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PEDAGOGIA DAS 
LUTAS E DAS 
ARTES MARCIAIS
E-book 3
Fábio Rodrigo Ferreira Gomes
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3
CONTRIBUIÇÃO DA PRÁTICA DE 
LUTAS E ARTES MARCIAIS NA 
FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO �������������������4
AGRESSIVIDADE E AS ARTES 
MARCIAIS ������������������������������������������������������ 5
JOGOS DE OPOSIÇÃO E 
MODALIDADES DE LUTAS E ARTES 
MARCIAIS ������������������������������������������������������ 8
TIPOS DE JOGOS DE OPOSIÇÃO ���������13
Exemplos de lutas e jogos de oposição no 
ambiente escolar ��������������������������������������������������14
A POSSIBILIDADE DAS LUTAS E 
ARTES MARCIAIS COMO OBJETO 
DE INCLUSÃO ���������������������������������������������17
AS LUTAS DA CULTURA 
BRASILEIRA: CAPOEIRA ������������������������ 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������30
SÍNTESE ��������������������������������������������������������31
2
INTRODUÇÃO
Na atualidade, muitos profissionais da Educação 
Física têm feito críticas à forma como se usa ou se 
pratica as expressões da cultura corporal na escola� 
Assim, o esporte futebol deve ter características 
adequadas e diferentes daquelas feitas nos campe-
onatos estaduais e brasileiro de futebol, nos quais a 
competição e a vitória são a finalidade última desses 
eventos� Dessa forma, a violência, a deslealdade, o 
suborno e o doping muitas vezes estão presentes 
e são até admitidos�
Na escola, espera-se que esses subterfúgios não 
sejam usados e tão pouco admitidos� Por isso, por 
“da escola” entende-se o esporte, o jogo, a ginástica, 
a dança, a recreação e as lutas, usados como recur-
so, instrumento, métodos de educação, não como 
finalidades em si. Usa-se a expressão “educar por 
meio do movimento” para significar que as habili-
dades e expressões serão utilizadas como recurso 
educativo e não como algo com o fim em si mesmo 
(educar para o movimento)�
Para tanto, espera-se que o professor de Educação 
Física que vá usar os conteúdos de lutas em suas 
aulas consiga superar as dificuldades naturais que 
surgem ao se usar estas práticas� Espera-se que o 
professor saiba adequar a tradição (modelos e para-
digmas) das lutas ao mundo atual e às necessidades 
da escola. Tradição é uma trilha e não um trilho!
3
CONTRIBUIÇÃO DA 
PRÁTICA DE LUTAS 
E ARTES MARCIAIS 
NA FORMAÇÃO DO 
INDIVÍDUO
Este texto tem como referência a Educação Física 
promotora de educação por meio do movimento 
consciente dos estudantes� Embora isso para nós 
seja a finalidade principal da Educação Física, ou-
tros objetivos poderão compor nossas aulas� Assim, 
particularmente com o uso de lutas na escola, que-
remos, fundamentalmente, promover a dimensão 
atitudinal de nosso estudante, aqueles valores his-
tóricos requeridos pelo antigo guerreiro feudal ja-
ponês (o samurai) chamado de Bushido ou Budo� 
Por conta disso, essas artes são “meios” ou disci-
plinas de desenvolvimento moral idealizados para 
se aprofundar a formação de uma personalidade 
madura, equilibrada e integrada de um homem em 
paz consigo mesmo e em harmonia com seu am-
biente social e natural�
4
AGRESSIVIDADE E AS 
ARTES MARCIAIS
Outro ponto normalmente associado à prática de 
lutas na escola está na associação desse conteúdo à 
agressividade. Infelizmente, essa associação, ainda 
que antiga e errada, é muito presente.
Há muito se sabe que agressividade é uma carac-
terística humana inata. Um percurso pela obra de 
Freud e Lacan, que objetivou esclarecer conceitos 
e usos dos termos agressividade e violência, con-
duz ao esclarecimento de que tais termos não se 
superpõem, ainda que possam estar interligados. O 
contexto em que aparecem sempre supõe algo de 
renúncia por parte do sujeito, devido ao tratamento 
que a civilização dá ao seu prazer (FERRARI, 2006).
O comportamento agressivo, aparentemente danoso 
e de conotações negativas, na realidade tem fun-
ções biológicas importantes, seja nas disputas ter-
ritoriais e reprodutivas, na competição por fontes de 
alimento, na defesa contra predadores e na defesa 
da cria. Isso fica evidenciado em pesquisas compor-
tamentais realizadas com animais de quase todos 
os gêneros, de insetos a mamíferos. A participação 
da agressividade em funções biológicas importantes 
a torna essencial, em certas circunstâncias, para a 
sobrevivência do indivíduo e da espécie, e faz supor 
algum controle genético da manifestação agressiva. 
Essa influência genética, bem como a ambiental, 
5
foi detectada, sendo que em espécies cujos indiví-
duos formam colônias o reconhecimento individual 
é um fator importante no controle da agressividade 
(BRANDEBURGO, 1987).
A agressividade é sinônimo de mobilidade. O com-
portamento agressivo faz parte da vida humana, 
devendo ser encarado como normal. Um mínimo 
de agressividade é necessário para a sobrevivência 
do ser humano. A agressividade é fundamental para 
que a criança aprenda a se defender e a se impor no 
meio em que vive e se desenvolve, para se afirmar 
e ensaiar-se enquanto pessoa.
A agressividade é algo natural do ser humano, e 
é importante que exista. A agressividade é aceita 
quando vista como iniciativa, ambição, decisão ou 
coragem. Se a pessoa for muito passiva, não aceita 
novos desafios, fica parada, apática, estagnada em 
sua própria vida. Ela vai precisar de um pouco de 
ousadia e a ousadia vem da agressividade.
O problema da agressividade é a forma como ela 
é exteriorizada, quando ela é usada de forma vio-
lenta, visando atacar, destruir e humilhar alguém. 
Desta forma, a agressividade seria uma tendência 
especificamente humana, marcada pela vontade de 
cometer um ato violento sobre outrem ou conjunto de 
tendências que se atualizam em condutas reais ou 
imaginárias, as quais visam a causar dano a outrem, 
coagi-lo, humilhá-lo etc.
O dilema histórico da humanidade é quando conter 
ou não a agressividade� Sua repressão abala inclu-
6
sive a saúde física da pessoa. Se não for descarre-
gada, supostamente se acumula até explodir ou até 
que um estímulo apropriado a “libere”�
A agressividade pode ser classificada como nociva 
quando aparece em forma de condutas irracionais 
e impulsivas; é admitida quando aparece em formas 
de comunicação e atitudes� Em ambas as situações, 
podemos transportar essa “liberação de energia” 
para um plano simbólico, no qual a agressão poderá 
ser aceita e perdoável, em formas de movimentos de 
“luta”, utilizando objetos não perigosos como jornal, 
bexiga, corda, lenços, tecidos, entre outros�
A motricidade relacionada às lutas e confrontos 
simbólicos e físicos que são proporcionados nas 
Artes Marciais, quando direcionada e estruturada por 
uma filosofia, melhora o autoconhecimento e assim 
contribui positivamente no aspecto emocional do 
praticante, evitando situações de descontrole que 
possam tornar-se negativas�
7
JOGOS DE OPOSIÇÃO E 
MODALIDADES DE LUTAS 
E ARTES MARCIAIS
No que se refere ao universo de formas de lutas, a 
primeira ideia que se tem é que todas se referem às 
artes marciais orientais� Porém, observando-se com 
mais crítica, percebe-se que nem todas as formas 
de luta são de fato Artes Marciais e nem todas são 
orientais� Assim, para uma compreensão didática 
deste universo da cultura corporal – segundo Reid 
e Croucher (1983, p. 21) em torno de 350 formas –, 
para este texto usaremos a classificação de Oliveira 
et al (2015) em pequenas e grandes lutas� As pe-
quenas lutas são também conhecidas como jogos 
de oposição�
Para Olivier (2000), os jogos de oposição nada mais 
são que os esportes de combate praticados, desde 
o início dos tempos, em quase todas as civilizações 
e que nasceram das tradições populares� Ainda se-
gundo Olivier (2000, p. 10), a riqueza dos jogos de 
oposição oferecidos às crianças, “ao contrário da 
briga de pátio, é a possibilidade de confrontar-se 
com o outro em um contexto que considere suas 
motivações, suas possibilidades e nossa preocu-
pação educativa”�
Também Souza Junior e Santos (2010) afirmam 
que os jogos de oposição têmcomo identidade as 
mesmas características dos esportes de combate 
8
praticados desde o início das civilizações� Alguns 
desses jogos continuaram ao longo do tempo sendo 
utilizados de forma simples e com características 
da cultura local, já outros adquiriram uma forma 
institucionalizada, tornando-se esportes e lutas os 
quais hoje conhecemos. Ainda para eles, o objetivo 
educacional deve ser coerente com a realidade do 
estudante, onde este é levado a vivenciar as mais 
diversas manifestações da cultura corporal de ma-
neira crítica e consciente, estabelecendo relações 
com a sociedade em que vive� Desse modo, o papel 
do educador é levar o estudante a um conhecimen-
to de si mesmo e do mundo através da prática de 
várias atividades� Partindo-se desse pressuposto, 
Souza Junior e Santos (2010) concluem que as lu-
tas devem ser inseridas no contexto escolar, pois 
propiciam, além do trabalho corporal, a aquisição 
de valores e princípios essenciais para a formação 
do ser humano em um aspecto mais ampliado.
Por grandes lutas entende-se o conjunto de espor-
tes de combate, técnicas de ataque e defesa, lutas 
folclóricas e/ou culturais e as Artes Marciais� Os 
esportes de combate são as Artes Marciais que se 
tornaram competitivas� Como exemplo, podemos 
citar o Judô e o Taekwondo� Vale dizer que para se 
tornarem modalidades esportivas, foi necessário mi-
nimizar de alguma maneira sua forma de execução 
tradicional, criando-se regras para as competições�
Também podemos entender por esportes de com-
bate as lutas historicamente feitas nos Jogos 
Olímpicos: boxe, luta olímpica ou greco-romana e a 
9
luta livre. Essas últimas derivadas do antigo pancrá-
cio grego, luta que era realizada nos Jogos Olímpicos 
da antiguidade e que ainda é praticada na Grécia�
SAIBA MAIS 
Você conhece a tradicional luta grega chamada 
pancrácio? Não? Então acesse o link a seguir e 
conheça essa modalidade praticada desde a An-
tiguidade: http://www.pangration.org/�
Ainda como esportes de combate, entendemos as 
lutas criadas para competição na tentativa de agre-
gar participantes de várias escolas de Artes Marciais 
(caratê, taekwondo, boxe tailandês, kung fu etc�)� 
Exemplos são o full contact e o kick boxing�
SAIBA MAIS 
Para conhecer mais sobre lutas competitivas, 
acesse o link a seguir:
http://wako.sport/en/page/introduction/5/�
As técnicas de ataque e defesa, ou de defesa pesso-
al, são formas abreviadas de Artes Marciais aplica-
das de forma prática por profissionais de segurança 
e formas de combate corpo a corpo desenvolvidas 
por policiais militares e soldados das forças arma-
das� Também são formas de técnicas de ataque e 
defesa as lutas criadas para este fim. Exemplo disso 
é a luta israelense conhecida como krav-maga.
10
http://www.pangration.org/
http://wako.sport/en/page/introduction/5/
As lutas folclóricas e/ou culturais são aquelas reali-
zadas em festas populares, de característica lúdica, 
pertencente à tradição de determinado país� Temos 
diversos exemplos deste tipo de luta, podemos des-
tacar, entre outros: o many, de Cuba; chausson ou 
savate, francês; escrima ou arnis, das Filipinas; kra-
bi-krabong e muay thai, da Tailândia, e o uka uka, 
de indígenas do Alto Xingu�
Nessa categoria podemos também colocar os jo-
gos de confronto, sejam eles infantis ou não, como 
exemplo, dentre outros: cabo de guerra e desafios de 
desequilíbrio, atividades que são, de maneira geral, 
desenvolvidas nas aulas Educação Física do Ensino 
Infantil e Fundamental�
11
Esporte
e Combate
Lutas de ataque 
e defesa
Lutas folcló-
ricas e/ou 
culturais
Artes Mar-
ciais
Judô (Japão);
Taekwondo 
(Coreia);
Krav maga (Israel);
Hapkido (Coreia)
Borreh (Gâmbia);
Chausson ou 
Savate (França);
Aikido (Japão);
Iaido (Japão);
Kobudo (Japão);
Boxe;
Luta olímpica; 
Greco romana;
Cheibi gad ga 
(Índia);
Damnyè ou Ladja
(Martinica);
Hwa rang do 
(Coreia);
Vajramust (Índia)
Full contact; 
Kick boxing
Escrima ou Arnis
(Filipinas)
Glima (Islândia);
Gouren (Grã 
Bretanha);
Guresh (Turquia);
Krabi-krabong 
e Muay thai 
(Tailândia);
Laamb (Senegal);
Many (Cuba);
Sumo (Japão);
Tinku (Bolívia);
Uka (indígenas do 
Alto Xingu, Brasil)
Alguns exemplos de lutas e sua classificação. Vale dizer que algumas lu-
tas, dada sua origem e contexto atual, segundo os critérios apresentados, 
classificam- se em mais do que uma forma. Exemplo: o Judô surge como 
Arte Marcial e hoje também é uma forma de Esporte de combate.
Tabela 1: Classificação das lutas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Podcast 1 
12
TIPOS DE JOGOS DE 
OPOSIÇÃO
Jogos de oposição: são atividades motoras de lutas 
sob o aspecto lúdico com preparação para moda-
lidades específicas como judô, capoeira e caratê, 
entre outros. São vários os fundamentos de lutas 
transformados em jogos ou brincadeiras:
• Empurrar o parceiro para fora de um círculo adap-
tado (sumô);
• Empurrar e puxar seu parceiro em linha reta 
(trator);
• Em duplas tentando pisar nos pés do parceiro e/
ou bexiga sem perder o contato das mãos (esgrima 
com os pés);
• Em duplas tentando tocar os joelhos do 
companheiro;
• Briga de galo;
• Jogo de imobilização;
• Soco e chutes na bexiga;
• Chutes e socos em jornais;
• Quedas e rolamentos;
• Katas adaptados;
• Pegar o “rabo” no chão e/ou em pé;
• Tentar “roubar a bola” no chão;
• Luta ajoelhada.
13
Exemplos de lutas e jogos de 
oposição no ambiente escolar
Pregador é meu
Material necessário: pregadores de roupa presos 
na camisa�
Execução: dois a dois de frente um para o outro, 
aguardando o sinal do professor�
Objetivo: ao sinal, tenta-se pegar o pregador do co-
lega ao mesmo tempo que se bloqueia as mãos do 
colega ao tentar retirar o seu� Não se deve correr, 
permitindo-se somente um pequeno deslocamento 
para os lados�
Variação: Em pé, sentado, de joelhos.
Tratorzinho
Material necessário: nenhum específico, apenas es-
paço suficiente para todos.
Execução: dois a dois de frente um para o outro com 
as mãos apoiadas no peito do colega�
Objetivo: ao sinal do professor, deve-se empurrar o 
colega em linha reta até dois passos. Retoma-se a 
posição inicial a cada vitória�
Pé contra pé
Material necessário: nenhum específico, apenas es-
paço suficiente para todos.
14
Execução: dois a dois, de frente um para o outro, 
com as mãos apoiadas nos ombros do colega com 
o pé direito à frente�
Objetivo: ao sinal do professor, deve-se tentar tocar o 
pé direito do colega com o seu esquerdo ao mesmo 
tempo que se defende tirando o direito para não ser 
tocado� Deve-se manter sempre o pé direito à frente 
do esquerdo�
Variação: esquerdo à frente, qualquer pé toca qual-
quer pé�
Luta do saci
Material necessário: nenhum específico, apenas es-
paço suficiente para todos.
Execução: dois a dois, de lado um para o outro, com 
apenas um dos pés apoiados no chão e a outra per-
na de joelho flexionado. Os braços devem estar cru-
zados nas costas�
Objetivo: ao sinal do professor, deve-se tentar dese-
quilibrar o colega batendo com seu ombro no ombro 
dele. Perde quem puser os dois pés no chão.
Variação: de frente, com as mãos espalmadas na 
altura do peito, batendo-se nas mãos do colega�
Você está bêbado?
Material necessário: nenhum específico, apenas es-
paço suficiente para todos.
Execução: dois a dois, de frente um para o outro, 
com as mãos à altura do peito espalmadas e de 
15
cotovelos flexionados e pés totalmente paralelos e 
afastados na largura dos ombros�
Objetivo: ao sinal do professor, deve-se fazer com 
que o colega saia da posição de pés paralelos, dese-
quilibrando-se para frente ou para trás, batendo-se 
somente em suas mãos�
Mini caratê
Material necessário: nenhum específico, apenas es-
paço suficiente para todos.
Execução: dois a dois de frente um para o outro com 
as mãos à altura do peito e de cotovelos flexionados�
Objetivo: ao sinal do professor, deve-se tocar o om-
bro do colega e não se deixar tocar, bloqueando-se 
a mão do colega sem segurar suas mãos�
Cabo de guerra
Material necessário:corda grossa de sisal�
Execução: pode ser realizado individualmente ou 
em grupos, de preferência com o mesmo número de 
participantes, deve-se segurar nas pontas da corda 
puxando para si�
Objetivo: fazer com que o adversário, ou equipe ad-
versária, chegue até um limite demarcado ou esta-
belecido pelo professor�
Observação: nessa brincadeira, especificamente, 
valem alguns cuidados e regras, por exemplo, não 
soltar a corda e pedir para parar evitando possíveis 
acidentes�
16
A POSSIBILIDADE DAS 
LUTAS E ARTES MARCIAIS 
COMO OBJETO DE 
INCLUSÃO
Mocarzel (2016) afirma que as atividades físicas e 
práticas esportivas começaram a sinalizar a neces-
sidade de uma transformação didático‐pedagógica 
do esporte, como é enfatizado por Kunz (1994) e 
Beltrame e Sampaio (2015). Pode‐se dizer, ainda 
segundo Mocarzel (2016), que um dos pontos mais 
necessitados junto ao desenvolvimento educacional 
é a abrangência cada vez maior dos aspectos peda-
gógicos e socioculturais inclusivos, atendendo, as-
sim, de forma mais adequada, às crianças, idosos e 
pessoas com deficiência (PcD). Traz‐se a discussão 
de que possivelmente o público de PcD seja histo-
ricamente o mais excluído nesse universo cultural 
de forma macrossociológica. Mais de um bilhão de 
pessoas sofrem com alguma deficiência no mundo 
todo (OMS, 2016). No Brasil, há quase trinta milhões 
de PcD. Pontua‐se que atividades físicas e práticas 
esportivas não só podem mas devem ser utilizadas 
na colaboração da inserção sociocultural de todos 
e para todos� Tais princípios são embasados e sus-
tentados por atuais e importantes documentos de 
abrangência internacional, como a Carta Europeia do 
Desporto (DA EUROPA, 1992) e o Manifesto Mundial 
da Educação (MOCARZEL, 2016).
17
Ao se apresentar as práticas corporais das lutas e 
artes marciais na perspectiva da inclusão, Rufino 
(2016) afirma que ao menos quatro considerações 
se fazem fundamentais:
1. É necessário ampliar-se as possibilidades de 
inclusão de todas as pessoas em vivências signi-
ficativas que propiciem aprendizagens e aquisição 
de conhecimentos, competências e habilidades 
específicas;
2. A inclusão não deve ser compreendida apenas 
com a questão de pessoas com deficiência, mas 
deve contemplar a todos, o que repercute nas re-
lações de gênero (homens e mulheres nas lutas), 
obesidade, interesse nessas práticas etc�;
3. As lutas apresentam certas características que 
permitem incluir uma diversidade considerável de 
pessoas (muitas práticas, tipos diferentes de pes-
soas que lutam, atividades passíveis de adaptações, 
variedade de categorias de peso, idade e faixa etc�), 
o que precisa ser devidamente abordado durante a 
prática pedagógica;
4. Muitas práticas de luta permitem adaptações em 
suas dinâmicas, tendo em vista possibilitar formas 
mais claras de inclusão, as quais envolvem desde 
práticas adaptadas, encontradas em modalidades 
tais como as paraolímpicas, até mesmo adaptações 
nas estruturas das atividades, que podem ser em-
pregadas durante as aulas de Educação Física na 
escola, por exemplo�
18
Com o intuito de aprimorar os olhares e as práticas 
de inclusão nas lutas, Rufino (2016) diz que é fun-
damental que os professores possam ter forma-
ção adequada que contemple o olhar de inclusão 
na perspectiva do respeito e da consideração da 
diversidade educativa contemporânea�
A formação profissional se apresenta como quesito 
fundamental neste processo, fato que contempla 
tanto as ações em caráter inicial quanto os proces-
sos formativos continuados (em serviço)�
Na sociedade oriental, as lutas e Artes 
Marciais também são difundidas nas esco-
las dentro das aulas de Educação Física, fa-
zendo com que as valências trabalhadas, os 
valores morais e disciplinas desenvolvidas 
possam desabrochar já na idade infantil, ten-
do a supervisão de profissionais graduados 
e qualificados. Na China, treinos de diversos 
estilos de kung‐fu (ou wushu) fazem parte 
integrante oficialmente do conteúdo escolar 
desde 1925 segundo (LIMA, 2000), embora 
esses estilos já fossem difundidos ante-
riormente a essa data pelo kung‐fu ser par-
te integrante da cultura chinesa. No Japão 
existem aulas de judô para os universitários 
do país de forma a difundir a cultura nipônica 
e também ser uma ação de promoção da 
saúde para a comunidade acadêmica que 
passam por longos períodos de estudo, nor-
malmente conflitando com seus horários de 
atividade física e lazer (MOCARZEL; COLUMÁ, 
2015) (MOCARZEL, 2016, p. 74).
19
Andrade e Almeida (2012), conforme Mocarzel 
(2016), são categóricos quando afirmam que as polí-
ticas públicas brasileiras tratam do tema de maneira 
superficial. Indo além, no caso brasileiro, Azevedo 
e Barros (2004), conforme Rufino (2016), alertam 
através de seu estudo:
[...] o fato de o esporte não possuir uma 
identificação específica na estrutura go-
vernamental compromete qualquer política 
pública esportiva, com reflexos ainda mais 
expressivos nas iniciativas direcionadas aos 
indivíduos portadores de deficiência, cujas 
representatividades e influência política – 
pela própria situação da deficiência – são 
muito inferiores às de outros grupos espor-
tivos organizados.
Além disso, novas formas de adaptação das lutas 
na perspectiva da inclusão poderão oferecer sub-
sídios mais adequados a um contingente maior de 
profissionais que possam desenvolver ações mais 
efetivas nessa perspectiva.
Um ponto que desabona essa iniciativa, já discutido 
quando falamos sobre violência, agressão e agres-
sividade, é que as lutas e artes marciais permitem 
incentivar o gosto do confronto num quadro de regras 
restrito e, dessa forma, a “eufemização” da violência 
(MOCARZEL, 2016).
20
Dentro das escolas brasileiras, as PcD conseguiram 
maior inserção e participação através das aulas de 
Educação Física inclusiva que, paulatinamente, têm 
obtido resultados significantes (FERREIRA, 2011 
apud RUFINO, 2016). Dessa forma, cada vez mais 
as PcD integram o público praticante de atividades 
físicas e esportes, incluindo aqui as lutas e Artes 
Marciais� Consequentemente, muitas dessas moda-
lidades têm buscado adaptações desportivas para a 
inclusão das PcD em suas práticas e competições, 
criando categorias exclusivas com regras adapta-
das para que todos tenham possibilidades iguais de 
vitória, seguindo o princípio filosófico desportivo do 
Agon, que prima pelo espírito competitivo desde que 
os competidores estejam em igualdade (MOCARZEL, 
2016). Tal princípio educacional é também um dos 
pensamentos que norteiam o espírito olímpico (COI, 
2001).
A grandiosidade da estética, vertente axiológica ine-
rente ao esporte, ganha elevadas proporções quando 
expressa através da superação das adversidades 
por um paratleta, com um corpo tido muitas vezes 
por olhares leigos como “deficiente” (MOCARZEL, 
2016). Foi no tocante a essa vertente estética filosó-
fica que, em 1960, o COI realizou em Roma (Itália) a 
primeira edição dos Jogos Paralímpicos (JP), esta-
belecendo‐se a partir de então como o maior even-
to esportivo para PcD no mundo� O mesmo ocorre 
periodicamente a cada quatro anos, em diferentes 
locais pelo mundo, junto com os Jogos Olímpicos 
21
(JO) (BOGUSZEWSKI; TORZEWSKA, 2011 apud 
MOCARZEL, 2016).
Desde a primeira edição dos JP, a esgrima integra 
o programa desportivo� Adaptada para praticantes 
com dificuldades de locomoção, os paratletas com-
petem em cadeiras de rodas, com suas rodas fixadas 
ao chão; se um dos esgrimistas mover a cadeira, 
o combate é interrompido� Mantendo os padrões 
tradicionais, há duelos de florete, espada e sabre. 
Em cada prova, há proteções específicas para os 
competidores e para as cadeiras� Há também regras 
específicas para a pontuação ser validada. No Brasil, 
a esgrima para cadeirantes começou a ganhar forma 
competitiva. Nos JP de 2012 (Londres, Reino Unido), 
o Brasil ganhou pela primeira vez uma medalha na 
modalidade. O gaúcho Jovane Guissone sagrou‐se 
campeão paralímpico derrotando na final de for-
ma emocionanteseu adversário Chik Sum Tam, de 
Hong Kong. O combate terminou em 15 a 14 para o 
brasileiro. Porém, nos JP de 2016 (Rio de Janeiro) o 
Brasil não conquistou medalhas nesse esporte. Isso 
demonstra que o país ainda precisa se consolidar 
nos trabalhos de base para destacar‐se futuramente 
como uma referência (MOCARZEL, 2016).
Já o judô fez sua estreia no evento em 1988 (Seul, 
Coréia do Sul); na época, só participaram homens 
com deficiências visuais. Esse fato repetiu‐se em 
1992 (Barcelona, Espanha), 1996 (Atlanta, Estados 
Unidos) e 2000 (Sydney, Austrália). Em 2004 (Atenas, 
Grécia) ocorreu o ingresso feminino nos tatames 
paralímpicos� A entidade responsável pelo esporte 
22
é a Federação Internacional de Esportes para Cegos, 
fundada em Paris (França), em 1981. O Brasil é hoje 
uma das maiores potências mundiais nessa práti-
ca adaptada� Seus resultados são extremamente 
expressivos desde o início do judô nos JP de 1988 
(MOCARZEL, 2016).
No Brasil, a Confederação Brasileira de Kung Fu/
Wushu (CBKW) desenvolveu nos últimos anos ca-
tegorias competitivas tanto em formas (demons-
trações de coreografias marciais) quanto combate 
(lutas desportivizadas) (MOCARZEL, 2016). Mesmo 
contando ainda com poucos inscritos, pode‐se reco-
nhecer que foi dado início aos trabalhos para inclu-
são das PcD em tal esporte efetivamente� Na divisão 
de combate, o Campeonato Brasileiro de 2012 em 
Fortaleza/CE promoveu a categoria para PcD visual 
na categoria de Shuai Jiao, prática de agarro, quedas 
e arremesso do kung‐fu que aproxima‐se de certo 
modo à prática adaptada paralímpica do judô para 
PcD visual� Já na divisão de formas, o Campeonato 
Brasileiro de 2013 em Valinhos/SP realizou catego-
ria de estilos tradicionais externos e internos para 
PcD mental e de estilos tradicionais internos para 
cadeirantes�
Posicionando‐se mais afastada do universo com-
petitivo (incluindo os JO e JP), a capoeira, uma das 
lutas e Artes Marciais que menos enfatiza e vivifica a 
competição, é, ainda assim, forte aliada do processo 
inclusivo, principalmente sob a perspectiva socio-
cultural� É uma maciça representante do conceito de 
23
identidade do Brasil e hoje difundida mundialmente 
(MOCARZEL, 2016).
Utiliza de maneira singular elementos estéticos 
amplamente perceptíveis e estimula a ludicidade, 
a musicalidade e o trabalho dinâmico em grupo – 
como as rodas e as músicas cantadas e tocadas 
em conjunto por todos – para criar um universo de 
união e inclusão do grupo. Este último ponto é uma 
das bases da solidariedade, tópico bastante eleva-
do no resultado da pesquisa de Mello, dos Santos, 
Rodrigues e Santos (2014) (MOCARZEL, 2016).
24
AS LUTAS DA CULTURA 
BRASILEIRA: CAPOEIRA
Uma educação física escolar que se orienta 
para uma nova antropologia, acentuando a 
autonomia do ser humano, deverá reescrever 
seus currículos sua didática e sua metodo-
logia [...]. Além disso, a educação física no 
Brasil deve se tornar uma educação física 
brasileira! Não existe uma justificativa do 
porquê no currículo das universidades (for-
mação dos novos professores) e no currículo 
escolar só ensinar-se o esporte internacional 
e não a cultura corporal do povo brasileiro. 
Por que a Capoeira não entra no currículo, 
por que não os jogos típicos das diferentes 
regiões do Brasil, por que não as danças, 
famosas no mundo a respeito do ritmo “bra-
sileiro”? Esta cultura corporal vive ainda no 
Brasil, vive no povo (DIECKERT, 1985).
A contundente citação anterior nos parece dura, mas 
verdadeira e oportuna, ainda que escrita há mais 
de 30 anos. Assim, o conteúdo da capoeira, ainda 
que presente e optativo em pouquíssimas escolas, 
necessita de algumas transformações curriculares 
e adaptações pedagógicas. Isso porque a capoeira 
nada mais é do que um recurso pedagógico nas 
mãos do professor de Educação Física. 
25
Para Nascimento e Almeida (2007), a restrição do 
conteúdo de lutas – entendendo também a capoeira 
– nas aulas de Educação Física escolar passa por 
dois argumentos recorrentes por parte de professo-
res atuantes: a falta de vivência pessoal em lutas, 
tanto no cotidiano, como no âmbito acadêmico, e a 
preocupação com o fator violência, que julgam ser 
intrínseco às práticas de lutas, o que incompatibi-
liza a possibilidade de abordagem deste conteúdo 
na escola�
Já há alguns anos que a capoeira tem sido obje-
to de estudo por parte de pesquisadores da área 
de Educação Física� Possivelmente, Subsídios 
para o Estudo da Metodologia do Treinamento da 
Capoeiragemo, de 1945, do professor Inezil Penna 
Marinho, seja o texto precursor. Vários outros – 
Oliveira (1993), Rocha (1994), Silva (2002), Falcão 
(2004) – têm contribuído para a literatura da capo-
eira como conteúdo para a Educação Física escolar. 
Embora tais trabalhos tenham contribuído sobrema-
neira à área, pouco se tem falado objetivamente do 
que a prática da capoeira poderia fornecer ao profes-
sor de Educação Física escolar enquanto conteúdo.
Mesmo para a Educação Física escolar, muitas 
propostas têm sido feitas, com características 
militaristas, competitivistas e biologistas� Para 
Darido (2003), até a década de 1980 os objetivos 
da Educação Física escolar eram eminentemente 
voltados para questões técnicas, de rendimento, 
atrelados à aptidão física e aspectos biológicos� 
Na busca de novos objetivos e justificativas para as 
26
aulas de Educação Física escolar, viu-se aspectos 
socioculturais e novas dimensões para as aulas�
Para efeito de organização didático-pedagógica, os 
conteúdos da capoeira para a Educação Física es-
colar serão organizados a partir do modelo proposto 
por Coll et al (2000): procedimentos para o ensino 
e aprendizagem da capoeira (o que se deve saber 
fazer?); conceitos a partir do ensino e aprendizagem 
da capoeira e principalmente as atitudes a partir do 
ensino e da aprendizagem da capoeira (como se 
deve ser?) (COLL, 2000).
Depois de estudarmos a origem da capoeira e de 
sua possível contribuição para a Educação como um 
todo, e para a Educação Física em particular, per-
cebemos ainda mais a sua importância� Ao mesmo 
tempo, sente-se a falta de sua presença como parte 
integrante do cotidiano do professor de Educação 
Física, assim como é o basquete, o futebol, o vôlei, 
manifestações importadas e hoje enraizadas em 
nossa cultura�
Além disso, deve-se considerar a reflexão sobre a 
inexistência não só da capoeira, mas também de 
outras atividades culturais populares – o frevo, o 
maracatu, o samba, a amarelinha, as rodas cantadas 
etc� – que no Brasil se diferenciam de região para 
região� Como se pode contribuir para que os estu-
dantes conheçam mais nossa cultura, regionalismos, 
seu passado histórico, tradições e o povo que fez 
essa história, além de ensinar as demais expressões 
da cultura corporal?
27
Esse aspecto, muitas vezes ignorado, foi sendo in-
fluenciado por imposições que nos levaram a um 
esvaziamento cultural e a um domínio de outras ati-
vidades, nem sempre adequadas à nossa população, 
por estarem ligadas a origens e costumes paralelos 
aos nossos. Chega-se ao cúmulo do desconheci-
mento de nossa própria cultura, se não ao desprezo�
A partir dessas inquietações, surge a necessidade 
de se propor uma abordagem escolar e educacional 
da capoeira, a partir da experiência no ensino e for-
mação de estudantes de Licenciatura em Educação 
Física e de Mestres/professores de capoeira que 
trabalhem com capoeira como conteúdo das aulas 
de Educação Física escolar ou como curso de ex-
tensão em escolas�
A prática de capoeira tem crescido no ambiente 
escolar em duas perspectivas: como modalidade 
interdisciplinar, em que os responsáveis em passar o 
conhecimento são professores que se incorporaram 
a essa função a partir da prática da modalidade, pois 
não existe um curso formal em que o praticante de 
capoeira se torna professor; já a segunda é por meio 
da Educação Física escolar, essa é desenvolvida por 
professores de Educação Física que não possuem 
uma formação específicaem capoeira (SANTOS, 
2002; SILVA, 2001). É importante salientar-se que 
as perspectivas acima citadas são desenvolvidas 
com crianças� Segundo Paulo Freire, a “Educação 
não transforma o mundo� Educação muda pessoas� 
Pessoas transformam o mundo”� Assim sendo, é 
necessário buscar-se nas pessoas o instrumento 
28
de mudança social� A cultura corporal como conte-
údo das aulas de Educação Física deve ser utilizada 
como instrumento de uma prática educativa efetiva 
e transformadora�
Faz-se necessário identificar no discurso do profes-
sor de capoeira na escola seu vínculo educacional� 
No caso, a capoeira desenvolvida na Educação Física 
escolar não tem pretensão de transformar as crian-
ças em capoeiristas, mas sim apresentar o jogo e 
usufruir de suas ferramentas pedagógicas – o jogar 
(movimentos específicos utilizados em duplas), o 
cantar e o tocar (SANTOS, 2002; OLIVEIRA, 1993; 
OLIVEIRA, 2009).
Podcast 2 
Tendo em vista que a capoeira, em si, não existe, 
mas são pessoas – professores de capoeira e estu-
dantes praticantes de capoeira – que a constroem 
enquanto cultura corporal, o objetivo de se usar a 
capoeira como conteúdo das aulas de Educação 
Física estará sempre permeado pelo conhecimento 
particular deste conteúdo. Não há um método ou 
caminho para se ensinar capoeira e educar a partir 
dela. Esse método ou caminho se constrói cami-
nhando. Quanto mais o professor de Educação Física 
se capacitar, mais e melhores resultados terá.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O conteúdo apresentado teve o objetivo de apro-
fundar o entendimento sobre o uso da luta ou jogos 
de aposição como ferramentas educativas, assim 
apresentando argumentos que direcionam a luta 
para um objeto de respeito ao próximo, seja pelo 
bom uso das regras ou preservação do oponente, 
por entendê-lo como um amigo ou parceiro�
Apresentou-se, ainda, brincadeiras que podem ser 
aplicadas nas aulas de Educação Física e que não 
necessariamente necessitam de um expert em artes 
marciais para adotá-las�
Outro ponto que deve ser destacado é a utilização 
da luta como ferramenta de inclusão desde o âm-
bito educativo até o esportivo, com exigência de 
desempenho.
Para finalizar, foi abordada uma arte genuinamen-
te brasileira e que apresenta a luta ligada a outros 
elementos culturais, de maneira que se torna uma 
ótima ferramenta para a utilização na Educação 
Física escolar, a Capoeira�
30
Síntese
• Jiu-jitsu: luta cujo objetivo é finalizar o oponente (gerando sua desistência) por 
meio de estrangulamento e chaves articulares, mas a vitória também pode ser 
conquistada por pontos.
• Caratê: luta que utiliza chutes e socos e que tem como objetivo somar o maior 
número de pontos. A pontuação também está relacionada à dificuldade do golpe 
disferido;
• Taekwondo: luta que utiliza chutes e socos em partes determinadas do corpo do 
oponente, objetivando o nocaute ou o maior número de pontos;
• Judô: luta em que o objetivo é derrubar o oponente de costas no solo, objetivando 
o ippon, mas ao final do tempo a vitória pode ser conquistada com pontuações 
menores;
• Boxe: luta que utiliza socos, em que o objetivo é o nocaute, mas o combate pode 
ser vencido por pontos;
• Os Jogos Olímpicos apresentam várias modalidades de luta, algumas foram 
criadas especificamente como esporte e outras se tornaram esportes e foram 
integradas ao evento de proporção mundial;
• As artes marciais essencialmente eram utilizadas para guerra e esse tipo de 
prática perde o sentido no mundo moderno. As práticas de confrontos corporais se 
renovam explorando outros benefícios da prática da luta, como o exercício físico;
TRANSIÇÃO DAS LUTAS E ARTES MARCIAIS 
PARA O MUNDO MODERNO
PEDAGOGIA DAS LUTAS E
DAS ARTES MARCIAIS
• Luta olímpica: luta em que o objetivo é derrubar e posicionar o oponente de 
costas no solo, mas também a vitória pode ser conquistada por pontos;
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	Introdução
	Contribuição da prática de lutas e Artes Marciais na formação do indivíduo
	Agressividade e as Artes Marciais
	Jogos de oposição e modalidades de lutas e Artes Marciais
	Tipos de jogos de oposição
	Exemplos de lutas e jogos de oposição no ambiente escolar
	A possibilidade das lutas e artes marciais como objeto de inclusão
	As lutas da Cultura Brasileira: Capoeira
	Considerações finais
	Síntese

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