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classificação das Fotodermatoses As chamadas Fotodermatoses constituem um grupo heterogêneo de doenças, que compartilham a característica de serem desencadeadas ou agravadas em resposta à exposição à radiação ultravioleta. Elas podem ser classificadas em: 1. toxicas primárias (ocorrendo em todas as pessoas saudáveis), como: queimadura solar, envelhecimento cutâneo etc. 2. induzidas por substancias químicas diversas (remédios, inseticidas, sabões etc.), e, nesse caso, as reações fotoquímicas podem ser imunológicas ou não, caracterizando as reações de fotoalergia e de fototoxicidade, respectivamente; 3. idiopáticas ou seja, por sensibilidade exagerada a determinadas radiações, em algumas pessoas aparentemente normais; 4. Miscelanea grupo no qual se encaixam dermatoses nitidamente produzidas pelas radiações solares, mas que não têm um mecanismo conhecido e não se incluem nos parâmetros estabelecidos para as demais classificações; e 5. doencas precipitadas ou agravadas pela radiacão solar que podem ser de natureza genética ou adquirida. Um número muito maior de dermatoses poderia ser incluído no grupo IV, como líquen plano actínico, poroceratose actínica, púrpura solar etc. Fotodermatoses toxicas primárias. Os aspectos precoces das fotodermatoses tóxicas primárias são eritema e queimadura espessamento da epiderme hiperpigmentacão, no contexto dos efeitos imediatos da radiação ultravioleta (UV) sobre a pele. manifestações tardias dessas fotodermatoses, além do cancer de pele, envelhecimento da pele A pele torna-se atrófica, apergaminhada, com sulcaturas pronunciadas, mosqueada de pigmentacões (melanose senil). Ao mesmo tempo, pode-se ver uma série de alterações morfológicas, essas alterações correspondem a um efeito fotobiológico cumulativo em função de décadas e cujo aparecimento é mais frequente quanto mais clara for a pele e maior a exposição solar. Nos tipos I a III, aparecem em torno das 4ª 5 décadas de vida e, nos demais tipos, depois da 6 década; nos negros (fototipo VI), essa distrofia involutiva cutânea é mitigada e bem mais tardia. Ocorre também variação de fotodano em relação à raça. Na pele negra a quantidade de UVB que atinge a derme é de 6% comparada a 30% na raca branca e, em relacão ao UVA, aproximadamente 18% e 55%, respectivamente. As alterações morfológicas encontradas podem ser resumidas nos aspectos definidos a seguir. • Elastoidose cística e comedônica (Favre-Racouchot). Caracteriza-se por cistos e grandes comedões implantados em pele amarelada, ao redor dos olhos e nas regiões temporais . • Lagos venosos. São ectasias venosas que se apresentam como pápulas violáceas ou azul-escuras, compressíveis, localizadas em áreas de exposição solar como as hélices das orelhas, as pálpebras, a região malar e, caracteristicamente, o lábio inferior. Tende a ocorrer em idosos, e em princípio, desenvolve- se a partir do dano solar sobre a adventícia vascular e o tecido elástico dérmico. A histopatologia revela vênulas dilatadas constituídas por uma camada fina de células endoteliais ancoradas por tecido fibroso na derme superior. • Pele romboidal (cutis romboidalis, Jadassohn). A pele apresenta-se com aspectos losângicos delimitados por sulcaturas relativamente profundas; sua localização típica é na nuca, podendo, entretanto, ocorrer em outras áreas (face e antebraços). É mais prevalente nos homens por não terem, em geral, a proteção dos cabelos longos. • Dermatoses pré-cancerosas e câncer cutâneo • Pele citreína • Nódulos elastóticos das orelhas (Carter). São pequenas formações nodulares que se localizam na anti- hélicen . Histopatologia das fotodermatoses tóxicas primárias Em praticamente todas essas distintas apresentações do fotodano, ressalta-se um aspecto histopatológico característico, a chamada elastose solar, ou seja, faixas ou nódulos de degeneração basofílica de colágeno, quando em sua plenitude (coloração acizentada no HE), orceína-positiva (material elastótico composto por fibras elásticas grosseiras) que faz perder a estrutura fibrilar do colágeno. Essa faixa localiza-se na derme superior, porém está separada da epiderme, que pode estar atrófica, por faixa estreita de colágeno normal (zona Grenz) Fotodermatoses induzidas por substancias químicas recapitulando: No grupo anterior de fotodermatoses, todos os indivíduos acometidos apresentam o mesmo padrão de reac ̧ão, e a intensidade do processo depende apenas do fototipo de pele. (I a VI). já neste , apenas algumas pessoas reagem de maneira anômala, e o fato independe do fototipo da pele, mas depende de alterações moleculares induzidas por substância química, em conjunção com fótons. O espectro de ação mais frequentemente envolvido está entre 320 e 425 nm, e, portanto, na área de acão do UVA e da luz visível. destacam- se dois tipos diferentes de reação: fototóxica e fotoalérgica. Na reação fototóxica, não há fenomeno imunitário, enquanto na fotoalérgica, sim. Na reação fototóxica, o que ocorre é uma ativação de determinada molécula do organismo, passando aos estados singleto e tripleto com transferência de energia e provocando, consequentemente, alterações patológicas nas membranas celular e/ou nuclear. A amiodarona causa fototoxicidade em 30 a 57% dos seus usuários e, após uso por muitos meses. Na fotoalergia, a substância química introduzida sob a ação da radiação modifica uma molécula celular que, em geral, é o DNA, que, quando alterado (DNA-UV), passa a funcionar como hapteno, e une-se a uma proteína; esse composto antigênico é inicialmente processado pelas células de Langerhans, sensibilizando, em seguida, o linfócito T. É, pois, o mecanismo IV de Gell e Coombs, ou seja, o da imunidade mediada por células. As substâncias químicas são apresentadas à pele de fora para dentro (contatantes externos, como cosméticos, plantas, inseticidas etc.) ou de dentro para fora (contatantes internos, como remédios, alimentos etc.); por fim na fotoalergia reproduz- se um fotoeczema de contato. Manifestacões clínicas e patológicas Na fototoxicidade, ocorre basicamente uma aceleração da resposta eritrogênica. Após a ingestão ou aplicação da substância, o paciente começa a sentir prurido, sensação de queimadura e eritema; em torno de 2 a 6 h (reação imediata), o eritema já é bastante acentuado e acompanha-se de edema; em 12 a 24 h, podem surgir bolhas; nos dias subsequentes, há regressão dessas lesões, com instalac ̧ão de pigmentac ̧ão residual que persiste por várias semanas. Praticamente todas as áreas expostas (face, colo, antebrac ̧o etc.) são difusamente atingidas. Esse tipo imediato de fototoxicidade ocorre com mais frequência após ingestão de sulfas, tetraciclinas, griseofulvina, hipoglicemiantes, fenotiazinas, tiazídicos, quinolonas, retinoides e sulfonilureia. fototoxicidade tardia o início das manifestações ocorre em 6 a 12 h, atingindo o seu máximo em 48 h; esse subtipo tardio é o que ocorre com as furocumarinas existentes em determinadas plantas das famílias Rutaceae e Umbilliferae, bem como o óleo essencial de bergamota (perfumes) e os produtos sintéticos psorale ̂nicos (usados na PUVA- terapia). As lesões também são eritematoedematosas, com ou sem bolhas (depende da intensidade do processo, que por sua vez é dependente do tempo de exposição e da concentração da substância), seguidas de pigmentação. As duas principais variáveis para que ocorra uma reacão fototóxica são a concentracão/quantidade da substancia química e tempo/quantidade da radiacão lumínica. fotoalergia As manifestações clínicas da fotoalergia são basicamente as de um eczema (eritema com vesiculação e prurido), sendo, em última análise, umfotoeczema. Surgem 24 a 48 h após a exposição solar, diferindo, portanto, da fototoxicidade. O contatante pode ser: Exógeno sabonetes antissépticos à base de triclosan, tópicos com sulfas, substâncias anti-histamínicas, protetores solares tipo benzofenonas, substâncias antimicóticas, inseticida.) Endógeno sulfas, losartana, tranquilizantes tipo clorpromazina, quinolonas, anticonceptivos . A reação independe da quantidade da substância química desencadeadora, bastando, pois, quantidades mínimas dela, há necessidade de exposição previa. Fotodermatoses idiopáticas São, por assim dizer, determinadas pessoas que apresentam uma verdadeira predisposição pessoal às radiações ultravioletas. Neste grupo estão incluídas: Erupcão lumínica polimórfica É a mais frequente fotodermatose idiopática. Trata-se de uma erupção de morfologia variada, porém de localização exclusiva nas áreas expostas ao sol, e sem interferencia de qualquer outro fator (imunológico, substancias, metabolismo etc.) que não seja a radiacão. A patogênese parece relacionar-se com uma falha na imunossupressão normalmente induzida pela radiação UV que resulta em reatividade aumentada a fotoalérgenos presentes na pele, o que equivale dizer que a luz fluorescente também pode produzir e/ou agravar a doença. As manifestações surgem algumas horas a poucos dias após a exposição. Inicia- se e/ou piora no verão, e aparece em surtos na dependência da exposição. Ocorre com maior frequência em mulheres: é mais comum na 1 década de vida, e menos na 2 e 3 décadas; é excepcional em idade avançada. Em geral, há diminuição da sintomatologia após muitos surtos em virtude da pigmentação secundária e do espessamento da pele provocados pelas radiações. tratamento é realizado com antimaláricos. A fotoproteção adequada, idealmente, deve ser efetiva contra a radiação capaz de desencadear o quadro. O emprego oral do Polypodium leucotomos ( protetor solar oral) Urticária solar urticária, que se inicia após minutos de exposição solar e continua atingindo o pico em torno de 30 e 60 min. É como uma urticária colinérgica, apresentando, às vezes, sintomatologia geral (mal-estar e cefaleia). Depois de várias exposições, pode haver certa tolerância (taquifilaxia). É mais comum na 3 década, com preponderância feminina. prevencão e o tratamento são realizados, primordialmente, com anti-histamínicos e fotoproteção, incluindo roupas e chapéu. Hidroa vaciniforme (de Bazin) Caracteriza-se por erupção de lesões papulovesiculosas com umbilicação central (varioliforme) e discreta necrose com involução cicatricial em áreas fotoexpostas. É doença rara. Aparece na 1 década da vida, predomina em meninos e, geralmente, desaparece na idade adulta; em alguns casos, há conjuntivite e ceratite. Atualmente sabe-se que a etiologia se relaciona ao vírus Epstein-Barr. O diagnóstico diferencial inclui as porfirias eritropoiética congênita e cutânea tarda, erupção lumínica polimórfica e prurigo actínico. Fotodermatoses do grupo miscelanea • Poiquilodermia de Riehl-Civatte • Lentigo actínico (lentigo solar) • Miliaria solar Diagnóstico o diagnóstico clínico das fotodermatoses é concebido, basicamente, em três parâmetros: • história de coincidência frequente de instalação do quadro após exposição solar • morfotopografia das lesões relacionada com as áreas de fotoexposição. • prevenção, melhoria e/ou desaparecimento do quadro clínico pela não exposição (uso de roupas adequadas e/ou fotoprotetores). terapêutica • Prevenção e eliminação da exposição solar de possíveis substâncias indutoras Prevencão A prevenção para as fotodermatoses deve ser feita com a não exposição solar. O uso de vestimentas e de fotoprotetores adequados é indicado; é muito importante usar um fotoprotetor que elimine especificamente o espectro de ondas na entidade particular ou que seja de amplo espectro.
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