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Fundamentos do comércio
exterior
Aula 1 - O panorama econômico atual e o
quadro de referência do comércio exterior
INTRODUÇÃO
Em nosso dia a dia consumimos produtos produzidos por empresas de todo o mundo. Também consumimos produtos
fabricados aqui e projetados em outro país. Outros produtos são projetados e fabricados aqui, mas as máquinas que
os produzem são importadas, com um conteúdo tecnológico avançado. Quando viajamos, encontramos produtos
brasileiros nos lugares mais inesperados.
Ao seguirmos nossas carreiras pro�ssionais, podemos trabalhar em empresas nacionais ou estrangeiras. Algumas
vezes, a empresa nacional é controlada por acionistas estrangeiros, outras são investidores brasileiros que adquirem
empresas estrangeiras. É como uma dança dinâmica, com resultados ora bons para nosso consumo e nossa carreira,
ora nem tanto.
Essa realidade faz parte de um mundo globalizado, em que as transformações provocadas pelo comércio são
determinantes na conformação das economias nacionais e, ao �m, das nossas próprias vidas. Isso ocorre porque
construiu-se um sistema de comércio de abrangência mundial, composto por organismos que integram de forma
crescente os sistemas nacionais de comércio. Nesta aula, estudaremos como se forma esse sistema e como se
organiza o comércio exterior do Brasil.
OBJETIVOS
Analisar o desenvolvimento recente do comércio internacional e do comércio exterior brasileiro.
Relacionar o comércio exterior com o crescimento econômico nacional.
Conhecer o quadro de referência do comércio exterior.
Ao longo da história, o comércio de longa distância sempre teve um papel importante nas relações entre os países. No entanto,
somente a partir das grandes navegações, formou-se o primeiro sistema de comércio em escala mundial.
Esse império colonial, que se estendeu das Américas até o Extremo Oriente, tinha por objetivo primeiro o desenvolvimento do
comércio, permitindo a Portugal acessar e estabelecer zonas produtoras, criando uma extensa rede de trocas que terminavam por
abastecer o mercado europeu com especiarias e açúcar, entre outros bens. Esse sistema, contemporâneo ao espanhol, foi
seguido pelos sistemas holandês e inglês, tendo este constituído o maior império da Era Colonial.
A doutrina prevalecente na época era a do Mercantilismo, que entendia o acúmulo de riquezas como objetivo econômico do
Estado-Nação. Entendia-se como riqueza nacional o espaço territorial, a população nacional e o acúmulo de metais preciosos. O
sistema econômico da época era bastante regulamentado e havia uma postura fortemente protecionista nas relações comerciais.
O acúmulo de superávits era o objetivo único do comércio exterior de um país.
Esse processo de expansão comercial europeu acelerou-se a partir do século XIX, com o advento do capitalismo, passando outros
países europeus, como a Alemanha, a Itália e a França, à condição de metrópoles coloniais. Durante esse período, consolidou-se,
pouco a pouco, uma doutrina liberal de comércio e, ao mesmo tempo, uma série de tratados de natureza comercial foi assinada
entre diversos países, do Oriente ao Ocidente.
Um bom exemplo da formação desse sistema internacional de comércio foi a assinatura da Convenção da União de Paris, em
1883, celebrando o primeiro tratado multilateral sobre a propriedade intelectual, de modo a evitar a pirataria industrial e garantir o
franco desenvolvimento do comércio, estimulando a inovação.
A partir da segunda metade do século XX, intensi�cou-se o esforço de integração da economia mundial. Ao �m da
Segunda Guerra Mundial, os países do bloco aliado, com o intuito de reconstruir a economia mundial e, na verdade,
buscando construir um efetivo ambiente de cooperação econômica entre elas, celebraram o acordo de Bretton Woods.
Esse acordo previa a criação de três instituições internacionais:
Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD
O Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento — BIRD
(//www.bancomundial.org/), cujo objetivo era �nanciar os esforços de reconstrução do pós-
guerra e promover o desenvolvimento. Atualmente, é identi�cado como Banco Mundial,
sistema que congrega diversas instituições de fomento ao desenvolvimento.
Fundo Monetário Internacional - FMI
O Fundo Monetário Internacional — FMI (//www.imf.org/external/spanish/index.htm), cujo
principal objetivo é garantir a estabilidade cambial e o equilíbrio dos balanços de
pagamentos dos países membros, inclusive através do �nanciamento de eventuais dé�cits.
Organização Internacional de Comércio - OIC
A Organização Internacional de Comércio — OIC (https://www.wto.org/indexsp.htm). Essa
organização não teve seu tratado constitutivo, a Carta de Havana, rati�cada pelos Estados
Unidos, o que inviabilizou sua criação. Em seu lugar foi celebrado o Acordo Geral de Tarifas
e Comércio — Gatt (sigla do nome em inglês General Agrément on Tariffs and Trade), com o
objetivo mais modesto de promover a redução dos níveis de taxação aplicados pelos países
membros na importação. O Acordo logrou sucesso e, na Rodada do Uruguai, foi acordada a
criação, por �m, da Organização Mundial de Comércio — OMC, que iniciou suas operações
em 1º de janeiro de 1995. A OMC é a principal organização mundial de promoção do livre
comércio, abrigando diversos tratados internacionais sobre temas relacionados, como o
citado GATT, o acordo sobre investimento (TRIMS), o acordo sobre propriedade intelectual
(TRIPS), entre outros.
Ao lado dessas três, forma-se um conjunto de instituições, públicas e privadas, voltadas à promoção do comércio, que
garantiu um rápido crescimento das exportações mundiais, resultando em uma forte integração entre mercados.
Nesse mesmo contexto, os �uxos de capitais �nanceiros se tornam globais, acentuando-se, igualmente, as relações de
natureza cultural e técnica, entre outras.
Fonte:
A integração é potencializada pelos processos de união econômica regionais. A União Europeia é o processo mais
avançado de integração nos tempos atuais, que certamente foi, em grande parte, responsável pelo notável crescimento
europeu no pós-guerra. O Brasil participa do Mercosul, talvez o processo de integração mais signi�cativo da América
https://www.bancomundial.org/
https://www.imf.org/external/spanish/index.htm
https://www.wto.org/indexsp.htm
do Sul, ao lado de outros, com variadas perspectivas de evolução positiva.
O Quadro 1 mostra o impressionante crescimento do comércio desde o pós-guerra. As exportações mundiais
cresceram, entre 1948 e 2016, cerca de 8,6% ao ano, signi�cando que, nesse período, o volume de comércio cresceu
cerca de 275 vezes. Mesmo sabendo que esses números são a dólares correntes, isto é, os efeitos da in�ação não
estão descontados, partiu-se de 58 bilhões de dólares para um patamar de quase 16 trilhões de dólares ao ano, em
menos de meio século. (Desde a crise de 2008, o crescimento do comércio tem sido incerto, tendo caído de cerca de
19 trilhões de dólares, em 2014, para o nível atual).
Quadro 1
Fonte: Organização Mundial do Comércio — Statistics database/cálculos feitos pelo autor. Disponível em:
//stat.wto.org/StatisticalProgram/WSDBViewData.aspx?Language=E (glossário)
Nota-se que a Ásia apresenta o maior crescimento relativo das exportações (10,7% ao ano), resultado do modelo de
desenvolvimento voltado para fora, adotado pelos países do Extremo Oriente (especialmente Japão, Coreia e China). A
Europa foi outra região cujo crescimento do comércio foi acima da média mundial, devido, especialmente, ao grande
esforço exportador nas décadas de 1950 a 1970.
ATIVIDADE
Antes de continuarmos, examine as informações do Quadro 1. Haveria uma correlação entre o crescimento das
exportações e o desenvolvimento econômico?
Resposta Correta
Cabe, então, perguntar: quais os benefícios que o comércio exterior traz para a economia de um país? Seria melhor se
cada país voltasse seus esforços para produzir e consumir internamente?
https://stat.wto.org/StatisticalProgram/WSDBViewData.aspx?Language=E
A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIOPARA O DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO
A atividade produtiva é a responsável pela geração de riqueza em um país da seguinte maneira, basicamente:
Os economistas demonstram que uma economia, ao fazer comércio com outros países, aumenta sua capacidade de
consumo, pois pode trocar o que produz de forma mais e�caz pelos bens que outro país produz mais e�cientemente. O
resultado �nal é que os preços da economia como um todo se tornam menores, bene�ciando os compradores.
Clique nos itens abaixo.
A EXPORTAÇÃO (glossário)
A IMPORTAÇÃO (glossário)
A história mostra uma forte relação entre o comércio exterior e o desenvolvimento econômico.
Fonte da Imagem:
Os primeiros países europeus a adotarem o capitalismo industrial cresceram via desenvolvimento do mercado interno
e das exportações.
Fonte: brichuas / Shutterstock
Fonte da Imagem:
Os países orientais, Japão, China e os “tigres asiáticos” (Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Taiwan), cada um a seu
tempo, adotaram o modelo chamado de “crescimento para fora”, isto é baseado nas exportações.
Fonte: Popartic / Shutterstock
O Comércio Exterior Brasileiro
Até agora, abordamos os aspectos gerais das relações comerciais entre as nações – história, estrutura e objetivos.
Esse campo de conhecimento e de atuação denominamos comércio internacional, que está inserido, conceitualmente
falando, no ramo da economia internacional. Quando, no entanto, nos referimos ao conjunto de leis, de práticas e de
relações de um país no comércio internacional, estamos nos referindo ao comércio exterior desse país com o resto do
mundo.
O Brasil participa com pouco mais de 1% das exportações mundiais, o que não é muito considerando nossa extensão
territorial e o tamanho de nossa economia, uma das dez maiores do planeta. Podemos ver pelo grá�co que nossas
exportações começaram a cair, a partir de 2011, fruto de alguma retração no mercado internacional que, somando a
fatores internos, fez com que nossa economia entrasse em um período recessivo, com impacto em nossas
importações. Estas encolheram como consequência da retração do consumo e da demanda de insumos (matérias-
primas e outros bens utilizados na produção) e de bens de capital (máquinas e equipamentos destinados à produção)
por parte das empresas.
Quadro 2
Fonte: Secex. Disponível em: //www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/balanca-
comercial-brasileira-acumulado-do-ano (glossário)
A composição de nossas exportações e importações, em termos de valor agregado, isto é, o grau de elaboração dos
produtos exportados é mostrado no Quadro 3.
Quadro 3
https://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/balanca-comercial-brasileira-acumulado-do-ano
ATIVIDADE
Vemos pelo Quadro 3 que a relação entre produtos básicos e manufaturados praticamente inverteu-se. Isso signi�ca
que o país perdeu completamente capacidade competitiva na exportação de manufaturados?
Resposta Correta
O que signi�ca, para o crescimento econômico, a menor participação relativa das exportações da indústria?
Resposta Correta
O quadro de referência do Comércio Exterior
O comércio exterior de um país constitui-se de exportação e importação de mercadorias, (bens físicos destinados a
satisfazer necessidades e desejos — como alimentos, roupas, minérios etc.) ou serviços (atividades pro�ssionais que
atendem a necessidades especí�cas, não resultando em posse de um bem tangível. Exemplo: serviços bancários, de
transporte, de consultoria etc.).
Abordaremos em nossas aulas, especialmente, o comércio de mercadorias, que se reveste de maior importância no
comércio internacional, embora o crescimento do setor de serviços, nos últimos anos, seja signi�cativo. A necessidade
de separarem-se as atividades decorre das características bem particulares de cada uma delas, em termos de
procedimento operacionais e do tratamento dado pela legislação.
O Quadro de Referência do Comércio Exterior (Quadro 4) tem por objetivo mostrar de forma esquemática, porém
abrangente, todos os principais atores e as principais operações do comércio exterior.
Quadro 4
Exportação
Consiste no envio de quaisquer mercadorias enviada para o exterior, em caráter comercial
ou não, temporário ou de�nitivo.
• Exemplo de exportação não comercial: a bagagem com que viajamos para o exterior, pois é
uma saída de mercadoria. 
• Exemplo de saída temporária: um equipamento enviado para reparo no exterior.
Importação
É a entrada de mercadorias no país, procedentes do exterior, em caráter comercial ou não,
temporário ou de�nitivo. Mesmo a importação feita sem caráter comercial está sujeita ao
controle da alfândega, como nossa bagagem pessoal no retorno ao país.
O Exportador
Pela legislação brasileira é considerado exportador aquele que embarca a mercadoria para o
exterior. Pode ser uma pessoa física ou jurídica. A pessoa física é autorizada a exportar
comercialmente apenas nos casos em que é artesão, devidamente registrado no município,
ou fazendeiro, registrado no Incra.
O Importador
O importador é aquele em nome de quem é feita a importação, normalmente pessoa
jurídica, ou o artesão ou fazendeiro ou assemelhado. A legislação brasileira prevê que as
pessoas físicas, em geral, só podem fazer importações de natureza não comercial (livros,
roupas etc.), limitando a frequência e os valores máximos das operações.
Em linhas gerais, o Quadro 4 mostra que o Exportador estabelece relações comerciais com o Importador e combinam
as condições da operação, de acordo com a legislação de seus respectivos países. Os contratos comerciais
internacionais compreendem, em linhas gerais: a descrição da mercadoria, o preço, as condições e a forma de
pagamento, o modal de transporte, o prazo de entrega, entre outras condições. 
Quem, de fato, faz as operações de exportação e importação no comércio internacional são as empresas privadas ou
estatais, que operam produtivamente. Organizações governamentais, como autarquias e órgãos da administração
direta, também podem exportar e importar, embora isso seja menos frequente.
Os governos dos países de�nem legislações e regulamentos especí�cos para o comércio exterior, dada a maior
complexidade e as peculiaridades dessas operações. O Brasil, por exemplo, tem três conjuntos de regulamentos
básicos aplicáveis a essas operações, ao lado de outros:
O REGULAMENTO ADMINISTRATIVO Refere-se à autorização de entrada e saída de mercadorias de acordo com as
normas comerciais, técnicas, sanitárias, ambientais etc.
O REGULAMENTO ADUANEIRO Aplica-se ao despacho aduaneiro, isto é, aos procedimentos alfandegários
para veri�cação dos aspectos tributários e administrativos a serem
cumpridos, em território nacional, na entrada e na saída de mercadorias.
O REGULAMENTO CAMBIAL Aplica-se aos procedimentos relativos aos pagamentos e recebimentos em
moeda estrangeira nas transações com o exterior.
Os governos, atendendo aos interesses nacionais e buscando estimular as atividades exportadoras, pois elas levam ao
crescimento econômico, concedem incentivos às exportações. Esses incentivos podem se constituir de benefícios
�scais, isto é, alguma forma de redução ou isenção de tributos nas operações de exportação, de linhas de
�nanciamento ou de crédito especiais, de programas de treinamento e de apoio nas áreas gerencial e de mercado,
especialmente na promoção comercial.
Em outro sentido, buscando proteger a produção nacional da concorrência estrangeira e buscando garantir os direitos
do consumidor local, quanto à qualidade e segurança dos produtos importados, os governos estabelecem
procedimentos a serem cumpridos nas importações, que acarretam, de fato, restrições à entrada, constituindo as
barreiras comerciais.
Fonte da Imagem:
Com esse mesmo objetivo de proteção à indústria local, mas também com objetivos �scais, isto é, de realização de
receitas, os governos estabelecem tributos que incidem sobre a entrada de mercadorias. No Brasil, os produtos
importados, de forma geral, sofrem a incidência do imposto de importação, além deoutros tributos especí�cos à
importação e ao consumo (como o IPI e o ICMS, também aplicáveis no mercado interno).
Fonte da Imagem:
No entanto, se as empresas estão submetidas às leis de seus países, que condicionam suas operações de comércio
exterior, os países, de forma semelhante, têm que estabelecer acordos com os outros países com que comerciam, de
modo a garantir condições favoráveis ao comércio.
Fonte da Imagem:
Dessa maneira, o ambiente internacional de comércio é formado por uma série de tratados, convenções e atos
internacionais, bilaterais e multilaterais, que visa estabelecer as condições básicas do relacionamento comercial entre
os países.
Fonte:
Atualmente, prevalece uma doutrina de liberdade do comércio, corpori�cada, especialmente, em uma série de acordos
administrados pela Organização Mundial de Comércio – OMC, principal organismo público do comércio internacional.
Existem, além desses, vários outros acordos e organizações públicas que tratam de aspectos mais especí�cos dessas
relações.
Por esses tratados, existem limitações a serem observadas pelos países na concessão de incentivos à exportação e na
interposição de barreiras à importação. O princípio básico por trás dessa doutrina é que os ganhos do comércio só
podem se realizar plenamente se prevalecer um sistema de livre concorrência, com livre formação de preços.
Incentivos à exportação que caracterizem subsídios que levem à formação de preços arti�cialmente baixos ou
barreiras comerciais excessivas que impeçam, de fato, a entrada de mercadorias estrangeiras no país, a preços
competitivos, não são aceitáveis no atual sistema internacional de comércio.
Além desses organismos públicos, fruto dos tratados feitos entre países, o ambiente internacional compõe-se,
também, de organizações de natureza privada que buscam criar facilidades para as empresas em suas operações
internacionais. Algumas delas, como a Câmara de Comércio Internacional – CCI, criam regras a serem voluntariamente
adotadas pelas empresas em suas operações. As regras relativas aos pagamentos internacionais e aos termos de
contratação, por exemplo, são regras estabelecidas pela CCI, amplamente utilizadas pelas empresas em suas
transações.
Atenção
, Na verdade, todos os aspectos relativos às relações comerciais (e todas as outras) entre países são previstas e reguladas por
acordos especí�cos. Assim, o transporte de mercadorias também �ca sujeito a acordos entre países para a circulação dos meios
de transportes (rodoviários, aquaviários e aéreos). Além disso, na esfera privada, empresas de transporte estabelecem entre si
acordos para a exploração de determinadas linhas, como as conferências de fretes no transporte marítimo., , As grandes
distâncias, associadas ao comércio internacional, e os muitas vezes longos períodos que a mercadoria passa nos meios de
transporte implicam em um elevado risco de dano ou de perda da mercadoria. Como os volumes transacionados são usualmente
grandes, é praxe necessária nas operações o seguro das mercadorias. Existem outros tipos de seguros que dão cobertura à
operações de crédito e às obrigações aduaneiras.
O pagamento pelas mercadorias constitui, claro, uma das etapas essenciais do comércio, sofrendo forte
regulamentação pelos governos nacionais. Todo o processo de exportação se justi�ca, ao �nal, pelo pagamento, e o
risco de não recebimento constitui uma das principais, senão a principal, preocupações do exportador. Entretanto, o
pagamento em si não constitui toda a história. Nesse ponto, o câmbio, isto é, a razão de troca entre a moeda
estrangeira, em geral o dólar, e o real, é importante para determinar a rentabilidade da operação, pois indica quanto o
exportador receberá em reais pela operação ou, em contrapartida, quanto o importador gastará em sua compra.
Todos esses aspectos, vistos aqui de forma esquemática, serão tratados de forma mais detalhada em nossa próximas
aulas, de modo que possamos ter um quadro claro das operações de comércio exterior. É importante ter em mente, ao
longo de toda a disciplina, esse quadro de referência, o que deverá ajudar a contextualizar as informações nas
próximas aulas.
EXERCÍCIOS
Questão 1: O comércio internacional é o resultado da ação de empresas, atuando comercialmente, e dos governos,
regulamentando e �scalizando essas operações. Qual das alternativas a seguir representa uma ação do governo que
afeta diretamente as exportações?
a) Celebrar tratados internacionais de cooperação técnica.
b) Fixar alíquotas do imposto de importação.
c) Abrir linhas de crédito com juros menores para a exportação.
d) Reduzir os impostos sobre o consumo e sobre a renda.
e) Elevar a taxa de juros.
Justi�cativa
Questão 2: As estatísticas mostram que, nos últimos anos, tanto a exportação quanto a importação diminuíram
sensivelmente. A queda nos valores das importações signi�cam que:
a) Os países parceiros não estão interessados em exportar para o Brasil, por possíveis problemas na capacidade de pagamento
do país.
b) O governo brasileiro estabeleceu uma série de restrições às importações, elevando em muito o custo das mercadorias.
c) O consumidor e as empresas brasileiras estão preferindo comprar produtos nacionais, para ajudar o país sair da recessão.
d) A recessão econômica reduziu o consumo das famílias e a demanda das empresas por insumos importados.
e) A queda nas exportações afeta automaticamente os volumes importados.
Justi�cativa
Questão 3: Existem duas doutrina básicas adotadas pelos países no estabelecimento de suas políticas de comércio
exterior: a liberal e a protecionista. Assinale a alternativa que representa uma ação de estímulo ao livre comércio:
a) Diminuição do imposto de importação.
b) Estabelecimento de exigências administrativas adicionais na importação.
c) Subsidiar o produto nacional concorrente.
d) Estabelecer quotas de importação, isto é limitar a quantidade importada.
e) Aumento do imposto de importação.
Justi�cativa
Glossário
EXPORTAÇÃO
A exportação, em caráter comercial, leva a uma ampliação do mercado das empresas, pois elas passam a contar com os
mercados estrangeiros e, com isso, ampliam sua produção e a geração de emprego na economia. O efeito sobre o emprego da
exportação é no entanto, diferenciado. Os setores industriais, que possuem uma cadeia de produção mais longa, diz-se, com
maior valor agregado no processo produtivo, geram maior emprego de todos os fatores da economia, contribuindo mais
efetivamente para a elevação da renda. Os bens primários, de menor valor agregado, têm uma contribuição menor.
IMPORTAÇÃO
A importação, por seu turno, permite que se supram necessidades não atendidas pela produção doméstica. A doutrina liberal
argumenta, e a história tem con�rmado, que a livre entrada de bens promove, via concorrência, o aperfeiçoamento da indústria
local, aumentando sua competitividade. De qualquer modo, o grau de abertura de um país depende das condições necessárias,
em cada momento, ao desenvolvimento da economia, sendo as políticas de comércio exterior sempre usadas com pragmatismo
pelos governos.
Fundamentos do comércio
exterior
Aula 2 - Organismos Internacionais e
Processos de Integração
INTRODUÇÃO
As relações entre países se constroem a partir de uma multiplicidade de atos internacionais celebrados nas diversas
áreas de interesse: política, cultural, cientí�ca, técnica, econômica, entre outras. As relações comerciais entre países
igualmente resultam de atos internacionais, estabelecidos, de modo bilateral ou multilateral, para ordenar essas
relações.
Ao longo da história, o comércio desempenhou papeis diferentes, com uma importância variável no cenário
internacional. Contudo, em todos os momentos, as trocas entre países desempenharam um papel importante na
circulação e aumento da riqueza. Partindo desse pressuposto, após a 2ª Guerra Mundial intensi�caram-se os esforços
para a integração das economias e a promoção do desenvolvimento através do comércio.
OBJETIVOS
Analisar a formação das doutrinas e do sistema internacionalde comércio.
Conhecer as funções e as estruturas dos organismos internacionais de comércio.
Hierarquizar os processos de integração econômica.
Introdução
 
 
As relações comerciais entre países não se constroem, em condições normais, de forma espontânea, fruto apenas das
relações entre as empresas e as pessoas. Elas decorrem do estabelecimento de relações formais pelos governos, através
de atos internacionais, que de�nem sistematicamente como se dará esse relacionamento, seu objetivo, sua mecânica e
condições.
Leitura
,
Atos Internacionais
, , A Convenção de Viena do Direito dos Tratados, de 1969, de�ne atos ou tratados internacionais como "um acordo internacional
concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais
instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação especí�ca"., , A Constituição brasileira estabelece que apenas o Poder
executivo pode celebrar atos internacionais. No entanto, esses atos deverão ser referendados pelo Congresso Nacional, para que
tenham força de lei e seus gerem efeitos em território brasileiro., , As unidades federativas – os estados e seus municípios – não
podem celebrar tratados internacionais, de acordo com nossa Constituição, o que é prerrogativa exclusiva da União. Assim,
qualquer ação nesse sentido deverá ser intermediada pelo Ministério das Relações Exteriores., , Os atos internacionais ganham as
seguintes denominações:, ,
Tratado
Convenção
Acordo
Ajuste ou Acordo Complementar
Protocolo
Memorando de Entendimento
Convênio
Acordo por troca de notas
, , As de�nições desses atos podem ser obtidas em: //dai-mre.serpro.gov.br/clientes/dai/dai/apresentacao/tipos-de-atos-
internacionais (//dai-mre.serpro.gov.br/clientes/dai/dai/apresentacao/tipos-de-atos-internacionais)
Historicamente, as relações comerciais entre países são construídas bilateralmente, através de atos que preveem, basicamente,
as mercadorias que serão comercializadas, as formas de processamento dos pagamentos e as condições do transporte, bem
como, e, esse é um ponto essencial, os níveis de impostos que serão aplicados.
Por razões históricas e geopolíticas, foram formados diversos acordos multilaterais com o objetivo de formar grupos de países,
de uma mesma região ou com a�nidades características, em que o comércio entre os membros disponha de tratamento
preferencial.
https://dai-mre.serpro.gov.br/clientes/dai/dai/apresentacao/tipos-de-atos-internacionais
1. O SISTEMA INTERNACIONAL DE COMÉRCIO
Um breve histórico do comércio mundial
Fonte: StockSmartStart / Shutterstock
O comércio surge como comércio de longa distância (POLANYI, 2012).
As comunidades pré-históricas, organizadas em tribos, onde a propriedade era comum, não tinham necessidade de
fazer comércio internamente, mas sim de obterem produtos escassos ou inexistentes em sua própria região.
Apenas quando as sociedades atingem uma complexidade maior, com o aprofundamento da divisão social do trabalho
e com o surgimento das cidades, é que podemos dizer que surge um comércio interno, embora não tivesse o mesmo
signi�cado e importância que tem hoje.
O comércio de longa distância era, no entanto, uma atividade dinâmica que, ao lado da guerra, constituía uma fonte de
poder e riqueza para as nações da antiguidade. Vários povos desfrutaram de grande riqueza por causa do comércio.
Exemplo
, Por exemplo: a civilização minóica (localizada na ilha de Creta), entre 3.100 a.C. e 1.100 a.C., e os fenícios (localizados na costa
mediterrânea onde hoje estão Líbano e a Síria), entre 1.500 a.C. e 300 a.C., prosperaram graças ao intenso comércio que
praticavam na região mediterrânea e no oriente médio.
No Império Romano, que existiu entre os séculos VI a.C. e V d.C., o comércio era intenso entre suas fronteiras e com os
impérios vizinhos. A Rota da Seda, tradicional caminho de comércio que ligava a China ao Mediterrâneo, recebeu a
proteção colaborativa dos impérios que atravessava, garantindo a segurança de passagem, junto com pesada taxação.
O sistema internacional de comércio, em sua con�guração atual, formou-se a partir da do �m da 2ª Guerra Mundial, quando um
grupo de países, de modo geral na esfera de in�uência dos EUA e dos principais países europeus, �rmaram o acordo de Bretton
Woods, onde estabeleceram um conjunto de regras básicas ao funcionamento da economia e do comércio internacional.
Como resultado, nos dias de hoje, existe uma complexa rede de órgãos e acordos comerciais de caráter bilateral ou multilateral,
público ou privado, regional ou não, criando facilidades e promovendo os negócios entre empresas, ao mesmo tempo que
estimula o atendimento das necessidades de crescimento e de abastecimento das economias nacionais.
Navios, após o aprendizado de como aproveitar os ventos de monções, passaram a navegar, a partir do Mar Vermelho,
até ao sul da Índia, alcançando, por �m a China, através do estreito de Malaca (entre a Malásia e a ilha de Sumatra).
O mapa mostra esses caminhos, por terra e por mar.
Disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/Silk_Road (glossário), acesso em 20/8/17. As rotas mostradas neste
mapa coincidem, esquematicamente, com as indicadas por McNeill (1979).
As mercadorias comerciadas ao longo de toda a antiguidade eram variadas, indo desde produtos básicos e
semimanufaturados – grãos, madeiras, pedras preciosas, placas de metal – e manufaturados – vinho, têxteis, artigos de
luxo e seda, proveniente da China.
Leitura
,
Piratas e comércio
, , O estreito de Malaca, ainda hoje uma importante ligação entre o oceano Índico e o Pací�co, sofre de um problema tão antigo
quanto a existência da rota: a pirataria. Ainda hoje, em diversas partes do mundo (como a da costa da Somália), a pirataria traz
uma preocupação grande com a segurança das tripulações e das cargas. No �m, representam um gasto a mais em segurança
que contribui para a elevação dos custos do transporte., , Este é um fenômeno, na sua versão contemporânea, que tem
preocupado as organizações públicas e privadas do comércio internacional, além dos próprias forças armadas de diversos países
que têm se envolvido no patrulhamento das águas mais perigosas., , Clique aqui (//jornalcanal16.com.br/site/pt/pt/a-pirataria-
maritima-e-suas-caracteristicas/) para ler uma matéria bem abrangente sobre a questão, publicada pela EFOMM - Escola de
Formação de O�ciais da Marinha Mercante., , Clique aqui (https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/internacional/conheca-
os-10-mares-mais-pirateados-do-mundo-e-fuja-deles,3f09392625237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html) e conheça os locais
mais perigosos para os navios mercantes.
Na Idade média, o comércio de longa distância continuou �orescendo, com a expansão das cidades italianas, Gênova e
Veneza, em especial e da Liga Hanseática, que congrega cidades do norte da Alemanha, estendendo sua rede da
https://en.wikipedia.org/wiki/Silk_Road
https://jornalcanal16.com.br/site/pt/pt/a-pirataria-maritima-e-suas-caracteristicas/
https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/internacional/conheca-os-10-mares-mais-pirateados-do-mundo-e-fuja-deles,3f09392625237310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html
Prússia até Londres. As mercadorias negociadas incluíam têxteis, armas, cristais e especiarias do oriente, entre muitos
outros artigos. Devido a insegurança das rotas, resultado da pulverização do poder na Europa, o comércio de bens de
luxo foi reduzido, prevalecendo transporte em grandes quantidades de bens de baixo valor (McNEILL, 1979).
O mercantilismo
A partir do século XIV, a consolidação dos Estados nacionais – Portugal, Espanha, Holanda França, Inglaterra,
estimulou uma grande expansão marítima e a formação dos primeiros sistemas de comércio com amplitude mundial.
Nesse período, conhecido como o da Revolução Comercial, amplia-se em intensidade e quantidade as trocas por todo
o planeta.
Portugal formou, antes mesmo da Espanha, um sistema de comércio que envolvia o Brasil, a África e uma série de
entrepostos comerciais que chegou a se estender atéo Japão. Foi sucedido nessa rede de controle do comércio do
oceano Índico pela Holanda e, a partir do século XVIII, pela Inglaterra. Esses sistemas, que conviveram ao longo desse
período, assumem uma abrangência global, mas existiam como sistemas imperiais, no sentido de se submeterem às
regras de um único país.
A formação e consolidação do Estado-Nação trouxe em seu contexto uma doutrina econômica, para a condução dos
negócios do Estado. Essa doutrina estabelecia como objetivo nacional a acumulação de riquezas, corpori�cadas em
terras, população e no acúmulo de metais preciosos. Baseava-se no comércio como instrumento para a acumulação
de metais preciosos, defendendo a manutenção de superávits através de forte regulamentação do comércio exterior,
estimulando à exportação e criando restrições à importação.
Essa era, em essência, a doutrina protecionista praticada, na época, por todos os países. A regulamentação da
economia, no contexto dessa acumulação de riquezas pelo país, se estendia a todas as esferas da produção e da
circulação de bens, com o objetivo de proteger a produção nacional.
O fortalecimento do poder do Estado visava garantir a manutenção de posições monopolistas no comércio com as
zonas produtoras e o controle das rotas marítimas. As mercadorias transacionadas nessa época eram: especiarias,
sedas e porcelanas do Oriente, açúcar das Américas, metais alemães, têxteis �amengos e toda a sorte de manufaturas,
além é claro das pedras e metais preciosos.
O liberalismo
Acontece na Inglaterra, no século XVIII, uma transformação nas relações de produção que iria mudar de forma radical a
organização dos Estados Nacionais e das próprias relações internacionais. Surge o capitalismo, ou a economia de
mercado, onde os fatores de produção – terra, trabalho e capital - se tornam objetos exclusivos de transações
econômicas.
A terra e o trabalho se libertam de toda relação de vassalagem e servidão, predominante na Idade Média, e passam à
condição de mercadorias, negociadas no mercado (o mercado imobiliário e o mercado de trabalho). O capital, isto é, as
máquinas e equipamentos necessários à produção, aliado aos recursos monetários acumulados na expansão colonial,
encontra a possibilidade de forte expansão tecnológica, constituindo-se, então, a chamada Revolução Industrial.
O aumento da produtividade resultante levou a um rápido crescimento da produção de mercadorias, impondo à
Inglaterra a necessidade de expansão de seus mercados. Isso fez com que a manutenção de monopólios perdesse
importância frente à necessidade de expansão dos mercados consumidores para a absorção da produção crescente.
Adam Smith, imerso nesse ambiente de crescimento acelerado dos negócios, formulou a doutrina, que já vinha se
delineando na época, do liberalismo econômico. Essa doutrina estabelecia que a prosperidade de um país resultaria da
mínima intervenção do Estado nos negócios – aplicando-se, da mesma forma, ao comércio exterior, sendo bastante
interessante, em especial, à Inglaterra, o país com maior capacidade produtiva da época.
Ao longo do século XIX, os países europeus, e também o Japão, iniciam uma série de reformas estruturais em suas
sociedades, resultando em sua rápida industrialização e adoção, pelo menos em tese, das práticas liberais. Uma série
de tratados é feita entre eles visando à liberalização do comércio e a construção das bases institucionais de um
sistema econômico internacional.
OS DIAS DE HOJE: AS DOUTRINAS DO COMÉRCIO INTERNACIONAL
Nessa rápida descrição das formas que o comércio assumiu na história, vimos dois aspectos que in�uenciam
fortemente seu desenvolvimento:
A segurança das transações, tanto no sentido de segurança física como negocial.
A regulamentação, incluindo a taxação, sobre a circulação de mercadorias.
Ambos têm forte in�uência sobre o custo das mercadorias e logo sobre o desenvolvimento do mercado.
Outro aspecto importante resulta da constituição de um sistema internacional de Estados- nação soberanos, a partir do
século XIX. Embora nem todos os países sejam hoje economias capitalistas, em seu sentido mais estrito, os níveis de
trocas internacionais apontam para a aceitação do comércio como um dos motores do crescimento econômico.
Apesar dessa ênfase do comércio nas relações internacionais, condicionando, inclusive, as relações políticas entre as
nações, as doutrinas protecionistas e liberais de comércio convivem, ou melhor, disputam posições na prática
comercial de cada país. Um governo, ao mesmo tempo em que apregoa as vantagens do livre comércio e da economia
de mercado, pode estar criando, através de medidas muitas vezes ocultas aos olhos do público, mecanismos de
proteção à produção local.
Nem todas essas medidas protecionistas, no entanto, seriam ilegítimas. Justi�cam-se níveis de proteção nos
seguintes casos:
Quando a economia nacional, ou um setor, em particular, esteja em seus estágios iniciais de desenvolvimento
industrial, quando a indústria nascente ainda não teria capacidade competitiva para fazer frente à concorrência
internacional.
Em situação de risco à produção local, seja por razões políticas ou econômicas internas, seja devido à
concorrência estrangeira predatória.
Fonte da Imagem: sibgat / Shutterstock
É importante ter em mente que as medidas protecionistas geram em contrapartida dois efeitos negativos:
1
A indústria local, por estar protegida da concorrência internacional, perde capacidade
competitiva, resultando em perda de qualidade dos produtos e preços elevados. Esse, por
exemplo, foi o resultado, no Brasil, da forte proteção feita à indústria local, na década de
1980.
2
A possibilidade de retaliação dos países parceiros, passando a criar obstáculos às
exportações do país protecionista. Este segundo efeito está, na verdade, implicitamente
presente nas negociações entre países e constitui o principal instrumento de retaliação às
práticas desleais de comércio.
Ao �m, o protecionismo e o liberalismo são doutrinas de comércio utilizadas de forma pragmática pelos
governos, que avaliam, em suas decisões, a manutenção dos níveis da produção local e os benefícios da
competição para o desenvolvimento da indústria.
APÓS A 2ª GRANDE GUERRA: O SISTEMA INTERNACIONAL DE
COMÉRCIO
Antes mesmo do término da 2ª Guerra, parte dos países que constituíam o bloco aliado se reuniu na cidadezinha de
Bretton Woods para discutir uma nova arquitetura da economia internacional. Como resultado dessa série de
negociações, foi estabelecido que três organismos seriam criados para fomentar a reconstrução de pós guerra e
garantir o desenvolvimento das relações econômicas e comerciais entre as nações. Foram eles:
O Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD
Atualmente formando o sistema do Banco Mundial, que tem por objetivo �nanciar projetos
de interesse social a um baixo custo �nanceiro e apoiar o desenvolvimento técnico dos
países em desenvolvimento.
Vale uma visita a suas páginas, embora não disponíveis em português, têm versões em
espanhol, inglês e outras línguas.
//www.bancomundial.org/es/about/what-we-do (//www.bancomundial.org/es/about/what-
we-do)
O Fundo Monetário Internacional – FMI
Seu principal objetivo é manter a estabilidade do sistema �nanceiro internacional, isto é, o
sistema de taxas câmbio e de pagamentos internacionais, garantindo a estabilidade das
transações comerciais e �nanceiras entre países e, logo, suas empresas e cidadãos. É
responsável por buscar a estabilidade da economia e das �nanças globais. Embora o órgão
não se envolva diretamente com as transações comerciais é, indiretamente, responsável
pela estabilidade dos pagamentos feitos nas transações comerciais.
Vale, uma visita a suas páginas, embora apenas uma parte esteja disponível em espanhol. A
seção de dados traz séries históricas, desde 1948, sobre diversos dados macroeconômicos
dos países membros, como PIB, comércio exterior, entre outros.
//www.imf.org" (//www.imf.org)
A Organização Internacional do Comércio – OIC
Essa organização, como vimos,não logrou sucesso, pois os Estados Unidos não rati�cou a
Carta de Havana, de 1948, que previa a criação da organização. Foi sucedida, em 1995, pela
Organização Mundial de Comércio – OMC.
https://www.bancomundial.org/es/about/what-we-do
https://www.imf.org/
Saiba mais
, Na verdade, existe uma in�nidade de órgãos de natureza política, como a ONU, e funcional, que se refere à cooperação em área
especí�ca, como aqueles voltados para o comércio. Existem, igualmente, processos voltados à integração entre países, nos
campos político, tecnológico, comercial, entre muitos outros. Estudaremos, a seguir, os principais órgãos voltados para o
comércio internacional, tanto governamentais quanto não governamentais, concluindo com um breve exame dos processos de
integração.
2. OS ORGANISMOS INTERNACIONAIS DE COMÉRCIO
No pós-segunda guerra consolidou-se um sistema internacional de comércio, em um contexto de grande crescimento
do comércio internacional e do trânsito de capitais.
A OIC E O GATT
Vimos que, em Bretton Woods, previu-se a criação da Organização Internacional de Comércio, o que acabou não
acontecendo. No entanto, um grupo de países, antecipando o fracasso daquela organização, �zeram em separado, no
mesmo ano de 1947, denominado Acordo Geral de Comércio e Tarifas – Gatt (sigla do nome em inglês General
agrément on Trade and Tariffs).
Este acordo, inicialmente restrito às negociações para redução dos tributos na importação, logo ampliou seu escopo,
passando a tratar de questões como dumping (glossário), barreiras não tarifárias e propriedade intelectual, entre
outras.
O acordo funcionava a partir de rodadas de negociações entre os membros, que negociavam entre si bilateralmente,
consolidando ao �nal da rodada os acordos aplicando a cláusula da nação mais favorecida.
Leitura
,
A cláusula da nação mais favorecida
O artigo 1º do GATT estabelece:
TRATAMENTO GERAL DE NAÇÃO MAIS FAVORECIDA
, ,
Qualquer vantagem, favor, imunidade ou privilégio concedido por uma Parte Contratante em relação a um produto
originário de ou destinado a qualquer outro país, será imediata e incondicionalmente estendido ao produtor similar,
originário do território de cada uma das outras Partes Contratantes ou ao mesmo destinado. (...)
, ,
, , 
Isso signi�ca que qualquer vantagem fornecida por um país à outro, nas suas relações de comércio, é automaticamente estendida
a terceiros países. Por exemplo: o país A concede uma redução no imposto de importação nas importações provenientes do país
B. Pela aplicação da cláusula da nação mais favorecida, esse benefício se estende automaticamente a todas as outras nações
que exportam para o país A., , No âmbito do GATT, isso resulta que após as rodadas de negociação bilaterais, prevalecerá para
todos os países a tarifa mais baixa oferecida por um país a outro em particular.
A Organização Mundial do Comércio – OMC
Na rodada do Uruguai, que transcorreu ao longo de dez anos, entre 1986 e 1994, o escopo das negociações
ultrapassou em muito os objetivos originais do GATT. Além disso, a rápida expansão comércio e seu grau de
amadurecimento justi�cavam retomar o projeto inicial de se ter uma organização que tratasse de forma abrangente do
comércio internacional. Assim, foi criada a Organização Mundial do Comércio, a OMC, que iniciou suas operações em
1º de janeiro de 1995, ao �m da Rodada do Uruguai, portanto.
Seu principal objetivo é:
(...) estabelecer um marco institucional comum para regular as relações comerciais entre os diversos Membros que a
compõem, estabelecer um mecanismo de solução pací�ca das controvérsias comerciais, tendo como base os acordos
comerciais atualmente em vigor, e criar um ambiente que permita a negociação de novos acordos comerciais entre os
Membros. (MRE, s.d.)
Como organização máxima do comércio mundial e cumprindo seus objetivos institucionais, a OMC abriga diversos
acordos relacionados ao comércio além do GATT, entre eles:
O Acordo Geral sobre o Comércio de serviços – GATS
Acordo sobre Medidas em matéria de Investimentos Relacionados com o Comércio – TRIMS
Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio – TRIPS, entre muitos outros
relacionados ao comércio
A Estrutura
A OMC é composta por diversos órgãos, sendo os principais (MRE, s.d.):
Conferência Ministerial
Instância máxima da organização, composta pelos Ministros das Relações Exteriores ou de Comércio Exterior dos
Membros.
Conselho Geral
Órgão composto pelos representantes permanentes dos Membros em Genebra, os quais também atuam nos:
Órgão de Solução de Controvérsias (OSC): este órgão é o responsável por resolver as disputas entre os membros
quanto às práticas de comércio.
Órgão de Revisão de Política Comercial: encarregado de rever as políticas implementadas pelos países membros.
Conselho para o Comércio de Bens
Conselho para o Comércio de Serviços
Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio
Comitês diversos
Entre eles os Comitês de Acesso a Mercados, Agrícola e de Subsídios, entre outros.
Secretariado
Cuja função é apoiar as atividades da organização.
Atividades desempenhadas pela OMC
As atividades mais importantes desempenhadas pela OMC são, dentre outras:
Redução de tarifas alfandegárias promovendo maior liberdade comercial. As reduções das tarifas alfandegárias
atingiam mais os países desenvolvidos como forma de equilibrar a desnível de industrialização entre os países;
Abertura de setores protegidos, como o setor agrícola altamente subsidiado pelos países desenvolvidos, setor têxtil
antes protegido pelo Acordo Multi�bras que impunha condições à entrada de produtos têxteis oriundos de países em
desenvolvimento;
Inclusão e regulamentação do setor de serviços na Organização;
Inclusão e regulamentação da propriedade intelectual, como marcas, patentes e direito autoral;
A regulamentação da valoração aduaneira, evitando o sub ou superfaturamento;
Regulamentação de barreiras não tarifárias (glossário);
Estabelecimento de critérios técnicos para o estudo do nexo causal na determinação de uma prática desleal de
comércio, sem deixar de punir quem pratica o dumping ou o subsídio, mas também, sem permitir que a punição se
transforme num ato protecionista.
Fonte:
São consideradas práticas desleais de comércio exterior aquelas com �nalidade de causar prejuízos importantes à
produção interna de outro país. Essas práticas justi�cariam a adoção de medidas compensatórias pelos países
prejudicados, podendo, em alguns casos, tais disputas chegarem ao Órgão de Solução de Controvérsias.
UNCTAD
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD), de 1964, tem como objetivo
promover a inserção dos países em desenvolvimento na economia internacional nas áreas de �nanças, tecnologia,
investimento e desenvolvimento sustentável.
Abriga dois acordos internacionais que favorecem os países em desenvolvimento:
O Sistema Geral de Preferências - SGP: que estabelece a redução do Imposto de Importação (margem de preferência)
sobre alguns produtos originários de países em desenvolvimento, quando são importados por países desenvolvidos.
Esses produtos deverão estar contidos em uma lista dos países bene�ciários ou não estejam em listas restritivas ao
benefício.
O Sistema Geral de Preferências Comerciais – SGPC: objetiva incentivar o comércio entre países em desenvolvimento.
A Câmara de Comércio Internacional – CCI
A CCI é uma organização privada que busca incentivar e apoiar as ações das empresas no mercado internacional. Foi
fundada em 1919, em Paris, por um grupo de empresários com o objetivo de promover os negócios internacionais.
Duas atividades da CCI merecem ser destacadas:
Clique nos botões abaixo:
A corte de arbitragem (glossário)
Regras e regulamentos (glossário)
3. OS PROCESSOS DE INTEGRAÇÃO
Com o intuito de estimular a economia de determinada região, criando um ambiente propício ao desenvolvimento das
relações comerciais, os países têm, na história recente, promovidouma série de processos de integração, que ocorrem
em graus variados.
Os primeiros processos de integração foram celebrados a partir da 2ª Guerra, em 1948, na Europa e nas Américas com
objetivos políticos e econômicos.
Os processos de natureza econômica tem por objetivo �nal a criação de um espaço econômico ampliado, sendo assim
classi�cados:
Zona de Livre Comércio
Eliminação recíproca dos gravames (tributos) sobre o comércio entre os países membros.
Exemplos: Associação Latino Americana de integração – ALADI e Associação de Livre
Comércio da América do Norte – NAFTA.
União Aduaneira
Adoção de uma política comercial externa comum. Exemplos: Mercado Comum do Sul –
MERCOSUL
Mercado Comum
Livre circulação de bens, capital e trabalho. Exemplo: Espaço Econômico Europeu – EEE
União Econômica
Harmonização das políticas econômicas e sociais dos Estados membros, com uso de
moeda comum. Exemplo: União Europeia – UE.
ATIVIDADE
Considerando os acordos celebrados pelo Brasil nas áreas econômica e comercial, associe os órgãos e acordos
citados com as atividades desempenhadas pelo governo brasileiro na administração do comércio exterior.
Associe:
OMC, FMI, Banco Mundial - BM, Unctad - UN
(       ) Problemas de um país para honrar os pagamentos internacionais 
(       ) Prática de dumping 
(       ) Financiamento a projetos de apoio a comunidades carentes 
(       ) Lista de produtos exportados por países em desenvolvimento com redução de tarifas 
(       ) Barreiras não tarifárias à importação
Obs: Faça essas anotações em um papel à parte, ou em seu caderno.
Resposta Correta
EXERCÍCIOS
Questão 1: Assinale a alternativa que represente uma ação governamental protecionista:
a) Diminuição dos impostos de importação
b) Desregulamentação do mercado interno
c) Exigência de novos documentos na importação
d) Redução da taxa de juros básica
e) Aumento do imposto de exportação
Justi�cativa
Questão 2: Os processos de integração promovem o crescimento econômico das suas regiões porque:
a) aumentam a oferta de produtos em cada mercado nacional
b) aumentam a demanda de produtos das empresas, devido à ampliação do mercado
c) mesmo as economias menos desenvolvidas do bloco obtêm vantagens
d) as exigências administrativas mais rigorosas melhoram a qualidade dos produtos
e) reduzem o nível de competição entre as empresas dos países membros
Justi�cativa
Questão 3: Qual organização internacional tem por objetivo maior a liberalização do comércio internacional, através da
redução das barreiras tarifárias (glossário) e não tarifárias e da repressão à concorrência desleal?
a) FMI
b) UNCTAD
c) SGP
d) OMC
e) BIRD
Justi�cativa
Glossário
ATOS INTERNACIONAIS
Um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento
único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação especí�ca.
DUMPING
Exportação de mercadoria a um preço menor do que o praticado pelo exportador em seu próprio mercado.
BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS
Restrições às importações através de regulamentos e procedimentos administrativos na entrada do bem.
A CORTE DE ARBITRAGEM
Oferece um campo para a resolução de disputas entre empresas de modo não jurídico.
REGRAS E REGULAMENTOS
CCI elabora e publica uma série de regras relativas aos contratos e aos pagamentos internacionais. Como é uma instituição
privada a aceitação de suas regras é facultativa, mas são amplamente utilizadas.
BARREIRAS TARIFÁRIAS
Restrições às importações através da imposição de tributos de importação elevados.
Fundamentos do comércio
exterior
Aula 3 - Histórico e Estrutura do Comércio
Exterior Brasileiro
INTRODUÇÃO
O comércio internacional de alguma forma se relaciona ao desenvolvimento econômico dos países, conforme vimos
nas aulas anteriores. Para uma compreendermos o papel que o comércio representa para o desenvolvimento do Brasil
e a natureza das di�culdades encontradas nesse caminho, faremos uma breve análise da evolução histórica do setor
externo do país.
Estabelecido esse contexto, iremos descrever os principais órgãos envolvidos na gestão do comércio exterior
brasileiro, de�nindo suas áreas de competência. Essa abordagem será complementada com o fornecimento dos
endereços dos sites desses órgãos, permitindo que se tenha uma visão bastante ampla de sua atuação. Teremos,
também, o primeiro contato com o Siscomex – Sistema Integrado de Comércio Exterior, a partir de sua descrição
básica.
OBJETIVOS
Analisar o desenvolvimento recente do comércio exterior brasileiro.
Examinar os órgãos do comércio exterior brasileiro e suas funções.
BREVE HISTÓRICO DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
Fonte: Harvepino / Shutterstock
O Brasil surgiu no quadro geopolítico das nações ocidentais a partir de 1500, no contexto da estratégia de expansão
comercial de Portugal. A posição geográ�ca do país garantia a segurança da rota para as Índias (Ásia) e, por isso,
houve a necessidade de ocupação de seu território, com a consequente exploração econômica do país.
O país ingressou no cenário internacional como exportador de alguns produtos naturais, como a
madeira pau-brasil e com o açúcar das grandes plantações de cana. Os bens de consumo
manufaturados eram importados para o Brasil e essa dinâmica de comércio foi mantida até o século
XIX, com a independência do país de Portugal.
As indústrias brasileiras surgiram ao longo do século XIX, principalmente após a instituição da tarifa
Alves Branco, em 1844 — um imposto variando entre 30% e 60% para importação de produtos que já
poderiam ser fabricados no Brasil, criado para aumentar a arrecadação do império. Embora seus
objetivos primários tenham sido de natureza �scal, para aumentar a arrecadação do governo,
constituiu-se em uma efetiva barreira protecionista.
No entanto, não resultou na consolidação da indústria, dada a prevalência dos setores agrários. A
tarifa Belisário, de 1887, também determinada por interesses �scais, aumentou a taxação sobre
matérias-primas que serviam à indústria e reduziu impostos para a importação de sacaria,
bene�ciando a agricultura (REGO e MARQUES, 2011, p. 87-89).
Esse primeiro esforço de industrialização de�niu um padrão em nossa história: quando o mercado
interno é atendido pela produção interna, a importação de bens de capital ganha importância (Quadro
1).
Quadro 1
O comércio exterior brasileiro no século XIX
Exportações brasileiras — % sobre o valor das exportações
Note como o café e a borracha ganharam importância ao longo do século, enquanto açúcar, algodão, couros e peles,
tradicionais mercadorias do período colonial, perderam participação de forma acentuada, com todos os outros
produtos. No início do século XX, �m do ciclo da borracha, a economia brasileira era uma monocultura exportadora,
concentrada no café.
Exportações da Grã-Bretanha para o Brasil — % sobre o valor das importações
No século XIX, o crescimento da indústria brasileira dependia das importações de máquinas e equipamentos (bens de
capital), que eram �nanciadas pelo setor primário exportador.
Fonte: Estatísticas obtidas de Rego e Marques (2011, pp. 79 e 88), com base em fontes diversas.
galeria/aula3/img/04a.jpg
Gradualmente, a partir da década de 1930, o processo de industrialização avançou mais rapidamente
com o modelo de Processo de Substituição de Importações (PSI), quando o setor industrial passou a
ser o responsável pelo crescimento econômico do país, com perda de importância relativa do setor
agropecuário.
galeria/aula3/img/04b.jpg
Esse modelo, ao centrar a dinâmica do crescimento no mercado interno, e não mais na exportação,
adotou políticas protecionistas, “fechando” a economia, que continuava apoiada em um setor primário
exportador, com produtividade decrescente, e encontrando seu limite de crescimento.
galeria/aula3/img/05.jpg
O Grá�co I mostra como, da década de 1960 em diante, o rápido crescimento das exportações de manufaturados
inverteu sua participação no total das exportações, em relaçãoaos bens primários.
Grá�co I
Adaptado a partir de: //www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/outras-
estatisticas-de-comercio-exterior (glossário)
ATIVIDADE
Os Grá�cos II e III (a seguir) mostram o comportamento da pauta, classi�cadas as mercadorias por categoria
econômica em bens de capital (BK), bens de consumo (BC) e bens intermediários (glossário) (BI) – somamos a esta
categoria os combustíveis e lubri�cantes, cujos valões de importação e exportação são bem equilibrados, e outras
contas menores.
1) Podemos ver que as importações dos bens de consumo, Grá�co III, se situam, nesse período, em níveis um pouco
superiores aos dos bens de capital. Qual o impacto que essa situação tem sobre a economia?
2) As exportações de bens de consumo e de bens intermediários, Grá�co II, estão em contradição com as estatísticas
do Grá�co I, que mostram um aumento relativo dos produtos básicos?
Resposta Correta
A nossa indústria necessitava da importação de bens de capital para o crescimento – típico do PSI – em grau menos
acentuado, mas ainda tinha grande dependência em termos tecnológicos.
A partir da década de 1970, já com uma indústria razoavelmente diversi�cada, o país, tendo que lidar
com di�culdades no balanço de pagamentos e estimular a indústria, iniciou um grande esforço de
mudar a pauta de exportação, estimulando a exportação de manufaturados. Isso foi realizado com
uma série de incentivos �scais, desoneração de impostos, programas de �nanciamento e crédito a
juros subsidiados e programas de promoção comercial e desenvolvimento gerencial.
https://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/outras-estatisticas-de-comercio-exterior
Esse modelo teve duplo resultado:
Fonte: Aleksey Stemmer / Shutterstock
Indústrias que se voltaram para o crescimento apoiadas nas exportações, como parte do setor têxtil e de autopeças,
desenvolveram uma capacidade competitiva na esfera internacional;
Fonte: John Kershner / Shutterstock
Indústrias que se concentraram no mercado interno, aproveitando-se das barreiras comerciais à importação, perderam,
ou não adquiriram, competitividade frente ao mercado internacional.
Fonte:
Com o �m da guerra fria e a aceleração do processo de integração econômica mundial, chamada de globalização,
acabou por prevalecer a doutrina do liberalismo econômico e, em especial, do comercial. A instituição da Organização
Mundial do Comércio (OMC), em 1995, consolidou essa doutrina, levando à sua internalização, pelos países membros,
em suas políticas de comércio exterior.
A partir de então, o Brasil iniciou um forte processo de abertura comercial e de expansão dos acordos de integração,
especialmente com a criação do Mercosul (veja Quadro 2).
As importações de bens de consumo cresceram em dois períodos 1994-1998 e 2004-2008, acompanhadas pelas
importações de bens de capital. Esse quadro resultou de um conjunto de políticas econômicas de natureza �scal,
monetária e �scal, que levou a períodos de forte valorização do Real e um estímulo ao consumo das famílias.
Quadro 2
O Mercado Comum do Sul — Mercosul
Em 26 de março de 1991, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, criando o Mercado
Comum do Sul — MERCOSUL, com os seguintes objetivos:
Integração dos Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos;
Estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC): tarifas iguais sobre as importações provenientes de países fora
do bloco;
Adoção de uma política comercial comum;
Coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e a harmonização de legislações nas áreas pertinentes.
A cobrança do imposto de importação nas operações entre os Estados Partes foi eliminada, permanecendo os
impostos internos de consumo, ICMS e IPI, entre outros, conforme o caso.
São os seguintes os participantes atuais do grupo:
Estados Partes: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai (desde 26/3/1991) e Venezuela (desde 12/8/2012).
Estado-parte em Processo de Adesão: Bolívia (desde 7/12/2012).
Estados associados: Chile (desde 1996), Peru (desde 2003), Colômbia, Equador (desde 2004), Guiana e Suriname
(desde 2013).
Para mais detalhes visite: //www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul (glossário)
Grá�co II
https://www.mercosul.gov.br/saiba-mais-sobre-o-mercosul
Elaborado a partir de: //www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-
historicas (glossário)
Grá�co III
Elaborado a partir de: //www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-
historicas (glossário)
ESTRUTURA DO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
É o conjunto de órgãos responsáveis pelas políticas, regulamentação, controle, gestão dos sistemas e �scalização das
operações de exportação e de importação do país. Esses órgãos, de natureza executiva, são subordinados à
Presidência da República e têm suas competências de�nidas por legislação especí�ca.
https://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas
https://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/series-historicas
Câmara do Comércio Exterior (CAMEX)
Compete à Camex, entre outras atribuições:
• De�nir diretrizes e procedimentos relativos à implementação da política de comércio
exterior visando à inserção competitiva do Brasil na economia internacional;
• Coordenar e orientar as ações dos órgãos que possuem competências na área de
comércio exterior;
• De�nir no âmbito das atividades de exportação e importação, diretrizes e orientações
sobre normas e procedimentos, para diversos temas;
• Estabelecer as diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos ao
comércio exterior de natureza bilateral, regional ou multilateral;
• Formular diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação.
É regida pela Lei nº 10.683, de 2003, alterada pela Lei nº 13.324, de 2016, e Decreto nº 4.732,
de 2003, alterado pelos Decretos nº 8.807, de 2016 e nº 9.029, de 2017;
Seu órgão máximo é o Conselho de Ministros, composto pelos ministros:
• Chefe da Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá;
• da Indústria, Comércio Exterior e Serviços;
• das Relações Exteriores;
• da Fazenda;
• dos Transportes, Portos e Aviação Civil;
• da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
• do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão; e
• Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República.
Ministério das Relações Exteriores (MRE)
• MRE ou Itamaraty é responsável pela política externa e pelas relações internacionais do
Brasil;
• Assessora o Presidente da República na formulação da política exterior do Brasil e na
execução das relações diplomáticas com Estados e organismos internacionais, inclusive no
que diz respeito ao comércio internacional.
Setor de promoção Comercial – Secom
Na estrutura do MRE, cabe ao Departamento de Promoção Comercial e Investimentos
(DPR) e à rede de Setores de Promoção Comercial (SECOMs) instalados em
Embaixadas e em Consulados brasileiros, fazer: 
• A promoção comercial e do turismo; 
• Atrair investimentos estrangeiros; 
• Contribuir para a internacionalização de empresas brasileiras; 
• Realizar estudos de mercado; 
• Intermediar reclamações comerciais.
Ministério da Fazenda (MF)
É o órgão que cuida da formulação e execução da política econômica, abrigando dois dos
principais órgãos do comércio exterior:
Banco Central do Brasil – Bacen
• Responsável pelas políticas monetárias e cambial, isto é, pelas políticas de relativas
ao controle da moeda na economia e da taxa de câmbio; 
Entre suas principais atribuições estão: 
1. Emitir papel-moeda e moeda metálica; 
2. Executar os serviços do meio circulante; 
3. Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados �nanceiros e de capitais; 
4. Controlar o �uxo de capitais estrangeiros no país.
Receita Federal
• Lida com a entrada e a saída de mercadorias do país através da Alfândega; 
• A Secretariada Receita Federal do Brasil é responsável pela administração dos
tributos de competência da União, inclusive aqueles incidentes sobre o comércio
exterior; 
• Em sua estrutura, a Subsecretaria de Aduana e Relações Internacionais é
responsável pelos assuntos ligados ao comércio exterior; 
São de competência do órgão, entre outras atribuições, em relação ao comércio
exterior: 
1. Administração dos tributos internos e do comércio exterior; 
2. Gestão e execução dos serviços de administração, �scalização e controle
aduaneiro; 
3. Repressão ao contrabando e descaminho, no limite da sua alçada; 
4. Interpretação, aplicação e elaboração de propostas para o aperfeiçoamento da
legislação tributária e aduaneira federal; 
5. Subsídio à formulação da política tributária e aduaneira; 
6. Atuação na cooperação internacional e na negociação e implementação de
acordos internacionais em matéria tributária e aduaneira.
Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)
• Órgão integrante da estrutura da administração pública federal direta;
• Formula, executa e avalia políticas públicas para a promoção da competitividade, do
comércio exterior, do investimento e da inovação nas empresas e do bem-estar do
consumidor;
• Em sua estrutura, para o comércio exterior, estão a Secretaria Executiva do Conselho
Nacional das Zonas de Processamento de Exportação (CZPE) e a Secretaria de Comércio
Exterior (Secex).
Secretaria de Comércio Exterior – Secex
• Conduz as políticas de comércio exterior e a gestão do controle comercial; 
• Normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as atividades de comércio
exterior; 
Entre suas atividades estão: 
1. Participar das negociações dos acordos comerciais internacionais do governo
brasileiro; 
2. Promover a cultura exportadora; 
3. Deferir atos concessórios de drawback (regime especial de importação); 
4. Anuir operações de exportação e importação, isto é, analisar e conceder o
licenciamento de importação o registro de exportação, quando couber; 
5. Promover o exame de similaridade para averiguação de produção nacional; 
6. Compilar a balança comercial; 
7. Promover a defesa comercial do país.
A estrutura da Secex compreende os seguintes departamentos:
• Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX): responsável operacional pelos
aspectos administrativos das exportações e importações, incluindo o licenciamento de
importação e o registro de exportação. Atua, em articulação com outros órgãos, na
�scalização das operações, em relação a preços, medidas e outros aspectos comerciais.
Também desenvolve, executa e acompanha políticas e programas do comércio exterior,
entre outras atribuições.
• Departamento de Negociações Internacionais (DEINT): atua, de forma ampla, nas
negociações internacionais do Brasil em coordenação com outros órgãos governamentais,
além de apoiar empresários brasileiros que contra a interposição de barreiras comerciais.
• Departamento de Defesa Comercial (DECOM): tem como principal atribuição a análise,
investigação e proposição de medidas compensatórias contra a concorrência desleal à
Camex.
• Departamento de Estatística e Apoio à Exportação (DEAEX): compete ao departamento,
entre outras atribuições, planejar e implementar programas visando o desenvolvimento do
comércio exterior brasileiro.
• Departamento de Competitividade no Comércio Exterior (DECOE): entre outras atribuições,
cabe a este o departamento coordenar ações no âmbito de acordos com a OMC e preparar
estudos, propostas e ações visando a melhoria do ambiente de operações do comércio
exterior.
Órgãos anuentes
Algumas importações e exportações de comércio exterior, pelas características especiais da
mercadoria ou da operação, requerem a interveniência de um órgão anuente, que avalie e dê
permissão para que ela se realize. É o caso, por exemplo, de armas e explosivos, ou da
importação de materiais usados. A Secex, através do Decex (ele próprio é anuente), se
articula com órgãos especí�cos que autorizam essas operações.
São eles:
1. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; 
2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA; 
3. Agência Nacional do Cinema – ANCINE; 
4. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP; 
5. Comando do Exército – COMEXE; 
6. Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí�co e Tecnológico – CNPq; 
7. Departamento de Operações de Comércio Exterior – DECEX; 
8. Departamento de Polícia Federal – DPF; 
9. Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM; 
10. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – EBC; 
11. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; 
12. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO; 
13. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA; 
14. Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT; 
15. Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.
OUTROS ÓRGÃOS
Uma grande quantidade de órgãos, além dos abordados, se envolvem com o comércio exterior, dadas a complexidade
dos procedimentos, a regulamentação, nacional e internacional, e mesmo exigências de natureza comercial.
Mencionamos dois deles, por sua importância:
1. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) é o órgão normativo do Sistema Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro). //www.inmetro.gov.br/ (glossário)
2. Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) é o responsável pelo aperfeiçoamento, disseminação e gestão do
sistema brasileiro de concessão e garantia de direitos de propriedade intelectual para a indústria. //www.inpi.gov.br/
(glossário)
https://www.inmetro.gov.br/
https://www.inpi.gov.br/
Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex (glossário)
Criado pelo Decreto nº 660, de 25 de setembro de 1992, começou a operar em 1993;
É uma interface digital entre os exportadores, importadores, operadores do comércio exterior e os diversos órgãos
governamentais intervenientes.
O sistema é gerenciado pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e seus órgãos gestores (glossário)
são a Receita Federal, a Secretaria de Comércio Exterior e o Banco Central do Brasil;
Praticamente todos as operações de comércio exterior são registradas e desembaraçadas através desse sistema.
Está em fase adiantada de implantação o Portal Único do Siscomex, que visa dar maior transparência e agilidade às
operações de comércio exterior. Se apoia em três pilares:
1. Integração do intervenientes – públicos e privados, do comércio exterior.
2. Redesenho dos processos – para acompanhar a evolução das operações e dar-lhes maior agilidade.
3. Tecnologia da informação – empregando os recursos tecnológicos mais recentes em sua construção.
A imagem mostra a organização e a estrutura dos processos de comércio exterior (as setas verdes indicam as
informações prestadas pelos operadores privados, as vermelhas indicam as respostas e exigências dos órgãos de
governo):
Fonte: //portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-exterior-1/programa-portal-unico-
de-comercio-exterior (glossário)
SAIBA MAIS
, Visite o Portal Único do Siscomex: //portal.siscomex.gov.br/ (//portal.siscomex.gov.br/), , Para
conhecer sua história: //portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/O_Portal_Siscomex
(//portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/O_Portal_Siscomex), , e sobre o Programa Portal Único de
Comércio Exterior: //portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-
exterior-1 (//portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-exterior-1)
https://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-exterior-1/programa-portal-unico-de-comercio-exterior
https://portal.siscomex.gov.br/
https://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/O_Portal_Siscomex
https://portal.siscomex.gov.br/conheca-o-portal/programa-portal-unico-de-comercio-exterior-1
ORGANISMOS PRIVADOS NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO
Muitos organismos privados, associaçõespatronais, como a Ciesp ou a ACRJ, entidades estaduais, ou a AEB, de
abrangência nacional, têm papel importante no apoio à empresa exportadora, especialmente através de programas
informativos para a empresa iniciante e de promoção comercial. Servem também para articular os interesses das
empresas, encaminhando reinvindicações e propostas de legislação ao Governo.
Importante notar que um dos órgãos da Camex é o Conex - Conselho Consultivo do Setor Privado, núcleo de
assessoramento, cuja função é apresentar estudos e propostas de aperfeiçoamento da política de comércio exterior. É
integrado pelo Ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, que o preside, pelo Ministro de Estado das Relações
Exteriores, e por até 20 representantes do setor privado.
As Câmaras de Comércio bilaterais são associações empresariais que visam estimular e apoiar o desenvolvimento das
relações comerciais entre países, através da promoção de eventos e divulgação de informações. Assim temos, por
exemplo, a Câmara de Comércio do Mercosul e América, a Câmara Americana de Comércio - AMCHAM, a Câmara Ítalo-
Brasileira de Comércio e Indústria do Rio de Janeiro, entre outras.
Veja a lista completa desses organismos em:
//www.investexportbrasil.gov.br/associacoes-comerciais-e-entidades-de-classe-0 (glossário) 
//www.camex.gov.br/conex (glossário) 
//www.investexportbrasil.gov.br/camaras-de-comercio (glossário)
EXERCÍCIOS
Questão 1: Analisando as políticas de comércio exterior do Brasil nos últimos dois séculos, podemos concluir que, de
um modo geral, elas tiveram um viés protecionista, porque tinham por objetivo:
a) Aumentar a arrecadação do governo via impostos, exclusivamente.
b) Proteger a indústria nascente nacional da concorrência estrangeira.
c) Incentivar a inovação tecnológica, pela exposição das empresas à competição.
d) Estimular a exportação produtos primários, exclusivamente.
e) Proteger a exportação dos países parceiros tradicionais.
Justi�cativa
Questão 2: Em uma importação de um bem de consumo, o importador declarou erradamente a mercadoria, implicando
no pagamento de um imposto de importação a menor. O órgão a quem cabe �scalizar e, eventualmente, punir a
empresa pela declaração errada é:
a) A Secex
b) O MRE
c) O Siscomex
d) O Bacen
e) A Receita Federal
https://www.investexportbrasil.gov.br/associacoes-comerciais-e-entidades-de-classe-0
https://www.camex.gov.br/conex
https://www.investexportbrasil.gov.br/camaras-de-comercio
Justi�cativa
Questão 3: O Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) tem como órgãos gestores:
a) A Receita Federal, o Serpro e o Bacen.
b) O Serpro, a Secex e o Bacen.
c) A Receita Federal, o MRE e o Bacen.
d) A Receita Federal, a Secex e o Bacen.
e) A Secex, o Secom e o Bacen.
Justi�cativa
Glossário
BENS DE CONSUMO
São bens destinados à satisfação das necessidades humanas. Exemplos: alimentos, vestuário,
geladeiras etc.
BENS DE CAPITAL
São constituídos por máquinas, equipamentos, ferramentas, veículos utilizados na produção de outros
bens, e que não se destroem totalmente no processo de produção.
BENS INTERMEDIÁRIOS
São bens utilizados na produção de outros bens e são consomidos no processo produtivo. Por
exemplo: chapas de aço para a produção de automóveis.
CAMEX
Para mais detalhes e informações importantes, visite a página: //www.camex.gov.br/sobre-a-camex
(//www.camex.gov.br/sobre-a-camex)
MRE
Informações detalhadas sobre a atuação do MRE no apoio ao comércio exterior e dos Secoms podem
ser obtidas em: //www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-
�nanceira/156-diplomacia-comercial (//www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-
economica-comercial-e-�nanceira/156-diplomacia-comercial)
BACEN
Para mais detalhes e informações importantes, visite a página: //www.bcb.gov.br/pt-
br/#!/n/laiinstitucional (//www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/laiinstitucional)
https://www.camex.gov.br/sobre-a-camex
https://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/diplomacia-economica-comercial-e-financeira/156-diplomacia-comercial
https://www.bcb.gov.br/pt-br/#!/n/laiinstitucional
ÓRGÃOS ANUENTES
São aqueles responsáveis por autorizar operações especiais na etapa administrativa/comercial,
conforme previstas em lei, como a exportação ou importação de armas e explosivos.
SISCOMEX
Visite o Portal do Siscomex: //portal.siscomex.gov.br/ (//portal.siscomex.gov.br/).
ÓRGÃOS GESTORES
São os órgãos responsáveis pela administração do Siscomex – Sistema Integrado de Comércio
Exterior.
https://portal.siscomex.gov.br/
Fundamentos do comércio
exterior
Aula 4 - Regulamentos do comércio exterior
INTRODUÇÃO
Na última aula, estudamos os órgãos que compõem a estrutura do comércio exterior brasileiro, que operam de acordo
com um conjunto de leis promulgadas, decorrentes dos tratados internacionais �rmados pelo Brasil e das políticas
brasileiras de comércio exterior, de acordo com os interesses nacionais de desenvolvimento.
Nesta aula, contextualizaremos os principais regulamentos legais aplicados ao comércio exterior, que de�nem a sua
operacionalização, em termos administrativos, �scais e cambiais, estabelecendo as condições a serem cumpridas
pelas empresas exportadoras e importadoras.
Em seguida, examinaremos como o governo brasileiro vem promovendo a modernização desses processos,
implantando sistemas informatizados, crescentemente integrados, que agilizam os complexos procedimentos a serem
cumpridos, dando-lhes mais transparência.
OBJETIVOS
Descrever os regulamentos do comércio exterior na estrutura institucional da área.
Articular os conceitos básicos e os principais registros do comércio exterior.
Identi�car os principais sistemas informatizados de comércio exterior.
HIERARQUIA DAS NORMAS
A organização jurídica do Estado brasileiro de�ne os processos para o estabelecimento das normas a serem
cumpridas pelos cidadãos e instituições privadas e públicas nacionais. O ordenamento jurídico de um país pode ser
de�nido como um sistema piramidal de normas, isto é, um conjunto organizado segundo certos padrões de�nidos, que
lhe conferem unidade (COSTA, s.d.).
Os acordos internacionais, para terem validade no país devem ser aprovados pelo Congresso, para fazerem parte do
ordenamento interno brasileiro (MRE, s.d.). A hierarquia de normas brasileiras segue a ordem:
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Estatuto legal básico que orienta todos os ramos do Direito
LEIS COMPLEMENTARES
Destinadas a complementar ou integrar a Constituição
LEIS ORDINÁRIAS
Leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional
MEDIDAS PROVISÓRIAS
Normas do Presidente da República, por relevância e urgência
DECRETOS
Atos administrativos normativos
REGULAMENTOS
Disposições para regulamentação baixadas por decreto
PORTARIAS
Instruções para a organização e funcionamento de serviços
INSTRUÇÕES NORMATIVAS
De�nem a forma de cumprimento da portaria
RESOLUÇÕES
São determinações de órgãos colegiados
CIRCULARES
Utilizadas para a transmissão de procedimentos uniformes
O conjunto de normas do Poder Executivo regulamenta diretamente as operações do comércio exterior e é
apresentado por meio de Regulamentos, Portarias, Instruções Normativas, Resoluções e Circulares (SOARES, 2007).
Examinaremos a maneira como os principais órgãos estabelecem as normas referentes ao seu escopo de atuação.
CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR – CAMEX
A Camex, como órgão colegiado superior integrante do Conselho de Governo, �xa diretrizes e coordena as políticas
relativas ao comércio exterior por meio de Resoluções. Alguns exemplos:
Fixação de alíquotas de importação: Resolução nº 21, de 08 de março de 2017.
Direitos antidumping: Resolução Camex nº 74, de 30 de agosto de 2017 (Parte
1).
Ex-tarifários (glossário): Resolução Camex Nº 42, de 29 de junho de 2017.
Imposto de Importação e TEC
O Imposto de Importação (II) de produtos estrangeiros incide sobre a importação de
mercadorias estrangeiras e sobre a bagagem de viajante procedente do exterior. No caso de
mercadorias estrangeiras, a base de cálculo

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