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Andressa Marques – medicina UFR SÍNDROME DE SJOGREN – DOENÇA INFLAMATÓRIA CRÔNICA →Trata-se de uma doença sistêmica imunomediada, de evolução lenta e progressiva, que se caracteriza por um infiltrado linfocitário órgão-específico no epitélio de glândulas exócrinas, causando síndrome seca e manifestações sistêmicas extraglandulares; →Acomete principalmente glândulas salivares e lacrimais (xerostomia/xeroftalmia); todavia, pode acometer a lubrificação de outras partes do corpo também. →Mais prevalente em mulheres (9:1), pico de incidência entre a 4º e 6ª décadas de vida; →Múltiplos órgãos podem ser acometidos, com amplo espectro de manifestações clínicas; →A Sd de Sjogren primária (SSp) ocorre isoladamente, e a secundária (SSs), em associação com outras doenças autoimunes como artrite reumatoide, LES, eslerodermia, PM, doença mista do tecido conjuntivo, tireoide de Hashimoto, cirrose biliar primária e hepatite autoimune; →Risco aumentado, tanto para a população que só SS como para a população que possui uma outra doença autoimune associada, para o desenvolvimento de linfomas; MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS →Há 2 subgrupos de pacientes com manifestações clínicas, padrões histológicos, perfil de citocinas e prognósticos diferentes. Um com elevados níveis de sintomas (secura, fadiga e dor) e grande impacto sobre a qualidade de vida (nesse grupo tem muita produção de citocinas); e o outro com manifestações mais graves acometendo órgãos-algo e que se associam ao aumento da morbidade e mortalidade; →Cerca de 70% dos pacientes estão no lado benigno, 30% desenvolvem alguma manifestação sistêmica e desses, 5% desenvolvem linfoma de células B. Secura oral devido – XEROSTOMIA →Sensação de boca seca, aumento de cáries, disfagia de transferência e condução, diminuição do paladar, sensação de queimação em mucosa oral e halitose; →Dor na língua também é frequente Secura ocular – XEROFTALMIA →Prurido, sensação de secura, lacrimejamento (reflexo, em fase mais inicial apenas), embasamento visual e diminuição da acuidade visual; conjuntivite; esclerite. Ouvidos, nariz e garganta Andressa Marques – medicina UFR →Secura nasal →Tosse crônica →Perda auditiva neurossensorial Manifestações cutâneas →XERODERMIA – pele seca →Ocorrem outras manifestações cutâneas, em 16% dos casos, como vasculites do tipo púrpura palpável, urticariforme, eritema nodoso ou eritema polimorfo. Manifestações das vias aéreas (laringe, traqueia) →XEROTRAQUEIA – o que leva a tosse seca e irritativa →A secura do trato respiratório superior e inferior ocasiona sintomas de rinite, secura nasal, orofaringeana e traqueal, com tosse persistente; →Bronquiolite →Pneumonite (caracteristicamente pneumonite intersticial Linfocítica) Secura vaginal →Vaginite seca, com irritação, prurido e dispareunia. Parotidite recorrente; Sintomas musculoesqueléticos →Artralgias ao longo da evolução da doença; miopatia proximal, sem qualquer alteração nas enzimas musculares (falta de força sem alteração do músculo) Manifestações articulares – poliartrite não erosiva e não deformante ou poliartralgia inflamatória em 30% dos casos, simétrica ou assimétrica. Manifestações renais →Ocorrem em 1/3 dos casos, cerca de 85% são a nefrite tubulointersticial (NI) e 15% glomerulonefrite (GN). →A NI tem curso geralmente benigno, mas pode complicar com acidose tubular renal distal (forma mais frequente), paralisia periódica hipocalêmica, osteomalácia e nefrocalcinose. →GN é manifestação rara. Andressa Marques – medicina UFR →Acidose tubular renal – caracterizada pela presença de um pH inapropriadamente alcalino mediante um quadro de acidose metabólica hiperclorêmica e hipocalêmica; em alguns casos, a ATR tipo I pode se associar a déficit de crescimento, osteomalácia ou raquitismo, fraqueza muscular, perda auditiva neurossensorial e progressiva falência renal; →A associação com nefrocalcinose ou nefrolitíase é mais frequente, devido à presença de hipercalciúria e hipocitratúria Manifestações no SN →20% dos pacientes com SSp, tanto o SNP como o SNC podem ser acometidos. →As polineuropatias axonais sensitiva e sensitivomotora representam mais de 50% dos casos. →Apresentações clínicas decorrentes do envolvimento do SNP: polineuropatias axonais (polineuropatia periférica simétrica sensitiva pura e sensitivomotora); ganglioneuronopatia sensitiva; neuropatia de pequenas fibras; mononeurite múltipla; neuropatia do trigêmeo e de outros nervos cranianos; neuropatias autonômicas e polirradiculoneuropatia desmielinizante. →Apresentações do envolvimento do SNC: focas/multifocais (convulsões, distúrbios do movimento, síndrome cerebelar, neurite óptica, lesões pseudotumorais, déficits sensitivos e motores, esclerose múltipla símile”, vasculite do SNC); difusas (encefalopatia, demência, distúrbios psiquiátricos e meningoencefalite asséptica); e disfunções da medula espinhal (mielopatia progressiva aguda e crônica, doença do neurônio motor inferior, bexiga neurogênica e mielite transversa aguda). →Outras: cefaleia, disfunção cognitiva e distúrbios do humor, são muito frequentes. Manifestações hematológicas →Citopenias – leucopenia, linfopenia, neutropenia e anemia hemolítica →Anemia normocrômica e mormocítica da doença crônica e anemais megaloblástica por deficiência de vitamina B12 associada a atrofia de mucosa gástrica MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS →Faringe-esôfago: disfagia e odinofagia →Doença intersticial (fibrose pulmonar), que condiciona episódios de dispneia →DPOC →Bronquiectasia →Disfagia →Pirose →Hipomotilidade esofágica →Gastrite crônica com infiltrado linfocitário →Dispepsia →Pancreatite aguda →Pancreatite crônica →Hepatomegalia, sem alteração de função hepática →Sistema nervoso central e periférico: envolvimento do sistema nervoso periférico é mais frequente – parestesia de membros, sd de túnel do carpo Andressa Marques – medicina UFR ETIOFISIOPATOGÊNESE →Há suscetibilidade genética para o desenvolvimento dessa síndrome, uma vez que se observa maior agregação familiar; →A SSp está associada com HLA-B8, HLA-Dw3 e HLA-DR3. →Outros genes que determinam a resposta INF tipo-I, como o IRF-5 e o STAT-4 também estão associados a maior risco de desenvolver SSp; →Agentes infeciosos podem desencadear a síndrome em indivíduos geneticamente predispostos, tais como: vírus Epstein-Barr, coxsackievírus, CMV, retrovírus como o HTLV 1, o herpes vírus humano tipo 6 (HHV6) e tipo 8 (HHV8). Esses vírus podem permanecer na glândula salivar, induzindo baixa citólise e infecção viral não citolítica. →A predominância de mulheres no período menopausal sugere importância de fatores predisponentes hormonais. Nas glândulas salivares, há receptores de estrogênio, que, quanto ativados, diminuem o recrutamento de linfócitos T e previnem morte celular. EXAMES COMPLEMENTARES AVALIAÇÃO OBJETIVA DO OLHO SECO →Teste de Shirmer Mede a quantidade de lágrima produzida em determinado tempo; →Coloração da superfície ocular – teste de rosa bengala A fluoresceína é utilizada para corar a córnea em associação ao verde lisamina para a conjuntiva, evidenciando-se áreas de ceratite. AVALIAÇÃO DA SECURA ORAL →Sialografia – exame radioativo invasivo →Cintilografia das glândulas salivares – permite avaliação de sua função →Ultrassonografia de glândulas salivares →Sialometria Andressa Marques – medicina UFR DIAGNÓSTICO →De um modo gera, o diagnóstico vai ser baseado na análise conjunta das manifestações clínicas, pesquisa de anticorpos, testes objetivos oculares e salivares e biopsia de glândulas salivares menores; →Os anticorpos anti SSA-Ro estão associados ao diagnóstico mais precoce →Alterações laboratoriais: VHS elevado, presença de autoanticorpos(FAN, SSA-A/Ro, crioglobulinemia, hipocomplementemia) →Critérios antigos de classificação: →Critérios mais novos (todavia, nem sempre vai dar para usar esses, porque necessitam de exames que nem sempre estarão disponíveis em determinados locais/serviços) Andressa Marques – medicina UFR *atenção com os critérios de exclusão abaixo da tabela DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL →Fármacos xerogênicos (antidepressivos, anti-histamínicos, anti hipertensivos (alguns); →Radioterapia de cabeça e pescoço →Infecções como HCV/HIV →Sarcoidose →Amiloidose →Doença relacionada à IgG4 →Doença enxerto vs hospedeiro TRATAMENTO →O manejo da síndrome de Sjoegren é voltado principalmente para o controle dos sintomas secos (colírio lubrificante, cremes hidratantes) →Nos sintomas extra glandulares o uso de corticoides e de agentes imunossupressores pode ser considerado