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Linfoma de Hodgkin • Os linfomas representam a terceira neoplasia mais comum da infância, perdendo posição apenas para as leucemias (primeira causa) e tumores do sistema nervoso central (segunda causa). • Os linfomas são divididos em dois grandes grupos: a doença de Hodgkin e os linfomas não Hodgkin. • O linfoma de Hodgkin é uma doença linfoproliferativa maligna, cujo tecido afetado apresenta um infiltrado reativo representado por diferentes tipos celulares, incluindo linfócitos B e T, granulócitos, histiócitos, etc., que rodeiam a célula maligna característica da doença – a célula de Reed-Sternberg (ou olho de coruja). - Tal célula é responsável por 1% a 2% da massa tumoral total e, na maioria das vezes, é derivada de linfócitos B. • O Linfoma de Hodgkin (LH) possui a característica de se espalhar de forma ordenada, de um grupo de linfonodos para outro grupo, por meio dos vasos linfáticos. • Doença de Hodgkin (DH) apresenta dois picos de incidência: - O primeiro deles é ao redor dos vinte anos; - O segundo, aos cinquenta anos. É, portanto, considerado um tumor raro na infância. • Apresenta predominância sobre o sexo masculino, mas seu principal tipo histológico (esclerose nodular) tem preferência por mulheres jovens. Fatores de Risco • Alguns agentes infecciosos parecem estar envolvidos com o desenvolvimento do tumor em indivíduos geneticamente predispostos, como é o caso do EBV, CMV e HHV-6. • Indivíduos imunossuprimidos, como portadores do vírus HIV e os pacientes que fazem uso de drogas imunossupressoras, tais como os transplantados de órgãos sólidos. • Apesar de muito raro, membros de famílias nas quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença também têm risco aumentado de desenvolvê-la. Patogenia • A célula de Reed-Sternberg (RS) é uma célula grande, que é derivada de linfócitos B do centro germinativo do linfonodo. - Em volta dela, se acumulam varias outras células como LT, eosinófilos, plasmócitos, etc. compondo uma espécie de “pano de fundo” (é importante lembrar que essas células não são neoplásicas e sim reativas). - Embora a célula de Reed-Sternberg seja a marca citológica da DH, não é exclusiva desta desordem, podendo também ser encontrada nas síndromes de mononucleose infecciosa e nos linfomas não Hodgkin. • O LH é uma das poucas neoplasias em que a célula tumoral representa a minoria da população celular. • A célula de RS do Linfoma de Hodgkin clássico possui 2 marcadores celulares que confirma o diagnóstico da doença: CD15 e CD30. Manifestações Clinicas • A manifestação mais frequente é a adenomegalia; • Os linfonodos costumam ser móveis, de consistência elástica, maiores que 1,5-2 cm e persistentes. Eventualmente podem ser endurecidos devido à fibrose associada. • As cadeias mais acometidas são a cervical e a supraclavicular, sendo que qualquer sítio linfonodal pode estar envolvido. - O comprometimento mediastinal é observado com frequência. • Uma importante característica que diferencia o LH de outros linfomas é o padrão de disseminação organizado, onde os linfonodos são acometidos a partir de cadeias adjacentes. - Costuma seguir a ordem: cervicais > supraclaviculares > mediastinais/hilares > abdominais superiores/baço > abdominais inferiores > inguinais > hematogênica (fígado-medula óssea). • Os sintomas com valor prognóstico são os chamados “sintomas B” (febre, sudorese noturna e perda ponderal) estando presentes em 35% dos casos. - A febre pode ter um comportamento sugestivo (febre de Pel-Ebstein) onde há dias de febre alta alternados com dias sem febre, o que é altamente sugestivo de linfoma. • Entretanto, há outros sintomas que não entram no grupo de “sintomas B” por não possuírem valor prognóstico, mas que aparecem com certa frequência, como o prurido (que pode preceder a adenopatia) e a dor nos linfonodos desencadeada por bebidas alcoólicas. • Exames laboratoriais: - Discreta anemia normocítica e normocrômica - Leve leucocitose, linfopenia, monocitose, eosinofilia(principalmente nos que apresentam prurido; pode representar uma síndrome paraneoplásica associada à secreção de IL-5) e trombocitose. Classificação • A OMS classifica o LH em 2 tipos diferentes quanto a imunofenotipagem: 1. LH Clássico (LHC): • Possui marcadores CD15 e CD30 positivos; • Subdividido em 4 subtipos: →Esclerose Nodular = - É o mais comum (65%), geralmente se manifesta com adenopatia cervical e/ou mediastinal assintomática em mulheres ou homens jovens. - As células de RS podem não ter seu aspecto clássico, aparecendo nas suas formas variantes (como as células lacunares de RS). - Possui o segundo melhor prognóstico. * O aspecto escleronodular não é exclusivo da doença de Hodgkin, pode ser encontrado em tipos de linfoma não Hodgkin. →Celularidade Mista = - É o segundo mais comum, sendo típico em adultos do sexo masculino. - Os sintomas B (febre, perda ponderal e sudorese) são mais frequentes e costuma ser diagnosticado mais tardiamente. - As células de RS são numerosas e podem estar presentes pequenos focos de necrose. - Está associado ao vírus Epstein-Barr e é o subtipo mais comum no LH em pacientes HIV positivos. →Rico em Linfócitos = - Presente em uma minoria de pacientes, é o tipo de melhor prognóstico. - Possui raras células de RS. →Depleção Linfocitária = - Menos comum e de pior prognóstico. - Apresenta fibrose difusa e reticular, além de numerosas células de RS. - Paciente costuma apresentar febre, pancitopenia, linfocitopenia e anormalidades da função hepática. - É mais comum em idosos ou em HIV positivos. - Predominantemente subdiafragmática, com acometimento hepático, esplênico, retroperitoneal e da medula óssea. 2. LH com Predomínio Linfocitário (LHPL): • Possui marcadores de LB (CD20); • É caracterizado pela presença de inúmeros linfócitos no “pano de fundo” contendo eventuais células de RS na forma variante células L&H (linfo-histiocíticas) ou “células em pipoca”. • Geralmente apresenta bom prognóstico. Diagnostico • O diagnostico se dá pela avaliação histopatológica dos linfonodos acometidos. • De um modo geral, linfonodos aumentados, pétreos, aderidos que não regridem de tamanho sempre devem ser submetidos à biópsia excisional. • O encontro das células de RS cercadas por um “pano de fundo” de linfócitos, plasmócitos, etc. confirma o diagnóstico da doença. - Se houver duvida, realizar a imuno-histoquímica, que irá revelar o padrão CD15 e CD30. • São necessários exames de imagem para determinar a extensão da doença, ou seja, a definição do estadiamento inicial. - Atualmente, PET CT é o teste de escolha para estadiamento inicial e, posteriormente, avaliação de resposta ao tratamento. - Também pode-se lançar mão da TC com contraste ou RX de tórax. Tratamento • Deve levar em consideração o estágio da doença (principal determinante), o estado clínico do paciente e a presença de outras patologias associadas. - 1a linha :Quimioterapia e radioterapia - 2a linha: transplante autólogo de células hematopoiéticas é reservado para os casos de recidiva à quimioterapia - 3a linha: brentuximab vedotin para recidivas após transplante autólogo.
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