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Fisioterapia na saúde do neonato Uti Neonatal e Ventilação Mecânica 1 OXIGENOTERAPIA EM RN DEFINIÇÃO: Administração de O2 suplementar. OBJETIVO: Elevar ou manter a saturação de oxigênio acima de 90% (ou valores adequados para cada etapa da vida), corrigindo os danos da hipoxemia, na qual o organismo não é capaz de realizar suas funções metabólicas INDICAÇÃO (para o que ofertar ? DIMINUIR SINTOMAS ASSOCIADOS À HIPOXEMIA CRÔNICA!!! Alteração na frequência respiratória (dispneia, taquipneia, bradipneia); (paciente que informa) Confusão mental ou agitação; Cianose labial e de extremidades; Palidez; Sudorese. TIPOS DE SISTEMA DE OXIGENAÇÃO SISTEMAS DE BAIXO FLUXO A concentração de O2 varia entre 22% e 60%. São utilizados fluxos de até 8l/min a 12l/min, podendo ser cateteres ou máscaras. No entanto, há problemas de utilização, por exemplo: fluxo inexato, vazamentos, obstruções, deslocamento do dispositivo e irritação cutânea. SISTEMAS COM RESERVATÓRIO O O2 é armazenado em um reservatório e é liberado em toda respiração por meio de máscara ou cateter. Geralmente, este sistema é utilizado para transporte. São utilizados fluxos de até 15 l/min. SISTEMAS DE ALTO FLUXO Os sistemas de alto fluxo fornecem uma determinada concentração de oxigênio em fluxos iguais ou superiores ao fluxo inspiratório máximo do paciente, assim asseguram uma FiO2 conhecida. Máscara de Venturi - é um sistema de alto fluxo, no qual o oxigênio passa por um orifício sob pressão, causando aspiração do ar ambiente para o interior da máscara. Desta forma, o paciente respira a mistura de ar ambiente mais oxigênio. Pela máscara de Venturi são fornecidas diferentes concentrações de O2 controladas por meio de diluidores codificados em seis cores para diferentes concentrações de 24%, 28%, 31%, 35%, 40%, 50%. SISTEMAS CERCADOS São dispositivos em que o paciente é adaptado a um ambiente fechado com oxigênio controlado. Mais utilizados em neonatos e lactentes, com a devida adaptação ao tamanho e à necessidade de oxigenação. São as oxitendas, os halos e as incubadoras 2 AEROSSOLTERAPIA EM RN DEFINIÇÃO: A aerossolterapia, também conhecida por inaloterapia, é utilizada nos casos de melhor umidificação de vias aéreas e tratamento dos sintomas do broncoespasmo. O QUE É UTILIZADO? Para essa terapia, pode-se utilizar apenas uma solução fisiológica ou associar medicamentos específicos para o sistema respiratório FISIOTERAPIA As VA do RN são mais estreitas, a língua é maior que a cavidade oral – pode dificultar a absorção do medicamento na cavidade oral ou nas vias mais distais. Fisioterapeuta, através da sua avaliação, escolherá o método mais eficaz, como um espaçador ou um inalador de micropartículas. PRINCÍPIOS DA MECÂNICA PULMONAR A mecânica pulmonar no recém-nascido é bastante peculiar, visto que o sistema respiratório apenas amadurece totalmente entre 8 e 12 anos de idade. “A CRIANÇA NÃO É UM ADULTO EM MINIATURA” “O NEONATO NÃO É UMA CRIANÇA EM MINIATURA” A cabeça é proporcionalmente maior, tendendo a obstruir a passagem de ar. A laringe está posicionada na parte mais superior do pescoço, enquanto a glote é mais afunilada do que a de um adulto, propiciando, assim, uma maior resistência à passagem de ar. Outro fator que aumenta a resistência de VA é o tamanho em comprimento e da luz destas vias, as quais apresentam um suporte cartilaginoso escasso com baixa estabilidade das vias aéreas de condução, tendendo ao colabamento e aumento da resistência. A árvore traqueobrônquica de um RN é mais complacente; o gradil costal é composto principalmente por cartilagem e tem alta complacência Os alvéolos são menos complacentes, devido ao seu tamanho e à fase de desenvolvimento pulmonar. NÚMERO REDUZIDOS DE ALVÉOLOS. SEM LIGAÇÃO COLATERAL. Outro fator que altera a mecânica pulmonar são as vísceras abdominais, as quais são proporcionalmente maiores, limitando a incursão vertical do diafragma. Todos estes fatores fazem com que a indicação do suporte ventilatório seja mais cuidadosa e diferente da ventilação em crianças maiores ou adultos. Devemos pensar nas indicações que serão mais imediatas para diminuir o risco de fadiga diafragmática e piora da insuficiência respiratória. INDICAÇÕES DA VENTILAÇÃO MECÂNICA EM NEONATOLOGIA Diminuição do trabalho respiratório e melhora da ventilação alveolar. Reexpansão das áreas atelectasiadas e manutenção de níveis adequados de oxigenação. Redução de alterações da relação ventilação/perfusão (V/Q). Recém-nascidos com menos de 1500 g. Asfixia perinatal e fadiga muscular Pressão arterial de oxigênio (paO 2 ) menor que 50 mmHg com fração inspirada de oxigênio (FiO 2 ) maior que 50% e pressão arterial de dióxido de carbono (paCO 2 ) maior que 50 mmHg nas primeiras 72 horas de vida. pH < 7,20 persistente ou piora gasométrica ou do quadro clínico. Apneia ou boletim de Silverman- Andersen (BSA) com valores acima de 8. Parada cardiorrespiratória e diminuição do nível de consciência. PARÂMETROS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA Para que haja uma entrada suficientemente eficaz nas vias aéreas, necessita-se de um tempo determinado (Contante de tempo – Kt), que é o produto da complacência e da resistência pulmonar (“medida do tempo necessário para a insuflação ou desinsuflação dos pulmões”), sendo necessário de 3 a 5 Kt para mobilização do volume pulmonar COMO SE DEVE INSTALAR A VENTILAÇÃO MECÂNICA? Esta resposta dependerá das características dos ventiladores mecânicos neonatais. A instalação de parâmetros de ventilação mecânica ocorrerá de acordo com a necessidade de suporte de cada criança. CICLO RESPIRATÓRIO É A SOMA DA FASE INSPIRATÓRIA COM A FASE EXPIRATÓRIA. AJUSTE DE ENTRADA DE AR: Feito pelo tempo inspiratório, pela frequência respiratória, pelo tempo expiratório e pela relação entre tempo inspiratório e tempo expiratório. Com isto, há uma adequação da constante de tempo (geralmente, utiliza- se um padrão de 1:2 ou 1:1,5) 3 DISPARO (INSPIRAÇÃO) O disparo da frequência respiratória pode ser de diversos tipos: Disparo a tempo, no qual se ajusta a FR, permitindo, dessa forma, ciclos regulares. Disparo a fluxo, que ocorre quando há alteração no fluxo do circuito, ou seja, o aparelho demanda um ciclo respiratório quando o fluxo é diminuído no circuito. Disparo a pressão, o qual acontece quando o aparelho percebe diminuição na pressão. Disparo à sensibilidade do aparelho, que ocorre quanto este reconhece o esforço do paciente e demanda um ciclo respiratório. CICLAGEM A ciclagem é a forma como o ciclo respiratório ocorrerá e pode ser: À pressão, quando a pressão predeterminada é atingida nas vias aéreas. A tempo, quando o tempo inspiratório é atingido. A fluxo, quando o fluxo é diminuído no circuito. A volume, quando o volume preestabelecido é atingido nas vias aéreas. A tempo com pressão limitada e fluxo contínuo, muito utilizada em neonatos, permitindo melhor monitoração. Além disso, possui menos riscos de lesão pulmonar. MODALIDADES VENTILATÓRIAS EM NEONATOLOGIA As modalidades mais utilizadas em neonatologia têm por objetivos: Manter as vias aéreas estáveis para melhor troca gasosa. Evitar lesão alveolar, visto que os alvéolos estão em constante crescimento e as vias aéreas têm diâmetro menor, dificultando, assim, a passagem do ar. Muitas são as formas de ventilação, por isso, o fisioterapeuta deve avaliar adequadamente o quadro clínico do bebê e definir qual seria o melhor método de ventilação para diminuir a morbidade pulmonaR VENTILAÇÃO CONTROLADA A VOLUME O fluxo é constante, alcançando os alvéolos em um tempo inspiratório prefixado (a partir da FR e da relaçãoI:E); pode-se limitar a pressão inspiratória de pico (PIP) como medida de segurança contra barotrauma (lesão por excesso de pressão nos alvéolos causando ruptura destes). VENTILAÇÃO CONTROLADA A PRESSÃO (PCV) O fluxo é desacelerado, o que tende a distribuir melhor o gás para os alvéolos. O tempo inspiratório (TI) é prolongado o suficiente para que o fluxo alcance todas as vias aéreas e alvéolos ao final da inspiração, também sendo uma medida protetora de barotrauma. VENTILAÇÃO ASSISTO-CONTROLADA (VAC) Antigamente conhecida como assistido-controlada, é especialmente útil em pacientes com variação do nível de consciência ou da força muscular, portanto, os neonatos se beneficiam devido ao padrão respiratório irregular. Nesta modalidade os ciclos controlados são disparados de maneira sincronizada aos esforços do paciente e, caso este não apresente ciclos espontâneos, o ventilador disparará um ciclo mecânico a tempo. VENTILAÇÃO MANDATÓRIA SINCRONIZADA (SIMV) Possui uma ciclagem a tempo, com limite de pressão inspiratória, sincronizando com a frequência respiratória espontânea do bebê. Possui disparo a fluxo e é mais sensível à ciclagem, além de possuir menor pico inspiratório. VENTILAÇÃO POR PRESSÃO DE SUPORTE (PSV) Consiste em ciclos respiratórios disparados e limitados à pressão; o paciente apresenta esforço inspiratório, assim o aparelho detecta e fornece uma pressão constante no circuito. Isto permite que o paciente controle o tempo inspiratório e o volume corrente. VENTILAÇÃO POR ALTA FREQUÊNCIA (VAF) Uma modalidade onde se administra pequenos volumes correntes, com pressões médias constantes nas vias aéreas, em elevadas frequências ventilatórias (até 4 vezes a FR de base). Estes pequenos volumes respiratórios reduzem os grandes movimentos pulmonares, em contrapartida, reduzindo a distensão da parede alveolar e aliviando o dano induzido pelo estiramento. 4 Trabalha-se com frequências entre 2Hz e 100Hz para atingir a FR adequada e volumes inferiores aos do espaço morto anatômico. VENTILAÇÃO COM RELAÇÃO I:E INVERTIDA (VRI) Indicada também para pacientes graves, mantém alvéolos recrutados por mais tempo, com isso melhora a oxigenação. Nesta modalidade deve-se inverter a relação inspiração/expiração com aumento da frequência respiratória, objetivando aumentar o tempo inspiratório (TI). COMPLICAÇÕES MAIS COMUNS ENCONTRADAS EM NEONATOLOGIA Barotrauma (lesão por excesso de pressão nos alvéolos), Volutrauma (lesão por excesso de volume de ar nos alvéolos) e Biotrauma (lesão por excesso de abertura e fechamento, também conhecida por cisalhamento alveolar); Alterações de órgãos e sistemas devido à diminuição da perfusão cerebral pela hiperventilação; Redução do débito cardíaco secundário ao aumento da pressão intratorácica; Toxicidade pelo oxigênio (que libera radicais livres levando a lesões inflamatórias); Infecção das vias aéreas; Hipoventilação ou Hiperventilação DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA NO NEONATO É a transição da ventilação mecânica (VM) para a respiração espontânea em pacientes que utilizam ventilação invasiva por mais de 24 horas. TEMPO DA VM O processo da retirada também chamado de desmame da VM, ocupa 40% do tempo da ventilação. MÉDIA DE DURAÇÃO A média de duração da VM nestes pacientes é de 6 a 7 dias. FASE 1 – DIMINUIÇÃO DOS PARÂMETROS DO VM Para o desmame é adequado utilizar: Pressão de Suporte entre 7-10 cmH2O; Pressão expiratória final positiva (PEEP) de 5 cmH2O; Parâmetros mínimos de ventilação: PIP< 25- 30cmH2O, PEEP FASE 2 – RETIRADA TOTAL Ocorre quando o RN é submetido a curtos períodos de VM com menos de 24 horas. Não é considerado um método de desmame pelo Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica em Pediatria. Nesta fase, a extubação pode ser realizada após testes de respiração espontânea. FASE 3 – RETIRADA DO OXIGÊNIO SUPLEMENTAR Neste ponto a criança estará apta a manter sua ventilação e trocas gasosas sem a necessidade de oxigênio, que é retirado gradativamente até a criança estar em ar ambiente. Após este período de desmame, o neonato se torna apto a manter sua ventilação espontânea. Por fim, antes de retirar o suporte ventilatório, devem-se realizar testes que definirão se a criança estará apta a suportar uma ventilação espontânea. Além disso, os sinais clínicos devem ser avaliados, por exemplo: Início ou piora do desconforto respiratório. Saturação de O 2 ≤ 85-90%, pH ≤ 7,25. Frequência cardíaca maior que 20% da basal. Pressão arterial sistólica maior que 20% da basal. Aumento da frequência respiratória maior que 50% da basal TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA (TER) Realizado retirando-se a frequência respiratória do aparelho, assim a criança terá que manter sua respiração de acordo com o esforço respiratório. A criança é observada por um breve período (até 30 min.) de respiração espontânea, em seguida é extubada, ou seja, retirada do tubo orotraqueal e do ventilador mecânico.
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