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EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA IGUAÇU – RIO DE JANEIRO. Distribuição por dependência ao processo prevento nº 002211349.1998.8.19.0038 MARIO GOMES, brasileiro, divorciado, servidor público, portador da carteira de identidade nº 12345, CPF sob o nº 333.222.111.00, residente e domiciliado na Av. Marechal Floriano, nº 2, Centro, Nova Iguaçu – RJ, CEP: 26.300-000, vem à presença de Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra assinado, ajuizar AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. Em face de MARIO GOMES FILHO, brasileiro, solteiro, motorista de aplicativo, portador da carteira de identidade nº 12000, CPF sob o nº 000.111.222-44, residente e domiciliado na Av. Mirandela, nº 02, Centro, Nilópolis – RJ, CEP: 26.300-000, pelos fatos e fundamentos que passa a expor. I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA Inicialmente, afirma a requerente, ser merecedora do benefício da gratuidade de justiça, conforme o artigo 4º da Lei 1.060/50 e com suas respectivas alterações introduzidas pela Lei 7.510/86, haja vista não possuir a capacidade de arcar com o pagamento das custas processuais e honorárias advocatícias sem prejuízo de sua subsistência, conforme afirmações de hipossuficiência econômica da autora em anexo. II DOS FATOS Nos autos do processo nº 0022113-49.1998.8.19.0038, restou acordado que o Autor pagaria ao Requerido, a título de prestação alimentícia, o equivalente a 30% (trinta por cento) dos seus ganhos líquidos, sendo tais descontos diretos em folha de pagamento. A quantia fora homologada, conforme sentença em anexo, todavia, faz-se necessário o presente pedido de exoneração de alimentos haja vista que o Requerido completou a maioridade, Ocorre que com toda dificuldade o autor tem prestado os alimentos e com o atingimento da maioridade do alimentado o mesmo já possui meios de prover seu próprio sustento, não havendo mais motivação para a continuidade da obrigação alimentar pelo alimentante. Pleito que deve ser conferido liminarmente, uma vez que o alimentado já exerce atividade remunerada, bem como possui 30 (trinta) anos e, ainda, possui filho menor, residindo com sua companheira, indicando a desnecessidade do alimentando na pensão, sendo necessária a comprovação da continuidade da verba alimentar, conforme precedentes sobre o tema: Diante do inequívoco direito e da maioridade alcançada pela presente ré; requer a exoneração da pensão alimentícia descontada em folha e concedida no processo prevento. III. DO DIREITO. DA MAIORIDADE CIVIL. Dispõe o Código Civil, em seu art. 1.699: “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”. A obrigação alimentar, com fundamento do dever de sustento, encerra-se com o advento da MAIORIDADE ou CASAMENTO/ EMANCIPAÇÃO. Entretanto, esse encerramento não é automático, devendo ser requerido judicialmente pelo devedor. Conforme decorre da Súmula 358 do STJ: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10615037/artigo-1699-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002 “O cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos.” Aliás, reza o artigo 1635 do Código Civil, art. 1.635: “Extingue-se o poder familiar: III - pela maioridade.” Em regra, há possibilidade de exoneração do encargo alimentar quando o alimentado não mais necessita ou o alimentante não mais os pode prover por alterações em suas possibilidades supervenientes à Sentença que fixou os alimentos. Assim, a obrigação alimentar deve permanecer somente enquanto o alimentando permanece com a necessidade de sustento, o que se presume existir somente até o advento da maioridade. A maioridade é entendida como presunção de capacidade, devendo o credor evidenciar a sua necessidade na continuidade dos alimentos, conforme leciona a doutrina sobre o tema: "A aquisição da maioridade (...) faz com que se presuma a desnecessidade dos alimentos, cometendo ao alimentando provar a exceção de que ainda subsiste o seu crédito alimentar, e somente em casos especiais subsistiria a obrigação alimentar e esta exceção é ônus do credor, (...)." (MADALENO, Rolf. Manual de Direito de Família. Forense, 2018. Versão kindle, p. 9472) Pleito que deve ser conferido liminarmente, uma vez que o alimentado já exerce atividade remunerada, bem como possui 30 (trinta) anos e, ainda, possui filho menor, residindo com sua companheira, indicando a desnecessidade do alimentando na pensão, sendo necessária a comprovação da continuidade da verba alimentar, conforme precedentes sobre o tema: AÇÃO DE ALIMENTOS. MAIORIDADE. Como a maioridade afasta a presunção de necessidade da alimentada, é seu ônus comprovar que ainda depende da verba alimentar. No caso, não comprovada a necessidade de receber os alimentos paternos, é de ser mantida a decisão recorrida. RECURSO DESPROVIDO. (Agravo Nº 70080575186, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 20/03/2019). ALIMENTOS. MAIORIDADE DOS FILHOS. AUSÊNCIA DE PROVA DA CONTINUIDADE DOS ESTUDOS E NECESSIDADE DO PENSIONAMENTO. EXONERAÇÃO ALIMENTAR MANTIDA. A jurisprudência tem amparado os alimentos aos filhos até a maioridade civil, com prorrogação até os 24 anos de idade, caso o alimentando siga estudando em curso superior ou técnico, como comprovada a impossibilidade de prover a subsistência por seus próprios esforços. Inexistindo provas de que os Requerentes deram continuidade aos estudos (CPC, art. 373, inciso I), a exegese dos arts. 1.694 e 1.695 do Código Civil respalda a manutenção do indeferimento dos alimentos por eles pretendidos. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0024163- 20.2009.8.24.0023, da Capital, rel. Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 01-02-2018) APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE EXONERAÇÃO ALIMENTAR.PLEITO DE REFORMA DA SENTENÇA. INVIABILIDADE. FILHA QUE ATINGIU A MAIORIDADE E NÃO COMPROVOU CABALMENTE SUA DEPENDÊNCIA FINANCEIRA. NECESSIDADES QUE DEVEM SER COMPROVADAS. SENTENÇA CONFIRMADA. Maioridade atingida que, por si só, não enseja a exoneração da prestação dos alimentos. Caso dos autos em que a apelante não se desincumbiu de demonstrar que precisa dos alimentos para suprir suas necessidades, até mesmo porque conta com 25. (TJRS, Apelação 70077649143, Relator(a):José Antônio Daltoe Cezar, Oitava Câmara Cível, Julgado em: 19/07/2018, Publicado em: 24/07/2018, #33815250) Portanto, com base na documentação probatória que junta em anexo, imperioso o reconhecimento da desnecessidade do alimentando, para fins de exonerar o autor do pagamento da pensão alimentícia em tela. DA TUTELA DE URGÊNCIA Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo." No presente caso tais requisitos são perfeitamente caracterizados, vejamos: A probabilidade do direito resta caracterizada diante da demonstração inequívoca da desnecessidade do alimentado na pensão haja vista a sua maioridade cível e por possuir meios de prover seu próprio sustento. Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco: "Se o fato constitutivo é incontroverso não há racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo necessário à produção da provas dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à provados fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o beneficia." /lei/CPC/codigo-processo-civil /lei/CPC/codigo-processo-civil/art-373 /lei/CPC/codigo-processo-civil/art-373,inc-I /lei/CC/codigo-civil/art-1.694 /lei/CC/codigo-civil/art-1.694 /lei/CC/codigo-civil/art-1.695 /lei/CC/codigo-civil /lei/CPC/codigo-processo-civil/art-300 /lei/CPC/codigo-processo-civil (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284) Já o risco da demora, fica caracterizado pela dificuldade do autor a prestar os alimentos e, sobretudo, o atingimento da maioridade do alimentado e do mesmo já possuir meios de prover seu próprio sustento, ou seja, tal circunstância confere grave risco de perecimento do resultado útil do processo, conforme leciona Humberto Theodoro Júnior: "um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado pela parte", em razão do "periculum in mora", risco esse que deve ser objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade do direito substancial consubstancia-se no direito "invocado por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p. 366). Por fim, cabe destacar que o presente pedido NÃO caracteriza conduta irreversível, não conferindo nenhum dano ao réu . Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de dano irreparável, sendo imprescindível a exoneração dos alimentos, nos termos do Art. 300 do CPC. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA A distribuição do ônus da prova no processo civil brasileiro, disposta no art. 333 do CPC, estabelece que compete, em regra, a cada uma das partes o ônus de fornecer os elementos de prova das alegações de fato que fizer. A parte que alega deve buscar os meios necessários para convencer o juiz da veracidade do fato deduzido como base da sua pretensão/exceção, afinal é a maior interessada no seu reconhecimento e acolhimento. A regra estabelecida pelo CPC leva em consideração três fatores: a) a posição da parte na causa - se autor ou réu; b) a natureza dos fatos em que funda sua pretensão/exceção; c) e o interesse em provar o fato. Desta forma, ao autor cabe o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito e ao réu a prova do fato extintivo, impeditivo ou modificativo deste. A teoria clássica de distribuição do ônus da prova distribuindo prévia e abstratamente o encargo probatório, sem levar em consideração as peculiaridades e particularidades do caso concreto. Por isso, nem sempre a parte que possui o encargo probatória, prévia e abstratamente distribuído, apresenta condições de http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10704289/artigo-333-da-lei-n-5869-de-11-de-janeiro-de-1973 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91735/c%C3%B3digo-processo-civil-lei-5869-73 atender a esse ônus que lhe foi rigidamente atribuído, o que pode vir a inviabilizar o desfecho efetivo e equânime da demanda. Em contraposição ao regramento estático de distribuição do ônus da prova, foi desenvolvido pela doutrina e adotado pela jurisprudência pátria a teoria dinâmica da distribuição do ônus da prova, que propõe novo paradigma para a distribuição do encargo probatório, de forma a se contemplar as peculiaridades e particularidade do caso concreto, a partir da atribuição do encargo probatório à parte que apresenta maiores e melhores condições na produção/apresentação. A aplicação da teoria da carga dinâmica da prova denota destacada relevância nas relações familiares, nas quais os processos judiciais apresentam peculiar dificuldade na produção de provas. Neste ramo do direito, que se destina ao regramento da própria vida privada, mas que busca a tutela de direitos personalíssimo, a dinamicidade na norma jurídica aplicável é preponderante, sendo, por vezes, imprescindível para solver a lide. Diante portanto da necessidade de provar a maioridade e da impossibilidade de o autor arrolar aos autos certidão de nascimento e ou identidade da ré, requer a inversão do ônus da prova, entendemos que em situações como essa o juiz pode, de ofício ou a requerimento do alimentando, aplicar a técnica de distribuição dinâmica do ônus da prova, prevista no art. 373, § 1º, CPC, para impor ao réu o ônus da prova de sua capacidade econômica: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. IV. DOS PEDIDOS. Ante o exposto, requer: 1. O deferimento dos benefícios da Gratuidade de Justiça, nos termos do art. 98 e seguintes do CPC/2015; 2. O deferimento da antecipação de tutela, para fins de imediata exoneração dos alimentos, nos termos do Art. 300 do CPC/15; 3. A citação da parte Ré para tomar conhecimento dos termos do pedido, e, em querendo, apresentar resposta, sob pena dos efeitos da revelia e confissão, nos termos do art. 242 CPC/ 2015 c/c art. 344 do CPC/2015; 4. A intimação do órgão do Ministério Público para que acompanhe o presente feito; 5. Exonerar o Autor de pagar em favor da requerida obrigação alimentícia. 6. Seja a empregadora do autor oficiada para tomar ciência do fim dos descontos em folha de pagamento. 7. Seja determinada a inversão do ônus da prova, com fulcro no art. 6º, VIII, Lei 8078/90 uma vez comprovada a hipossuficiência do requerente, na forma do que trata o art. 4º, inciso I do CDC c/c art. 373 do CPC/2015; Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidas em direito, notadamente depoimento pessoal das partes, oitiva de testemunhas e juntada posterior de documentos. Dá-se ao valor da causa de R$ 1.000,00 (Mil reais). Termos em que, Pede e espera deferimento. Cidade, data. Assinatura, OAB. http://www.jusbrasil.com.br/topicos/28895641/artigo-98-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15
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