 
dos quais 48% tinham entre 13 e 14 
anos. Entre os tópicos apresentados, 
eles responderam do que mais 
sentem falta: 75% disse que é da 
explicação dos professores, 63% 
http://www.nepso.net/
http://www.nepso.net/
29
que é do contato com os amigos; 
66% concorda muito que a escola 
tem o compromisso com seus 
alunos e será capaz de superar os 
desafios do período. O vídeo com 
os resultados mostra relatos dos 
alunos sobre a experiência com o 
remoto, como se adaptaram e o 
que foi possível aprender durante 
a pandemia. a partir dos dados 
obtidos, novas estratégias para o 
ensino remoto foram pensadas.
Os impactos da 
pandemia nos vínculos
sem o contato presencial e a 
rotina escolar, os vínculos foram 
enfraquecidos ou, pelo menos, 
modificados ao serem mediados 
sempre pela tecnologia. por isso, 
entre os diferentes impactos que 
https://www.youtube.com/watch?v=M1CfrjwlZ44&ab_channel=semepombal
https://www.youtube.com/watch?v=M1CfrjwlZ44&ab_channel=semepombal
30
a pandemia trouxe, um ponto 
fundamental é organizar ações para 
restabelecer e fortalecer essas 
relações. "a escola pode oferecer 
apoio para as crianças que enfrentam 
dificuldades", afirma Marcela 
almeida, diretora pedagógica do Vila 
Educação, instituto especializado 
em aprendizagem socioemocional 
com atuação na rede pública 
e particular com o programa 
compasso socioemocional. 
Neste trabalho, o acolhimento tem 
um papel fundamental. a equipe 
gestora e os professores podem 
buscar formas de estreitar os laços 
com os alunos e famílias para 
construir um senso de comunidade 
que será fundamental para superar 
os desafios impostos pela covid-19. 
"Às vezes, os educadores têm 
31
medo de aparecer algo que não vão 
conseguir lidar. Mas o que precisa 
é só alguém para ouvir, acolher e 
não julgar. Uma pessoa que ofereça 
suporte", explica a especialista.
além de uma escuta atenta, é 
necessário abrir espaços para 
compartilhar experiências. Dentro das 
turmas, por exemplo, ter momentos 
de trocas e fazer o reconhecimento 
dos colegas. "É um caminho para se 
fortalecer como grupo, estimular a 
resiliência e mostrar que, apesar das 
dificuldades, temos capacidade de 
aprender e superar", explica Marcela. 
segundo ela, isso não é negar os 
sentimentos, mas encontrar boas 
estratégias para lidar com eles. 
"Não basta sentir [a tristeza ou a 
frustração], é preciso identificar o 
sentimento, falar sobre ele, se acalmar 
32
e buscar uma estratégia positiva, por 
exemplo, dedicar-se a um determinado 
objetivo”, diz a especialista.
As socioemocionais e o 
desafio do engajamento
O acolhimento e empatia são 
fundamentais não apenas por 
estarmos atravessando os desafios 
da pandemia. as competências 
socioemocionais têm um papel 
importante no desenvolvimento 
cognitivo das crianças. "Quem 
tem dificuldade de aprendizagem, 
quando é trabalhado o emocional, 
consegue aprender melhor", explica 
a professora Marcela. "passa a se 
enxergar de outra forma e consegue 
desenvolver confiança em si mesmo", 
finaliza. Com isso, o aluno se sente 
mais motivado a persistir nos 
33
estudos, mesmo estando em casa. 
Esse incentivo acontece de diversas 
formas, inclusive nas devolutivas 
das atividades, porque as crianças 
sabem que a professora vai ver e 
sentem vontade de fazer bem feito. 
para manter o engajamento e o 
esforço e recuperar as aprendizagens 
que ficaram para trás, Marcela aponta 
a importância de desenvolver a 
autorregulação — que também pode 
ser chamada de autogerenciamento, 
a depender da tradução. O instituto 
Vila Educação, a partir dos 
referenciais da organização americana 
collaborative for academic, social, 
and Emotional learning (casel), define 
a competência como a "capacidade 
para gerenciar emoções, pensamentos 
e comportamentos de forma eficaz, 
em diferentes situações e para 
https://novaescola.org.br/conteudo/11731/criancas-precisam-aprender-habilidades-socioemocionais-na-escola
https://novaescola.org.br/conteudo/11731/criancas-precisam-aprender-habilidades-socioemocionais-na-escola
https://novaescola.org.br/conteudo/11731/criancas-precisam-aprender-habilidades-socioemocionais-na-escola
34
atingir objetivos e aspirações". isto 
é, relaciona-se com a habilidade 
de controlar as próprias emoções, 
lidar com o estresse, desenvolver 
automotivação e tomada de iniciativa 
para planejar e organizar as ações para 
atingir os objetivos — neste caso, as 
aprendizagens a serem recuperadas.
Dar ferramentas para as crianças 
falarem e refletirem sobre como 
estão se sentindo é o que faz a 
professora Marcela, que dá aulas 
para o 3º ano. Entre as atividades que 
estimulam essa abertura, destaca 
a contação de histórias como um 
caminho interessante — durante 
a pandemia, ela criou um canal no 
youtube para disponibilizar leituras 
que faria em sala. "a história do 
Monstro das cores [livro de anna 
llenas] é a que mais gosto para o 
https://www.youtube.com/watch?v=IPd_ULzZ3h0&ab_channel=TiaMarcelaSara
https://www.youtube.com/watch?v=IPd_ULzZ3h0&ab_channel=TiaMarcelaSara
35
acolhimento, porque mostra que a 
criança tem vários sentimentos e 
ela precisa organizá-los de alguma 
forma, refletir sobre cada um deles 
e criar estratégias para se sentir 
melhor", compartilha a educadora. 
para a professora dos anos iniciais, 
o controle das emoções é um dos 
maiores desafios para os alunos, 
por isso vê que deve ser um dos 
enfoques das atividades propostas.
Quando a volta à escola for possível, 
o acolhimento ganhará um papel 
ainda maior. "acolher não é só dar 
um abraço. É mostrar a escola como 
um lugar importante, para que a 
criança ou adolescente sinta vontade 
de ir", explica Marcela, do instituto 
Vila Educação. No processo de 
acolhimento, a especialista destaca 
a competência consciência social, 
36
muito relacionada com a empatia 
e preocupação com o sentimento 
do outro. Uma sugestão é abrir 
espaços para fazer uma escuta ativa, 
rodas de conversa em que possam 
ser compartilhadas experiências, 
pensamentos e emoções vividas 
na pandemia. "É importante dar 
conforto para que o aluno tenha 
desejo de perseverar para prosperar", 
diz Marcela. “Não sabemos como 
vai ser a nova forma de educar, mas 
esse retorno vai ser marcante por 
conta de todas as dificuldades da 
pandemia. Teremos que lidar com 
as situações que aparecerem, ajudar 
com o que puder, seja na escola 
ou em casa”, complementa Kelly.
37
6 dicas para acolher 
alunos e família
Estar presente no momento: pode 
parecer clichê, mas estar focado 
e fazer uma escuta atenta é 
fundamental. Dessa forma, o aluno 
ou o familiar se sentirá mais seguro e 
fortalecerá os laços.
Não fazer julgamentos: o espaço 
da escola deve ser um lugar seguro. 
para que as pessoas se abram e 
compartilhem suas questões, precisam 
sentir que não estão sendo julgadas. 
para isso, é necessário estar de 
coração aberto nesta escuta, sem fazer 
julgamentos ou acusações, mas sempre 
procurando entender os contextos e as 
perspectivas de cada um.
38
Realizar um check-in emocional: 
sempre perguntar aos alunos no 
começo do dia como eles estão, 
como estão se sentindo. Esse 
trabalho pode ser feito, inclusive, 
durante o ensino remoto, nos grupos 
de Whatsapp ou nos encontros 
síncronos. Utilize esse momento 
para lembrá-los dos seus sonhos e 
objetivos como forma de motivação 
para superar os desafios.
Cuidar de si mesma: "É um desafio 
acolher se o professor também está 
fragilizado", afirma Marcela. Por 
isso, há um trabalho fundamental 
da equipe: investigar as próprias 
emoções e adotar estratégias para 
cuidar de si. contar com uma rede de 
apoio e pessoas em quem confie para 
falar dos desafios faz toda diferença. 
39
Trabalhar em conjunto: a preocupação 
pelo acolhimento deve ser detoda 
a escola. Os professores não podem 
fazer isso sozinhos, devem ter o apoio 
da equipe gestora — inclusive com 
encontros formativos sobre o assunto 
para prepará-los a como desenvolver 
as competências socioemocionais com 
a turma.
https://novaescola.org.br/conteudo/20409/especial-competencias-socioemocionais-coordenacao-pedagogica-por-que-investir-em-formacao-continuada-em-competencias-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/20409/especial-competencias-socioemocionais-coordenacao-pedagogica-por-que-investir-em-formacao-continuada-em-competencias-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/20409/especial-competencias-socioemocionais-coordenacao-pedagogica-por-que-investir-em-formacao-continuada-em-competencias-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/20409/especial-competencias-socioemocionais-coordenacao-pedagogica-por-que-investir-em-formacao-continuada-em-competencias-socioemocionais
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Conheça 4 materiais 
sobre acolhimento
Confira sugestões de atividades, roteiros, 
documentos e cursos sobre como fazer 
esse trabalho na escola
1. Protocolo acolhimento: 
ações híbridas e contínuas
produzido pelo instituto Unibanco, 
o documento é direcionado para 
os gestores escolares. Nele, 
você encontrará informações e 
roteiros para acolher a equipe 
e a comunidade escolar.
2. De volta à escola: estratégias para 
a acolhida pós-isolamento social
O instituto ayrton senna criou um 
plano de acolhida na volta às aulas. 
as atividades propostas focam no 
desenvolvimento de competências 
41
socioemocionais tais como Foco, 
Respeito, Empatia, Tolerância ao 
Estresse e imaginação criativa.
3. Biblioteca de atividades 
para aulas à distância
O programa compasso 
socioemocional, desenvolvido 
pelo instituto Vila Educação, 
disponibilizou um banco de 
20 atividades com foco no 
desenvolvimento socioemocional 
para crianças da Educação infantil 
e anos iniciais do Fundamental que 
podem ser realizadas a distância. 
para baixar, basta cadastrar-se 
gratuitamente e colocar em prática.
4. Guia orientador do docente 
para acolhimento emocional 
em tempos de pandemia
Diversas redes e institutos 
42
criaram orientações para fazer o 
acolhimento na escola. Uma delas 
é o instituto Federal do pará, que 
preparou um guia com orientações 
sobre saúde mental e Educação 
socioemocional com foco no 
acolhimento durante a pandemia.
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3. Adaptação: 
as competências 
socioemocionais como 
suporte para o ensino 
remoto ou misto
Focadas no protagonismo do aluno, novas 
formas de ensinar e aprender mobilizam 
diversas competências e desafiam 
professores, crianças e adolescentes
Victor santos | 23 de junho de 2021
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O professor de Educação Física 
Romulo Macedo Monteiro já realizava, 
em tempos de ensino presencial, um 
trabalho envolvendo competências 
socioemocionais – assim como faziam 
os seus colegas da Escola de Ensino 
Médio em Tempo integral professora 
Maria afonsina Diniz Macêdo, em 
Várzea alegre (cE). “Quando os 
alunos tinham contato o dia todo, a 
competência ‘engajamento com os 
outros’ era a que eu mais explorava. 
Afinal, eram muitas as situações 
de relacionamento envolvidas na 
convivência diária”, relembra.
apesar disso, o educador relata 
que em meio a todos os desafios 
que se impuseram no mundo da 
educação desde o início da pandemia, 
o trabalho com socioemocionais 
continua essencial, funcionando 
https://novaescola.org.br/conteudo/11736/para-entender-as-competencias-gerais-da-base-e-as-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/11736/para-entender-as-competencias-gerais-da-base-e-as-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/20217/colunas-pedagogicas-monica-zonta-do-limao-uma-limonada-a-reinvencao-da-pratica-pedagogica-durante-o-ensino-remoto
46
como um dos principais pontos de 
apoio na adaptação pela qual a sua 
escola – assim como as instituições 
de todo o país – está passando. 
Trata-se de um momento em 
que emergem inúmeras situações 
novas envolvendo os processos de 
ensino, ao mesmo tempo em que 
os professores precisam acolher 
e envolver os estudantes.
“as socioemocionais têm contribuído 
para a permanência dos alunos nas 
escolas e para o bem-estar deles”, 
comenta o professor, citando 
exemplos do dia a dia. “além da 
mobilização que fizemos em 2021 
para recepcionar de forma remota 
alunos que nunca tínhamos visto, 
eu particularmente destacaria a 
competência da ‘autogestão’. Desde 
o início da pandemia, os estudantes 
https://novaescola.org.br/conteudo/20410/especial-competencias-socioemocionais-acolhimento-vinculos-aprendizagem
47
precisaram descobrir como organizar 
as suas rotinas – como a hora de 
dormir e acordar – e aprender a 
separar momentos para acompanhar 
as aulas, em horários estabelecidos 
de acordo com as possibilidades 
deles, não se esquecendo de 
reservar um tempo para o lazer”.
Consolidando a 
autonomia dos alunos
atuar para que os seus estudantes 
desenvolvam mais autonomia não 
é uma exclusividade de docentes 
que dão aulas para adolescentes. a 
professora de Educação infantil sílvia 
anália Jericó conta que na sua turma 
de 4 anos na Escola Municipal Bento 
Freire de souza, em chorrochó (Ba), 
“foi visível o benefício de trabalhar as 
competências socioemocionais ao longo 
48
da pandemia, porque estamos todos 
em processo de adaptação a uma nova 
rotina: professores, pais e crianças”.
as competências estão inseridas 
na rotina, pois sua escola utiliza 
a cloe, uma plataforma digital de 
aprendizagem (que propõe projetos 
com metodologias ativas, alinhados 
às competências da BNCC). A 
pandemia acelerou o uso dessa e de 
outras tecnologias como Whatsapp, 
Google Meet e Google classroom, 
exigindo formações e uma verdadeira 
reinvenção profissional. “Cada vez 
mais descobrimos a importância da 
tecnologia no avanço da aprendizagem, 
e investimos em metodologias 
ativas que colocam os alunos no 
centro”, comenta a professora. 
“Essas atividades desenvolvem várias 
características, com destaque para 
https://novaescola.org.br/conteudo/20409/especial-competencias-socioemocionais-coordenacao-pedagogica-por-que-investir-em-formacao-continuada-em-competencias-socioemocionais
49
a criatividade e a autonomia. Tudo 
isso, claro, com o acompanhamento 
do professor, para que se dê de 
forma efetiva e significativa.”
autonomia também foi destacada 
pela professora aline pereira 
Graciosa, que atua no Ensino 
Fundamental 1 e atualmente é 
supervisora pedagógica na Escola 
Municipal Dom Othon Motta, em 
campanha (MG). Há três anos a 
rede de ensino municipal adotou 
a solução do Programa Semente; 
o início das atividades aconteceu 
quando ela lecionava em uma escola 
rural. “primeiro tivemos formações 
nessas competências, trabalhando 
em nós mesmos questões como 
autocontrole e resiliência”, recorda, 
“em seguida, foi a vez das crianças, e 
o conceito de aluno protagonista foi 
https://novaescola.org.br/conteudo/20150/colunas-pedagogicas-21-selene-coletti-protagonismo-do-aluno-conheca-6-praticas-para-desenvolver-no-dia-a-dia
50
essencial: elas elaboraram uma carta 
compromisso, em que reconheciam 
seus sentimentos e emoções, e os 
pontos que gostariam de desenvolver, 
como ter boas amizades e ser 
respeitadas”. aline aponta que os 
resultados foram interessantes não 
só com a turma, mas repercutiram 
entre as próprias famílias. “No 
ensino remoto, tudo ficou mais 
complexo, porque as interações 
nas atividades são fundamentais, e 
temos poucos momentos síncronos”, 
lamenta a supervisora escolar.
ainda assim, as duas educadoras 
reforçam a percepção de que 
recursos digitais serão uma constante 
mesmo com a retomada presencial. 
“Nunca mais vamos estar à frente 
dos alunos apenas com a lousa e 
com a voz”, comenta a professora 
51
sílvia, algo que a supervisora aline 
também enfatiza, indicando que 
“uma mudança estrutural na sala de 
aula vai ter que acontecer, porque 
os próprios alunos vão pedir isso”.Novas formas de 
ensinar e aprender
Os relatos dos três professores 
mostram como algumas questões 
já se inseriam na Educação mesmo 
antes da covid-19. “Quando a BNcc 
trouxe as competências gerais, 
ela justamente passou a colocar 
em foco a formação do indivíduo, 
vendo-o como um agente da 
cidadania, alguém que por meio 
de valores, atitudes e reflexões, 
vai ajudar a construir a sociedade”, 
explica Inês Kisil Miskalo, gerente-
executiva de Educação do instituto 
52
ayrton senna, “o que aconteceu 
foi que a pandemia deu uma 
chacoalhada nos processos e nas 
pessoas. a escola passou a ir até 
o aluno, descentralizou o processo 
educacional e expôs aos professores 
uma diversidade de contextos”.
O cenário intensificou o olhar para 
sentimentos, emoções e vida em 
sociedade por parte de professores 
e estudantes. “as competências 
socioemocionais se tornaram 
fundamentais na área da Educação, 
especialmente empatia e resistência 
à frustração, que não eram tão 
visíveis anteriormente”, diz inês. 
a ênfase nesses dois elementos 
se dá, em primeiro lugar, porque 
crianças, adolescentes e educadores 
sofreram perdas nesse período, 
e é preciso saber se colocar no 
53
lugar do outro no momento do 
acolhimento. além disso, os diversos 
contextos de ensino apresentados 
se tornaram um desafio e tanto para 
os professores. Eles se depararam 
com novas ferramentas de trabalho 
(e a dificuldade para usar recursos 
tecnológicos pode gerar frustração) 
e com novas formas de ensinar 
e aprender, que precisaram 
dominar e colocar em prática. 
“Não temos mais os tradicionais 50 
minutos de aula; agora, é preciso 
garantir a chegada de atividades, 
informação e conhecimento em 
modalidades diversas, porque cada 
um terá acesso aos conteúdos 
escolares de uma forma diferente – 
por isso é válido rever metodologias”, 
destaca inês, que complementa: 
“isso obriga pensar no conhecimento 
54
de forma individualizada e 
personalizada. para o professor, é 
um momento desafiador, porque ele 
é apenas um, e precisa se dividir 
em diferentes possibilidades”.
Adaptação na prática: a 
aprendizagem no centro
De acordo com letícia lyle, mestre 
em currículo e competências 
socioemocionais pela columbia 
University e co-fundadora da 
cloe, essas novas metodologias 
de trabalho fazem os estudantes 
olharem ao seu redor, interagirem e 
se questionarem. Entramos, então, 
no território das metodologias 
ativas. “O mais importante de tudo, 
pensando em metodologia ativa, é 
que a aprendizagem precisa estar 
no centro de todos os processos”, 
https://novaescola.org.br/conteudo/11897/como-as-metodologias-ativas-favorecem-o-aprendizado
55
sintetiza a especialista. “Então, 
o trabalho envolve fatores como 
analisar a prática didática e a 
própria sala de aula em tempos 
presenciais, desenvolver um olhar 
para o conteúdo de forma que, 
a partir dele, possam ser feitas 
perguntas; permitir um espaço 
de expressão dos indivíduos, e ao 
mesmo tempo promover interações 
entre os estudantes; e por fim, 
pensar em avaliação ou reflexões que 
acompanhem esses processos todos”.
a lista é longa, mas não é preciso se 
desesperar para trazer todos esses 
fatores logo de cara para sua prática 
docente: letícia destaca que, depois 
de colocar a aprendizagem no centro, 
é importante levar em consideração 
as especificidades e o que é possível 
fazer dentro de cada contexto. “a 
56
chave é pensar em estratégias para 
que o estudante permaneça ativo 
e que a aprendizagem esteja no 
centro, ao longo de todo o processo”, 
comenta a profissional, “a partir 
disso, podemos então pensar em 
aprendizagem baseada em projetos, 
sala de aula invertida, ou, no 
presencial, reorganizar a sala de aula 
por estações de trabalho ou grupos.” 
Pensando especificamente em 
ensino remoto ou híbrido, letícia 
enfatiza o apoio das socioemocionais 
no processo de readequação das 
práticas educacionais. “a gente tem 
que pensar que a interação mudou 
‘de cara’, e como as socioemocionais 
lidam de forma efetiva com a nossa 
relação com nós mesmos e com o 
outro, acabam sendo importantes 
para ajudar a nos adaptarmos a 
https://novaescola.org.br/conteudo/20407/aprendizagem-baseada-em-projetos-entenda-o-que-e-e-como-funciona-na-pratica
https://novaescola.org.br/conteudo/20407/aprendizagem-baseada-em-projetos-entenda-o-que-e-e-como-funciona-na-pratica
https://novaescola.org.br/conteudo/3352/blog-aula-diferente-rotacao-estacoes-de-aprendizagem
57
essa nova realidade. Tínhamos 
uma autonomia que funcionava no 
presencial, e agora estamos tentando 
construir essa autonomia novamente”.
 
ainda sobre esse processo de 
adaptação, inês, do instituto ayrton 
senna, reforça que o trabalho 
envolvendo novas metodologias e 
formatos, em meio a uma pandemia 
que praticamente fundiu os anos 
letivos de 2020 e 2021, exige que 
professores e gestores escolares 
fujam da visão de planos anuais, 
anteriormente comuns nas escolas. 
“precisamos sair um pouco do 
tempo escolar, e ampliar o tempo da 
aprendizagem”, indica a educadora, 
“podemos, por exemplo, pensar 
em planejamentos mais curtos, até 
para ver o que está dando certo, e 
rever o que não está funcionando”. 
58
inês analisa que a Educação está 
diante de um cenário que envolve 
adaptação, aceleração de questões já 
trazidas pela BNcc, e transformações 
nas práticas e processos pedagógicos. 
segundo ela, a própria sociedade 
brasileira se vê diante de uma 
reflexão crucial. “A pandemia, com 
toda a tristeza, a tragédia e os riscos 
que ainda estamos vivendo, trouxe 
por outro lado uma oportunidade 
para nos repensarmos enquanto uma 
sociedade educadora. a pergunta 
que fica é: o quanto você oferece 
na escola, e o quanto o aluno está 
aberto para se envolver com o que 
é oferecido?”, conclui a educadora.
59
A adaptação na 
perspectiva dos 
estudantes 
se a pandemia, por um lado, fez 
com que educadores de todo 
o país precisassem acelerar as 
dinâmicas de repensar práticas 
e processos educacionais, é 
essencial que os questionamentos 
também sejam realizados na 
perspectiva dos alunos. como obter 
o engajamento deles nessas novas 
formas de ensinar e aprender? 
É preciso construir estratégias de 
convencimento e conteúdos que 
dialoguem com as suas vivências. 
“Engajamento é um encontro do que 
eu quero falar com aquilo que o meu 
estudante quer aprender”, resume 
60
a educadora letícia lyle, “então, se 
a proposta não estiver conectada 
com o mundo real, se o aluno 
não se enxergar na pergunta e na 
resposta, ele não se sente engajado”. 
A também educadora Inês Kisil 
Miskalo avalia que a chave, 
especialmente no pós-pandemia, 
está em construir reflexões que 
perpassem tanto pelas competências 
socioemocionais, como a tão 
citada ‘autogestão’, quanto pela 
transdisciplinaridade entre os 
conteúdos programáticos. 
“É possível trabalhar língua 
portuguesa com um texto de teatro, 
colocando o aluno em uma peça, 
mesmo a distância, ou pensar em 
um experimento de ciências que 
ajude a alfabetização”, exemplifica 
a profissional, “já no Ensino 
61
Fundamental 2 e Ensino Médio, 
uma boa sugestão é explorar as 
notícias de jornal para discutir 
temas que estamos vivendo. a 
pandemia exacerbou a necessidade 
de abordarmos situações concretas, 
e de forma transversal”.
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4. Equidade: o papel 
das socioemocionais 
na redução das 
desigualdades
Escuta atenta, estratégias que geram 
autoconhecimento e incentivo ao 
projeto de vida dos alunos podem 
diminuir as diferenças nos impactos 
causados pela pandemia
paula salas | 30 de junho de 2021
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“Ela vem de uma família 
desestruturada”, “essa daí não quer 
saber de estudar”, “ali onde mora não 
tinha como fugir do crime”. Essas e 
tantas outras frases são comuns para 
justificar a profecia que sentencia 
crianças e jovens ao fracasso escolar.
Todos foram afetados pela pandemia, 
mas a parcela historicamente mais 
vulnerável é a mais impactada. Ela 
tem cor,classe social, endereço e 
gênero definidos. "São as meninas 
pretas e pardas, pobres, que 
moram na periferia ou em áreas 
rurais, e são filhas de pais menos 
escolarizados", explica simone andré, 
especialista em Educação integral e 
desenvolvimento socioemocional.
Depois de anos de discriminação 
e marginalização, é comum que os 
estudantes reproduzam a falta de 
65
crença que outros lhe atribuem. 
com isso, pouco reconhecem suas 
habilidades e têm baixa autoestima. 
"alunos me falavam que achavam 
que não tinham talento, mas que 
percebem que tem coisas que 
sabem fazer bem. O sonho não é 
algo distante. Traçar objetivos mais 
fáceis de alcançar também pode ser 
motivador", afirma Gabriel Guedes, 
professor de língua inglesa e de 
projeto de Vida para turmas dos 
anos Finais no colégio Municipal 
Álvaro lins, em caruaru (pE).
para o educador, as competências 
socioemocionais são fundamentais 
para criar um futuro diferente para 
esses estudantes. Ele destaca 
a importância de desenvolver 
protagonismo, autoconhecimento, 
empatia e respeito. "projeto de vida 
66
é um ambiente de vulnerabilidade, 
de se expor. Eles usam muito 
para se abrir", explica Gabriel. ao 
professor, cabe acolher o que estão 
sentindo. "Devemos entender como, 
dentro de cada disciplina, podemos 
ajudá-los para que seus sonhos 
individuais se realizem", destaca.
para pensar no futuro, o aluno 
precisa ter uma perspectiva otimista 
a respeito de si e de onde pode 
chegar. Na pandemia, é essencial que 
os educadores ajudem o estudante 
a não perder esse olhar. "Eles têm 
que acreditar que irão sair deste 
presente [no contexto pandêmico]. 
para isso, precisam de perseverança 
e resiliência", diz Thereza paes 
Barreto, diretora pedagógica do 
instituto corresponsabilidade pela 
Educação (icE), que desenvolve o 
67
programa Escola da Escolha em 
parceria com redes estaduais e 
municipais para apoiar os jovens na 
construção do seu projeto de vida. 
O professor Gabriel nota que esse 
trabalho se reflete no desempenho 
dos alunos em todas as aulas. "se 
engajam mais, porque enxergam um 
mundo de possibilidades", afirma.
O primeiro passo para construir 
seu projeto de vida é o 
autoconhecimento. "Desde cedo 
é preciso desenvolver a noção de 
si, se gostar e se aceitar. O aluno 
começa a entender o que precisa 
para realizar seus sonhos, planejar e 
definir metas para o futuro. Trabalhar 
as socioemocionais é criar esse 
ambiente", afirma Thereza. "Apesar 
das dificuldades, os professores 
são as pessoas de referência para 
68
seus alunos, a escola deve ser 
um lugar de acolhimento", destaca 
a diretora pedagógica do icE. 
No dia a dia da sala de aula
"as socioemocionais são o meio e não 
o fim", resume Thereza. O trabalho 
dos professores e gestores deve 
ser intencional e diário. O professor 
Gabriel gosta de estimular o diálogo. 
Ele cria estratégias de sensibilização 
e traz elementos para propor a 
discussão. Nem sempre as propostas 
dão certo e está tudo bem, o 
importante é analisar e buscar formas 
de fazer diferente. Ele lembra de uma 
atividade que planejou para que os 
alunos refletissem sobre quem eram. 
"Eu trouxe um poema de clarice 
lispector, mas não deu certo. Na aula 
seguinte, propus uma dinâmica para 
69
eles desenharem, fizemos a vivência 
e funcionou", conta o educador. 
com suas turmas de 6º ano, há 
um trabalho importante para que 
os alunos saibam como ser menos 
impulsivos e reativos. "Devem saber 
discordar de forma respeitosa, falar 
suas opiniões, reconhecer o outro 
e perceber que o diálogo ajuda a 
resolver os problemas. E construir 
atitudes para um convívio social 
mais saudável”, explica o educador.
a professora Jocastha cavalcante 
também conduz conversas diárias 
com os alunos dos anos iniciais 
no centro de Ensino integral ivany 
Rodrigues Bradley, em arcoverde 
(pE). "cada um tinha seu momento 
de falar sobre as experiências do dia 
anterior", explica a educadora. Em 
70
uma dinâmica simples, como uma 
roda de conversa, eles exercitam 
competências importantes, como 
respeitar e escutar o outro. Na 
pandemia, os encontros foram 
transpostos para o Google Meet. "É 
uma comunidade sem assistência 
educacional e emocional, quando 
abrimos esse espaço percebemos o 
quanto precisam dele", complementa. 
Quem não consegue participar 
tem atendimento individual 
via Whatsapp - além de poder 
retirar atividades impressas.
assim como a escola da professora 
Jocastha, o colégio Estadual profª. 
Hilda Kamal, em Umuarama (PR), 
é parceiro do icE. No programa 
constam aulas de protagonismo. 
"O protagonismo é trabalhado em 
todas as disciplinas, mas temos 
71
mais tempo para isso. Dentro da aula 
abordamos a questão do diálogo, 
respeito e empatia", explica Héricles 
Fernando silveira, professor de língua 
inglesa, protagonismo e Estudo 
Orientado para o 6º e 7º ano. "O 
protagonismo mostra [ao aluno] suas 
possibilidades. Eles são estimulados 
a ter autonomia e responsabilidade", 
explica Jocastha, que também 
dá aula de protagonismo.
Tanto Héricles quanto Jocastha 
relatam uma mudança na postura 
dos alunos. Eles desenvolveram 
uma sensibilidade pelos outros. 
as crianças criaram uma rede 
de apoio durante a pandemia. 
preocupam-se quando um não 
consegue participar, avisam quando 
sabem que o colega teve um 
problema, pedem para esperar pelo 
72
outro quando a internet cai… Os 
educadores creditam a mudança ao 
trabalho com as socioemocionais. 
"a gente percebe que querem 
cuidar, ajudar. Quando aparecem 
situações difíceis levamos para a 
roda de conversa para pensar o que 
fazer", complementa a professora.
As competências 
socioemocionais 
não são bala de prata
apesar de resultados positivos no 
desenvolvimento de competências 
e dos esforços dos educadores, 
existe uma angústia comum por 
conta da situação atual. "Não 
estamos garantindo o direito de 
aprendizagem de todos, pois boa 
parte não consegue ter acesso", 
73
compartilha Jocastha. Ela nota 
que essa desigualdade aparece 
no baixo número de crianças 
que conseguiram se alfabetizar 
durante o ensino remoto.
Hoje, o professor Gabriel conta que 
tem entre 50 e 60% de participação 
nas atividades online. "Está 
melhor que o ano passado, mas a 
conectividade ainda é um problema 
que não conseguimos resolver", 
explica. a falta de acesso aumentou 
as lacunas de aprendizagem que 
já existiam. "a desigualdade não é 
novidade. as secretarias e educadores 
se reinventaram, tem muita coisa 
boa acontecendo, mas não são todos 
[que têm acesso]", afirma Thereza.
simone aponta que, para superar os 
desafios impostos pela pandemia, 
74
é fundamental desenvolver 
competências socioemocionais 
como empatia, abertura para o 
novo, resiliência, autogestão e 
colaboração. isso porque será preciso 
muito esforço, transformações na 
Educação e parceria para enfrentar 
as consequências. "seja qual for a 
escola após a pandemia, vai ter que 
ser mais colaborativa, acolhedora, 
equitativa. Vamos ter que olhar 
para todos, mas especialmente 
para quem mais precisa", diz a 
especialista em Educação integral.
simone propõe um olhar para 
os fatores de desigualdade que 
geraram as defasagens desde antes 
da pandemia. "as socioemocionais 
são um grande propulsor para 
recuperar essas perdas." Ela explica 
que é válido identificar quem são 
75
os mais prejudicados e quais são 
as competências que os ajudam a 
aprender melhor. O processo inclui 
a reconstrução dos vínculos e o 
acolhimento. "É preciso dar espaço 
de participação, ter empatia para 
o que estão vivendo e acolher as 
marcas que trazem da trajetória 
escolar", afirma. Uma Educação com 
mais equidade não depende só do 
professor. "É um projeto de escola. 
Muitas vezes as socioemocionais são 
deixadas para serem trabalhadas 
quando estoura um problema, não se 
cuida da prevenção", afirma Héricles.
Em uma tragédia nunca antes vista, 
com o aumento das desigualdades 
já existentes e um futuro incerto, é 
preciso apoiar as crianças e jovens 
a permaneceremna escola e a 
acreditarem no projeto educacional 
https://novaescola.org.br/conteudo/20410/especial-competencias-socioemocionais-acolhimento-vinculos-aprendizagem
https://novaescola.org.br/conteudo/20410/especial-competencias-socioemocionais-acolhimento-vinculos-aprendizagem
76
como algo importante para 
suas vidas. "Olhem seus alunos 
como seres cheios de sonhos. 
se temos alguma perspectiva 
de avanço socioeconômico 
nesse país, dependemos deles. 
Eles são nossa única chance 
de ter melhores profissionais 
no futuro", finaliza Thereza.
77
Desigualdade aumentou 
durante a pandemia
ainda é difícil mensurar os 
impactos que a pandemia terá na 
aprendizagem dos alunos. O que já 
podemos imaginar é que a diferença 
será gritante entre quem teve acesso 
à atividades remotas e quem não. 
Os mais afetados serão aqueles 
que pertencem a camadas sociais 
mais vulneráveis. ao investigar o 
perfil do público atendido pela 
redes municipais, identificamos que 
83% dos alunos das redes públicas 
do Brasil vivem em famílias com 
até um salário mínimo, segundo 
pesquisa Desafios das Secretarias 
Municipais de Educação na oferta 
de atividades educacionais não 
presenciais, realizada pela União dos 
https://undime.org.br/uploads/documentos/php7UsIEg_5ee8efcba8c7e.pdf
https://undime.org.br/uploads/documentos/php7UsIEg_5ee8efcba8c7e.pdf
https://undime.org.br/uploads/documentos/php7UsIEg_5ee8efcba8c7e.pdf
https://undime.org.br/uploads/documentos/php7UsIEg_5ee8efcba8c7e.pdf
78
Dirigentes Municipais de Educação 
(Undime) e conselho Nacional de 
secretários de Educação (consed). 
além de vulnerabilidade econômica, 
também são um público com 
uma conectividade restrita, o que 
compromete o acesso ao ensino 
remoto. O levantamento mostrou 
que a maioria tem acesso à internet 
pelo celular, no entanto, 54% dos 
alunos da classe C, D e E não têm 
acesso à internet de qualidade. 
pesquisa realizada pelo instituto 
península entre julho e agosto 
de 2020 investigou a percepção 
dos professores em relação à 
aprendizagem dos alunos. Enquanto 
17% dos professores que atuam na 
rede municipal — e só 13% da rede 
estadual — acreditam que os alunos 
aprenderam o esperado, na rede 
https://institutopeninsula.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Sentimentos_-fase-3.pdf
https://institutopeninsula.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Sentimentos_-fase-3.pdf
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particular esse número dobra (36%). 
O estudo pandemia de covid-19: 
o que sabemos sobre os efeitos 
da interrupção das aulas sobre os 
resultados educacionais?, conduzido 
pela Fundação Getúlio Vargas clear 
em parceria com a Fundação lemann, 
mantenedor de NOVa EscOla, 
evidencia que os mais prejudicados 
são os alunos dos anos iniciais do 
Fundamental e os do sexo masculino, 
pardos, negros e indígenas, com 
mães que não finalizaram o Ensino 
Fundamental e moradores das 
regiões Norte e Nordeste. Em um 
cenário mais pessimista, calcula-
se que há um retrocesso de até 
quatro anos na aprendizagem.
http://fgvclear.org/pt/projetos/desigualdadeeducacionalcovid/#more-2560
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Para pensar uma escola 
mais equitativa
A especialista Simone André dá três 
dicas para refletir e construir uma 
Educação com menos desigualdade 
Reconheça seus preconceitos. 
Faça uma revisão constante se, 
inconscientemente, questões raciais, 
de gênero ou socioeconômica não 
estão afetando a forma como você vê 
e trata o aluno. "Está considerando 
que todos os alunos têm potencial 
de aprender ou está pressupondo 
que não vão aprender?", questiona.
Escute as crianças e os jovens. a 
especialista sugere que o professor 
se dispa de julgamentos e realmente 
perceba e entenda cada indivíduo. 
"É difícil silenciar o preconceito, 
81
mas dê espaço para os alunos. Não 
induza conclusões, realmente ouça".
Conecte-se com os alunos. Faça 
com que eles se sintam confortáveis 
em se abrir. "Mesmo que não saiba 
o que fazer, demonstre que se 
interessa pelo que têm a dizer. 
se colocar nesse papel mais 
vulnerável faz toda a diferença."
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5. Para se aprofundar 
no tema
Reportagens
 » Socioemocionais na volta às 
aulas: como pensar atividades 
e na acolhida dos alunos
 » como as habilidades 
socioemocionais podem 
melhorar a convivência?
 » como aplicar na prática as 
competências socioemocionais
 » livros sobre competências 
socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/20050/colunas-pedagogicas-21-mara-mansani-socioemocionais-na-volta-as-aulas
https://novaescola.org.br/conteudo/20050/colunas-pedagogicas-21-mara-mansani-socioemocionais-na-volta-as-aulas
https://novaescola.org.br/conteudo/20050/colunas-pedagogicas-21-mara-mansani-socioemocionais-na-volta-as-aulas
https://novaescola.org.br/conteudo/17041/como-as-habilidades-socioemocionais-podem-melhorar-a-convivencia
https://novaescola.org.br/conteudo/17041/como-as-habilidades-socioemocionais-podem-melhorar-a-convivencia
https://novaescola.org.br/conteudo/17041/como-as-habilidades-socioemocionais-podem-melhorar-a-convivencia
https://novaescola.org.br/conteudo/11736/para-entender-as-competencias-gerais-da-base-e-as-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/11736/para-entender-as-competencias-gerais-da-base-e-as-socioemocionais
https://novaescola.org.br/conteudo/18057/livros-podem-ajudar-a-trabalhar-competencias-socioemocionais-na-escola
https://novaescola.org.br/conteudo/18057/livros-podem-ajudar-a-trabalhar-competencias-socioemocionais-na-escola
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 » competências gerais e 
socioemocionais: como fazer 
o melhor uso delas?
 » Quando as emoções 
entram no currículo
 » competências 
socioemocionais de a a Z
 » Habilidades socioemocionais 
e desenvolvimento pleno
https://novaescola.org.br/conteudo/19679/competencias-gerais-e-socioemocionais-como-fazer-o-melhor-uso-delas
https://novaescola.org.br/conteudo/19679/competencias-gerais-e-socioemocionais-como-fazer-o-melhor-uso-delas
https://novaescola.org.br/conteudo/19679/competencias-gerais-e-socioemocionais-como-fazer-o-melhor-uso-delas
https://novaescola.org.br/conteudo/8811/quando-as-emocoes-entram-no-curriculo
https://novaescola.org.br/conteudo/8811/quando-as-emocoes-entram-no-curriculo
https://novaescola.org.br/conteudo/12178/competencias-socioemocionais-de-a-a-z
https://novaescola.org.br/conteudo/12178/competencias-socioemocionais-de-a-a-z
https://novaescola.org.br/conteudo/19601/o-valor-das-socioemocionais-para-o-desenvolvimento-pleno
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Edição
Maggi Krause
Texto
Victor Santos 
e Paula Salas
Diagramação
Tiago Araujo
ilustrações
André Asahida
N O Va E s c O l a • 2 0 2 1